Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g48b.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/07/10 21:04:15
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [48-B]

Leva para a página anterior

Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 1.013 a 1.020, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

Clique na imagem para ampliá-la
Florianópolis
Foto publicada com o texto, página 1.014. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Santa Catarina (cont.)

A capital

Florianópolis, antiga cidade do Desterro, fica situada na costa ocidental da Ilha de Santa Catarina. O município abrange toda essa ilha, a qual tem 10 léguas de extensão por três na sua maior largura, correndo paralelamente à costa do estado de Santa Catarina, da qual se acha separada por três estreitos, que formam duas ótimas baías com excelentes ancoradouros.

A colonização da Ilha de Santa Catarina data de 1651. A localidade foi elevada a vila em 26 de março de 1726 e a cidade em 20 de março de 1823. A população da cidade de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, é atualmente superior a 30.000 habitantes, distribuídos por cerca de 2.400 prédios. As suas ruas são bem calçadas, iluminadas à luz elétrica e ladeadas por edifícios de bo construção. Possui a cidade vários parques belíssimos.

Entre os edifícios importantes, merecem especial menção o Palácio do Governo, de moderna e bela construção, mobiliado com elegância; o Hospital de Caridade, em edifício apropriado e admiravelmente situado; a Catedral etc.

Clique na imagem para ampliá-la
Aspectos de ruas na capital: 1) Casa do Congresso e o Museu; 2) O hospital; 3) Inauguração do serviço de abastecimento d'água à cidade; 4) Rua Visconde de Ouro Preto; 5) Rua Tiradentes; 6) Rua Tenente Silveira
Foto publicada com o texto, página 1.015. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Florianópolis é escala obrigatória de várias companhias de navegação; o Lloyd Brasileiro e a Navegação Costeira aí tocam, duas vezes por semana; os vapores da Hamburg-Amerika e de outras companhias visitam também freqüentemente o porto.

O comércio e a indústria do município são já importantes e não cessam de aumentar, no número de empresas e nos valores em giro. Existem 2 fábricas de cerveja, 2 de massas alimentícias, 3 refinações de açúcar, fábricas de camisas, telhas, sabão, fogos etc. etc.

Os estabelecimentos comerciais são numerosíssimos e abrangem variados ramos de atividade. Possui o município, ao todo, 449 estabelecimentos comerciais e industriais, todos em boas condições de funcionamento e prosperidade. Florianópolis é servida por uma boa rede telefônica, de propriedade da firma Frinks & Ehlke, com 130 quilômetros de linhas e 220 aparelhos em funcionamento.

A instrução pública no município é cuidada com desvelo, havendo numerosas escolas públicas para o ensino primário e secundário e vários estabelecimentos particulares. Possui também a cidade uma boa biblioteca pública.

Há em Florianópolis uma notável instituição beneficente, denominada Associação das Damas de Caridade. Esta instituição, fundada em 5 de maio de 1907, tem por objeto proporcionar socorros médicos e alimentares aos indigentes e roupas às crianças desvalidas.

Capital dum dos estados mais procurados pelos imigrantes e possuidores de maiores riquezas naturais, Florianópolis tem todos os requisitos para, em breve, se tornar um dos mais importantes centros de população, comércio e indústria do Sul do Brasil.

Clique na imagem para ampliá-la
Filial do Banco do Comércio de Porto Alegre em Florianópolis
Foto publicada com o texto, página 1.016. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Água, luz e energia elétrica

Florianópolis, cuja população vai a cerca de 30.000 habitantes, não havia, até princípios de 1909, feito esforço algum no sentido de melhorar o serviço de abastecimento de água e o de iluminação pública e particular, que até então era feito pelo sistema primitivo de lâmpadas de querosene e velas e por algumas instalações particulares de gás acetileno.

Em março daquele ano, foi assinado um contrato entre o governo do estado e um engenheiro inglês, sr. Edward Simmonds, conhecidíssimo em São Paulo e em outros pontos da América do Sul, contrato esse pelo qual o sr. Simmonds se obrigava a construir as obras projetadas nas lagoas Anna d'Avila e Assopra, respectivamente a 6 e 9 quilômetros distantes da capital.

Obrigava-se também o sr. Simmonds a construir as linhas de distribuição por toda a cidade. As fontes poderão fornecer, de acordo com os cálculos mais baixos, feitos por ocasião das secas, 3 milhões de litros de água potável por dia. A capacidade do reservatório na cidade é de 3.200.000 litros e as linhas de distribuição compreendem 30 quilômetros de encanamento.

