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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS 1888/89
Santos e a Proclamação da República

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No final da Monarquia, em Santos, as campanhas abolicionista e republicana eram na prática uma só, com os mesmos personagens, nos mesmos locais, simultâneas. Se o trabalho dos abolicionistas terminou em maio de 1888, com as festas pela promulgação da Lei Áurea, o dos republicanos se completou um ano e meio depois, com a Proclamação da República. Esses fatos foram lembrados em matéria publicada pelo jornal santista A Tribuna, em 15 de novembro de 2007 (página A-3):

15 DE NOVEMBRO - Espaços públicos de Santos evocam um dos momentos mais importantes da história brasileira. Como a Praça da República, ponto de referência de milhares de santistas

Foto: Fernanda Luiz, publicada com a matéria

 

HISTÓRIA

Santos também faz parte da proclamação da República

O fim da Monarquia no Brasil se deu em 15 de novembro de 1889, há 118 anos

Thiago Macedo

Da Redação

República declarada. Deodoro proclamado presidente. Por volta da 10 horas de 15 de novembro de 1889, uma sexta-feira, um banco de Santos recebia um telegrama com esse conteúdo. Já não havia dúvidas na cidade sobre a proclamação da República pelo marechal Deodoro da Fonseca. Dom Pedro II não tinha mais poderes sobre o Império, que passara a se chamar Estados Unidos do Brasil.

Hoje, 118 anos depois, os personagens que fizeram parte desse episódio e do seu desenrolar viraram nomes de ruas, avenidas, praças, monumentos. E por tais lugares, agora, transitam, moram e trabalham outros personagens; os que compõem a história do cotidiano brasileiro.

Na Praça da República, quem lá está eternizado em forma de estátua nunca chegou a conhecer Deodoro da Fonseca, Benjamim Constant, Quintino Bocaiúva ou Silva Jardim, alguns dos principais articuladores da derrubada do Império. O homem esculpido em forma imponente é Braz Cubas, fundador de Santos, morto no século 16. Quem também não conhece muito a história dessas pessoas é o taxista Astrogildo de Souza.

Aos 70 anos, para o trabalhador, a Praça da República serve apenas como ponto de referência para as corridas que realiza diariamente. "Não ligo muito para a história". Se Astrogildo não liga muito para história, a autônoma Antônia da Silva Celeste sabe o que o nome da praça onde vende lanches e doces há 10 anos significa. "Mas não sei os detalhes, preciso olhar no livro".

Os detalhes da proclamação estavam bem perto da autônoma, aproximadamente a 30 metros, no sebo de Samuel Moliterne. "Tenho alguns livros sobre a História do Brasil, mas não sei se a História que eles contam foi o que realmente aconteceu", pondera.

Quando veio de Campina Grande, na Paraíba, com a sua "família ambulante" (todos os seus irmãos trabalham no mercado informal), Antônia não sabia que ganharia a vida vendendo fast-food, comida típica dos Estados Unidos da América (EUA), bem diferente da consumida no final do século 18 pelos adeptos do Positivismo, principais responsáveis pela criação da República.

Em sua maioria, de acordo com o coordenador do curso de História da Universidade Católica de Santos (UniSantos) e também professor da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Carlos Eduardo Finóchio, aqueles homens carregavam consigo a influência neoclássica do resgate da arte antiga, principalmente a greco-romana, não por acaso o berço do sistema republicano.

Antônia pode não saber, mas a efígie impressa nas notas do dinheiro (o rosto feminino impresso em forma de escultura) que recebe dos clientes de sua barraca tem inspiração do período neoclássico e representa a liberdade do povo brasileiro, de acordo com o historiador Waldir Rueda. "Antes, nossas moedas tinham impressas o rosto de dom Pedro II".

Conforme Carlos Finóchio, os republicanos eram uma facção radical dos liberais. Os mesmos que participaram do processo de independência do Brasil. Os radicais eram contra o regime onde o poder fica concentrado na mão de apenas uma pessoa, como ocorre em uma monarquia.

Mas, apesar da mudança de regime - de Monarquia para República -, o professor explica que as políticas tomadas pelos presidentes republicanos não se diferenciaram muito das da época do Império. "Dom Pedro II privilegiava a elite, que naquela época era formada basicamente por cafeicultores, e essa política continuou".

De acordo com o professor, a Bolsa de Café, na Rua XV de Novembro, inaugurada em 1922, é um marco dessa política. "A Bolsa foi erguida durante a República e representa claramente o poder dos cafeicultores naquela época".

Atualmente, o café não é a principal economia brasileira. Muito menos a Bolsa de Café é o principal centro financeiro do País, mas, como hoje é feriado, pode ser visitada. Foi o que fez, ontem, Augusto Marcos Moreira, morador de Santa Bárbara d'Oeste (interior de São Paulo), que aproveitou a folga para passear com a família em Santos e tomar um cafezinho no prédio histórico.

Antonia Celeste trabalha na Praça da República,

onde o monumento homenageia o fundador da cidade

Foto: Fernanda Luiz, publicada com a matéria

Silva Jardim foi apóstolo do regime

Um homem com grande ligação com Santos teve papel importante na Proclamação da República. Ele é o advogado Antônio Silva Jardim, nascido no Rio de Janeiro e formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Na edição de 15 de novembro de 1939, A Tribuna publicou um especial sobre os 50 anos de República. Em um artigo veiculado naquela edição, o pesquisador Durwal Ferreira afirma que Silva Jardim foi um apóstolo da República, que manteve um escritório na Cidade, cujo endereço, de acordo com o historiador Waldir Rueda, era na Rua Vasconcelos Tavares, 57, no Centro Histórico.

Conforme Durwal Ferreira, Silva Jardim, "com a perfeição de um sacerdote", saiu pelo País pregando os benefícios de um regime republicano. O advogado era um dos promotores dos encontros de republicanos que ocorriam no Teatro Guarany, onde proferia discursos inflamados em defesa da República.

Porém, Ferreira afirma que, injustamente, Silva Jardim foi esquecido e a sua importância não foi levada em conta pelos autores dos livros de História.

Outros nomes como Hyppolito da Silva, Victorino Porchat, Sacramento Macuco e Alexandre Martins fizeram parte do processo que levou à Proclamação da República.

A Rua XV de Novembro, emoldurada pela Bolsa de Café,

homenageia o gesto de marechal Deodoro

Foto: Fernanda Luiz, publicada com a matéria

Saiba mais

1630 foi o ano da primeira manifestação pró-república

 

A idéia da implantação da República no Brasil vem desde os tempos coloniais. A primeira manifestação efetiva foi em 1630, quando negros escravos fugiram do cativeiro e se congregaram num quilombo na capital pernambucana. O ideal republicano manifestou-se, também, através de outros movimentos revolucionários que aconteceram até 1889. Mas o golfe fatal foi a abolição da escravatura, em 1888, que foi a representação prática da crise econômica que arruinou as bases do Império. Em novembro de 1889, então, foi proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil.

 

A Tribuna lembrou os 50 anos da República em edição especial

Imagem: reprodução da primeira página do jornal de 15/11/1939, publicada com a matéria

Frases
"Dom Pedro II ficou 50 anos no poder e governo para a elite brasileira. Os republicanos assumiram e continuaram a privilegiar a elite".

"Santos teve papel importante na Proclamação da República".

"Dom Pedro II privilegiava a elite, que naquela época era formada basicamente por cafeicultores".

"Os republicanos eram uma facção radical dos liberais. Eram contrários ao poder concentrado em uma só pessoa".

Carlos Eduardo Finóchio, coordenador do curso de História da Unisantos.

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