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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [43-C]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 910 a 918, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Garantia da Amazônia: 1) O emblema; 2) Edifício na Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro
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Pará (cont.)

Indústrias

The Amazon Telegraph Company, Limited - Esta companhia, com sede em Londres, Old Broad Street, 42, foi organizada em 1895, para explorar uma concessão do Governo Brasileiro. A sua zona de ação é o vale do Rio Amazonas, e possui a empresa uma rede de 2.440 milhas de cabos, ligando as seguintes cidades e vilas situadas nas margens do Amazonas: Pará, Curralinho, Antonio Lemos, Gurupá, Prainha, Monte Alegre, Santarém, Alenquer, Óbidos, Parintins, Itacoatiara, Amatari e Manaus, todas elas sobre a linha principal e dispondo de cabos duplos.

A companhia possui também ramais para Pinheiro, Mosqueiro e Soure, sobre o Rio Pará; para Cametá, Rio Tocantins; Chaves, Macapá e Mazagão, na foz Oeste do Rio Amazonas.

A companhia possui dois navios para estabelecimento e reparo dos cabos, o Viking e o Ramos, ambos a vapor e de dois hélices, especialmente construídos para o serviço no Amazonas.

A princípio, tinha a companhia alguma dificuldade em manter seus cabos, devido a constantes interrupções ocasionadas por obstruções e desabamentos nas margens do rio, rochas etc., sendo que foi este o primeiro exemplo de um cabo estabelecido no leito de um rio como o Amazonas, com a sua grande profundidade e formidável correnteza de 3 a 5 nós por hora.

Era, pois, natural que fossem encontradas algumas dificuldades na manutenção de um serviço constante; estas dificuldades estão, porém, removidas, observando-se uma grande regularidade no serviço de comunicações. O principal escritório da companhia no Brasil fica no Pará, sendo gerente geral o sr. F. E. Nosworthy.

The Pará Electric Railways and Lighting Company, Limited - Os grandes melhoramentos realizados, nestes últimos anos, nos serviços de utilidade pública da cidade de Belém, têm acompanhado o crescimento da cidade e combinam-se de modo a tornar as condições de vida na capital do estado do Pará tão confortáveis como nas mais adiantadas cidades do Brasil.

Entre estes, sobressaem os que presta a Pará Electric Railways & Lighting Co., Ltd. Como o seu nome o indica, tem esta companhia a seu cargo a iluminação da cidade e explora também o sistema de tramways. A rede de tramways tem uma extensão de 35 quilômetros de linhas, em geral duplas, nas quais 100 carros e reboques circulam diariamente, transportando mensalmente uma média de 2 milhões de passageiros.

Tanto a iluminação pública como a particular estão a cargo da companhia, e Belém do Pará pode ser considerada uma cidade bem iluminada. Para a execução deste serviço, tem a companhia grandes e modernas usinas de força. Nas suas instalações destinadas ao serviço de iluminação existem cinco caldeiras Babcock & Wilcox, para uma pressão de 180 libras e com uma superfície de aquecimento de 200 metros quadrados; duas caldeiras Babcock & Wilcox, para 180 libras de pressão e com 500 metros quadrados de superfície de aquecimento, e uma caldeira Babcock & Wilcox, com 800 metros quadrados de superfície de aquecimento, sendo todas estas caldeiras providas com super-aquecedores.

A condensação é feita por dois condensadores de superfície, Belliss & Morcom; uma bomba de ar, Edwards, e duas bombas de circulação, Rees Roturbo. Motores e dínamos para tração, existem 3 de tríplice expansão e 400 kw, tipo Belliss & Morcom. Os geradores são do tipo Dick Kerr & Co. e de 550 volts, D.C.; uma unidade constituída por um motor de tríplice expansão, tipo Belliss & Morcom, com geradores da Electrical Construction Co., de 550 volts., C.D.

Na seção de iluminação tem a companhia duas unidades com 400 kw, constituídas por motores de tríplice expansão, tipo Belliss & Morcom, E.C.C.; alternador com 2.200 volts e 50 ciclos; uma unidade com 600 kw, constituída por um motor de tríplice expansão, tipo Belliss & Marcom; alternadores de British Westinghouse, 2.200 volts, 50 ciclos; duas unidades Sachsische Maschinenfabrik, com 240 kw, constituídas por motores de tríplice expansão, de Siemen's Halske; alternadores de 2.200 volts, 50 ciclos.

