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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - HOTELARIA
Antigos hotéis e restaurantes santistas (15)

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As cidades costumam ter espaços informais de convivência política, muitas vezes chamados de senadinhos. Um deles, em Santos, é o Café Carioca, vizinho do Paço Municipal, onde até recentemente ocorriam as sessões do Legislativo Municipal, transferidas para a nova sede da Câmara, no reformado Castelinho que era dos bombeiros. As conseqüências dessa mudança para o café-restaurante foram citadas em matéria do jornal santista A Tribuna, de 25 de julho de 2011, na página A-4:


Mesas e balcões costumam ser a extensão dos debates no Legislativo

Foto: Alberto Marques, publicada com a matéria

Câmara, em novo endereço, esvazia a sessão no Carioca

Café mais badalado de Santos perde clientela que transformou o local no senadinho

César Miranda

Da Redação

Pontos de encontro tradicionais no Centro Histórico, bem conhecidos por santistas de nascimento ou de coração, o balcão e as mesas do Café Carioca sentirão falta de alguns assíduos cotovelos, a partir do dia 1º de agosto, quando a Câmara já estiver funcionando em outro endereço.

Com o início dos trabalhos legislativos centralizados na nova sede, o Castelinho, na Praça Tenente Mauro Batista de Miranda, na Vila Nova, o estabelecimento comercial perderá uma parcela incalculável de sua freguesia: vereadores, assessores e funcionários em geral, além dos visitantes ocasionais de gabinetes, incluindo lobistas e populares.

Muitos deles eram fregueses freqüentes que não abriam mão do cafezinho, chá gelado, chope, pastelzinho ou sanduíche, antes de entrar ou sair das salas dos parlamentares, na Rua XV de Novembro, ou das sessões legislativas na Sala Princesa Isabel, nas noites de segundas e quintas-feiras, no Paço Municipal.

Exatamente nesses dias que a queda do movimento do Café Carioca será sentida. Era costume, em noites de sessão, a casa estender o horário habitual de fechamento das 20 horas para cerca de 21 horas.

O gerente do local, José dos Santos Vasques, estima uma redução de 30% no movimento. "Obviamente, a mudança (da Câmara) fará perder uma parte da clientela. Só espero que continuem a freqüentar, mesmo sem a constância de antes".

Vasques aproveita para desmentir "o boato que corre" de que há intenção do Carioca, comandado por quatro sócios, abrir uma filial na vizinhança da nova sede do Legislativo. "Não procede essa informação. Ficaremos apenas por aqui".

O balconista José Felipe de Brito, de 38 anos, lembra que altos e baixos há em qualquer negócio, mas não acredita em queda de faturamento. "Aqui é um ponto tradicional. Não vai abalar o movimento".

Mais velho de casa, do tempo em que se pagava cafezinho com vale de bonde, o colega José Ariston dos Santos, conhecido por Teixeirinha, de 72 anos, tem opinião semelhante. "O cliente se afasta no começo, mas depois volta. É sempre assim. De qualquer forma, ainda temos a turma da Prefeitura para encostar no balcão ou sentar nas mesas".

O vereador Benedito Furtado (PSB) é um antigo freqüentador do Café Carioca. Quase diariamente, antes de ir ao gabinete, passa no estabelecimento para tomar o café da manhã. Só não aparecia por lá quando outro compromisso exigia a mudança de rumo. "Vou sentir uma falta tremenda. Sou fã do Carioca, gosto muito do café de coador e da broa de milho que eles vendem".

O vereador Odair Gonzalez (PR) também faz parte do bloco dos saudosos. Apesar da pouca distância entre o Carioca e o Castelinho, cerca de 10 minutos a pé, ele diz que ficará difícil manter a freqüência anterior. "Porém, quando tiver que ir ao Paço Municipal, não faltarão oportunidades".

Clientela fixa – Uma turma que não deixará de aparecer no Carioca é o pessoal do próprio prédio da Prefeitura e das secretarias municipais que ficam no entorno da Praça Mauá.

Emerson Cabral e sua turma de amigos costumam bater cartão às sextas-feiras para beber e comer. "A cerveja é gelada, o atendimento é bom", justifica. "Só diminuímos a freqüência depois que aumentaram o preço da cerveja", protesta Cabral.

