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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIOGRAFIAS
Galeria dos militares santistas (12)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no arquivo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Galeria de notáveis militares santistas

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Marechal Cláudio da Rocha Lima - Nasceu em Santos, a 7 de julho de 1864, como filho legítimo de Ricardo Henrique da Rocha Lima e de d. Adelaide Augusta da Rocha Lima, da família dos Munguatas, gente antiga de Santos.

Fez seus primeiros estudos em Santos, no velho Instituto Santista e no Colégio Rentscheller, os melhores que havia então na cidade. Mais tarde, continuou seus estudos em S. Paulo, no Colégio Ypiranga e no Seminário Episcopal, matriculando-se finalmente na Escola Militar do Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 1882.

Em conseqüência da propaganda abolicionista, foram seus estudos interrompidos em 1884, com o fechamento daquela Escola, que só se reabriu em 1886, verificando-se aí a sua nova matrícula, onde três anos depois completava os cursos de Infantaria, Cavalaria e Artilharia, iniciando então o curso da Escola Prática do Exército, em 1889.

Abolicionista desde o início da propaganda, tomou parte ativa nos trabalhos orientados pelos chefes do movimento libertador e, logo em seguida, quando se processou a campanha da República, abraçou a idéia, dedicando-se à grande causa que visava impedir o Terceiro Reinado.

Cursava a Escola Prática do Exército, no Realengo, quando se processaram os últimos fatos da campanha republicana, e aí, no mesmo dia 15 de novembro, como aluno daquela Escola, investido no comando de uma bateria mista de tiro rápido (canhão e metralhadora), marchou para o quartel-general do Exército, onde se reunira o gabinete Ouro Preto, assistindo à Proclamação, como parte das forças de Deodoro, aí estacionando durante a crise, por 15 dias.

Espírito independente e incapaz de bajulações políticas ou subserviências, o marechal Rocha Lima caracterizou-se por uma carreira de estudos e merecimentos, tendo sido, mesmo, um dos militares de maior capacidade intelectual e da maior cultura, mercê de cujos merecimentos conseguiu suas promoções.

Sua primeira promoção verificou-se a 4 de janeiro de 1890, quando tomou as divisas de 2º tenente de artilharia. A 18 de março de 1892 era promovido a 1º tenente da mesma arma e, três anos depois, a 18 de setembro de 1895, ao posto de capitão.

Por sua atuação direta em épocas diversas, frustrou o surto de movimentos armados para deposição de governos estaduais do Maranhão, como os dos drs. Lourenço de Sá, Dias Vieira e Luís Domingues, concorrendo também durante os governos de Deodoro da Fonseca, Prudente de Moraes, Campos Salles e Rodrigues Alves, para desfazer manifestações armadas e tentativas de deposição, que ele, antes de mais nada, julgava injustas e iníquas. Em 1895 foi promovido a major. Em 1920 subiu a tenente-coronel e coronel, por merecimento e princípio de antigüidade, sendo promovido a general de brigada a 14 de novembro de 1922.

Mereceu atenção especial do Conde d'Eu. Percorreu o 1º, o 4º e o 6º batalhões de Artilharia de Posição, sendo o 4º no Pará, de onde se destacou para o Amazonas, no comando de uma bateria isolada, e outros no Rio de Janeiro, nas fortalezas de São João e Santa Cruz. Comandou o 2º e o 5º Regimentos de Artilharia de Campanha, no Rio de Janeiro. Exerceu, na Escola Prática do Exército, na Escola de Sargentos, na Escola Militar do Realengo e no Colégio Militar da Praia Vermelha, diversos cargos no corpo docente e administrativo.

Foi, por muito tempo, diretor do Tiro Nacional, por especial nomeação interina, como capitão, embora fosse o cargo de oficial superior. Foi, então, um dos organizadores das Sociedades de Tiro no Brasil, depois confederadas, nas quais se dá ainda hoje instrução militar aos cidadãos, sem prejuízo das atividades civis.

No Maranhão, esteve a serviço do governo estadual, como ajudante do governador, e foi chefe da seção local da comissão de estudos de fortificações da costa. Foi chefe do Serviço do Material Bélico, e depois chefe do Estado Maior da Região, no Pará. No Estado Maior da Artilharia e na Direção Geral da Arma, por duas vezes ocupou o cargo de adjunto do gabinete do diretor.

Na Fábrica de Pólvora sem fumaça, de Piquete, foi delegado da Direção Geral de Artilharia durante a sua construção, assistindo à montagem do maquinário, e depois foi chefe do grupo de serviços (fabrico de ácidos e nitração).

De capitão a tenente-coronel, foi membro quase constante de todas as comissões de estudos do Material de Guerra. Exerceu os comandos da fortaleza do Imbuhy, do 2º Grupo de Fortificações da Costa, os do Setor de Leste no 1º Distrito, do 1º Grupo e da Fortaleza de Santa Cruz. Ocupou os comandos do 2º Regimento de Artilharia Montada, no Rio de Janeiro, do 5º Regimento, em São Gabriel, no Estado do Rio Grande, da 3ª Brigada de Artilharia, e, ainda, interinamente, o da 8ª Região Militar, no Maranhão e Piauí.

Foi por duas vezes nomeado diretor de manobras anuais em S. Paulo e no Estado do Rio, e foi por quatro vezes membro do Júri do Campeonato Anual de Tiro no Rio de Janeiro, tendo sido também designado para várias comissões técnicas de caráter reservado no ministério da Guerra e um na Marinha, para escolha de canhões para o forte de Óbidos, com estudo e relatório técnico do material recebido. Teve ainda algumas designações para inquéritos e Conselhos de Justiça Especiais, exigentes de especialização técnica e grande fato, na intercorrência de conflitos de jurisdição.

Em 1922 concorreu, à frente do 2º Regimento de Artilharia Montada, à parada do Centenário da Independência Brasileira, e, no fim do mesmo ano, a seu pedido, passou para a reserva de 1ª classe, da 1ª linha do Exército, com a graduação de marechal.

O marechal Cláudio possuía a grande medalha de ouro do Mérito Militar e muitos documentos extremamente honrosos, que fazem o histórico de sua vida de soldado.

Exímio manejador da pena, o ilustre santista deixou vários trabalhos publicados, assim como grande bagagem de colaborações em jornais e revistas do Rio de Janeiro e de S. Paulo.

Em 1930, quando lhe acenaram, por manejo político, com a interventoria de S. Paulo, desautorizou os conchavos que se formavam em torno do seu nome, declarando que militares não deviam assumir posições para que não tinham competência, por uma questão apenas de ambição e vaidade ou simples injunção política.

Foi o original fundador do "Centro Paulista", no Rio de Janeiro, com um pequeno núcleo de jovens paulistas, entre os quais Mário Villalva, seu principal secundador, tendo sido seu primeiro presidente e autor de seus estatutos. Faleceu no Rio de Janeiro, no hospital S. Paulo, em conseqüência de uma operação, a 13 de outubro de 1936.


Marechal Cláudio da Rocha Lima
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