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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IMPRENSA
A imprensa santista (4)

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Em 26 de março de 1944, o jornal santista A Tribuna publicou edição especial comemorativa de seu cinqüentenário (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), com estas matérias (grafia atualizada nesta transcrição):
 
Os homens da imprensa de minha terra

Por Cronista X

O jornalista, via de regra, ocupa-se de tudo e de todos, menos de sua individualidade. Rasga elogios, critica, pondera, sugere, opina sobre empreendimentos e realizações de interesse geral, colabora no desenvolvimento do ambiente em que vive, ajuda as obras pias, pugna pela expansão cultural, não olvida datas aniversárias, atende a amigos e inimigos, escreve sobre todos os ângulos da vida social, política, cultural, religiosa e desportiva, louva, homenageia e consagra homens e instituições.

Mas esquece-se de si próprio...

É assim o jornalista profissional. Quase sempre evita e foge ao registro do seu nome, mesmo na ocorrência do aniversário natalício. É um anônimo a incentivar o progresso da região, do Estado, da Federação. E sua voz não se perde no turbilhão das massas. É ouvida e acatada. E sempre louvada, porque o jornalista consciente, educado na grande escola da tarimba, sabe o que escreve, não demole, constrói; não é fútil nem incongruente; é objetivista e exato; não apregoa frivolidade nem é agente de dissociação; sua arma sempre se volta para as manifestações úteis e práticas; não agride; antes, colima o bem-estar da coletividade, coopera, insiste e vence. Essa a índole do jornalista de hoje.

***

Esta crônica de incipiente profissional, no maior dia da imprensa de Santos, pretende emergir a "falange anônima" dos batalhadores do jornalismo santista, situando-os no plano de evidência que, por justos títulos, lhes compete.

É um registro grato, que oportuniza ao cronista o mais agradável e afetivo trabalho de quantos têm apresentado no seu modestíssimo convívio com a profissão jornalística, que o enfeitiçou e o tolera com a ternura do forte sobre o fraco.

Os jornalistas profissionais de Santos constituem uma classe coesa, entrelaçada pelas mais afetivas expressões de camaradagem e de solidariedade espiritual.

Encorajado por essa comunhão fraterna, que caracteriza a atividade jornalística de Santos, ousarei falar dos trabalhadores intelectuais do jornal santista, embora contrariando e agredindo espíritos modestos, "avessos à publicidade".

Mas impõe-se o registro, não como homenagem pessoal, de colega para colegas, senão com propósito documentário, como o justifica esta edição comemorativa do jubileu de A Tribuna.

***

Morrendo Décio de Andrade (e ainda faz 45 dias que o querido companheiro nos deixou), José Gomes dos Santos Neto assumiu o posto de antiguidade na imprensa santista. Gomes dos Santos é agora o decano, sendo ainda moço. Trabalha há 30 anos no jornal. Profissional cem por cento. Foi do Jornal da Noite e do Comércio de Santos. Há mais de vinte anos dirige a sucursal da A Gazeta, de São Paulo. Passou por todos os setores de um jornal: revisor, repórter, redator, articulista, chefe de redação. É um profissional de larga capacidade. Bom companheiro. Amigo de todos.

Passemos agora pela sala de redação da A Tribuna. Antonio Guenaga é o mais antigo redator em atividade. Décio de Andrade deixou-lhe a vanguarda dos veteranos. Cronista esportivo, especializado. Chefe do Departamento Esportivo da A Tribuna. Meticuloso no trabalho, correto, experimentado jornalista esportivo. Ótimo elemento.

Mário Castro. É o primeiro homem em Santos a conhecer os acontecimentos internacionais, pela função de seu cargo. Titulador e organizador do serviço telegráfico exterior. E também locutor. Às 23,15 horas, ele lança ao ar, da redação da A Tribuna, o Panorama do Dia, que é um repositório dos principais fatos ocorridos no país e no estrangeiro. O homem do "Aceite meu cordial BOA NOUTE" tornou-se popular na cidade.

Antonio F. Sarabando. Já se faz veterano na A Tribuna. Além de auxiliar a titular o serviço telegráfico, redige sueltos e outro qualquer gênero de trabalho jornalístico, pois o homem é eclético. Há vários anos exerce o cargo de correspondente do Correio Paulistano.

Benedito Merlin. Crítico de arte e de rádio. E também auxilia outros serviços da redação. Habituado à apreciação sutil das coisas de arte, molesta-o a pesada crônica policial ou a complexa reportagem esportiva.

