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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - POLÍCIA E JUSTIÇA
Guarda Civil santista existiu de 1926 a 1970

Entre as suas atividades estava o serviço de Rádio-Patrulha
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Matéria publicada pelo pesquisador e jornalista J. Muniz Jr. no antigo jornal diário Cidade de Santos, em 5 de outubro de 1980 (no acervo do historiador Waldir Rueda):
 


A Guarda Civil entrou em ação no ano de 1926...
Foto: Justo Peres, publicada com a matéria

Santos também teve uma briosa Guarda Civil

A extinção das guardas civis de todo o País foi determinada pelo decreto-lei federal nº 1.072, de 30 de dezembro de 1969, e a 8 de abril de 1970 o então governador Roberto Costa de Abreu Sodré assinava um decreto, unificando a Força Pública e a Guarda Civil, surgindo por sua vez a Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Desaparecia, assim, uma briosa corporação policial, que durante meio século de existência prestou relevantes serviços à coletividade, tendo sido a pioneira do policiamento rodoviário e do serviço de Rádio-Patrulha. Além da participação no Movimento Constitucionalista de 1932, teve ainda a primazia de ser a escolhida para formar o Pelotão de Polícia Militar da gloriosa Força Expedicionária Brasileira, durante a II Grande Guerra Mundial.


...cuidando do trânsito da Capital...
Foto: Justo Peres, publicada com a matéria

Como surgiu - Foi logo aós a Revolução de 1924 que, devido à ausência de um serviço preventivo, eficiente e enérgico na Capital paulistana, o então governador do Estado, dr. Carlos de Campos, enviou mensagem ao Congresso, solicitando a criação de uma Guarda Civil destinada ao policiamento urbano. Assim é que, pela Lei nº 2.141, de 22 de outubro de 1926, foi instituída a Guarda Civil de São Paulo, uma corporação policial uniformizada, mas de caráter essencialmente civil. Naquela época era secretário da Justiça e Segurança Pública o dr. Bento Bueno, e chefe de Polícia do Estado, o delegado Roberto Moreira.

A lei que criou a Guarda Civil especificava, dentre as suas finalidades, que a corporação se destinava "à vigilância e policiamento da capital, à inspeção e fiscalização da circulação de veículos e de pedestres, e das solenidades, festejos e divertimentos públicos, incumbindo-lhe, igualmente, "os serviços de transportes policiais e comunicações por meio de telégrafo e telefone da Polícia".

O organizador e primeiro diretor da Guarda Civil foi o dr. Antônio Pereira Lima, que era delegado auxiliar, e que determinou tal função até o mês de outubro de 1930. No início, a corporação contava com uma força de mil homens uniformizados, integrada por cidadãos brasileiros e naturalizados. Começou a atuar na manutenção da ordem em São Paulo com 40 inspetores, 60 subinspetores e 900 guardas, sendo 300 de primeira classe, 300 de segunda e 300 de terceira classe.


...do patrulhamento das estradas...
Foto: Justo Peres, publicada com a matéria

Já em 1928, devido ao desenvolvimento das rodovias e ao crescente número de veículos motorizados, a Guarda Civil estendeu o seu raio de ação às estradas. Surgia assim, a 2 de abril daquele ano, a Divisão de Policiamento Rodoviário, quando o seu primeiro pelotão de motociclistas passou a percorrer e fiscalizar a estrada São Paulo-Rio de Janeiro, cabendo-lhe a organização do primeiro serviço de patrulhamento de estradas nas Américas Central e do Sul, que permaneceu sob a sua responsabilidade até 1951, quando foi criada a Polícia Rodoviária.

Posteriormente, por determinação do governo estadual, a então Inspetoria de Veículos Municipal e o pelotão de Inspeção da Força Pública foram anexados à Guarda Civil, bem como o Serviço de Fiscalização de Veículos e o Serviço de Transporte de Segurança Pública passaram a ser executados pela mesma corporação.

Os relevantes serviços policiais da Guarda Civil tiveram, de imediato, uma grande repercussão entre as autoridades e a população paulistana, e a partir de 1930, a Guarda passou a policiar outras cidades do Interior, como Santos, Campinas e Ribeirão Preto. Durante a Revolução de 1932, a corporação também participou da luta com um contingente de guardas.

