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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIOGRAFIAS
Galeria dos militares santistas (8)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no arquivo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Galeria de notáveis militares santistas

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Marechal Pêgo Júnior (Antonio Maria Pêgo Jr.) - Nasceu em Santos, a 2 de julho de 1842, na chácara de seus pais, à antiga Rua da Penha. Era filho de Antonio Maria Pêgo, chefe político liberal, que foi delegado de polícia em Santos, e de d. Maria Angélica da Silva Pêgo.

Fez seus primeiros estudos em Santos, seguindo depois para o Rio, onde entrou para a Escola Militar da Praia Vermelha, freqüentando o curso de Artilharia. Quando rebentou a guerra com o Paraguai, o governo mandou fechar a referida escola, fazendo seguir os alunos do curso superior para as frentes de combate.

Companheiro de Floriano Peixoto e Tibúrcio Ferreira de Sousa, considerados inseparáveis, com eles seguiu para o Paraguai, todos no posto de sargento. Fez toda a guerra, tomando parte saliente na tomada de Passo da Pátria, na batalha de Tuiuty, em Humaitá, sob as ordens do cel. Joaquim Antonio Dias, no ataque e passagem da ponte de Itororó, obtendo elogios diversos em ordem do dia, e foi ferido na batalha de Perebebuy. Terminada a guerra, voltou Pêgo Júnior coberto de glória, com a satisfação de ver a seu lado, vivos, os dois amigos, e já no posto de capitão.

Reaberta a Escola Militar, sob o comando do grande cabo de guerra, o general Polydoro da Fonseca (Visconde de Santa Theresa), foi Pêgo Júnior honrado pelo governo imperial com a nomeação para professor de Geometria Descritiva naquela Escola, matéria em que era profundo.

Anos depois, quando da proclamação da República, era comandante do forte de Santa Cruz, em campo oposto ao seu grande amigo Floriano Peixoto, pois era monarquista fervoroso e sincero, amigo dedicado da família imperial. Chamado ao Rio, num golpe de astúcia, foi preso no antigo Arsenal de Marinha, e só assim puderam os republicanos e o Exército tomar conta do forte fiel à monarquia.

A República, porém, continuou a tributar-lhe o mesmo respeito do Império. Foi o único militar brasileiro que continuou servindo o novo regime com a farda da Monarquia, e ele esperava que a mandassem tirar, para retirar-se do Exército, que era, para ele, uma verdadeira religião.

Quando estourou a revolta da Armada, em 93, chefiada pelo almirante Custódio, com o concurso dos federalistas do Rio Grande, o já então marechal Floriano, seu velho amigo, apesar de se tratar de um movimento restaurador do Império, recorreu a ele, como um dos únicos militares que, sem ódios nem paixões, podia manter o prestígio do Exército.

Foi nomeado comandante dos exércitos em operações no Paraná, para dar início ao cerco dos federalistas sob o comando do famoso caudilho Gumercindo Saraiva. Nessa campanha, foi ele vítima de uma intriga de seus inimigos republicanos, que o intrigaram e envolveram numa trama de desmoralização à República, por sua conduta num certo e determinado lance daquela campanha. Foi preso e recolhido incomunicável à fortaleza da Conceição. Submetido a Conselho de Guerra, foi considerado traidor ao regime e condenado à morte. Foi-lhe concedida a palavra e Pêgo Júnior não se defendeu, limitando-se apenas a afirmar sua honra de militar, sua pureza de consciência e a fazer a análise dos seus julgadores, cuja vida conhecia nos mínimos detalhes.

Levada a sentença ao marechal Floriano, este negou-se a assiná-la, sob o pretexto de que o coronel Pimentel também devia ser condenado, absurdo que visava apenas desorientar o Tribunal, e provocar a comutação da pena do amigo. Recorrida a sentença para o Supremo Tribunal Militar, por parte de seus muitos amigos, o relator do feito, almirante Barbosa, mandou dar uma busca na casa de Pêgo Júnior, e lá descobriu num bolso de colete, talvez esquecido por ele e todo amarrotado, um telegrama assinado pelo marechal Floriano, em que este lhe recomendava exatamente, e de forma categoricamente, a atitude que tomara, e que era apontada como crime de traição pelos seus delatores e inimigos. Fez-se luz, então, e viu-se claramente que apenas para não comprometer o seu amigo, o marechal Floriano, ele se mantivera em silêncio, preferindo a morte a tal revelação. Foi então que o Tribunal, sem deixar transparecer o verdadeiro motivo, declarou inocente Pêgo Júnior, absolvendo o grande servidor do Exército Brasileiro.

O prestígio moral de Pêgo Júnior cresceu depois desse fato, para desgosto dos seus inimigos. A Ordem de Santa Cruz dos Militares, naquela ocasião em situação de falência, solicitou-lhe os serviços, e ele aceitou-lhe a Provedoria, salvando em poucos anos a velha Ordem, que se destinava ao socorro das famílias dos militares, restaurando suas finanças, restabelecendo-lhe o crédito etc.

Pêgo Júnior faleceu no posto de marechal reformado do Exército Brasileiro, na cidade do Rio de Janeiro, a 7 de fevereiro de 1907.

Possuía a Grã Cruz do Mérito Militar e outras muitas condecorações, além dos Hábitos de Cristo e de Aviz.


Marechal Antonio Maria Pêgo Júnior
Imagem publicada com a matéria


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