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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIOGRAFIAS
Galeria dos santistas ilustres (11)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no arquivo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Galeria biográfica dos santistas ilustres

Grandes vultos que se destacaram pela sua atuação notável na história de Santos e do Brasil

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Gaspar Teixeira de Azevedo (Frei Gaspar da Madre de Deus) - Nasceu acidentalmente a 9 de fevereiro de 1715, na fazenda de Sant'Anna, pertencente à sua família, e registrou-se em Santos, por seu batismo na igreja matriz da vila. Era filho do coronel Domingos Teixeira de Azevedo e de d. Anna de Siqueira e Mendonça, santistas de velha estirpe, cuja casa ficava nos "Quatro Cantos", fundos da antiga Rua Direita, hoje 15 de Novembro, no encontro dela com a antiga Rua Antonina, o Beco do Inferno e a Rua da Alfândega.

Toda a sua geração era santista, pelos dois lados, paterno e materno, aparecendo entre a sua parentela várias individualidades religiosas e intelectuais do Brasil, como frei João Baptista da Cruz, beneditino, abade provincial do Brasil, em 1720; Estevam Tavares, jesuíta; padre dr. Gaspar Gonçalves de Araújo, clérigo de fama e grande sapiência; frei Miguel Archanjo, beneditino, presidente da Ordem em Santos e depois provincial do Brasil; soror Isabel Maria da Cruz, religiosa da Ajuda, abadessa do Convento do Rio de Janeiro, e mais alguns.

Frei Gaspar fez seus primeiros estudos em Santos e, em 1731, estando com 16 anos, diante de sua vocação eclesiástica, julgou-se em condições de se apresentar postulante ao noviciado beneditino. Nessa ocasião, passava por Santos o abade provincial do Brasil, frei Antonio da Trindade, e frei Gaspar embarcou com ele para a Bahia. A 4 de agosto de 1731, entrava no noviciado, e no ano seguinte, de 1732, a 15 de agosto, recebia a cógula de seu santo patriarca, fazendo profissão com o nome de frei Gaspar da Madre de Deus.

Aplicado ao estudo da Filosofia, da História e das ciências eclesiásticas, durante todo o seu noviciado, ao ordenar-se, frei Gaspar já era uma das grandes esperanças da Ordem, que professava profunda admiração aos seus poucos anos aureolados de talento e virtude.

Convivendo com Rocha Pitta, considerado então expoente da mentalidade brasileira e grande historiador, recebeu dele, frei Gaspar, os primeiros ensinamentos de História.

Da Bahia, que tão útil lhe fora a seus estudos, frei Gaspar passou-se para o Rio de Janeiro, continuando aí, como discípulo predileto do sapiente dr. frei Antonio de São Bernardo, encontrando mais o carinho do abade, frei Matheus da Encarnação Pinna, notabilizado pelas contendas com o governador Luís Vahia Durão, que ordenou a todos o máximo aproveitamento dos recursos e dotes naturais do frade santista.

Em 1740 era considerado mestre. Empreendeu, então, uma viagem a Portugal, e de lá voltando tornou-se professor no Mosteiro do Rio de Janeiro. Tinha então apenas 27 anos, e já era reputado filósofo e teólogo. Proferiu nessa ocasião, em dois anos consecutivos, séries de conferências que tiveram larga repercussão, pela firmeza de seus conhecimentos, pelo brilho da exposição, pela fluência da frase e sobretudo pela renovação dos métodos do ensino filosófico anterior.

Em 1748, escrevia o seu notável Curso de Philosophia, em 2 tomos, e a sua Philosophia Platonica. Em 1752 era abade de S. Paulo. Em 1756 defendia a posse dos beneditinos sobre a capela do Monte Serrate, em Santos. Criava-se então, na Bahia, a efêmera "Academia dos Renascidos" e frei Gaspar foi eleito seu membro, com o número 40, entre todas as notabilidades do Brasil.

Em 1763 era abade do Rio de Janeiro, conseguindo aí salvar a Ordem do confisco ordenado pelo marquês de Pombal, enfrentando e vencendo as iras do ministro português. Em 1766, era provincial da Ordem no Brasil. Em janeiro de 1769 renunciava a tudo e recolhia-se a Santos, onde queria terminar sua vida, no recanto sossegado da sua capelinha do Monte Serrate. Escreveu, então, a sua famosa Memórias para a História da Capitania de São Vicente.

Faleceu o grande historiador, pregador, filósofo e teólogo, a 28 de janeiro de 1800, deixando cerca de 20 obras.


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