Certa vez, à falta de repórter efetivo, foi designado para uma reportagem na Serra sobre gravíssimo acidente de automóvel. O veículo precipitara-se no abismo, incendiando-se, carbonizando seus desgraçados ocupantes. Temperalmente emocionável, espírito coado de impressões violentas e brutais, o nosso Merlin estarreceu diante do horrendo espetáculo. E voltou sem a reportagem.

Noutra vez, mandaram-no a uma competição de puglisimo. Não foi bem sucedido, pois a reunião deixou de se realizar devido a medonho conflito, durante o qual as balas cruzavam todos os ângulos do ringue. E ele regressou espavorido à redação, maldizendo sua estréia ocasional na reportagem esportiva. Mas o Merlin é um bom. Alma sem malícia. Afetivo e complacente.

Olao Rodrigues é o homem das reportagens. Já entrevistou presidentes de Repúblicas, políticos de nomeada, artistas famosos, cientistas, intelectuais, diplomatas, jornalistas, jogadores de futebol, scrocs(N.E.: escroques), ladrões de baixo coturno, mendigos etc.

É noticiarista, redige tópicos, sueltos, é cronista esportivo e forense e conhece reportagem policial. Já serviu em todos os setores de um jornal moderno, inclusive como datilógrafo e revisor. É correspondente da Agência Nacional e da Associated Press. E preside o Sindicato dos Jornalistas Profissionais em Santos.

Dr. Paulo H. de Moura (N.E.: "H." de "Hourneaux"). Articulista e redator da famosa crônica de guerra da A Tribuna. Advogado. Orador. Jornalista de apreciável expressão técnica. Já secretariou a A Tribuna.

Vitório Martoreli é o redator de Sindicalismo, que ele mesmo criou. Goza de sólido prestígio no ambiente sindical de Santos. Doutrina sobre a matéria. Tem 5 anos de jornalismo, vividos exclusivamente na A Tribuna.

José Ferreira Coelho é o repórter e redator, ao mesmo tempo, de fatos policiais. Ele vive a crônica policial. Tirem-lhe a camisa, mas não lhe tirem a reportagem de polícia. Especializou-se na redação de crimes, roubos, acidentes. Zeloso e assíduo. Jovial e despreocupado por tudo que se não entenda com polícia...

Oací Rodrigues é antigo no jornalismo. Já foi redator da Praça de Santos, Jornal da Noite, Gazeta Popular, Correio da Tarde, O Diário e da Gazeta do Povo, de Curitiba. Integra o corpo de cronistas esportivos da A Tribuna. Profissional competente, conhece todos os segredos do jornalismo. "Faz esporte" e desenvolve com facilidade qualquer outro serviço de jornal.

Francisco Sá Júnior também é cronista esportivo. Sereno e verdadeiro na apreciação dos acontecimentos de esporte. Alto funcionário da Prefeitura, ocupando atualmente as funções de secretário do chefe do Executivo local. Não se arreda do jornalismo, a que tão bem serve e cada vez mais o atrai.

Hamleto Rosato é novo na redação. Veio da revisão. É observador, atilado e anima-o férrea vontade de desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional. E já denota recursos para o jornalismo.

Cassiano Nunes Botica é o "benjamim" da redação. Moço, afeito às letras literárias, deverá fixar-se no jornalismo. Embora ainda não familiarizado com a rotina do jornal, apresenta-se-lhe um saldo-base: sabe escrever.

Álvaro Augusto Lopes vem da imprensa de Paulo Gonçalves, Alberto Schmidt etc. Crítico literário e cronista social. Magnífico exemplar de jornalista. Diretor da Biblioteca Pública Municipal. Sólida cultura, inteligência robusta, forte poder de percepção. Álvaro Augusto Lopes é um desses tipos raros que, tendo mérito moral e intelectual, não fazem alarde de sua personalidade, porque modestos e simples; intimidam-se quando são louvados e fogem aos rapapés. Têm valor, mas não o expõem às labaredas do exibicionismo. Álvaro Augusto Lopes tem muito valor e é muito simples. Essa a grande qualidade do ÁLVARO da crônica social da A Tribuna.

Perilo Prado trabalhou mais de quatro lustros na A Tribuna. Fez polícia, esporte e tudo mais. Está gozando de uma licença, que nunca termina... Sente-se ainda fatigado pela longa jornada jornalística. Sempre nos visita. Ainda é considerado homem de jornal. E bom colega.

