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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TIROS DE GUERRA
Tiros de Guerra santistas

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (ortografia atualizada nesta transcrição):


Soldados do Tiro de Guerra EIM53, mantido pela Associação Instrutiva José Bonifácio, em 1944
Foto: acervo de Manoel de Moura, publicada na seção Imagem do Passado
do jornal santista A Tribuna, em 13/1/2006

Os Tiros de Guerra existentes em Santos

Três são as Linhas de Tiro em Santos: os Tiros de Guerra n. 11, "Nilo Peçanha" e 598, "Docas de Santos", e o Tiro Naval do Estado de S. Paulo, além das escolas que mantêm cursos de instrução militar, como sejam: Ginásio Santista, Escola de Comércio "José Bonifácio", Instituto "D. Escolástica Rosa", Liceu São Paulo e Ginásio "Tarquínio Silva", e outro, recentemente instituído no Clube de Regatas Saldanha da Gama.

Pode-se calcular em cerca de seis mil o número de reservistas que aquelas Linhas de Tiro e os estabelecimentos de ensino citados deram ao Exército e à Armada, desde sua fundação até hoje.

O Serviço Militar, no Brasil, foi regulado pelo marechal Hermes da Fonseca, instituindo o sorteio militar, entre as classes de cidadãos com a idade de 20 anos completos, de maneira a incorporá-los ao Exército, depois de atingirem a maioridade (21 anos).

Até então o Exército supria-se de seus elementos por meio do voluntariado. Verificou-se, porém, que mesmo com o sorteio, não ficaria completa a obra de defesa nacional, já motivo de preocupação, naquela época, se não dispusesse o Exército de outros viveiros.

E foi dentro desse objetivo feita a criação da Confederação do Tiro Brasileiro e a fundação dos Tiros nos vários recantos do país.

Tiro de Guerra n. 11 - Esta disciplinada corporação militar foi fundada por iniciativa do oficial do Exército, dr. Conrado Mueler de Campos, em 25 de janeiro de 1908, e, desde então, vem prestando serviços relevantes e de várias naturezas.

Na instrução militar tem primado em preparar os seus reservistas, principalmente em manobras de campo, organizando várias excursões pelo interior do Estado e marchas longas, nas quais desenvolve temas de combate. Entre elas se destaca a marcha a S. Paulo de toda a companhia, equipada completamente, realizando, no percurso, exercícios de acampamento, com instalação de barracas, combates simulados etc.

Tem auxiliado o governo federal na manutenção da ordem, assim como as autoridades constituídas do Estado e do município. Auxiliou, também, com os Tiros Naval e 598, a debelação da "gripe espanhola", em 1918, perdendo atiradores, vítimas de sua dedicação pela causa pública.

Prestou serviços aos Correios, por ocasião do seu desabamento, no dia 1º de maio de 1910, e também por ocasião do desmoronamento do Monte Serrat, quando manteve uma grande turma no salvamento dos soterrados naquele desastre, com os componentes das outras Linhas de Tiro.

O Tiro 11, que tem o seu quartel no velho e histórico prédio da Rua Tiro Onze, deu ao país 1.800 reservistas, até hoje.


Desfilando pela Rua XV de Novembro, em comemoração ao Sete de Setembro, 
a turma de 1939 do Tiro de Guerra 11
Foto: acervo de Henrique Dieguez, publicada na seção Imagem do Passado
do jornal santista A Tribuna, em 18/3/2005

Tiro de Guerra n. 598 - O Tiro de Guerra n. 598 (Docas de Santos) foi fundado no dia 26 de dezembro de 1917, sendo os seus principais organizadores os srs. Vicente Garcia, Estevão Lisboa, Cesar Dantas Bacellar, José Martins, Genciano Bueno e cerca de 400 auxiliares da Companhia Docas de Santos.

Como o Tiro 11 e o Tiro Naval, tem prestado, em diferentes épocas, relevantes serviços às autoridades constituídas e à população santista.

Atualmente, a sua direção está construindo, em terreno doado pela Companhia Docas, o seu grande quartel. O Tiro Docas já forneceu à reserva do Exército cerca de 1.500 reservistas, 40 cabos e 10 sargentos.

Tiro Naval - O Tiro Naval do Estado de São Paulo, que congrega uma plêiade de elementos santistas de grande valor cívico e militar, foi fundado em 21 de outubro de 1917, por iniciativa do sr. Marcolino Cerne. A assembléia de fundação realizou-se no Polytheama Rio Branco, sob os auspícios das autoridades da Armada Nacional.

