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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ACS
A associação comercial dos santistas (2)

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A história da centenária Associação Comercial foi também contada pelo pesquisador Fernando Martins Lichti, em sua Poliantéia Santista, volume 3 da obra conjunta com a segunda edição da História de Santos de Francisco Martins dos Santos (1996, Ed. Caudex Ltda., São Vicente/SP):
 


Primeira sede própria da A.C.S. (1883)
    Bico-de-pena do artista Lauro Ribeiro da Silva (Ribs), reproduzido do Calendário de 1987
editado pela Progresso e Desenvolvimento de Santos S.A. (Prodesan), 
com o tema Santos Antiga em Bicos-de-pena

Associação Comercial de Santos

Foi constituída em 22 de dezembro de 1870, sendo seus primeiros estatutos aprovados pelo Decreto Imperial n. 4.738, de 7 de junho de 1871.

Realizou sua primeira assembléia geral a 17 de setembro de 1874, no prédio da Rua da Praia (hoje Rua Tuiuti) nº 3, sendo então eleita a primeira diretoria permanente. Dela faziam parte: presidente, comendador Nicolau Vergueiro; vice-presidente, Antônio Ferreira da Silva Júnior (barão e depois visconde de Embaré); secretário, Inácio Wallace da Gama Cochrane; tesoureiro, José Azurém Costa, e diretores, Henri Leuber, Carlos Wagner, José Ricardo Wright, Rodolfo Wursten e José Antonio Teixeira.

Em 18 de novembro de 1914, foram considerados sócios fundadores todos aqueles que haviam tomado parte na formação da Associação até a data da primeira assembléia geral e que se achavam inscritos nessa ocasião, num total de 106 sócios. Entre eles destacamos: Antônio José da Silva Bastos, Francisco Feliciano da Silva, Gustavo Backheuser, João e José Antônio Pereira dos Santos, João Manoel Alfaia Rodrigues Júnior, José Proost de Souza, Luís José dos Santos Dias e Manoel Lourenço da Rocha, entre muitos outros de real projeção.

Desde o seu início, tem a Associação Comercial de Santos colaborado eficazmente com os governos da União, do Estado e do Município, na solução dos problemas econômicos e sociais mais importantes.

Devido a isto, foi declarada de utilidade pública por Resolução do Congresso Nacional, sancionada pelo presidente da República, através do decreto n. 3.348, de 3 de outubro de 1917, e também pela municipalidade santista, pela lei municipal n. 1.073, de 3 de novembro de 1949, sendo também declarada órgão técnico consultivo do Governo e colaborador do Poder Público, pelo decreto federal n. 7.770, de 2 de setembro de 1941.


Associação Comercial e Praça do Comércio, em foto de 1902 de José Marques Pereira
Foto publicada na edição especial da Revista da Semana/Jornal do Brasil de janeiro de 1902,pág.25

A Associação Comercial de Santos vem participando de maneira notável, na vida da cidade. Foi assim quando, em uma das dependências do andar térreo da sua sede social, ela conseguiu a instalação de uma agência do Banco do Brasil, em Santos. Ao seu empenho deve-se, igualmente, a abertura, nesta cidade, da agência da Caixa Econômica, da Bolsa Oficial do Café e da Caixa de Liquidação.

A Bolsa Oficial de Corretores de Câmbio e o Conselho Nacional do Café tiveram a sua primeira sede no prédio da Associação.

Ela efetuou a Codificação, para registro na Junta Comercial do Estado, dos Usos e Costumes da Praça de Santos. Antecipou-se, enfim, todos, no estabelecimento das férias comerciais, da semana inglesa, do montepio comercial e até aposentadoria, concedendo-a, em 1909, a um dos seus empregados. Por ela foi criada a Guarda Noturna de Santos. A criação do bispado de Santos foi alcançada, em grande parte, com o seu empenho. Militou desde o tempo do Império pela construção de cais e armazéns no porto.

Quando, em 14 de dezembro de 1891, o povo de Santos se reuniu às 16 horas, na Praça da República, para declarar fora da lei o presidente do Estado, dr. Américo Brasiliense, por ele haver-se irmanado com a ditadura do marechal Deodoro da Fonseca, foi então lida pelo dr. Martim Francisco (3º) , e aprovada pela massa popular agitada e rebelada, uma veemente moção. Concluía ela, entre outras coisas por "declarar depostos dos seus cargos o presidente do Estado, cidadão dr. Américo Brasiliense, e o intendente e vereadores municipais de Santos", e quanto aos últimos resolvia:

"Entregar à diretoria da Associação Comercial a direção dos negócios municipais, encarregando-a de exercer, até que o novo presidente do Estado resolva a respeito, as atribuições da atual Intendência, cuja competência fica terminada".