Há atualmente mais de 2.400 casas ligadas à rede de distribuição; e no ano último, as construções de novas casas foram em número de 100. Durante o tempo em que o contrato para o serviço de abastecimento de água estava em via de execução, foi o sr. Simmonds convidado a apresentar uma proposta para a iluminação da capital. O sr. Simmonds associou-se então a outro engenheiro inglês do Rio de Janeiro, o sr. John Williamson, e o contrato foi assinado em novembro do mesmo ano.

As máquinas e o material foram fornecidos, por contrato, pelos srs. Siemens Bros., Dynamo Works Ltd., ficando os trabalhos concluídos em setembro de 1910, quando foram inaugurados os serviços. A exploração dos serviços foi também dada aos srs. Simmonds & Williamson, por contrato de 20 de agosto de 1910, pelo prazo de 25 anos.

A usina geradora fica situada no continente, a 16 quilômetros do centro da cidade; é solidamente construída em alvenaria de pedra e tijolo, e contém três turbinas do tipo de reação, dos fabricantes Gilbert Gilkes & Co., de Kendal, Inglaterra. Cada uma destas turbinas tem 300 hp e está ligada a um alternador de 200 quilowatts.

Neste edifício, se acham todos os aparelhos necessários ao controle do maquinismo e dos circuitos, bem como os de proteção contra os raios. A voltagem da linha de transmissão é de 11.000 volts e o comprimento da linha até a estação transformadora é de 14 quilômetros. Nesta estação, é a voltagem reduzida a 3.000 volts, para a passagem do estreito que separa a ilha do continente, por meio de cabos submarinos e para a subseqüente distribuição no circuito primário da cidade.

A iluminação pública é feita por 500 lâmpadas de filamento metálico de 50 velas, e por 20 lâmpadas de arco voltaico de 1.200 velas cada uma. Todos os postes da linha de transmissão, como nas linhas de distribuição, do interior da cidade, são de aço galvanizado, e o material empregado o melhor possível. Assim, Florianópolis pode se orgulhar de serviços de abastecimento de água e iluminação que, no Brasil, não são inferiores aos de nenhuma outra cidade.

A iluminação dos edifícios públicos já está sendo feita pela empresa, que também supre a 300 instalações em casas e lojas de particulares, assim como a vários motores em diversas fábricas, que muito facilitam a produção econômica de vários artigos.

Este importante melhoramento, cujos resultados têm sido tão brilhantes, animou a criação de vários estabelecimentos que em breve serão inaugurados. O capital despendido nas obras de iluminação e abastecimento de água subiu a Rs. 1.800:000$000, e o empréstimo para o levantamento deste capital foi feito por intermédio dos contratantes arrendatários.

Clique na imagem para ampliá-la
André Wendhausen & Cia., Florianópolis
Foto publicada com o texto, página 1.016. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Banco do Comércio de Porto Alegre - Este banco foi fundado em Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, em 1895, e ali tem a sua sede principal. Tem filiais em Rio Grande, Santa Maria, Florianópolis e Joinville. O capital social é de Rs. 5.000:000$000, dos quais Rs. 2.750:000$000 realizados, além das reservas, no valor de Rs. 1.050:000$000.

Este banco recebe dinheiro em depósito com livre retirada, mediante aviso prévio e a prazos fixos, aos juros de 2% e 6%. Empresta qualquer quantia em conta-corrente por notas promissórias sob garantia de títulos de valor, apólices federais, estaduais, debêntures e outras garantias. Desconta notas promissórias e saques nacionais, e se encarrega da cobrança de letras, juros de apólices, dividendos etc.

Compra e vende letras de câmbio. Saca contra as principais cidades e vilas da Inglaterra, Alemanha, França, Áustria-Hungria, Espanha, Portugal, Itália, Suíça, Bélgica, Holanda, Grécia, Turquia e Rússia. Emite vales-ouro para as Alfândegas do estado de Santa Catarina.

O Banco do Comércio de Porto Alegre é correspondente do Banco do Brasil, do British Bank of South America Ltd., Banque Française et Italienne, Brasilianische Bank für Deutschland, Banco Mercantil do Rio de Janeiro, Banque Brésilienne Italo-Belge, Banco do Recife, Banco do Comércio (Rio de Janeiro), Banco da Província do Rio Grande do Sul e Banco do Minho (Braga). A filial em Florianópolis foi fundada em 28 de janeiro de 1911 e funciona à Praça 15 de Novembro, 2.