O quadro de distribuição é dos srs. Ferranti & Comp. O último relatório da companhia, para o ano findo em 30 de novembro de 1911, acusa uma renda de £199.166-12-6, proveniente do serviço de tramways, e de £89.540-19-9, do serviço de iluminação, montando as despesas, respectivamente, a £123.937-14-8 e £49.188-19-4. Deduzindo as despesas com o escritório em Londres e o fundo de amortização e juros, e juntando os saldos dos anos anteriores, bem como os saldos de juros e transferências, ficou, para distribuição de dividendos, um saldo de £8.843-2-6. Os dividendos foram de 6% para as ações preferenciais cumulativas de £5 cada uma e de 10% para as ações ordinárias de £5.

O capital nominal da companhia é de £780.000, dividido em 78.000 ações preferenciais e outras tantas ordinárias, e mais £700.000 em títulos de 5%. Da primeira emissão de debêntures, £688.535 continuavam em mãos dos tomadores. Os lucros totais da companhia, até 30 de novembro de 1911, eram calculados em £1.587.555-6-10. O presidente da companhia é sir William Evans-Gordon, e a diretoria local (no Pará) é composta dos drs. Lucio F. do Amaral e Augusto Octaviano Pinto.

Cerâmica Paraense - Esta fábrica, fundada em 1886 na cidade de Belém, ocupa uma área de 8.012 metros quadrados. A princípio, foi propriedade de uma companhia, passando, porém, a 12 de agosto de 1896, a ser propriedade do sr. Francisco Lucas de Souza. A fábrica Cerâmica Paraense divide-se em quatro seções: a primeira ocupa-se da fabricação de tijolos de diversos tipos; na segunda seção, são fabricadas rodas de filtro, talhas, potes etc.; a terceira é uma seção de escultura, e aí são fabricadas estátuas, vasos artísticos etc.; a quarta seção é constituída pela vidraria.

Possui a fábrica três caldeiras, com uma força total de 260 hp, que fornecem vapor a um motor Ruston Proctor, o qual aciona o completo maquinismo de que dispõe a fábrica. O pessoal operário é de 80 homens. Dispõe o sr. Francisco Lucas de Souza de seis alvarengas para o transporte do barro, que é extraído da Ilha das Onças, situada defronte da cidade de Belém. Os produtos da fábrica do sr. Francisco Lucas de Souza concorreram à Exposição de Philadelphia em 1876, na qual obtiveram vários prêmios.

B. J. da Silva Santos Junior - O sr. B. J. da Silva Santos Junior, proprietário e industrial, é dono da fábrica Cerâmica do Arapiranga, situada na ilha do mesmo nome, a 8 milhas de Belém. Aí fabrica toda a espécie de material de construção, possuindo, na ilha, matas abundantes em boas madeiras e esplêndidos seringais. Possui também aí o sr. Santos Junior casa de residência e 80 casas para moradia do pessoal, serraria e carpintaria e estaleiro de construções navais.

O sr. Santos Junior tomou também a seu cargo a execução de vários melhoramentos na cidade de Bragança, à margem do Rio Caeté, a 237 quilômetros de Belém. Estes melhoramentos consistem na construção do Mercado Municipal, matadouro, usina elétrica e abastecimento de água.

O sr. Santos Junior possui também, na costa Norte da Ilha de Marajó, diversas fazendas de criação de gado vacum e cavalar, as quais ocupam uma superfície de 70.000 hectares com cerca de 20.000 reses e 2.000 cavalos. O sr. B. J. da Silva Santos Junior é sócio do Centro Comercial Paraense, da Empresa do Grand Hotel e do Cinema Olympia.

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J. S. Freitas & Cia., Belém: 1) Fábrica de pregos; 2) Carpintaria; 3 e 4) Seção de Marcenaria; 5) O depósito de madeiras; 6) O escritório
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Estabelecimento Industrial de La Rocque Irmãos - Este estabelecimento, situado na Ilha do Arapari, a uma hora da cidade do Pará, ocupa-se com a plantação de cana-de-açúcar e a indústria de álcool, sendo a sua produção anual de 500.000 litros de cachaça. Dispõe o estabelecimento de 2 geradores de vapor, de 50 hp cada um, 5 alambiques aperfeiçoados e uma moenda de cana com capacidade para 150 toneladas diárias. A área ocupada pelas plantações é de 500.000 metros quadrados. O gerente do estabelecimento é o sr. J. L. de La Rocque.

Martins, Jorge & Cia. - A firma Martins, Jorge & Cia. é proprietária da Fábrica Perseverança, de cordas e aniagem, fundada em 1906. A fábrica ocupa um amplo edifício de propriedade da firma, o qual tem 110 metros de fundo por 48 de largo, ou seja 5.280 metros quadrados, e é dividido em 3 galpões, de 16 metros cada um.

Todas as máquinas da fábrica, em número de 116, são modernas e aptas a produzir toda a sorte de cordas, aniagem, fio de vela e barbante, e são acionadas por um motor a vapor horizontal, de 250 hp. A matéria-prima é importada do México; a capacidade de produção é de 400 a 500.000 metros de aniagem, anualmente; 20 a 30 toneladas de cabos, mensalmente, e 20 a 30 toneladas, anualmente, de fio de vela.