Espaço democrático

Futebol ou política? É missão impossível saber qual o assunto mais debatido nas mesas e nos balcões do Café Carioca. Uma coisa é certa: o espírito democrático sempre predomina nas discussões calorosas. Por ali, já passaram artistas, esportistas e, principalmente, políticos. Aliás, em época de eleição, é praticamente quebra de protocolo não botar os pés no estabelecimento. Em busca de votos, todos os candidatos a prefeitos de Santos já foram ao Carioca comer pastel ou tomar um cafezinho com correligionários. Em 2012, a cena voltará a se repetir.

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O Café Carioca, no primeiro dia após a mudança da Câmara

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 2/8/2011, às 15h27

 


O Café Carioca, no primeiro dia após a mudança da Câmara

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 2/8/2011, às 15h27


Vista externa, em fins de 2010. Na calçada, o nome gravado em mosaico de pedras

Foto: site Google Maps/Street View (acesso em 15/11/2011)

Em janeiro de 2008, o Café Carioca publicou em seu site um resumo de sua história (acesso em 15/11/2011):

69 anos de Tradição

O "Café Carioca" surgiu na década de 30, situado à Rua Dom Pedro II, sendo logo depois transferido para a Praça Mauá, 1, onde se encontra até hoje. Inicialmente, a casa oferecia sanduíches e café, tendo ficado mais conhecida com a introdução dos famosos pastéis - que até hoje ocupam o primeiro lugar na preferência da clientela. O sucesso é tão grande que muitos clientes já levaram os pasteizinhos para outras cidades, fora do Estado, como Curitiba, Rio de Janeiro e Recife, ajudando a tornar o "Café Carioca" conhecido em âmbito nacional!

Gente Famosa

Ao longo desses anos, o "Café Carioca" acompanhou de perto a história polí­tica e cultural do centro de Santos. Por ali já passaram Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Eurico Gaspar Dutra, João Goulart, Lula e o santista Mário Covas, que não dispensava os pastéis quando estava na cidade. Também os artistas Nuno Leal Maia, Luis Américo, Ary Toledo e a esportista Hortência, para citar alguns nomes.

Origem do Café e Bar Carioca, conforme manuscrito elaborado por seu fundador:

Eu, MANOEL DE PAIVA FERNANDES, em setembro de 1939, aluguei uma loja com duas portas na Rua Dom Pedro II no 16 e, em 24 de novembro de 1939, inaugurei o CAFÉ E BAR CARIOCA.

Na época a esquina da Praça Mauá com a Rua Dom Pedro II, estava ocupada com a Telefônica a qual desocupou em setembro de 1940.

O proprietário, Sr. Manoel Fernandes Vieira, me escreveu uma carta me oferecendo a loja caso eu quisesse mudar para lá.

O aluguel era um pouco caro e estava havendo a 2a Guerra Mundial e a situação não era boa e eu estava com um certo receio, mas a solução era ir para lá. Então eu resolvi vender o atual e admitir sócio no pequeno Bar Carioca, que foi o amigo Sr. Francisco de Oliveira Seabra, e fomos falar com o proprietário e fechamos o negócio. Passado um ano, justo no dia 24 de novembro de 1940, fizemos a transferência para a esquina da Praça Mauá, onde se encontra até hoje. Ficamos lá sete anos e em novembro de 1947 vendemos para o Sr. Jandir Trindade e assim terminou a primeira fase e eu fiquei sem trabalho uns meses. Mas, um dia eu estava na Rua João Pessoa em frente ao Bar Caravelas e encontrei com o Sr. Serafim de Almeida Rato e ele me convidou para eu fazer com ele e o Sr. Arlindo Quaresma a compra de um Bar numa Sociedade.

Então ficamos estudando o caso para depois entrar em atividade, mas neste intervalo eu fui ao Carioca e então falando com o Sr. Jurandir, o proprietário, eu lhe falei que eu iria com mais dois sócios comprar negócio na praia. Ele se mostrou interessado em vender o Carioca, eu então falei com o Sr. Serafim e o Sr. Quaresma e lhes disse que era melhor nós comprarmos o Carioca, e foi o que fizemos, e passado algum tempo o movimento começou melhorando e resolvemos admitir mais um sócio que foi o Sr. Antonio Maneira da Silva, fazendo uma sociedade com quatro sócios que durou vinte e cinco anos, pois foi até dezembro de 1973. Em janeiro de 1974 eu e o Sr. Antonio Maneira cedemos (venderam) o lugar para o Sr. Manequinho e para o Sr. Pepe os quais ainda se encontram lá continuando assim o Carioca com quatro sócios.