Clique na imagem para ampliá-la
As instalações hidrelétricas de Florianópolis, construídas pelos srs. Simmonds & Williamson: 1) Usina geradora; 2) Abastecimento d'água a Florianópolis; 3) Represa do Rio Imaruí; 4) Cachoeira e canal de escapamento no Rio Imaruí; 5) Interior da usina geradora
Foto publicada com o texto, página 1.017. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Carl Hoepcke & Co. - É esta uma das mais importantes firmas do estado de Santa Catarina. Os srs. Carl Hoepcke & Co. repartem a sua atividade entre vários ramos de indústria e comércio, igualmente operam em larga escala como importadores e exportadores, armadores industriais e como agentes correspondentes e representantes.

No ramo de importação, tem sempre a firma grande estoque de fazendas, ferragens, armas, louça, cutelaria, utensílios para cozinha, utensílios para navios, querosene, breu e outros artigos de estiva, tintas, drogas etc.; máquinas para ofícios e lavoura, e ferro e aço em barras. Além da seção de máquinas, têm também os srs. Carl Hoepcke & Co. seções de encomendas, expedições, despachos e cobranças.

São agentes da Standard Oil Company of Brazil, para todo o estado de Santa Catarina. São também correspondentes dos seguintes bancos estrangeiros e suas filiais: Brasilianische Bank für Deutschland, London & Brazilian Bank Ltd., Banco do Brasil, Banco da Província do Rio Grande do Sul, Deutsche Bank, Berlim; Deutsche Ueberseeische Bank, Berlim; e Banco Alemão Transatlântico, Rio de Janeiro.

Os srs. Carl Hoepcke & Co. são ainda proprietários dos paquetes Anna, Max e Meta, e mantêm um serviço regular entre os portos do estado de Santa Catarina e o Paraná e também um serviço regular, bi-semanal, entre Florianópolis e Rio de Janeiro, com escalas por Itajaí, São Francisco, Paranaguá e Santos.

No estaleiro de Arataca, tem a firma uma carreira para navios até 70 metros de comprimento, e também possui aí um grande depósito de carvão. A firma é proprietária da fábrica de pontas de Paris Rita Maria, duma fábrica de arame farpado e grampos para cerca, e duma fábrica de gelo.

Representa a firma várias empresas estrangeiras, tais como a Hamburg Sudameriknische Dampfschifffahrts-Gesellschaft, Hamburgo; a Prince Line, Liverpool; e a Norddeutsche Versicherungs-Gessellschaft, Hamburgo. Tem a firma um filial em São Francisco, a qual representa, além da Prince Line, de Liverpool, o Norddeutscher Lloyd, de Bremen.

Clique na imagem para ampliá-la
Carl Hoepcke & Co.: 1) O estabelecimento em Florianópolis; 2) Armazém e escritórios em São Francisco; 3) O vapor Max, de propriedade da companhia
Foto publicada com o texto, página 1.018. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

André Wendhausen & Cia. - Esta importante casa de Florianópolis foi fundada em 1875 pelo sr. André Wendhausen, para o comércio de importação e exportação. Faz grande negócio em fazendas, armarinho, ferragens, louças, querosene, farinha de trigo, carvão e outros gêneros de estiva. A casa importa da Europa e América do Norte e vende pelo interior do estado.

Os srs. André Wendhausen & Cia. são agentes do London & River Plate Bank, Banco Español del Rio de La Plata, Deutsch Sudamerikanische Bank, Banco Pelotense, Banco do Comércio do Rio de Janeiro, Banco Aliança do Porto e Banco Italiano do Uruguai, assim como da Mala Real Inglesa e outras companhias de navegação.

Têm também os srs. André Wendhausen & Cia. depósito de material elétrico e lâmpadas elétricas Vulcan. Importam farinha de trigo da República Argentina em larga escala e são únicos depositários da soda cáustica Meia Lua, do Chá Lipton, do cimento Portland Saturno; dos pregos, arame farpado etc. da fábrica A. Baptista & Oscar, de Joinville; de tecidos de diversas fábricas nacionais; dos cofres, fogões e outros objetos da fábrica de E. Berta & Cia., de Porto Alegre etc.

Os sócios da firma são os srs. André Wendhusen, Fernando Wendhausen e Carlos V. Wendhausen. A casa faz um movimento anual de Rs. 12.000:000$000. O sr. André Wendhausen nasceu em Florianópolis em 1850 e aí foi educado.