Rubens Ulhôa Cintra. Citemo-lo por último. É o secretário da redação. Veio há dias de O Diário, onde ocupava o posto de sub-secretário.

Cremos que sua admissão na A Tribuna e nas funções de secretário reflete justa promoção ao jornalista moço, conhecedor do métier, que fez da profissão verdadeiro apostolado. Jornalista integral, de idéias próprias, zeloso pelo cargo e dotado de apreciáveis recursos técnicos. Também é cronista de esporte. Teórico e cheio de vigor e brilho. Torito, seu pseudônimo esportivo, também é moço de bela formação moral. Vai longe no jornalismo.

Ciro Lacerda, não sendo propriamente um homem de redação, é um jornalista. E jornalista de verdade. Escreve bem e com velocidade. Chefia a revisão da A Tribuna.

Desfilemos agora a turma de O Diário. Na chefia da redação, o Antônio Barja, orientador seguro, enérgico e experimentado. Forjou sua capacidade profissional na A Tribuna, onde trabalhou durante longos anos. É cuidadoso e correto em seus comentários, que aparecem de quando em quando. Identifica-se facilmente os seus escritos, pois o Barja tem estilo próprio. Muito lhe deve o jornal em que atualmente trabalha. É dedicado e rigoroso em suas atribuições. Possui capacidade de mando, que é qualidade essencial num secretário de redação. Impulsivo, por vezes, mas muita franqueza e lealdade.

Moacir Dias Gnecco, como o Mário Castro, conhece às primeiras horas da noite, antes que qualquer outro, os acontecimentos internacionais. Titulador do serviço telegráfico estrangeiro. Operoso e diligente. Também repórter.

Pedro Antelo Nogueira da Gama é o veterano de O Diário. Já trabalhou em vários jornais. Diretor do periódico O varejista, órgão de classe.

Rosinha Mastrângelo é a única mulher-jornalista de Santos. Desenvolve as seções de cinema, teatro e rádio. E também sabe fazer reportagens. Cronista sóbria, ponderada, exata na apreciação dos fatos-tese.

Antenor Duarte Rodrigues chefia a seção esportiva. Dedicado ao cargo, forte senso de responsabilidade, cuidadoso em suas reportagens sobre o esporte, bom companheiro, simples e leal.

Eratóstenes Azevedo é o redator policial. Moço na profissão, denota acentuado desenvolvimento. É ativo e zeloso.

Jaime Pereira Pinto, outro cronista esportivo. Fez seu batismo profissional no próprio jornal onde ainda hoje trabalha.

Adriano Neiva da Mota e Silva é o ataché da redação. Veio do Rio. Jornalista de tarimba. Dedica-se mais amiúde à crônica esportiva. Considerado literato esportivo. Seus trabalhos, assinados com o pseudônimo de De Vaney, sempre agradam. Biógrafo esportivo. Estilo apurado, forte senso de introspecção, correto, ativo, serviçal. Mas a personalidade jornalística de De Vaney não se circunscreve ao esporte. Ele conhece jornal. Apto para qualquer serviço de redação. Muito modesto. Figurino de inteligência.

Luis Lestrade é o arquivista. Afirmam os que o conhecem mais de perto que o O Diário arquiva um hábil profissional.

Ingressaram faz poucos dias na redação mais dois elementos, o Luiz Carlos Silveira, sub-secretário, e o prof. Malito de Luca. Este último vem apresentando uma série de comentários sobre assuntos de interesse local. Não se trata de um iniciante: o homem revela recursos jornalísticos.

No Correio da Tarde, o vespertino que Ramiro Calheiros fundou e o dr. Rui Calheiros dirige, encontramos o Eduardo Mesquita, muito moço, iniciante na profissão, mas muita disposição e arrojo.

Floriano Cruz, que era o homem do Correio da Tarde, faleceu há pouco tempo. Floriano sabia escrever, conhecia jornal, mas era um desiludido.

Há três revistas em Santos. Flama, a veterana, a que o dr. Nicanor Ortiz dá o prestígio do seu nome, tem um profissional competente ao leme, o Gomes dos Santos Neto. Brasilidade reúne um grupo de diletantes, entre os quais Augusto Vitor dos Santos, Agostinho Duarte de Souza e Hugo Paiva. Estrela Azul é dirigida por José Bento, o qual conta alguns auxiliares que não são verdadeiramente profissionais.

