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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1902 - pela Revista da Semana (RJ) - 1

"Santos (...) está destinada a um futuro brilhantíssimo..."
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Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

E este instante foi captado em janeiro de 1902, em um número especial de 44 páginas ilustradas da Revista da Semana, do Rio de Janeiro (então em seu terceiro ano de publicação semanal pelo Jornal do Brasil, dedicado à cidade de Santos, onde se situava Anatólio Valladares, o representante local dessa publicação, que assina as matérias (e que no ano seguinte criaria sua própria revista, Santos Illustrado). O exemplar, em fotocópia no acervo do historiador Waldir Rueda, tem aqui os textos em ortografia atualizada:


Capa da publicação

A cidade de Santos

Está no programa da Revista da Semana, edição semanal ilustrada do Jornal do Brasil, compendiar em números especiais, pela ilustração e pelo texto, a vida social e econômica de todos os grandes centros de trabalho e cultura no vasto e opulento território nacional.

Até há pouco, eram completamente ignorados dos próprios brasileiros muitos aspectos da sua civilização, sendo de notar que, ainda hoje, muitos dos nossos compatriotas conhecem melhor que o próprio torrão as coisas, as idéias e os fatos do Velho Mundo.

Estes números especiais da Revista da Semana foram iniciados pela resenha minuciosa e largamente ilustrada da Exposição do Rio Grande do Sul. Essa publicação, que alcançou êxito superior à expectativa, ficou sendo o único repositório dos aspectos tão pitorescos e animadores desse esplêndido certame.

Santos era digno de uma homenagem especial. Pela sua tradição histórica de primeira capitania do Brasil, pela glória imortal dos seus apóstolos e das suas bandeiras, pelo seu porto magnífico, o único que possuímos de acordo com as necessidades e exigências do moderno tráfego internacional, pela atividade febril do seu comércio e navegação, ele merecia bem a reportagem ilustrada do seu esforço e da sua riqueza.

Santos é o primeiro porto do Brasil na ordem da adaptação ao intercâmbio marítimo contemporâneo. A obra das suas Docas é gigantesca e o serviço combinado entre a respectiva empresa construtora e exploradora e a Estrada de Ferro Inglesa, de dupla via, permite o embarque, despacho e desembarque de mercadorias em condições absolutamente excepcionais.

Pelo seu porto se escoa a quase totalidade da exportação da nossa primeira riqueza explorável, trazendo o estágio obrigatório de importantíssimas firmas nacionais e estrangeiras, especialmente norte-americanas, inglesas e alemãs e um movimento colossal de transações diárias, muitas delas apenas verbais, protocoladas pelo mútuo crédito e a mútua confiança, características dessa praça, uma das mais sólidas do Brasil.

Santos é uma terra essencialmente trabalhadora, uma colméia em atividade constante, um grande empório internacional do trabalho, o paraíso do comerciante e do armador. Seria, pois, inútil buscar ali manifestações de outra qualquer natureza. De dia, o trabalho febril; à noite, a vida de família, nos lindos chalés distribuídos ao longo das grandes avenidas locais e das formosíssimas, das incomparáveis praias da Barra e do José Menino, batidas diretamente pela vaga larga e sadia do Oceano.

Seria porém injustiça rematada não citar, na ordem das manifestações intelectuais, o dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrade, um erudito, um investigador e um homem de letras da mais requintada cultura, e o seu foro civil, comercial e criminal, que prima pela honestidade dos seus juízes, a regularidade dos seus processos e a ciência dos seus advogados, entre os quais figuram os drs. Carvalho de Mendonça, Martim Francisco, já citado, Izidoro Campos e Malta Cardoso.

Santos, pela sua situação, pelas suas instituições, pelo caráter dos seus habitantes e pelo patriotismo dos seus filhos, está destinada a um futuro brilhantíssimo para o qual diariamente concorre também a sua imprensa local.


Folha-de-rosto da publicação

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