O sr. Carlos V. Wendhausen, seu filho e sócio, nasceu na mesma cidade em 1878, e feita a sua primeira educação, foi estudar e viajar pela Europa, demorando-se na Alemanha três anos, seis meses na Inglaterra e outro tanto tempo em Paris. Voltando para Florianópolis, entrou para a casa de seu pai, do qual se tornou sócio em 1900. Faz parte do Conselho Municipal e é também deputado estadual.

O sr. F. Wendhausen nasceu em Florianópolis em 1859; entrou para a casa em 1875; e dela se tornou sócio em 1887.

Ernesto Beck & Cia. - Esta firma, sucessora dos srs. Ernesto Vahl & Sallentieu, foi organizada em 1908; a casa inicial foi fundada em 1870 pelo sr. Vahl. Importam os srs. Ernesto, Beck & Cia. fazendas, ferragens, louças, vidros, gêneros de estiva etc., e exportam couros e café. O movimento anual da casa vai a Rs. 2.000:000$000. A firma tem também uma agência em Laguna e vende para o interior do estado, por onde traz cinco viajantes.

Os srs. Ernesto, Beck & Cia. são agentes da Companhia de Seguros Contra Fogo Aachner & Munchener e comissários de avarias das companhias de seguros marítimos Mannheimer e Union Marine Insurance Co. Ltd. Os sócios atuais são os srs. Ernesto Stodieck e Hermann Beck.

Eduardo Horn - Esta importante casa de comissões e consignações foi fundada em Florianópolis em 1889, pelos srs. F. Silva Ramos e J. Nicolich. Há dez anos, tornou-se, porém, o sr. Eduardo Horn, o único proprietário da casa.

Importa de diversos países da Europa secos e molhados, charque do Rio Grande, sal, farinha de trigo da Argentina etc.; e exporta couros, café, frutas, farinha de mandioca etc.

O sr. Eduardo Horn é representante do British Bank of South America e agente da Companhia Comércio e Navegação, Companhia Paulista de Navegação e Comércio, Empresa de Navegação L. Carsoglio, Moinhos Santa Lucia, Pehuajó, Angelita, Esperanza etc.; companhias de seguros Lloyd Americano e Garantia da Amazônia, e Companhia de Seguros Contra Fogo Porto-Alegrense. A casa vende pelo interior do estado, e faz um movimento anual de Rs. 1.600:000$000.

O sr. Horn é vice-cônsul da República Portuguesa e muito considerado nas rodas comerciais. A casa tem uma filial na Laguna.

Emilio Blum & Cia. - Os srs. Emilio Blum & Cia., com casa importadora e exportadora em Florianópolis, há cerca de 33 anos, fundaram em 1907 uma fábrica de colarinhos, punhos, camisas, ceroulas, gravatas, roupas para homem e sacos, fábrica montada com maquinismos modernos e movida à eletricidade. A fábrica emprega cerca de 70 pessoas e os seus produtos são vendidos por todos os estados da União.

Os srs. Emilio Blum & Cia. são agentes do Lloyd Brasileiro, da Casa Louis Dreyfus & Cie., de Paris; da fábrica de biscoitos Duchen, de São Paulo; e da Casa Werner & Hilpert, do Rio de Janeiro. O sr. Emilio Blum é atualmente deputado estadual e já foi deputado federal.

Clique na imagem para ampliá-la
Homens de negócios de Santa Catarina: 1) Emilio Blum; 2) Eduardo Horn; 3) John Williamson; 4) Edward Simmonds; 5) R. O. N. Addison; 6) Paulo Ehlke; 7) Paulo Trinks
Foto publicada com o texto, página 1.019. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Joinville

Banco do Comércio de Porto Alegre - Este banco foi fundado em Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, em 1895. A sua sede é em Porto Alegre, com filiais em Rio Grande, Santa Maria, Florianópolis e Joinville. O capital social é de Rs. 5.000:000$000, dois quais Rs. 2.750:000$000 realizados, além das reservas, no valor de Rs. 1.050:000$000.

Este banco recebe dinheiro em depósito com livre retirada, com aviso prévio, e a prazos fixos, aos juros de 2% e 6%. Empresta qualquer quantia em conta-corrente por notas promissórias, sob garantia de títulos de valor, apólices federais e estaduais, debêntures e outras garantias. Desconta notas promissórias e saques nacionais, e se encarrega da cobrança de letras, juros de apólices, dividendos etc.