Em virtude disso, assumiu a Associação Comercial, no mesmo dia, o governo da cidade, o qual no dia seguinte ela passou ao cidadão Almeida Moraes. Este, entretanto, renunciou ao cargo no dia 18, entregando-o à mesma Associação, que o exerceu até o dia 30 de dezembro de 1891, quando tomou posse a nova Intendência, constituída dos seguintes cidadãos: dr. João Galeão Carvalhal, Lino Cassiano Jardim e os srs. Francisco Cruz, Antônio Augusto Bastos, Antônio José Malheiros Júnior, Raimundo Gonçalves Corvelo e Teófilo de Arruda Mendes.

Enfim, durante quinze dias, tendo como seu presidente o dr. Antônio Carlos da Silva Teles, a Associação Comercial de Santos administrou o município, garantindo a ordem pública e a tranqüilidade de todos.

Por escritura pública de 12 de outubro de 1883, adquiria a Associação Comercial, de d. Jesuína Augusta de Aguiar Peixoto e outros, o imóvel assim descrito: "um prédio de sobrado sito nesta cidade, à Rua 25 de Março n. 55, com frente para a dita rua e para o Largo 11 de Junho, com 3 janelas de sacadas de ferro..." e mais adiante "cujo prédio se acha hoje em ruínas em conseqüência de incêndio que nele houve" (este incêndio, ao qual se refere a escritura, aconteceu em 30 de julho de 1883). Nesse local é que foi construída a sede própria da Associação Comercial de Santos, na qual funciona até hoje, Rua XV de Novembro, 137.


Segunda sede própria da A.C.S. (1908), também no mesmo local da atual
    Bico-de-pena do artista Lauro Ribeiro da Silva (Ribs), reproduzido do 
Almanaque de Santos 1971, de Olao Rodrigues (1971, W.Roth & Cia. Ltda., S.Paulo/SP)

Visitas importantes – Desde 1875, a Associação Comercial de Santos mantém um livro no qual os visitantes importantes registram a sua visita à entidade, com mensagens à A.C.S. e à própria Cidade de Santos.

Foi o imperador d. Pedro II (que visitou a A.C.S. em três oportunidades) que deu início ao livro – aberto em sua homenagem -, no dia 30 de agosto de 1875, juntamente com sua esposa imperatriz d. Thereza Christina. D. Pedro II voltou a 30 de setembro de 1878 e a 13 de novembro de 1886.

Diversos presidentes da República, embaixadores de vários países, delegações estrangeiras, ministros e governadores já assinaram no livro.

Destacamos as visitas dos presidentes da República, Wenceslau Braz, a 22 de maio de 1918; Eurico Gaspar Dutra, a 15 de outubro de 1949; Juscelino Kubitschek, em 29 de janeiro de 1957 (Juscelino voltou a visitar a A.C.S. em setembro de 1909), e dos governadores do Estado de São Paulo, Júlio Prestes, Adhemar de Barros, Lucas Nogueira Garcez e Carvalho Pinto, entre 1927 e 1962.

Os presidentes da Associação Comercial de Santos – Logo depois de constituída – em 22 de dezembro de 1870 -, a Associação Comercial de Santos instalou a primeira diretoria provisória, que dirigiu a entidade, de 1870 a 1874, anteriormente citada. Ocuparam o cargo de presidente da Associação até hoje: Antônio Ferreira da Silva Júnior (visconde de Embaré), Affonso Vergueiro, Antônio de Lacerda Franco, Antônio Carlos da Silva Telles, Ernesto Cândido Gomes, Antônio Iguatemy Martins, Francisco de Andrade Coutinho, Luiz Jauckens, Joaquim Miguel Martins de Siqueira, Francisco Marcos Inglês de Souza, José Domingues Martins, José Maria Whitaker, Antônio Carlos de Assumpção, Antônio Teixeira de Assumpção Netto, A.S. Azevedo Júnior, Belmiro Ribeiro de Moraes e Silva, José Martiniano Rodrigues Alves, Alberto Cintra, Esaú Silveira Flamínio Levy, João Mellão, João Moreira Salles, Murillo Veiga de Oliveira, Alceu Martins Parreira, dr. Sílvio Alves de Lima, Geraldo G. De Mello Peixoto, Adail de Camargo Vianna. Álvaro Augusto de Bueno Vidigal, Francisco Luiz Cunha Bueno, Renato Freitas Levy, Laerte Rosato, Hercílio Camargo Barbosa, Caio Ribeiro de Moraes e Silva, Augusto da Silva Saraiva, Antonio Manoel de Carvalho, Rubens da Silva e, atualmente (N.E.: 1996), José Moreira da Silva.

A importância da ACS – Considerada a mais antiga entidade de classe do Estado de São Paulo e uma das primeiras do Brasil, a Associação Comercial de Santos completou 125 anos de atividades.

