Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300q5.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/05/06 23:07:30
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1944 - por Guedes Coelho (5)

Leva para a página anterior
Em 26 de março de 1944, o diário santista A Tribuna publicou uma edição especial comemorativa do cinqüentenário desse jornal (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), que incluiu matéria de três páginas escrita pelo médico sanitarista e vereador Heitor Guedes Coelho (1879-1951), que também se destacou como filantropo e historiógrafo, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santos (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

A metamorfose de Santos

Panorama santista do último quartel do século passado (N.E.: século XIX) - O flagelo das epidemias que dizimavam a população adventícia - Obras de melhoramento urbano - Vultos notáveis que muito contribuíram para o saneamento e aformoseamento da atual "Cidade-Ninféia"

Guedes Coelho
(Especial para a edição do Cinqüentenário da A Tribuna)

[...]


Os médicos vítimas de fatal predestinação

Arrastada na geral derrocada econômica do Encilhamento a Viação Paulista, seu acervo foi adquirido com capitais emprestados de Júlio Conceição, João Antunes e outros, pelo dr. João Eboli, que constituiu a Companhia Ferro-Carril Santista, criando as linhas urbanas de São Francisco e Paquetá, de ponto inicial e terminal nos Largos do Carmo e do Rosário.

Seu desastre financeiro encaminhou-a novamente à City Improvements, superintendida por Hugh Stenhouse, em fevereiro de 1904; e esta adjudicou à suas linhas, eletrificadas há mais de 30 anos, a Companhia Ferro-Carril Vicentina, de recente criação, com capitais particulares, possuidora de uma única linha extensa entre o Porto das Naus e o José Menino, através da inculta, intransitável avenida Misericórdia, de pouco aberta, a atual Presidente Wilson, e cujos bondes eram tirados por um único animal.

Bem interessante personalidade era esse dr. João Eboli, multiplamente útil - médico operador oculista, o único de então -, pois só em 1903 viriam os drs. Moura Ribeiro e Guilherme Álvaro, oftalmólogos também, há 40 anos, portanto.

Dono de casa bancária, gestor de vários negócios, é bem justa a homenagem prestada a seu nome titulante de uma rua da cidade. Qual fantástica "feèrie", numa radiosa homenagem ao Natal de 1902, resultante de recente contrato celebrado com a Municipalidade, e concretizando velha aspiração de Santos, naquela mística noite, ele deslumbrou os moradores do José Menino e Boqueirão, envolvendo-os em fúlgidas ondas de "clara, boa, brilhante" luz elétrica, nos dizeres dos jornais. Obediente a fatal predestinação pertinente aos médicos, que raramente lhe escapam, Eboli, italiano, fracassou em todas as iniciativas até a última, no Rio, como industrial de vidros.

A voragem do famoso Encilhamento

Em referência ao conselheiro Francisco de Paula Mayrink, convém aludir-se ao grande papel que desempenhou no chamado tempo do Encilhamento, magistralmente descrito pelo visconde de Taunay, no livro de igual nome, quando, em pleno regime inflacionista, Rui Barbosa, a dirigir a pasta da Fazenda, numa alucinante vertigem, multiplicavam-se os grandes negócios.

Grandes companhias, de capitais logo subscritos, criavam-se para morrer uma semana depois, e, na Bolsa do Rio, muitos que lá entravam pobres, horas depois saíam ricos, ao lado de milionários miserabilizados na súbita desvalorização de suas ações.

Não se subtraindo à fatal voragem, a Mayrink, o grande empreendedor, diretor de inúmeras empresas, o homem mais rico do Brasil, arrastou-o também a grande derrocada ao lado de Henry Lowndes, conde de Leopoldina, e de tantos outros.

Santos em comunicação com centros distantes

Em 1884, Santos, em meio à geral alegria de seus habitantes, assistiu ao advento da telefonia, cujo desenvolvimento deveu-se à intervenção do sr. d. Pedro II, quando, na Exposição de Filadélfia, patenteou o alto valor da recente invenção de Alexandre Graham Bell.

Naquele ano, fundiu-se com a Cia. Nacional de Eletricidade, formando a Cia. União Telefônica do Brasil, que estendeu seu campo de ação a Pernambuco, Bahia, Santos e outros Estados, figurando a nossa Pátria entre as nações pioneiras da expansão de tão grande melhoramento.

Dotada de linhas urbanas desde 1885, Santos, em 1890, ligava sua rede à de São Paulo, em conseqüência de recente autorização concedida pelo governo do Estado à Cia. Telefônica do Estado de São Paulo.

Bem remota, assim, é a venturosa facilidade com que, a muitas léguas de distância, conversamos de viva voz com a "capital artística".


[...]
Leva para a página seguinte da série