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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [53]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 1.055 a 1.058, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Maceió
Foto publicada com o texto, página 1.056. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Alagoas

 estado de Alagoas está entre 8º55'30" e 10º28'36" de latitude Sul, e 5º15'36" e 8º10'28" de longitude Oeste do Rio de Janeiro. É limitado ao Norte e Oeste, por Pernambuco; ao Sul, pelos estados da Bahia e Sergipe, sendo o Rio S. Francisco a linha divisória; e a Leste, pelo Oceano Atlântico.

O estado, com uma área aproximada de 58.491 quilômetros quadrados, apresenta a forma de um triângulo reto, cuja base é a linha do litoral, com 264 quilômetros de comprimento. Depois do Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte, o estado de Alagoas é o menor da União, mas ainda assim é maior do que alguns países europeus. As suas montanhas não atingem a grandes alturas, não sendo senão verdadeiras ramificações das escarpas do litoral.

O único rio importante que o rega, quer por ter extenso curso navegável, quer por ser uma fonte de força hidráulica, é o São Francisco, que separa Alagoas de Sergipe. Em certo ponto desta seção, entre os dois estados, é que ele se precipita por um desfiladeiro abaixo, formando a majestosa Paulo Afonso.

"O rompimento repentino do leito do rio, entre o alto e o baixo S. Francisco", escreve Burton, "não é formado pelo prolongamento da Serra da Borborema, nem da Chapada das Mangabeiras, do Ibiapaba (fim da terra), dos Cairiris, nem da Serra da Borracha, aliás Moribeca, tão visível em nossos mapas. O humilde engaste desta jóia é uma planície ladeada de vegetação rasteira e constituída de pedra parda, donde surgem blocos distintos, como a Serra do Retiro que segue, por cerca de três léguas, na direção Noroeste, e a volumosa Serra do Padre, para o Oeste. Ao Sudoeste, de repente, se levanta de um campo muito plano uma fileira de pirâmides; são morros e picos que, ao longe, se descortinam como que ligados por uma só linha azul; não têm nome, mas são excessivamente pitorescos.

"Embora Paulo Afonso não tenha a sublime e gloriosa beleza natural do Niagara, amaciada pela mão do homem, nem aquelas tintas de safira e esmeralda que nos encantam a vista nas Horseshoe Falls, contudo é original e singular. Nos tempos geológicos a corrente provavelmente se espalhara pelo vale; mesmo agora, extraordinários volumes d'água cobrem grande porção dele. Hoje, existe uma grande fenda, de nome Talhadão, que as águas cavaram num rochedo de constituição mais mole e mais sujeito a consumir-se, e o sulco do vale tem se aprofundado com o correr dos séculos. Há ali a maior diversidade de cascatas que se pode imaginar; são de fato uma série de saltos e caldeirões, com uma queda enorme que termina na Mãe da Cachoeira, cuja terrível confusão de espumas apreciamos.

"Se o Niagara é o monarca das quedas de água, Paulo Afonso é decerto a rainha das cascatas; e um viajante inglês que a ambas visitou está de acordo conosco, dando a palma à cachoeira brasileira como sendo a mais singular e pitoresca das duas. Ambas, porém, são maravilhosas e imponentes".

Já há uma estrada de ferro ligando os extremos desta seção encachoeirada do rio, isto é, ligando Piranhas a Jatobá, numa extensão de 116 quilômetros. O São Francisco tem muitos tributários que percorrem o estado de Alagoas; mas não são de grande importância e no verão alguns desaparecem completamente. Entre outros, está o Cururipe, que tem um curso de 80 milhas, sendo quase todo navegável por pequenas embarcações. Podem ainda citar-se: o S. Miguel, o Paraíba, o Mundaú, o Mirim, o Santo Antonio Grande, o Manguaba e o Jucuípe.

Como o nome do estado o indica, o sistema de lagos é aqui muito extenso. O lago Mundaú, ligado ao rio do mesmo nome, próximo da cidade de Maceió, tem 50 quilômetros de comprimento e é navegável por embarcações de tamanho regular. Comunica-se por diversos canais com outro, de nome Manguaba, também navegável por barcos e vapores de pequeno calado. Outras lagoas dignas de citação há no estado, como: a Jequiá, Escura, Tabuleiro, Aguaxuma, Timbó, Poças, Doce, Comprida, Azeda, Jacaracica, Boassica e Igreja.

O litoral, embora regular, apresenta os seguintes cabos: Pição, perto da barra de Santo Antonio Grande; Prego, entre Santo Antonio Mirim e o Rio Saussuí; Mirim, nas proximidades do rio do mesmo nome; Verde, situado a Nordeste da capital; São Miguel, perto do rio de seu nome; e o Azedo, mais para o Sul.