Em 24 de novembro de 2009, a revista eletrônica Cafeicultura reproduziu artigo do site santista PortoGente, sobre essa cafeteria (acesso em 15/11/2011):

  • Santos
    Café Carioca - 70 anos
    Texto atualizado em 24 de Novembro de 2009 -

  • por Laire José Giraud *
     
    Existem certos locais que identificam uma cidade. É o caso do conhecidíssimo Café Carioca, que fica situado no Centro Histórico de Santos (SP), mais precisamente na Praça Mauá. Acredito que não há santistas de nascimento ou de coração que não conheçam o tradicional café.

     
    Capa do folder publicitário do famoso
    Café Carioca.

    É dentro daquele alegre salão, com suas mesas e balcões sempre cheios de fregueses, que há sete décadas, santistas e turistas saboreiam deliciosos sanduíches e pastéis.

    Ao longo de todos esses anos, passaram pessoas simples e famosas, como Getúlio Vargas, Gaspar Dutra, João Goulart e Lula, além de pessoas da Cidade que deixaram seus nomes gravados no livro de ouro do célebre estabelecimento, dentre os quais Mário Covas, Silvio Fernandes Lopes, Pelé, Jaime Caldas, Narciso de Andrade, Nelson Salasar Marques, Plínio Marcos e muitos outros. A lista é grande.

    Muitas são as recordações, dentre elas a do falecido garçom Jerônimo, sempre atencioso e que chamava os fregueses do estabelecimento de “amiguinho”. Lembro, também, de uma mesa onde sentavam diariamente 16 amigos, e no decorrer do tempo esse número foi paulatinamente diminuindo. Por razões da vida, hoje só restam quatro desses amigos.


    Prédio onde funciona o setentão Café Carioca. Praça Mauá - Centro
    Histórico de Santos. Foto: L.J. Giraud.

    Com toda certeza, a primeira vez que entrei no Café Carioca foi pelas mãos de meu pai, que mantinha consultório médico na Rua Riachuelo com a Praça Mauá. Isso lá pelos idos de 1952. Toda vez que ia ao Carioca, saboreava um misto quente feito com presunto tender (com guaraná caçula), ou a famosa mantequilha (bolo amanteigado). Recordo de uma segunda-feira de Carnaval (naquele tempo se trabalhava nesse dia), acho que em 1955, onde lanchamos e depois cortamos cabelos, no salão de barbeiros que ficava na Dom Pedro II, colado ao Carioca.

    Nesses anos, muitas coisas se modificaram, como: frequentadores, proprietários, funcionários, novos pratos. E até o salão ficou maior. Mas uma coisa é certa: a qualidade é a mesma. Isso posso afirmar categoricamente, pois raro é o dia em que não passo por lá para tomar um cafezinho ou saborear um de seus deliciosos pastéis, que são conhecidos até no exterior.


    Vista do salão, onde são servidos os deliciosos pastéis e outras
    petisqueiras. Foto: L.J. Giraud.

    A seguir, a origem do Café e Bar Carioca conforme manuscrito elaborado por seu fundador.

    “Eu, MANOEL DE PAIVA FERNANDES, em setembro de 1939, aluguei uma loja com duas portas na Rua Dom Pedro II nº. 16 e em 24 de novembro de 1939 inaugurei o CAFÉ E BAR CARIOCA.

    Na época á esquina da Praça Mauá com a Rua Dom Pedro II estava ocupada com a Telefônica, a qual desocupou em setembro de 1940.

    O proprietário, Sr. Manoel Fernandes Vieira, me escreveu uma carta oferecendo-me a loja caso eu quisesse mudar para lá.


    Xícaras de Café do tradicional estabelecimento.

    O aluguel era um pouco caro e estava havendo a Segunda Guerra Mundial, e a situação não era boa, e eu estava com um certo receio. Mas a solução era ir para lá. Então resolvi vender o atual e admitir sócio no pequeno Bar Carioca, que foi o amigo Sr. Francisco de Oliveira Seabra, e fomos falar com o proprietário e fechamos negócio. Passado um ano, justo no dia 24 de novembro de 1940, fizemos a transferência para a esquina da Praça Mauá, onde se encontra até hoje. Ficamos lá por sete anos e em novembro de 1947 vendemos para o Sr. Jandir Trindade.