Em torno de sua criação reuniram-se os mais expoentes homens de negócios – de uma população de 10 mil pessoas -, num acontecimento de tamanha relevância para a época que a nova sociedade só pôde funcionar após o licenciamento outorgado por decreto imperial, assinado pela princesa regente, em nome de Sua Majestade o imperador d. Pedro II.

Até o surgimento da Associação Comercial não havia em Santos serviços de esgoto e coleta de lixo, iluminação pública, água para consumo domiciliar, ruas pavimentadas, ou pelo menos capazes de prover o escoamento de águas pluviais. Não existiam bancos, transporte coletivo e nem tampouco um cais organizado, mesmo com as exportações chegando, naquele ano, a 550 mil sacas de café e 110 mil fardos de algodão.

Coincidência ou não, o fato é que muitas coisas importantes passaram a acontecer na Cidade, após a fundação da ACS. Os primeiros serviços de água foram executados em 1870, dois anos depois era inaugurada a iluminação a gás e o transporte por bondes de burros. A instituição, por sua vez, empreendeu esforços para conseguir melhores condições sanitárias para Santos, o que contribuiu de maneira significativa para a extinção da febre amarela, da peste bubônica e da chamada gripe espanhola.

A Guarda Noturna de Santos foi fundada pela ACS. Com o empenho da instituição surgiu o Ginásio Luso-Brasileiro, o primeiro estabelecimento de ensino secundário de origem santista. A Faculdade Católica de Direito, que deu origem à Sociedade Visconde de São Leopoldo, também teve sua estrutura econômica patrocinada pela ACS. Antecipando-se a qualquer iniciativa oficial, a entidade instituiu as férias comerciais, a semana inglesa e a aposentadoria para seus funcionários, dando o primeiro passo nesse sentido em 1909.

O setor artístico também mereceu atenção de um proeminente "homem do café", que foi um dos fundadores e o primeiro presidente da ACS, o visconde de Vergueiro. Foi ele quem convidou o pintor Benedicto Calixto a estudar na Europa, custeando-lhe as despesas, e garantindo, com a cooperação de amigos, a manutenção da família do artista durante a sua ausência.

Em março de 1928, com a queda de parte do Monte Serrate, ocasionando muitas vítimas e sérios prejuízos à Santa Casa, a Associação Comercial de Santos mobilizou-se de imediato, patrocinando a arrecadação de recursos na praça, através de uma comissão especialmente nomeada.

O estreito relacionamento com a comunidade prosseguiu através dos anos, passando pelas transformações que as diferentes épocas exigiram. Assim, atuou a ACS em defesa da preservação da Serra do Mar, participou de discussões relacionadas à elaboração de um novo Código de Obras para o Município, bem como para o desenvolvimento de projetos viários que beneficiaram a Cidade. Seminários, congressos e demais eventos voltados para as atividades econômicas locais têm merecido sempre o apoio da entidade, que não descuida também do patrocínio de causas relacionadas ao bem-estar comunitário.

Acompanhando as tendências da economia da região, a ACS ampliou sua atuação por intermédio de novos departamentos, que congregam os setores mais representativos da atividade empresarial na região.


Atual sede, na Rua XV com a Rua Riachuelo
Foto (de 1996) publicada com a matéria

O presente – Diz seu presidente José Moreira da Silva:

"Não se pode, todavia, viver somente do passado. Por isso a ACS procura modernizar-se, abrindo espaços nas áreas de informática e comunicação; ampliando atividades, criando novos departamentos e serviços, e estendendo suas dependências, como faz agora com o anexo, em construção.

"Nas discussões destinadas à melhoria dos serviços portuários, que hoje ganham grande amplitude, a ACS tem-se posicionado de maneira firme, defendendo o reaparelhamento do porto, maior agilidade nos procedimentos burocráticos e operacionais, e aprimoramento da mão-de-obra. Integra o Conselho de Autoridade Portuária e a Câmara Paulista de Desenvolvimento dos Portos. No setor aduaneiro, busca entendimentos constantes com autoridades locais, estaduais e federais, visando à eliminação de entraves que dificultam as importações e exportações de mercadorias.

"No campo tributário batalha incansavelmente para ver corrigido o tratamento desigual dispensado ao Estado de São Paulo, na questão do ICMS relativo ao café. Junto ao Governo Federal procura a formulação de uma política adequada às atuais condições do mercado cafeeiro no Brasil e no Exterior.

"No âmbito histórico e cultural participa de campanhas e do desenvolvimento de projetos destinados a revitalizar a área central de Santos. Atua no movimento Centro Vivo, e dá mostras de seu empenho, zelando freqüente e cuidadosamente pelas instalações da sede da Rua XV de Novembro, 137, e ainda, incentivando firmas associadas a preservarem as fachadas de seus escritórios.

"Enfim, a ACS está ciente do importante papel que exerce junto ao empresariado e à comunidade local, e por isso quer torná-lo cada vez mais abrangente e decisivo''.

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