Há muitos portos de boa ancoragem. A enseada do porto de Jaraguá, o mais importante do estado, é protegida das enormes ondas do Atlântico por um recife que ocupa a entrada Leste. Algumas pessoas consideram este porto muito inferior ao da Barra Grande. Seguem-se Pituba, na embocadura do Rio Poxim; São Miguel, Natal, Pajuçara e Francês, situado a 12 quilômetros da capital.

O único farol no estado é o de Maceió, construído na ponta ocidental do morro que encima a cidade, distante do porto cerca de uma milha.

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Maceió e seus arredores
Foto publicada com o texto, página 1.057. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

População e clima

Em 1872 a população era de 348.000 habitantes; em 1890, elevou-se a 518.756; e em 1900 a 662.673. Nesta mesma razão de aumento, é hoje calculada em cerca de 820.000 almas. É pois um dos mais densamente habitados dos estados brasileiros. Em 1900, tinha 8,74 habitantes por quilômetro quadrado, quando São Paulo tinha 4,76, Minas Gerais 5,53, Rio Grande do Sul 3,77 e Pernambuco 8,02.

A imigração em Alagoas tem sido pequena. As melhores classes são em maioria de descendência portuguesa, mestiçada até certo ponto com indígenas, ao passo que as mais baixas são constituídas só de negros ou índios, mulatos ou caboclos. No geral, o sangue indígena domina inquestionavelmente.

As chuvas em Alagoas reinam por cerca de seis meses, geralmente de fins de março até setembro ou outubro. Nas terras baixas, ao longo da costa, o clima é quente e úmido, embora não produza depressão no organismo humano, pelo fato de ser o calor grandemente amenizado pelos ventos dominantes.

As terras altas no interior são saudáveis; nas terras baixas, porém, aparecem, de quando em vez, febres intermitentes. Entretanto, e o que constitui fato notável, a febre amarela, a peste bubônica e o cólera, que têm feito tantos estragos em outras partes, são absolutamente desconhecidas em Alagoas.

História

Deu início à colonização de Alagoas o favorito de d. João III, Duarte Coelho Pereira, a quem foi doado em 1534, com direitos perpétuos, o território que abrangia 60 léguas, desde a foz do Rio São Francisco até o Rio Iguaraçu, ao Norte.

Dizem algumas autoridades que, logo depois desta data, foi fundada uma feitoria em Penedo, sobre o Rio São Francisco, para evitar as incursões dos índios; mas, por outro lado, sustentam outros que nenhum estabelecimento se fundou em Alagoas antes de 1557, data da fundação de Penedo por Jeronymo de Albuquerque.

Vinte e dois anos mais tarde, lançou Christovam Lins as bases de Porto Calvo; e só nos últimos anos do século XVI foi que Diogo Soares da Cunha criou a povoação de Magdalena do Subaúma, hoje cidade de Alagoas.

Por longos anos, os fundadores sustentaram um luta incessante contra as ferozes tribos indígenas, mas, apesar de tudo, a capitania floresceu e a sua administração foi assumida pelo governo de Portugal, quando cessou a guerra com os holandeses.

Por esse tempo já havia ali três cidades: Bom Sucesso (Porto Calvo), Magdalena da Lagoa do Sul (Alagoas) e Penedo do Rio São Francisco. Por um longo período, a história de Alagoas esteve ligada à de Pernambuco, pois formaram juntos o teatro da luta entre holandeses e portugueses.

E quando aqueles foram expulsos definitivamente, as povoações da capitania não se estendiam além de uma estreita tira de terra na costa, excetuando-se a "República de Palmares" na Serra da Barriga, entre Porto Calvo e Alagoas. Ali se formaram quilombos de negros fugidos e índios, durante a guerra já referida, os quais viviam de saquear as povoações vizinhas, levando às vezes suas correrias até ao Maranhão.

Tão freqüentes foram essas depredações que o governo promoveu contra os negros operações militares, e só depois de 10 anos de lutas contínuas, dirigidas pelo paulista Diogo Velho, eles foram exterminados. De acordo com alguns historiadores, o chefe Zumbi e seus sequazes, preferindo a morte ao cativeiro, atiraram-se por um despenhadeiro, sendo no abismo encontrados, no dia seguinte, os seus cadáveres, uns sobre os outros.