Em uma dependência ainda vaga tencionam os proprietários instalar uma seção de tecidos de algodão. Os sócios da firma são os srs. Antonio Gonçalves Martins, Raphael Fernandes Gomes, com. J. Jorge Corrêa e com. Almeida Marques de Carvalho Dias.

Jorge Corrêa & Cia. - A real fábrica Palmeira, de propriedade dos srs. Jorge Corrêa & Cia., fica situada à Rua dr. Paes de Carvalho, 6-14, ocupando uma área de 220 metros quadrados. Os produtos da fábrica consistem em massas alimentícias, pão, biscoitos e doces, preparados mecanicamente, para o que dispõe o estabelecimento de máquinas modernas e aperfeiçoadas, acionadas por dois motores, um de 40 hp e outro de 25 hp, além de outros menores.

Possui também a fábrica instalações para moagem de feijão, ervilha e arroz, torrefação e moagem de café, refinação de açúcar e fabricação de chocolate. Produz a fábrica, anualmente, 10.000 latas de bolacha Maria, 150.000 quilos de massas alimentícias, 40 toneladas de chocolate, além de confeitos, bombons, dropes etc.

A firma tem também em depósito bebidas finíssimas, tais como os vinhos do Porto Bar Paraense, Santelmo, Palmeira e Jorge Velho. Para a venda a retalho, existem no Pará três sucursais: à Avenida Independência, 12; Avenida 16 de Novembro, 3; e Rua 28 de Setembro, 196. Os sócios da firma são os srs. João Jorge Corrêa e Alfredo Marques de Carvalho Dias.

Fábricas Freitas Dias - Fundado em 1896, este estabelecimento industrial, de propriedade dos srs. J. S. de Freitas & Cia., é hoje um dos maiores e mais importantes no gênero, entre todos os do Norte do Brasil. Ocupa uma área de 6.000 metros quadrados, além de dois depósitos que possui - um de 2.000 metros quadrados e outro de 800 metros quadrados - e fica situado à Travessa Benjamin Constant, 17 a 33.

Casa edificadora, possui, além daquela destinada ao aparelhamento de madeira, mais 4 importantes seções: carpintaria, ferraria, pregaria e marcenaria. A primeira se compõe de 24 máquinas; a ferraria tem ao seu serviço 5 máquinas; no serviço de fabricação de pregos estão empregadas 17 máquinas.

Todo este maquinismo é acionado a vapor, sendo o respectivo motor proveniente dos fabricantes Thomas Robinson & Son, de Rochdale (Inglaterra), assim como a maior parte das máquinas, sendo outras americanas (de J. A. Fay) e algumas alemãs.

A seção de marcenaria, acionada a eletricidade, consta de 12 máquinas, todas francesas. No serviço interno ocupa este estabelecimento 140 operários e no externo (de construções) para mais de 200. O valor do seu edifício, inclusive terreno e maquinismos, é de 800:000$000. São seus fundadores os srs. José Soares de Freitas, chefe da firma, Alfredo Ferreira Dias e Antonio Francisco Pereira.

Esta casa importa diretamente das praças da Europa e Norte América os materiais de seu uso (fora aqueles de produção local), tendo um grande sortimento de ferragens, tintas, objetos sanitários, cantaria etc., além de ser o maior depósito de madeiras da região amazônica. Possui também, recentemente instalada, uma estufa para secar madeira.

As construções acham-se a cargo do proficiente arquiteto sr. Josué Amaral. Desde 1907 mantém em Manaus uma casa filial com grande depósito de materiais,principalmente pinho importado dos Estados Unidos da América do Norte e madeiras de primeira qualidade da região amazônica.

Esta casa, que também é considerada uma das primeiras do lugar, pelo seu avultado sortimento e concorrência de fregueses, acha-se instalada à Rua dos Andradas nº 30.

Companhia de Pesca Paraense - Esta companhia foi organizada em fins de 1911, com um capital nominal de Rs. 500:000$000, dos quais Rs. 300:000$000 realizados. Dispõe a companhia de um navio com 25 metros de comprimento, provido de instalação frigorífica, luz elétrica e motores a petróleo de 160 hp. Atualmente, acham-se em construção dois outros vapores maiores, tencionando a empresa estender as suas operações pelo Rio Amazonas até Manaus.

A companhia tem, em terra, depósito frigorífico, e projeta fazer a conserva, salga e defumação de peixe. O gerente é o sr. J. L. de La Rocque.