    E assim terminou a primeira fase, e fiquei sem trabalho uns meses, mas um dia eu estava na Rua João Pessoa em frente ao Bar Caravelas e encontrei com o Sr. Serafim de Almeida Rato e ele convidou-me para fazer com ele e o Sr. Arlindo Quaresma a compra de um bar numa sociedade. Então ficamos estudando o caso para depois entrar em atividade, mas neste intervalo fui ao Carioca e então falando com o Sr. Jandir, o proprietário, lhe falei que iria com mais dois sócios comprar um negócio na praia. Ele se mostrou interessado em vender o Carioca, então falei com o Sr. Serafim e o Sr. Quaresma e lhe disse que era melhor nós comprarmos o Carioca, e foi o que fizemos, e passado algum tempo o movimento começou a melhorar e resolvemos admitir mais um sócio que foi o Sr. Antonio Maneira da Silva, fazendo uma sociedade com quatro sócios que durou vinte e cinco anos, pois foi até dezembro de 1973.


    Dentre seus frequentadores, vemos o prefeito da cidade João
    Paulo Tavares Papa, o engenheiro e então vereador Jama
    conversando com Xico Graziano, o vereador Fabião e Rubens Lara.
    Foto: Café Carioca.

    Em janeiro de 1974, eu e o Sr. Antonio Maneira cedemos (vendemos) o lugar para o Sr. Manequinho e para o Sr. Pepe os quais ainda se encontram lá continuando assim o Carioca com quatro sócios”.

    A coluna Recordar do PortoGente parabeniza o sempre jovem Café Carioca, que neste 24 de novembro está apagando 70 velinhas, através de seus dirigentes, dentre eles: Serafim de Almeida Rato, Antonio Almeida Soares, Antonio Soares da Costa, Marcos Gregório, Manoel Vasquez Fernandez (Manolo) e José Rodriguez (Pepe), bem como aos seus funcionários e frequentadores.

    O café Carioca é um verdadeiro patrimônio da Cidade de Santos.

    Carioca, tenha vida longa!


    É na rainha das praças de Santos que fica situado o Café Carioca.
    Ao fundo, a sede da Prefeitura, em 1948. Acervo: L.J. Giraud.


    No aguardo dos deliciosos pastéis, Benedito Siqueira e o
    autor, em 2006. Foto: L.J. Giraud.

    Fonte: http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=26195

    Em 19 de junho de 2003, o Diário Oficial de Santos publicou, na página 2:

    DESCOBRINDO A CIDADE

    Café Carioca

    O mais tradicional café da Cidade, o Café Carioca, completa este ano, no dia 24 de novembro, 63 anos de existência. Marcando a história de Santos, o estabelecimento foi inaugurado na década de 40 pelo falecido comerciante português, Manoel de Paiva Fernandes, na Rua Dom Pedro II, 16, sendo logo depois transferido para a Praça Mauá, 1, onde se encontra até hoje.

    Conhecido em âmbito nacional pelos famosos pastéis de massa leve e recheio farto, que começaram a ser vendidos em 1968, o Carioca acompanhou de perto a história política e cultural do Centro de Santos. O mais antigo proprietário e um dos sócios do estabelecimento, Serafim de Almeida Ratto, 88 anos e 55 de casa, conta que muitas personalidades já passaram por ali, como Jânio Quadros, Eurico Gaspar Dutra, João Goulart, Esmeraldo Tarquínio, Ulisses Guimarães, Mário Covas e o atual presidente Luís Inácio Lula da Silva. O local também foi bastante freqüentado por celebridades da área cultural, como Paulo Autran, Natália Timberg, Eva Wilma e Serafim Gonzales.

    Com muita história para contar, Serafim recorda os áureos tempos, quando trabalhadores da Cosipa e do Porto esperavam as portas se abrirem, no início da manhã, a fim de saborear seus lanches antes de ir trabalhar.

    Muitos ônibus, vindos de São Paulo, também paravam na Praça Mauá, gerando grande movimento no local. Ele ainda lembra que um grupo de corretores de Santo André descia a serra, todo sábado, e jogava palitinhos para disputar quem pagaria uma rodada de aperitivos e pastéis.

    Ao longo desses anos, o estabelecimento foi chamado por muitos como Senadinho, por ser um ponto de encontro de vereadores, políticos e autoridades. Seus famosos pastéis também foram levados para outras cidades, como Curitiba, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Recife, propagando o nome da Cidade. A casa funciona de segunda a sexta-feira, das 11 às 21 horas, e aos sábados, das 9 às 15 horas.

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