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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Farquhar... e a ferrovia na Serra do Mar (B)

Capitalista pretendia criar uma ferrovia na Serra do Mar, mas foi bloqueado

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Pouco antes de rebentar a Primeira Guerra Mundial, um empresário nascido em 19/10/1864 em York, no estado norte-americano da Pennsylvania (e que morreria em 4/8/1953 em New York), Percival Farquhar, investia pesadamente no Brasil, assumindo o controle de diversos serviços estratégicos, como os dos transportes e os portos (e até da Companhia Guarujá, que em 1911 continuou a construção desse balneário paulista). Foi ele um dos grandes responsáveis pela construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, pouco antes de uma onda nacionalista e grandes azares financeiros forçarem a sua saída do País.

O grupo Farquhar pretendia também criar uma ferrovia própria na Serra do Mar, ligando o porto santista à capital paulista, em concorrência direta com a São Paulo Railway. Manobras conjuntas da SPR e do governo brasileiro acabaram inviabilizando a operação, como já se pressentia nesta matéria, publicada na primeira página do jornal santista A Tribuna, edição de segunda-feira, 13 de janeiro de 1913 (ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução parcial da matéria original

A S. Paulo Railway e o sindicato Farquhar

O malogro das negociações que tinham sido entabuladas para a absorção, pelo sindicato Farquhar, da São Paulo Railway, está sendo discutido vivamente e com o maior interesse nos meios financeiros de Londres.

A entente feita entre o governo do Brasil e a S. Paulo Railway, segundo se diz, é para que esta possa construir uma nova linha destinada a fazer concorrência à rede da Brasil Railway.

Aos escritórios da S. Paulo Railway acorreram numerosas pessoas, entre elas muitos jornalistas, a pedir informações seguras sobre os boatos que, a respeito, corriam na City.

Os diretores da empresa respondiam vagamente, não desmentindo os boatos da entente, mas mostrando-se, sobre os restantes boatos, de uma reserva extrema.

A opinião geral nos centros financeiros era de que o projetado acordo entre o governo do Brasil e a S. Paulo Railway seria favorável à rede ferroviária desta companhia e constituiria um sério obstáculo aos projetos do sindicato Farquhar.

Outro telegrama de Londres diz que as ações da S. Paulo Railway caíram de sete pontos, ficando cotadas a 259, em conseqüência de vendas mandadas efetuar por especuladores que as haviam comprado na expectativa de que o sr. Farquhar adquirisse o controle dessa companhia.

A campanha recente feita no Brasil contra os interesses do grupo à cuja testa se acha o sr. Farquhar amedrontou os especuladores; esse estado de espírito tornou-se mais intenso anteontem com o boato de que o governo brasileiro havia feito um contrato com a S. Paulo Railway para que esta última construísse uma nova linha, enfraquecendo assim o valor da concessão Farquhar.

Não se declara qual o traçado dessa nova linha, mas é dado como certo que ela vai atravessar uma zona remuneradora, e que o custo da sua construção será feito parte com elementos tirados do fundo de reserva da S. Paulo Railway e parte por uma nova emissão.

Não se conhece qual a natureza do auxílio prestado pelo governo à Companhia.

É digno de notar que diversos indivíduos preponderantes do grupo Farquhar, que haviam tomado passagem para a América do Sul, mandaram anular os seus bilhetes de passagem.

Com relação à situação financeira do projeto Farquhar na República Argentina, os corretores compraram hoje, prontamente, a 98 por cento, notas da Argentine Railway Company, de juro de 6 por cento e resgatáveis dentro de 2 anos, no valor de £ 1.500.000, sendo com esse dinheiro paga toda a dívida flutuante dessa Companhia.