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A. F. de Souza & Cia.
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Comércio

Livraria Universal - Os srs. Tavares Cardoso & Cia. são os proprietários da Livraria Universal, o melhor estabelecimento para a venda de livros, artigos de escritório e para trabalhos de impressão, em Belém do Pará. A Livraria Universal foi estabelecida em 1868 e nos 44 anos de sua existência tem acompanhado o desenvolvimento da cidade.

Neste período, da mesma forma por que se desenvolveu o comércio da cidade, assim também a livraria não pôde mais se confinar no antigo edifício em que começara; e em 1908 passou a ocupar o presente grande edifício, especialmente construído para esse fim.

A firma tem sempre um grande estoque de livros, que importa diretamente da Europa e América do Norte, tendo sempre as últimas novidades em romances etc. A sua tipografia é muito bem montada e os trabalhos executados são de primeira ordem. A sua freguesia é constituída pelo comércio e indústria locais e pelo governo, que aí manda imprimir livros e panfletos. Os sócios da firma são os srs. E. Tavares Cardoso, E. Menezes Cardoso e João Augusto Pato Junior.

A. F. de Souza & Cia. - A casa bancária Santos Sobrinho, fundada em 1900 e hoje propriedade dos srs. A. F. de Souza & Cia., é estabelecida no Pará, à Rua 15 de Novembro, 42. O atual capital desta casa é de Rs. 700:000$000, havendo, além disso, um fundo de reserva de Rs. 390:425$000.

Esta firma de banqueiros e consignatários de navios possui um vapor de 200 toneladas, denominado Brito, e mantém uma linha de navegação para o interior. O número de saques emitidos em 1911, número que subiu a 35.000, mostra bem a extensão do seu movimento bancário. Recebe em larga escala do interior borracha, cacau etc. São seus sócios solidários os srs. Floriano Bernardo de Brito, Antonio Ferreira de Souza e Angelo Gouveia Cardoso.

Opera esta firma em cobranças, cartas de crédito, ordens telegráficas etc.; compra e vende moedas de toda a espécie; emite saques para diversos países. Opera por intermédio dos seguintes banqueiros: em Londres, The Anglo Foreign Banking Co. Ltd., Lloyds Bank Ltd. e o Dresdner Bank; em Paris, Crédit Lyonnais e Louis Dreyfus & Cia.; em Hamburgo, Commerz und Disconto Bank; em New York, New York Produce Exchange Bank; em Milão, Credito Italiano; em Madrid, Garcia Calamarte & Cia. e J. Salcedo Hijo & Cia.; em Barcelona, Garcia Calamarte & Cia.; em Orense, Pedro Romero & Hermanos; em Lisboa, José Henriques Totta & Cia.; no Porto, J. M. Fernandes Guimarães e Borges & Irmão; na Madeira, Rocha Machado & Cia.; em Barbados, Hänschell & Cia.; no Rio de Janeiro, Banco da Província do Rio Grande do Sul e Banco Español del Rio de La Plata; em São Paulo e Santos, Banco Español del Rio de La Plata; em Pernambuco, Banco do Recife; no Ceará, Banco do Ceará e Boris Frères; em Camocim, Nicolau & Carneiro; no Maranhão, Jorge & Santos; em Santarém, Marques Pinto & Cia.; em Manaus, Banco Amazonense; em Teresina, Oliveira Pearce & Cia.; em Itacoatiara, Abdias de Paiva; em Óbidos, Calderaro Mileo & Cia.; em Parintins, Vieira Irmão & Cia.; em Alenquer, José da Costa Homem.

Zarges, Berringer & Co. - Esta firma de banqueiros, negociantes e exportadores, foi estabelecida em janeiro de 1912, com um capital de Rs. 2.400:000$000 (£160.000), e é uma das mais importantes casas do Pará. A firma tem também uma sucursal em Manaus, com a denominação de Zarges, Ohlinger & Cia.

No Pará, a firma adquiriu a casa comercial estabelecida em 1879 pelos srs. Schramm & Cia., firma esta que teve sucessivamente as denominações de Pussinelli, Presse & Cia.; Cmok, Pruesse & Cia.; Cmok, Schrader, Gruner & Cia.; e em Manaus a firma adquiriu a casa comercial estabelecida em 1855 pelos srs. Schramm & Cia.

Os srs. Zarges Berringer & Cia. fazem toda a sorte de transações bancárias, tais como cobranças no Pará e em Manaus; emitem cartas de crédito e ordens telegráficas para todos os países; fazem saques sobre Londres, Paris, Hamburgo, Berlim, Nova York, Antilhas, e sobre as cidades mais importantes de Portugal, Espanha, Itália e Brasil.