Compra e vende letras de câmbio. Saca contra as principais cidades e vilas de Grã-Bretanha, Alemanha, França, Áustria-Hungria, Espanha, Portugal, Itália, Suíça, Bélgica, Holanda, Grécia, Turquia e Rússia. Emite vales-ouro para as Alfândegas do estado de Santa Catarina.

O Banco do Comércio de Porto Alegre é correspondente do Banco do Brasil, do British Bank of South America Ltd., Banque Française et Italienne, Brasilianische Bank für Deutschland, Banco Mercantil do Rio de Janeiro, Banque Brésilienne Italo-Belge, Banco do Recife, Banco do Comércio (Rio de Janeiro), Banco da Província do Rio Grande do Sul e Banco do Minho (Braga). A filial em Joinville foi fundada em 15 de julho de 1911.

A. Baptista & Cia. - Esta casa de Joinville, estado de Santa Catarina, é uma das mais prósperas e importantes do Sul do Brasil. Fundada em 1896 pelos srs. dr. Abdon Baptista, atualmente chefe da casa, e Oscar Antonio Schneider, hoje sócio comanditário, tem-se desenvolvido extraordinariamente nestes três lustros. Hoje, são seus sócios solidários os srs. dr. Abdon Baptista, Alfredo Oliveira e Bernardo Stamm.

São seus principais ramos de negócios a importação de mercadorias para serem vendidas por atacado e a exportação de inúmeros produtos agrícolas e manufaturados. A firma possui o seguintes estabelecimentos fabris: três engenhos de erva-mate, sendo dois em Joinville e um em Rio Negro, estado do Paraná; uma fábrica de pontas de Paris, arame farpado, tecidos de arame etc.; um moinho de arroz e uma grande serraria a vapor.

As suas vendas anuais elevam-se hoje a Rs. 5.000:000$000. A produção dos três engenhos de erva-mate é de 3.700.000 quilogramas por ano. A fábrica de pontas de Paris produz anualmente 900.000 quilogramas de pregos, 5.000 quilogramas de grampos, 7.000 rolos de arame farpado, pesando 210.00 quilogramas; 12.000 metros de tecidos de arame, pesando 16.000 quilogramas; e 2.000 capachos, pesando 6.000 quilogramas. Esta fábrica possui 28 máquinas e trabalha com 52 pessoas - na fábrica propriamente 34, na marcenaria 2 pessoas, na empacotaria, 14 moças e 2 rapazes.

O Engenho Jaguarão, de beneficiar erva-mate, é movido a eletricidade, com um motor de 10 cavalos, e ocupa 19 pessoas. O Engenho Novo, também de mate e igualmente situado em Joinville, é movido a vapor, com uma máquina de 24 cavalos de força; ocupa também 19 pessoas. Ao lado destes engenhos, estão as duas barricarias que trabalham com 60 pessoas e produzem diariamente 600 barricas sortidas; também aí se acha a fábrica de surrões que trabalha com 5 pessoas e produz diariamente 50 surrões.

O Engenho do Rio Negro é movido a vapor e trabalha com 15 pessoas. O escritório central, sito em Joinville, ocupa 9 pessoas; o armazém, ao lado do escritório, ocupa 8 pessoas; o armazém de porte ocupa 5 pessoas. O moinho de arroz, movido à eletricidade, pila anualmente 5.000 sacos de 60 quilos cada e ocupa seis pessoas.

A Serraria Ribeirão Grande, movida a vapor por uma máquina de 30 cavalos de força, está situada no centro de uma floresta que possui as melhores qualidades de madeiras e ocupa 9 pessoas.

A filial da empresa, situada na cidade de S. Francisco do Sul, ocupa 6 pessoas. O Trapiche do Comércio, onde atracam os vapores de cujas companhias a firma A. Baptista & Cia. é agente, ocupa 12 pessoas no serviço cotidiano de cargas e descargas. A casa possui as seguintes embarcações: o rebocador Oscar, as lanchas Saguassú, Palestina, São Francisco, Santo Antonio, ocupando 25 pessoas.

Os srs. A. Baptista & Cia. são agentes das companhias de navegação Lloyd Brasileiro e Gulf Linie e da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Pelotense. A casa possui contratos especiais com fábricas de manteiga, meias e camisas de meias, que trabalham exclusivamente para o seu consumo.