O primeiro quartel foi instalado na antiga garage "De Dion Bouton", à Rua General Câmara, passando depois, e sucessivamente, para o velho prédio em que funcionou o Grupo Escolar "Cesário Bastos", à Rua Braz Cubas, canto da Rua Sete de Setembro, e, mais tarde, funcionou no antigo edifício da Imigração, cedido pelo Estado.

Foi sempre uma corporação disciplinada e tida em alta conta pelas autoridades navais. Depois da Revolução Constitucionalista de 32, em que uma grande parte de seus elementos se incorporou às fileiras paulistas, o Tiro Naval foi dissolvido, permanecendo ainda nessa situação.

Não obstante, aquela corporação militar cedeu à nossa brilhante marinha de guerra cerca de 1.800 reservistas, que, na sua maior parte, se dedicaram a causa pública e da ordem, em diferentes oportunidades.


Grupo de reservistas do Tiro de Guerra nº 11, de Santos
Foto: acervo de Osmar Diegues (o segundo, em pé, da direita para a esquerda),
publicada na seção Imagem do Passado do jornal santista A Tribuna, em 1º/9/2006

Artigo do Almanaque de Santos - 1969, editado por Roteiros Turísticos de Santos, de P. Bandeira Jr., e tendo como redator responsável Olao Rodrigues (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda) - página 50:


TIRO 11 - Um grupo de santistas, da turma de 1938 do Tiro 11 de Guerra, resolveu deixar registrada sua amizade para a posteridade. Em pé, da esq. para a dir., estão: Francisco Neves, Santos Perez Garcia, Ignácio Neves e Orlando Pinto.

E, sentados, na mesma ordem: Yolando Sarge, Dino Venturini e João Marques.

A foto pertence a Rodrigo Jordão neves (neto de Francisco Neves)

Foto e legenda publicadas na seção Foto do Passado do jornal santista A Tribuna, em 28 de novembro de 2008, na página A-13

Nossos Tiros de Guerra

Nos últimos tempos, Santos teve três Tiros de Guerra, todos eles de acentuada influência na vida cívica da Cidade. Era de vê-los, imponentes e garbosos, nos desfiles comemorativos de acontecimentos militares e sociais, quando se apresentavam com todo o efetivo e ganhavam o aplauso do povo. Havia indisfarçável espírito de disputa entre as nossas organizações paramilitares, notadamente entre o 11 e o Naval.

Os Tiros de Guerra 11 e 598 acolhiam os jovens recrutados para o serviço do Exército e o Naval os da Marinha, outorgando-lhes certificados validamente oficiais, após o estágio de preparação e disciplinação que os tornavam aptos para a atividade militar, verificando-se no período noturno as aulas teóricas e o adestramento prático, sem necessidade, portanto, da freqüência da caserna, como hoje se observa obrigatoriamente.

Diante da lei que sujeitou os convocados à atividade militar nos quartéis, os Tiros de Guerra perderam a faculdade que lhes era primacial e essencial e deixaram de subsistir depois de haverem prestado assinalados serviços ao militarismo pátrio.

Após o advento do Tiro Brasileiro, de que Estevão Duarte Lisboa foi um dos fundadores, o Tiro de Guerra 11 (Nilo Peçanha) era o mais antigo de Santos. Fundado a 25 de janeiro de 1908 pelo dr. Conrado Miler de Campos, então oficial do Exército, prestou assinalados serviços, não apenas pelo número de reservistas que deu à Pátria - 1.800 até 1939 - como também auxiliou a Cidade a manter a ordem e a segurança, e seus homens foram prestadios durante o desabamento que ocorreu no Correio a 1º de maio de 1915 e, ainda, no surto da gripe espanhola.

O Tiro Naval surgiu a 21 de outubro de 1917, por iniciativa de Marcelino Cerne, em assembléia havida no antigo Politeama Rio Branco.

Seu primeiro quartel ficava na Rua General Câmara, na antiga garagem "De Dion Bouton", instalando-se, depois, em dependência do Grupo Escolar Cesário Bastos, na Rua Braz Cubas, esquina de 7 de Setembro, passando mais tarde para o prédio da Imigração, na Rua Silva Jardim.

No mesmo ano, ou seja, a 26 de dezembro de 1917, foi criado o Tiro de Guerra 598, que congregava funcionários da Companhia Docas de Santos, sendo seus organizadores Vicente Garcia, Estevão Duarte Lisboa, Cesar Dantas Bacelar, José Martins e Genciano Bueno, o último dos quais ainda é vivo. Até 1939, o "598" havia formado cerca de 1.500 reservistas, 40 cabos e 10 sargentos.

Foram essas as nossas principais Linhas de Tiro.


Membro de um tiro de guerra, na década de 1930
Foto enviada a Novo Milênio por Vítor Dias, em 14/7/2007

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