São correspondentes dos seguintes bancos da Argentina, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Chile, Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Itália, Madeira, Portugal, Peru e Uruguai: Banco Español del Rio de La Plata, Banco Alemão Transatlântico, The British Bank of South America Ltd., Anglo Oesterreichische Bank, k.k.priv., Boemische Union Bank, k.k. priv., Oesterreichische Laenderbank, Wiener Bankverein, Crédit Anversois, Banco da Província do Rio Grande do Sul, Banco do Comércio de Porto Alegre, Banco do Estado de Alagoas, Banco do Recife, Banque Française et Italienne pour l'Amérique du Sud, Brasilianische Bank für Deutschland, Deutsch Sudamerikanische Bank A. G., Oliveira, Neves & Cia., Salgado, Rogers & Cia., Anglo Austrian Bank, Deutsche Bank (Berlim) Agência de Londres, Direction der Disconto Gesellschaft, Dresdner Bank, J. Henry Schröder & Cia., Samuel Montagu & Co., Seligmn Brothers, Swiss Bankverein, The London City & Midland Bank Ltd., Comptoir National d'Escompte de Paris, Crédit Lyonnais, Heine & Cia., Barmer Bankverein, Barmen, Commerz & Disconto Bank, Hamburgo; Deutsche Bank, Berlim; Deutsche Ueberseeische Bank, Berlim; Direction der Disconto Gesellschaft, Berlim; Joh. Berenberg Gossler & Co., Hamburgo; L. Behrens & Soehne, Hamburgo; Mitteldeutsche Creditbnk Frankfurt a/M.; Norddeutsche Bank de Hamburgo; The Standard Bank of South Africa Ltd., Hamburgo; Central Bank A. G. Hamburgo; Banque Labouchere Oyens & Co., Amsterdam; Banca Commerciale Italiana; Blandy Brothers & Co.; Rocha Machado & Cia.; J. M. Fernandes Guimarães & Cia., Porto; José Henriques Totta & Cia., Lisboa; American Express Co.; H. B. Hollins & Co., Nova York; The Bank of New York, N. B. A.; The Bank of the Manhattan Co.; The Chase National Bank; The Mechanics & Metal National Bank, de Nova York; The National City Bank, de Nova York; The National Park Bank, de Nova York; Haenschell & Co., Barbados.

A firma dos srs. Zarges Berringer & Cia. é a maior exportadora de borracha, cacau e outros produtos da Amazônia, sendo as suas exportações feitas por conta de Heilbut & Co., de Londres e Liverpool; Arnold & Zeiss, de Nova York, Boston e Akron; Ponchin, Dusendschoen & Cie., Paris e Bordéus; Fleischmann & Cia., Antuérpia; e Hermann Marcus, Hamburgo.

Durante o ano de 1911 a firma exportou do Pará e Manaus um total de 14.656.028 quilos de borracha de várias qualidades para a Europa e Norte América, sendo a maior exportação de qualquer das outras firmas de apenas pouco mais de um terço daquele total. No primeiro semestre de 1912, as exportações da casa subiram a 8.953.700 quilos, ou cerca do dobro das de qualquer outra firma.

Em sua seção de navegação, os srs. Zarges, Berringer & Cia. são agentes gerais da Hamburg Amerik Linie e da Hamburg Sudamerikanische Dampfschifffahrts Gesellschaft, as quais fazem um serviço regular de vapores entre Hamburgo e os portos do Norte do Brasil.

Os sócios solidários da firma são os srs. Emil Albert Zarges (Manaus), Christian Adolf Franz Berringer (Pará), Hugo Ohliger (Manaus); são sócios interessados da firma os srs. Heilbut, Symons & Co., de Londres e Liverpool. O sr. C. A. F. Berringer é cônsul do Império Alemão e cônsul da Holanda no Pará; e o sr. E. A. Zarges é cônsul do Império Alemão em Manaus. Em outra seção desta obra se encontrará uma notícia minuciosa sobre a sucursal desta firma em Manaus.

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Zarges, Berringer & Cia.: 1) O interior do escritório; 2) A sede do estabelecimento; 3) Seção de Navegação
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A. Chermont - O sr. A. Chermont, engenheiro civil e capitão-tenente da Armada, é agente da Companhia Lloyd Brasileiro no Pará. A companhia mantém uma linha entre o Rio de Janeiro e as cidades de Pará e Manaus, e outra entre Paysandú e Manaus com escala pelo Pará, de sorte que os vapores do Lloyd tocam semanalmente no porto de Belém, onde possui a companhia depósitos de carvão, para abastecimento a seus vapores.

O sr. A. Chermont acha-se ao serviço do Lloyd há muitos anos, tendo já sido, durante 5 anos, superintendente da companhia, em comissão, nas diversas agências.

La Rocque, Pinho & Cia. - Esta empresa é proprietária do mercado de ferro de Ver o Peso, para venda de peixe na cidade de Belém do Pará. A construção deste mercado importou em Rs. 1.200:000$000, ficando concluída em 1899.