Este episódio da história alagoana ocorreu em 1687, e desde então ninguém mais disputou a posse do território de Alagoas. Em 1711, à vista do grande progresso que apresentava, foi esse território elevado à categoria de comarca, com capital na cidade de Alagoas; e em 1819, depois de extinto o movimento republicano em Pernambuco, foi declarado capitania, principalmente com o fim de enfraquecer o centro do movimento revolucionário, o aludido estado de Pernambuco.

Nesse tempo, além das cidades já mencionadas, havia as de Atalaia, que fora o reduto dos quilombolas; Poxim, Anadia, Porto das Pedras e Maceió. Para esta última cidade foi transferida a sede do governo e aí estabeleceu o primeiro governador, em 1821, a sua residência. Maceió foi definitivamente reconhecida como capital em 1839, fato que provocou uma revolta, embora sem importância, na cidade de Alagoas. com a proclamação da República em 1889, tornou-se Alagoas um estado autônomo.

Muitos filhos ilustres tem tido este estado, tais como: o 1º e o 2º presidentes da República, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto; o dr. Mello de Moraes, bem conhecido no domínio das letras; e o barão de Penedo, Francisco Ignacio de Carvalho Moreira, que por anos foi ministro plenipotenciário na Corte de Saint James.

Indústrias

A agricultura forma a principal riqueza de Alagoas, que produz açúcar e algodão em abundância. Estes artigos são de grande futuro.

A exportação do algodão foi já considerável, e em 1906 subira a cerca de 3½ milhões de quilos; mas, desde essa ocasião, muitas fábricas de fiação têm sido fundadas no estado, e por isso tem diminuído a exportação.

Além das fábricas de fiação, há muitas de tecelagem e várias de extração do óleo de algodão, assim como centenas de famílias pobres preparam tecidos para o seu próprio uso e muitas vezes também, um pouco, para venda.

É muito grande a produção do açúcar; e, embora não se possa avaliar com segurança a quantidade exata da produção, por falta de estatística, todavia é sabido que há enorme número de grandes e pequenas fábricas de refinação, das quais saem anualmente milhões e milhões de quilos.

O fumo é largamente cultivado, havendo no estado duas fábricas de cigarros e charutos. Entre as pequenas indústrias, citam-se como mais importantes o fabrico de cestos de urupu e maracujazeiro, a manufatura de cestos de mão, cintos e chapéus de várias espécies e bem assim criação de abelhas.

Ocupa importante lugar na atividade do estado a criação de gado, cavalos, carneiros e cabras, figurando na exportação peles e outros produtos animais. Nas florestas que cobrem grande parte do estado encontram-se mais de cinqüenta variedades de madeira de lei: cedro, vinhático, angico, jacarandá, jatobá, louro, peroba, canela preta, maçaranduba etc. Todas estas madeiras são muito procuradas por todo o Brasil pra construção.

Não há exploração de minerais no estado; as suras rochas consistem de granito e gnaisse, e o solo é de formação geológica. Pelas descobertas que têm sido feitas nos estados vizinhos, é de se supor com muita razão que um estudo minucioso do solo desta região revelaria outras fontes de riqueza.

Vias de comunicação

Duas estradas de ferro se acham atualmente em tráfego: a Great Western of Brazil e a Estrada de Ferro Paulo Afonso. A primeira compreende 88 quilômetros de Maceió a União, com um ramal de 62 quilômetros a Viçosa. Esta foi construída por uma companhia inglesa, a Alagoas Railway Company Ltd., e foi posteriormente comprada pelo Governo. Atualmente é explorada pela Great Western of Brazil, como parte do sistema geral que corre de Pernambuco para o Sul; e a linha de Alagoas se acha ligada por um ramal de Glicério à linha do "Recife e São Francisco a União". A "Paulo Afonso", com uma extensão de 116 quilômetros, já foi descrita neste trabalho; liga Piranhas a Jatobá, ao longo do curso encachoeirado do Rio São Francisco. Foi aberta ao tráfego em 1881.

Centros de população

Maceió, capital do estado, é uma cidade florescente, com cerca de 30.000 habitantes. Dela disse Elisée Reclus que "é uma cidade muitíssimo graciosa". As suas casas brancas como neve, elegantemente dispostas entre altivas palmeiras e enfrentando as águas verdes da baía, são verdadeiramente pitorescas.

A cidade é servida de bondes e iluminada geralmente à luz elétrica. O edifício mais notável é talvez o Palácio do Governo, grande e sólida construção de estilo italiano, com dois pavilhões. A catedral, embora modesta e de estilo sóbrio, é impressionante, com as suas duas torres flanqueando um monumento religioso ao centro.