Kaiser & Cia. - Esta importante firma, estabelecida com fábrica de meias em Joinville, foi fundada em 1900 pelo sr. Kaiser. Manufatura meias de toda a sorte em lã e algodão, as quais exporta para o Rio de Janeiro. A matéria-prima é recebida da Inglaterra e Alemanha. O maquinismo da fábrica é todo alemão e acionado por um motor de 25 hp. O estabelecimento, que é iluminado à luz elétrica, ocupa 100 operários e a sua produção anual vai, em média, a 50.000 dúzias. O sócio diretor da fábrica, sr. O. Kaiser, desempenha as funções de cônsul alemão em Joinville.

Trinks Irmãos - Esta importante casa de Joinville foi fundada em 1854 pelo avô dos atuais sócios, srs. Paulo e George Trinks. A firma possui um estabelecimento para o comércio de fazendas, objetos de armarinho, ferragens, máquinas etc., que importa em grande escala da Europa e vende na cidade e também pelo interior do estado.

Possuem ainda os irmãos Trinks uma fábrica de fósforos, também em Joinville, montada com maquinismo alemão, a qual emprega 25 pessoas. A madeira para o consumo da fábrica é toda nacional. A produção da fábrica, que anualmente vai a cerca de 5600 latas, é vendida, parte no estado e parte no Rio de Janeiro.

Os srs. Trinks fazem, no seu estabelecimento comercial e na fábrica de fósforos, um movimento anual de cerca de Rs. 450:000$000. O prédio em que funciona o armazém e o edifício da fábrica são avaliados no total de Rs. 40:000$000.

As linhas de bondes da cidade são também propriedade de Trinks Irmãos. Essas linhas têm uma extensão de 6.000 metros e o material rodante consta de 6 carros para passageiros e 6 de carga.

Clique na imagem para ampliá-la
Projeto de novo edifício, em construção, para o Banco do Comércio de Porto Alegre, em Joinville
Imagem publicada com o texto, página 1.019. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

São Francisco do Sul

Este município consta de dois distritos: compreende o primeiro a Ilha de S. Francisco, com 30 quilômetros de extensão e 18 quilômetros em sua maior largura, e o segundo compreendendo a freguesia de Nossa Senhora da Glória, no continente.

A cidade de S. Francisco goza dum clima geralmente salubre e a sua população é de cerca de 9.000 almas. Fica situada na parte ocidental da ilha e é separada do continente pela magnífica baía de Babitonga, à qual, melhoradas as condições de embarque e atracação de vapores, está reservado um magnífico futuro como porto de primeira ordem.

O município é rico em madeiras para construção, e produz também, para exportação ou consumo local, arroz, farinha de mandioca, aguardente, açúcar, bananas etc.

A cidade é bem calçada e iluminada à luz elétrica; e o Conselho Municipal estuda agora o estabelecimento do abastecimento de água potável. O município possui boas estradas de rodagem e está ligado ao interior por estrada de ferro.

Para mostrar a importância de S. Francisco, como porto comercial, basta dizer que em 1911 o movimento de vapores foi ali de 548, representando 232.160 toneladas, isto além de cerca de 1.147 outras pequenas embarcações, à vela ou a vapor. Nesse mesmo ano, as importações foram de £163.222 e as exportações de £418.382. O comércio e indústria do município têm nestes últimos anos acusado notável desenvolvimento.

A instrução pública é ministrada no município por numerosas escolas primárias, estaduais e municipais, para ambos os sexos, havendo também vários estabelecimentos particulares de ensino. Para a instrução secundária há o Instituto Municipal S. Francisco, subvencionado pelo município.

R. O. N. Addison - O sr. R. O. N. Addison, vice-cônsul inglês em São Francisco do Sul (estado de Santa Catarina), nasceu em 1874 em Ulreston (Lancashire). Foi educado na Inglaterra e, completados os seus estudos, entrou para uma casa bancária, onde permaneceu durante sete anos. Veio para o Rio de Janeiro em 1897 e depois trabalhou em São Paulo e Santos, sempre como empregado de bancos.

Em 1908, foi para São Francisco do Sul; aí fixou residência, empregando o seu capital em terrenos e prédios fronteiros ao porto. O sr. Addison é sub-agente d Lloyds e agente da Alliance Insurance Co., de Londres, da Mala Real Inglesa e outras empresas.

Clique na imagem para ampliá-la
A. Baptista & Cia., Joinville: 1) O prédio; 2) Fábrica de mate e trapiche
Foto publicada com o texto, página 1.020. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Leva para a página seguinte