Os srs. La Rocque Pinho & Cia. têm contrato com a Municipalidade para a exploração do mercado pelo prazo de 30 anos, findo o qual reverterá o mercado para o município. Por esse contrato, tem a empresa, como renda, os aluguéis cobrados no mercado e o produto de um imposto sobre todo o peixe que vem ao Pará. O gerente é o sr. J. L. de La Rocque.

J. Marques - Belém do Pará, porto de saída para todo o enorme vale do Amazonas, possui muitas casas importantes, que operam sobre os produtos do interior, os quais vêm ao litoral por aquela grande rede fluvial brasileira. Entre estas casas, uma das mais importantes é a do sr. J. Marques. Foi ela fundada em 1890 e faz um movimento muito considerável na exportação de borracha, couros, camaru, copaíba e outros produtos da região do Amazonas. Estes produtos são comprados pela firma no interior e exportados para a Europa e América do Norte, onde são prontamente vendidos. O escritório da firma fica situado no Bulevar da República, 7 e 8.

Steiner, Martins & Cia. - Esta importante firma paraense, sucessora da firma Luiz Martin & Cia., foi estabelecida em 1912. Os srs. Steiner, Martin & Cia. representam no Pará as seguintes firmas ou empresas: E. Dreher, Porto Alegre; Companhia de Seguros Interesse Público, Bahia; Vieira Morem Gomes, Porto Alegre; Maristany Junior, Porto Alegre; H. Cardoso, açúcar, Pernambuco; S. Meira, açúcar, Pernambuco; Madeira Borges, açúcar, Pernambuco; Ornstein & Cia., café, Rio de Janeiro; Zenha Ramos & Cia., Rio de Janeiro; Moinho Santista, Santos; Ernesto A. Bung & Born, Buenos Aires; R. Tavares & Cia., saladero, Uruguai; Carlos Tavares, charqueada, Quaraim, Rio Grande do Sul; Anaya & Irigoyen, charqueada, Santana do Livramento, Rio Grande do Sul; Nestlé's Milk, Londres; R. P. Houston, Liverpool; La Panvaga, Paris; John Schubach & Sohn, Hamburgo; Augusto Freitas & Cia., Hamburgo; Adriano Ramos Pinto, Porto; Frenn Balon, vermute, Turim; Fonseca Araujo, bacalhau, Lisboa; J. H. Andersen, Porto; C. N. E. Morton, Londres; Ph. W. Heymnn, conservas, Copenhague; Bento Cunha Matosinhos, vinhos; Korabk & Müller, Praga; Hojer Frères, Marselha; E. Morer, Nova York; W. E. Peck, Nova York.

Leite & Cia. Incorporated - Esta importante firma aviadora, com sede social em Dover, Delaware, Estados Unidos da América do Norte, foi fundada em 1909. Possui a firma uma filial em Nova York e uma sucursal no Pará, estabelecida à Travessa de S. Matheus.

O comércio da firma consiste na exportação de gêneros e mercadorias para o interior da Amazônia, donde recebe borracha, que geralmente vende na praça de Belém. Para o transporte de suas cargas, possui a companhia dois vapores.

O presidente da companhia é o sr. Adelino A. Ferreira, que também é presidente da Companhia de Seguros Comercial, com sede em Belém.

Pires Teixeira & Cia. - Esta importante casa bancária e exportadora de borracha, couros, gomas etc. fica situada à Travessa Marquês de Pombal, 8 e 9. Foi fundada em 1881 e tem atualmente como sócios os srs. João Pires Teixeira, residente na Europa, e seu filho Arthur Pires Teixeira.

As exportações desta firma são principalmente feitas para a Inglaterra, França, Estados Unidos e Portugal, onde tem como correspondentes: na Inglaterra, Pinto Leite & Nephews, Londres, e R. Singlehurst & Co. Ltd., Liverpool; em França, E. Raoul Duval & Cie., e I. Oppenheimer, ambos no Havre; em Portugal, José Henriques Totta & Cia., e Guimarães & Neves, em Lisboa; J. M. Fernandes Guimarães & Cia. e Borges & Irmão, no Porto; e João Pires Teixeira, em Melgaço; nos Estados Unidos, Hagemeyer & Brunn e Henderson & Corn, em Nova York.

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Solheiro Motta & Cia.: 1) Sede do estabelecimento; 2) O Uyara; 3) O rebocador Ypiranga; 4) O rebocador Cecilia
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General Rubber Company - A General Rubber Company of Brazil, fundada no presente ano de 1912, é um importante fator da indústria de borracha no Pará e Manaus. Esta companhia, quando se fundou, adquiriu os interesses comerciais da firma Gordon & Cia., do Pará e Manaus, a qual fazia largo negócio de borracha.