Outros edifícios dignos de ser mencionados são: o Liceu, a Biblioteca, o Instituto Alagoano, a Santa Casa e o Asilo de Nossa Senhora do Bom Conselho. O porto da cidade, Jaraguá, está a pequena distância. Maceió tem muitos pontos encantadores, tais como o Trapiche da Barra, Poço e Bebedouro.

Alagoas, antiga capital, com uma população de 15.336 habitantes, segundo o recenseamento de 1900, tem mais de 20 fábricas de refinação; e nas suas vizinhanças há consideráveis plantações de cana, cereais e frutas. O café é também cultivado, mas em menor escala. No lago próximo, a pesca é importante.

Penedo, vantajosamente situada às margens do São Francisco, é uma velha cidade, que data dos tempos coloniais. Em 1636 foi elevada à categoria de vila, e só se tornou uma cidade em 1842. A sua principal exportação é o açúcar.

Atalaia, também uma velha cidade, criada entre 1762 e 1765, foi outrora o arraial dos Palmares. A criação de gado e o cultivo da cana-de-açúcar, algodão e cereais constituem as mais importantes fontes de riqueza. No distrito há grandes estabelecimentos de refinação.

Companhia Centro Comercial - Esta companhia, organizada em 1895, faz a importação de toda a classe de artigos de estiva, os quais recebe da América do Norte, Europa, Argentina e estados do Sul da República. Exporta em larga escala, para o Sul, açúcar e cereais. A companhia é agente da Companhia Comércio e Navegação do Rio de Janeiro e da Empresa de Navegação Sul Rio-Grandense; representa também, em Maceió, a firma Pereira Carneiro & Cia., de Pernambuco, e é subagente do Banco do Brasil. O diretor-gerente da Companhia Centro Comercial é o sr. Pedro de Almeida.

Silva & Pereira Pinto - Esta firma é proprietária da usina de açúcar, álcool e aguardente situada em São Luiz do Quitunde. Esta usina dispõe também de bom maquinismo para beneficiamento de arroz, e em Jaraguá tem alvarengas para o movimento de carga e descarga de suas mercadorias.

Maurício & Cia. - Este estabelecimento comercial, do qual é sócio principal o sr. Antonio Mauricio da Rocha, fica situado à Rua do Comércio, Maceió. O negócio d casa é o de fazendas, que a firma importa da Europa e Norte América e de outros estados da União e vende principalmente para os estados do Norte; o movimento anual atinge de 1.800:000$000 a 2.000:000$000. Mantém a firma viajantes percorrendo as diversas zonas para onde envia as suas mercadorias.

O chefe da casa, sr. Antonio Maurício da Rocha, é natural do estado de Alagoas, e iniciou a sua carreira comercial há 35 anos, no interior do estado, vindo mais tarde para Maceió, onde fundou a sua atual casa. O sr. Maurício da Rocha é também fazendeiro, possuindo uma fazenda de criação no interior do estado.

Almeida Guimarães & Cia. - Esta casa foi fundada em 1857 pelo falecido sr. J. A. de Almeida Guimarães; presentemente, a firma se compõe dos sócios srs. Americo de Almeida Guimarães, Adolpho de Almeida Guimarães e J. A. Teixeira Basto. O negócio da casa é o de fazendas, que a casa importava da Bahia e Pernambuco até 1878, iniciando, porém, nesse ano, a importação diretamente da Europa. Até aquele ano, vendia a casa a retalho; presentemente, as vendas são feitas por atacado. A atual firma data de 1893, ano em que faleceu o fundador da casa.

Os srs. Almeida Guimarães & Cia. vendem, além dos artigos importados, manufaturas nacionais para o interior dos estados de Alagoas, Pernambuco e Sergipe; a firma faz também negócios em comissão e consignação.

O sr. Americo de Almeida Guimarães, chefe da firma, entrou para a casa de seu pai em 1881, sendo admitido como sócio em 1887. É também diretor da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos e da companhia Progresso Alagoana e sócio da firma J. Basto & Cia. Foi já presidente da Associação Comercial de Maceió; e é vice-presidente do Instituto Arqueológico e Geográfico de Alagoas.

Borstelmann & Cia. - A importante firma de Maceió, Borstelmann & Cia., foi fundada em 1861, e é agente das companhias de navegação Hamburg Amerika Linie e Hamburg Sudameriknische, e correspondente do London & River Plate Bank. Os srs. Borstelmann & Cia. são grandes exportadores de algodão para o Sul do Brasil e para a Europa, e agentes dos produtos da usina de açúcar Atalaia, de propriedade do sr. Vandensmet. Esta casa é filial de importante casa da praça do Recife, sendo chefe da firma, Maceió, o sr. Hans Borstelmann.

