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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIOGRAFIAS
Galeria dos santistas ilustres (3)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no arquivo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Galeria biográfica dos santistas ilustres

Grandes vultos que se destacaram pela sua atuação notável na história de Santos e do Brasil

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Cons. Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva - Nascido em Santos, a 1º de novembro de 1773, do consórcio do coronel Bonifácio José de Andrada com d. Maria Bárbara da Silva. Teve o mesmo início intelectual de seus irmãos, e como eles seguiu para Portugal, onde, cursando a Universidade de Coimbra, diplomou-se em leis, deixando lá mesmo a fama de notável orador e jurista.

Voltando ao Brasil, cerca de 1807, foi nomeado juiz de fora em Santos, e ouvidor geral em S. Paulo. Mais tarde foi nomeado como ouvidor da Câmara de Olinda, em Pernambuco, onde foi surpreendê-lo o ano de 1817, com os seus sangrentos acontecimentos. Não obstante seu elevado cargo, envolveu-se na famosa Revolução Liberal de Pernambuco, daquele ano, que proclamou a República naquela parte do país e regiões limítrofes, estabelecendo nova bandeira.

Essa revolução, que produziu para a história do país as figuras veneráveis de tantos mártires - como o padre Roma, assassinado sumariamente pelo conde dos Arcos na tarde de 29 de março de 1818; o padre João Ribeiro, o padre Antonio Ferreira, o padre Tenório; José de Barros Lima, "o leão coroado"; Domingos José Martins, José Luís de Mendonça, o padre Miguel de Castro (Padre Miguelinho) e tantos outros -, teve em Antonio Carlos, logo após a tomada da fortaleza do Brum, um excelente conselheiro da Junta Provisória da República de Pernambuco.

Vencida, porém, a revolução, pelas tropas do rei, presos todos os cabeças e remetidos para a Bahia, seguiu também Antonio Carlos, a ferros, para sofrer a justiça feroz do conde dos Arcos. Foi condenado à morte e, quando já se preparava para a subida à forca, chegou do Rio de Janeiro uma ordem régia em seu favor, comutando-lhe a pena em prisão.

Quatro longos anos passou Antonio Carlos no fundo das masmorras baianas, e aí, no famoso Oratório, foi que ele, pouco antes de receber a comutação régia, escreveu nas paredes da prisão o seu imortal soneto, desafiando o despotismo e a morte, zombando de ambos e jurando inteira fidelidade ao seu caráter e à sua atitude.

Anistiado em 1821, após quatro anos de custódia, saiu Antonio Carlos da treva do Oratório baiano, para a glória luminosa da deputação brasileira às Cortes Constituintes de Lisboa, porque, nomeado ao mesmo tempo desembargador para a Relação da Bahia, preferiu seguir para Portugal, representando São Paulo, sua terra. Naquele conclave, distinguiu-se pela grande eloqüência, opondo o poder de sua palavra à prepotência dos deputados portugueses que pretendiam conservar o Brasil sob seu jugo, e aí negou sua assinatura à Constituição por eles redigida e organizada. Perseguido, refugiou-se na Inglaterra, em companhia de outro santista, seu parente, Antonio Manoel da Silva Bueno, que, como ele, recusara sua assinatura à Constituição Portuguesa.

Logo depois, em 1823, era distinguido com sua eleição por São Paulo, para deputado à Constituinte Brasileira. Como se sabe, Antonio Carlos, com a violência de seu verbo inflamado, arrastando a prudência de Martim Francisco e a capacidade de José Bonifácio, provocou a dissolução da Constituinte, sendo então deportado com seus irmãos, a bordo da velhíssima charrua Luconia, cumprindo um tristíssimo degredo, repudiados e maltratados por Espanha e Portugal, até conseguirem refúgio na França.

Voltou ao Brasil em 1828. Foi preso e processado. Absolvido, mereceu várias honras e compensações, com sua eleição para deputado em várias legislaturas, empenhando-se em 1840 pela maioridade de d. Pedro II. Foi então ministro do Império e depois novamente deputado.

Faleceu no Rio de Janeiro, na noite de 5 de dezembro de 1845.

Foi o maior orador brasileiro, segundo testemunhos da época. Como seus irmãos, jogava com facilidade com diversas línguas vivas e mortas, deixou cerca de 30 obras científicas, políticas e literárias, e mereceu diversos títulos e comendas, que jamais usou.


Cons. Antonio Carlos
Imagem publicada com a matéria


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