Pelo decreto 6.885 B, de 29 de dezembro de 1934, o governo do Estado veio organizar a Guarda Civil, e, em princípios de 1936, a revista São Paulo (nº 3) divulgava o seguinte a seu respeito, comprovando a sua eficiência: "A Guarda Civil é uma verdadeira escola de policiamento urbano e da formação de homens física e culturalmente preparados para as suas especificadas funções. Dispõe a Guarda Civil de um total de 3.117 homens. Sua estrutura compreende as seguintes seções: diretoria, administração superior, administração auxiliar, serviços anexos, divisões de policiamento, divisões especializadas e destacamentos.

"O Guarda Civil - informava ainda - é, individualmente, um policial diligente e educado, integrado na simpatia do povo a que serve com competência e dedicação. O trânsito público da Capital, de que esta página documenta alguns flagrantes, dá bem idéia da responsabilidade do trabalho afeto à nossa Guarda Civil".

Naquele tempo, o Serviço de Rádio-Patrulha também estava a cargo da Guarda Civil, e a estação central rádio-telegráfica e telefônica era do tipo TP-S/8A "Marconi", que emitia ondas de 175 metros com uma energia de 500 watts na antena, controlada a cristal. Aquela nova e importante iniciativa do governo do Estado era destinada a prestar precioso auxílio ao serviço policial e ao público.

O serviço de Rádio-Patrulha tinha como principal objetivo fornecer informações imediatas às delegacias, às viaturas de patrulhamento da cidade, postos de vigilância das estradas, bem como à população da Capital. A sua estação central funcionava numa dependência do prédio da Secretaria de Segurança Pública no centro de São Paulo, e contava com seis viaturas equipadas com estações emissoras volantes de ondas curtas, do tipo AD 31/AD 27.

Durante a II Guerra Mundial, a Guarda Civil foi convocada para formar o Pelotão da Polícia Militar da Força Expedicionária Brasileira, e após a incorporação dos guardas, foram os mesmos destacados para servir no teatro de operações da Itália, atuando no controle dos prisioneiros de guerra, no trânsito, na captura de desertores, criminosos militares, extraviados, cuidando ainda das populações civis das zonas ocupadas. O Pelotão da Polícia Expedicionária, que deu origem à Polícia do Exército, e que foi constituído por 80 homens da Guarda Civil de São Paulo, veio a receber, posteriormente, elogio do general João Batista Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB. Foi esse um dos maiores méritos da corporação.

Ao ser reorganizada em 1947, a Guarda Civil ganhou novas atribuições em diferentes órgãos da administração policial, passando a atuar igualmente em outras importantes cidades do Interior. E assim, tida como uma entidade distinta, continuou prestando excelentes serviços em todo o Estado de São Paulo, participando ativamente do Movimento Revolucionário de 31 de março de 1964.


...do policiamento das ruas...
Foto: Justo Peres, publicada com a matéria

Agrupamento de Santos - A 2 de maio de 1930 a Guarda Civil veio para Santos em caráter experimental, com um pequeno grupamento de 52 guardas, sob o comando do inspetor Sizenando Arouca, e instalou-se provisoriamente num prédio da Rua Júlio Conceição. Tempos depois, mudou para um casarão da Avenida Rangel Pestana, perto da Rua Senador Feijó, onde permaneceu durante muitos anos, passando a desfrutar, com o decorrer do tempo, da admiração e conceito da população santista.

Em 1940, Santos tornou-se a segunda cidade da América do Sul a possuir um serviço de Rádio-Patrulha, que, a exemplo da capital, ficou a cargo da Guarda Civil, contando com seis viaturas equipadas e com guardas especializados, que aqui chegaram no dia 25 de janeiro daquele ano, oriundos de São Paulo, juntamente com os carros.