Pohlmann & Cia. - Esta importante casa foi fundada em 1886 e se ocupa principalmente na exportação de açúcar e caroço de algodão para o Sul do Brasil, América do Norte, Liverpool, Londres e Argentina. Em 1911 a exportação de açúcar feita pela casa, para o Rio e Santos, subiu a 180.000 sacos de 60 quilos cada um.

Os srs. Pohlmann & Cia. são agentes, em Maceió, das companhias de navegação Harrison Line, de Liverpool; Booth Line, de Liverpool; e Prince Line, de Newcastle-on-Tyne. Representam também os seguintes bancos: London & Brazilian Bank Limited, Brasilianische Bank für Deutschland, Banque Française et Italienne pour l'Amérique du Sud, Banca Francese e Italiana per l'America del Sud, Direction der Disconto Gesellschaft, Londres; Norddeutsche Bank, Hamburgo; Deutsch und Sudamerikanische Bank, Berlim; Banco Español del Rio de la Plata, Banque Brésilienne Italo-Belge e a Vacuum Oil Co. O sócio gerente da casa é o sr. Oscar Jensen, cônsul da Alemanha e da Noruega.

Williams & Cia. Esta conhecida casa exportadora foi estabelecida em 1900. Exporta, para o Sul do país e para a Europa, açúcar, algodão, caroço de algodão, borracha de mangabeira e milho, e possui vastos depósitos e ponte para o embarque de suas mercadorias.

Os srs. Williams & Cia. são agentes das companhias de navegação Mala Real Inglesa, Lamport & Holt e Houston Line, e da Companhia de Seguros Northern Insurance Co., de Londres; são também agentes e diretores da usina de açúcar Conceição de Sinimbu, situada no estado de Alagoas. São sócios da firma os srs. A. L. Griffiths Williams e G. G. Griffiths Williams.

Loureiro, Barbosa & Cia. - Esta casa, filial de importante firma do Recife, foi estabelecida em 1905. Importa a casa gêneros de estiva, da América do Norte e da Europa, e exporta açúcar, algodão, aguardente, álcool, cereais, óleos vegetais etc., para o Norte e Sul do país e para a Europa.

Os srs. Loureiro Barbosa & Cia. são agentes da Companhia Paulista de Navegação e Comércio e da Empresa de Navegação Rio de Janeiro & Comércio do Sal. Os sócios da firma são os srs. Antonio Francisco Loureiro, Antonio Barbosa, José Gonçalves Pereira, Acacio Umbelino Pereira Pinto e Domingos de Araujo Mello.

Manoel Ramalho - O sr. Manoel Ramalho é estabelecido, sob a sua firma individual, desde 1878, como comissário de açúcar e algodão, produtos estes de que foi já grande exportador. Atualmente, é agente da Companhia de Navegação Costeira, que faz um serviço semanal de cargas e passageiros para o Norte e para o Sul, além de viagens extraordinárias, que fazem os navios cargueiros da companhia.

O sr. Ramalho é agente da Costeira há 8 anos e, em tempo, foi também agente da Companhia de Navegação Chargeurs Réunis. É também agente do Banco Aliança do Porto.

Usina Leão - Leão Irmãos - A conhecida Usina Leão, situada no estado de Alagoas, foi estabelecida há vários anos, quando a força de vapor não era ainda adotada nas usinas de açúcar; só em 1893 foi a usina aparelhada com maquinismo eficiente e moderno. Foi nesse ano instalado o vapor para acionar a usina, sendo então dispensados os maquinismos antiquados e a instalação hidráulica, então existentes.

Animada pelos bons resultados e economia assim realizados pela nova instalação, aa gerência, em 1897, modernizou ainda mais a usina, fazendo instar novo maquinismos pela Mirrless-Watson Co., Ltd., de Glasgow, e assim converteu a seção de moagem no tipo conhecido por "moagem dupla".

Em 1909, continuando a aumentar a capacidade de produção da usina e tendo sido adquiridas novas propriedades para o cultivo da cana-de-açúcar, a diretoria fez um nova instalação para moagem dupla, instalação esta fornecida pela The Harvey Engineering Company, de Glasgow.

A companhia possui linhas férreas e locomotivas de sua propriedade particular, utilizadas para o transporte da cana para a usina e, além de açúcar, produz também rum, álcool, gelo, ladrilhos e mosaicos. A iluminação é feita por eletricidade, sendo que esta também aciona as oficinas e a fábrica de gelo. A Usina Leão produz vários tipos de açúcar, de acordo com as necessidades de seus numerosos fregueses e, na última safra, moeu 65.000 toneladas de açúcar.

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