A companhia se limita a exportar borracha, vinda do interior, que envia para os Estados Unidos e para a Europa. O escritório central da General Rubber Company é em Nova York, tendo sucursais em New Jersey, USA, Londres, Liverpool, Pará e Manaus.

As exportações feitas do Pará pela firma foram, na colheita de 1908, 2.467 toneladas; na colheita de 1909, 1.448 toneladas; e na de 1910, 1.223 toneladas.

Soares Hermanos & Co. Ltd. - A sede social desta importante firma fica em Londres, sendo a sua casa principal, na América do Sul, em Cachuela Esperanza (Bolívia); tem também a firma filiais em Manaus e Pará. Importa esta casa, da Europa e América do Norte, uma grande variedade de gêneros, que, no Pará, são reembarcados para a Bolívia, onde possui vários estabelecimentos comerciais e extensos seringais.

Em 1911, a filial no Pará, que tem como gerente o sr. Carlos Lopez Larranagua, exportou para a Europa e América do Norte 211 toneladas de borracha.

Solheiro, Motta & Cia. - Esta conhecida casa importadora de carvão, estivadora e consignatária e proprietária de navios, foi fundada em 1870; a atual firma data de 1898. Os srs. Solheiro, Motta & Cia. importam anualmente de 50.000 a 60.000 toneladas de carvão, das marcas Cambrian, Naval, Hoods Merthyr e Albion, e, só neste ramo de seu comércio, fazem um movimento anual de Rs. 2.000:000$000.

Possui a firma um vapor que faz o serviço de passageiros e cargas no Amazonas e, para o movimento de carvão e outros gêneros de importação, dispõe de 4 rebocadores, 17 chatas e 3 pontões. Os srs. Solheiro, Motta & Cia. importam também em larga escala coque, ferro-gusa, âncoras, correntes, cabos de arame etc.

Atualmente são sócios solidários da firma os srs. Luiz Solheiro Figueira e Alberto Motta, os quais têm como sócio comanditário o sr. Luiz Solheiro.

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Guilherme Augusto de Miranda Filho: 1) Sede do estabelecimento; 2) O vapor fluvial Ceará, pertencente à firma; 3) O escritório
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Guilherme Augusto de Miranda Filho - A firma individual Guilherme Augusto de Miranda Filho é sucessora da firma Guilherme Miranda & Cia., uma e outra fundadas pelo sr. Guilherme Augusto de Miranda Filho, falecido em 11 de setembro de 1911.

O seu principal negócio tem sido a exportação de mercadorias diversas para o Rio Acre, donde recebe também borracha em larga escala; há cerca de oito anos, iniciou também esta casa a exportação de borracha para a Europa e Estados Unidos.

A firma também é proprietária dos importantes seringais Floresta e Glória, Esperança, Novo Encanto, Perseverança e Quixadá, os quais produzem, conjuntamente, 180 toneladas de borracha por ano. Para o serviço de transporte de mercadorias de seus fregueses, e para ocorrer às necessidades dos seus seringais, dispõe a firma de dois vapores, denominados Sertanejo e Ceará, 2 lanchas a vapor e 4 alvarengas.

Em virtude do falecimento do chefe da firma, a casa entrou em liquidação, para se proceder à partilha entre os herdeiros, continuando, entretanto, sob a gerência do filho mais velho do sr. Miranda, o sr. Abel de Gouvêa e Miranda, e do sr. Vicente Sucupira da Cunha Freire, os quais ocupavam já este cargo em vida do falecido fundador da casa.

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O Rio Pará, uma das bocas do Amazonas, entre Pará e o Atlântico
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Farmácia e Drogaria Cesar Santos - E uma cidade tropical, uma boa farmácia é uma das primeiras necessidades; a esse respeito, o Pará é muito bem servido pela Farmácia e Drogaria Cesar Santos, fundada em 1882. O estabelecimento é propriedade da firma Cesar Santos & Cia. e tem sempre um grande e variado estoque importado da Europa e América do Norte.

A firma tem principalmente uma grande variedade de drogas e especialidades farmacêuticas, aplicadas nos climas quentes e contra febres e outras doenças da região amazônica. O estabelecimento faz um largo movimento, vendendo não só na cidade, como também para o interior do estado do Pará. Exporta também para a Europa grande quantidade de ervas medicinais, que se encontram no vale do Amazonas.

Os sócios da firma são os srs. Arthur Cesar Santos Kós, Manoel José Fernandes, Benedicto Nobrega Passarinho, e d. Adrianna Lyra Castro, esta última comanditária.

A. Mourão & Cia. - Este importante armazém de fazendas e miudezas foi fundado em 1885. A atual firma A. Mourão & Cia. é sucessora dos srs. J. M. Soares & Cia. O estabelecimento fica situado à Rua 15 de Novembro, 57 e 59, onde recebe as suas mercadorias, da Europa, América do Norte e Sul da República.