E a inauguração do moderno aparelhamento policial, instalado numa das salas da Delegacia Regional de Polícia, na Cadeia Velha, ocorreu a 26 de janeiro do mesmo ano, dentro das comemorações do 101º aniversário da elevação da Vila de Santos à categoria de Cidade. A solenidade contou com a presença do interventor federal no Estado, dr. Ademar Pereira de Barros, que chegou com sua comitiva ao prédio da Polícia, na Praça dos Andradas, onde se encontrava formado o Destacamento da Guarda Civil local, sob o comando do inspetor Júlio Bicudo.

Naquela festiva ocasião, uma secção da Banda da Guarda Civil de São Paulo executou o Hino Nacional em homenagem ao chefe do Governo paulista. Pouco  depois, reunidas as autoridades e pessoas gradas, no gabinete do delegado regional de Polícia da época, dr. Aguinaldo de Araújo Góes, o dr. Ademar de Barros inaugurou o Serviço de Rádio-Patrulha. Ao deixar o prédio, passou em revista a guarnição de guardas especializados e assistiu ao desfile das seis viaturas recém-incorporadas ao Serviço de Rádio-Patrulha, modernamente equipadas com aparelhos receptor e transmissor, além do motorista e mais três guardas especialistas em transmissões.

O Departamento de Rádio-Patrulha da cidade passou a contar com o superintendente, dr. Pedro Freire Gomes, com mais sete radiotelegrafistas, além do inspetor da Guarda Civil, Manoel Joaquim Libório. E ainda devido aos benefícios prestados à população pela Rádio-Patrulha, o governo do Estado baixou um decreto em 1949, autorizando o Departamento de Comunicações a manter o serviço no Município de Santos, verificando-se, assim, a sua oficialização e continuando a cargo de elementos da Guarda Civil.

Da avenida Rangel Pestana, a sede da Guarda Civil transferiu-se para a Avenida Ana Costa, esquina da Rua Carvalho de Mendonça, onde ficou até quase o fim da década de 1960, pois o imóvel tornou-se pequeno demais para aquartelar um agrupamento. De fato, a sede da corporação precisava mudar-se para um prédio mais amplo, onde pudesse dispor de instalações apropriadas, pois em junho de 1966 contava com um efetivo de 568 guardas, distribuídos entre três Divisões: de Policiamento (DP), com 249 homens; de Rádio-Patrulha (DRP), com 191 homens; e de Trânsito (DRT), com 128 homens.


...e do Serviço de Rádio-Patrulha
Foto: Justo Peres, publicada com a matéria

Naquela mesma época, foi cogitada a transferência da sede do grupamento para o imóvel da Avenida Ana Costa, 389, que deveria ser adquirido pelo Estado. E a velha aspiração da chefia do agrupamento somente veio a se concretizar em 1968, com a desapropriação do aludido imóvel, onde a Guarda passou a dispor de amplas dependências com gabinete de comando, setor administrativo, sala de guardas, ambulatório, departamento de Relações Públicas, além de um pequeno parque infantil para a garotada.

A nova e ampla sede do 11º Agrupamento da Guarda Civil foi solenemente inaugurada no dia 22 de abril de 1968, com a presença do então governador Roberto Costa de Abreu Sodré, do prefeito municipal, Sílvio Fernandes Lopes, e de inúmeras outras autoridades civis e militares.

Em 1969, contando com um contingente de mais de 650 homens (quase equivalentes a um batalhão), o agrupamento local, além de designar seus guardas para o trânsito, Rádio-Patrulha, policiamento em repartições públicas, diversões públicas, nas praias, em rondas, na guarnição do Fórum, no Juizado de Menores, e tantas outras incumbências, também vigilância do presídio local passou a ser feita pela Guarda Civil.

E até princípios de 1970, quando se unificou a Força Pública do Estado de São Paulo, a Guarda Civil prosseguiu prestando excelente trabalho à coletividade, sendo que a cidade de Santos se orgulhava de possuir um destacamento da briosa e inesquecível corporação, o 11º Agrupamento da Guarda Civil de São Paulo.

(Pesquisa e texto de J. MUNIZ Jr.)


Durante meio século de atividade o Agrupamento da Guarda Civil de Santos
prestou relevantes serviços à coletividade
Foto: Justo Peres, publicada com a matéria

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