Francisco Azevedo é o correspondente do Diário de São Paulo e Diário da Noite. Experimentado jornalista. Adolfo Queiroz Fonseca trabalha há vários anos na sucursal do O Estado de São Paulo. É jornalista profissional e já se faz veterano. Cândido Hernandez dirige a sucursal da Folha da Manhã e Folha da Noite.

Aí está, pois desfilada, a gente da imprensa de Santos.

Falamos apenas dos profissionais em atividade.

E fechando, como registro de saudade, o nome de quatro grandes companheiros que a Morte levou: Osvaldo Du Pain, Ramiro Calheiros, Floriano Cruz e Décio de Andrade.


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Nossa casa, nossa gente

No clichê figuram os funcionários em atividade, da A Tribuna, incluindo todas as categorias funcionais. Nas seis gravuras, e na devida ordem, contando-se da esquerda, estão fixados (1) os redatores, repórteres fotográficos e datilógrafos da redação; (2) pessoal das seções de linotipia, mecânica, tipografia e paginação; (3) funcionários da administração, estando ao centro sentado, o sr. Giusfredo Santini, gerente do jornal; (4) corpo de revisores; (5) pessoal das seções de gravura e de impressão; (6) zeladores, contínuos, ascensorista, almoxarife e expedidores.

Está assim constituído o corpo funcional da A Tribuna:


Pessoal da Redação
Foto publicada com a matéria

REDAÇÃO - Secretário, Rubens Ulhôa Cintra; redatores, dr. Paulo H. de Moura, Olao Rodrigues, Antônio F. Sarabando, Vitório Martorelli, José Ferreira Coelho, Mário Castro, Benedito Merlin, Hamleto Rosato, Cassiano Nunes Botica, Antônio Guenaga, Francisco Sá Júnior, Oaci Rodrigues, Álvaro Augusto Lopes, Alberto Galvão Porto e Antônio Andreoli Bampa; repórteres fotográficos: Pedro Peressin e José Severo Bomfim.


Corpo de revisores
Foto publicada com a matéria

REVISÃO - Chefe, Ciro Lacerda; sub-chefe, Geraldo Ferrone; revisores: Elisiário Fernandes, Francisco D. Lacerda, Carlos H. Klein, Hugo Pereira de Paiva, José L. Gião, José E. Leopoldo e Silva e João Barbosa Júnior.


Pessoal das Oficinas
Foto publicada com a matéria

OFICINAS - Chefe, João da Silva Figueira; linotipistas: Horácio Xavier dos Passos, João Batista da Silva, Luiz Inácio Pires, Agostinho Crivello, Hissen Dias, Paulo Magenta, Felix Oldani, Ubirajara Costa, Alberto Lopes, Mário Grazini, Vicente Buongermino, Álvaro Coelho da Silva e Romeu Russo. Paginação: Mário SIlva (chefe); Manoel Luiz Abreu, paginador. Tipógrafos: José Torres, João Ferreira de Menezes, Valdemar Moreira, José Cubelas, Hugo Buongermino e Irani Wansuit. Fundidor: Francisco Lávia. Mecânicos: Pedro Pereira (chefe); Albino Antunes e Jair Roberto da Silva. Retranquista: José da Silva Figueira. Conservador: Rubens Vieira.


Pessoal das seções de Gravura e Impressão
Foto publicada com a matéria

IMPRESSÃO - Chefe, Américo Augusto; Natale Botaro (chefe da seção mecânica impressora). Impressores: Antônio Lopes, José Francisco Lopo, Antônio Prieto Jr., Newton Alves da Silva, Maximino Iglézias e Nilo Taveira; ajudantes: João Tomás e Francisco Rodrigues.

FOTO-GRAVADOR - Leovegildo Moreno; ajudante: Adalgir Lombardi.


Funcionários da Administração, com o gerente Giusfredo Santini sentado ao centro
Foto publicada com a matéria

FUNCIONÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO - Antônio Luiz de Oliveira, Cristiano Teixeira, Clarinda Paiva de Andrade, Armando de Oliveira, Manuel Nunes de Souza, Joaquim C. Serra e Carlos Baltazar Lopes.


Zelador, contínuos, ascensoristas, almoxarife e expedidor
Foto publicada com a matéria

ALMOXARIFE - Adriano Loureiro; auxiliar: Alexandre Augusto Porto.

ASCENSORISTA - Lauro Rebouças.

ZELADOR - Manuel Ramalho.

ENCARREGADO DA PORTARIA - José Ferreira.

CONTÍNUOS - José Érico do Nascimento e Higino Pêgas da Silva.

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