Os srs. A. Mourão & Cia. fazem um movimento avultado de vendas por atacado, negociando localmente, para o interior do estado e para os estados do Amazonas e Maranhão.

Os sócios da firma são os srs. Antonio Pires Guedes Mourão, comanditário, e Domingos Rufino de Azevedo Mourão e José Rufino, solidários.

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Moreira Gomes & Cia.
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Moreira Gomes & Cia. - Este importante armazém de ferragens e casa bancária, propriedade dos srs. Moreira Gomes & Cia., sucessores de Joaquim Nunes da Silva Matta & Cia., foi fundado há mais de 60 anos. Em seu armazém tem a firma sempre um grande sortimento de todos os artigos de ferragens, cutelaria, armas, rifles, garruchas, cimento, telhas, tintas, óleos etc., que importa da Europa e Norte América.

Em sua seção bancária, saca a firma sobre todas as praças do Brasil, Europa e Estados Unidos da América do Norte. Vende também ouro e papel-moeda e efetua toda a sorte de operações bancárias. A sede da casa é no Pará, à Rua 15 de Novembro, 7.

Teixeira Martins & Cia. e Figueira & Cia. - Entre as empresas comerciais a que mais deve a opulenta e progressista capital paraense, no que diz respeito a melhoramentos materiais da cidade e instalação de centros de diversões, estão decerto as dos srs. Teixeira, Martins & Cia. e Figueira & Cia., justamente reputadas pelo seu amor ao progresso e pela audácia ianque das suas iniciativas.

A elas já deve a cidade de Belém os seus três melhores cinematógrafos - o Olympia, o Odeon e o Rio Branco - edifícios admiravelmente instalados sobre antigos prédios velhos e mal construídos, que outrora afeavam a cidade e hoje deram lugar a esses focos de movimento social e de vida.

Empenhados em dotar a capital com outros melhoramentos, os srs. Teixeira Martins & Cia. e Figueira & Cia. resolveram ultimamente levar a efeito duas outras empresas ainda de maior monta: um hotel luxuoso e moderno - o Grande Hotel - digno dos progressos e da riqueza da cidade; e um teatro - o Teatro de Variedades - de que os proprietários pretendem fazer o ponto obrigatório de reunião noturna para a população paraense.

Para dar às suas novas empresas um cunho perfeitamente moderno, tornando-as comparáveis às suas congêneres da Europa e América do Norte, os srs. Teixeira, Martins & Cia. e Figueira & Cia. não poupam esforços nem sacrifícios, tendo começado por adquirir o terreno ocupado pelo velho e sombrio Polytheama, que puseram abaixo, fazendo assim desaparecer da cidade mais um dos elementos que a afeavam.

De arquitetura moderna e feição elegante, o Grande Hotel, que ocupará toda a frente do quarteirão pela Praça da República e toda a Rua Carlos Gomes, onde será repetida a mesma fachada que ostenta por aquela praça, indo até à Travessa Primeiro de Março, será dotado de todos os aperfeiçoamentos modernos. Dois elevadores elétricos, além de amplas escadarias, serão instalados para acesso até ao terceiro andar; além de cerca de 150 quartos, nos andares superiores haverá mais: salão de banquetes, sala de refeições, sala de recepções, salão de leitura e completa instalação sanitária de primeira ordem.

No pavimento térreo, que vai ser todo trabalhado a gesso e finos mosaicos, serão instalados um grande restaurante, patisserie, bares, cafés, uma barbearia modelo, agência de jornais, revistas, telégrafos e correio e uma cuidadosa sala de engraxadores. A mansarda, que o edifício ostenta, será revestida de ardósia, que lhe dará ainda muita graça e imponência.

O teatro, cuja construção está confiada a uma importante casa de Inglaterra e que deverá ficar pronto até o fim de 1913, obedecerá em tudo às construções no gênero adaptadas ao clima do Pará, entrando na sua feitura um misto de ferro, vidro e cimento armado. Terá uma grande platéia, frisas, uma ordem de camarotes, balcão e vasto promenoir, podendo acomodar em tudo para mais de 2.000 pessoas.

Os terrenos que lhe ficam em volta serão transformados em espécie de jardim de inverno, com saídas pela Praça da República e ruas Carlos Gomes e Macapá. A empresa projeta instalar no jardim bares e certas diversões sobre as quais ainda guarda reserva. Ao vestíbulo, será dada particular atenção. Além duma decoração toda especial, a gesso, ouro e finos mosaicos, ostentará o vestíbulo, à entrada, sobre o largo passeio da rua, uma custosa marquise de vidro de feérica iluminação, cujo conjunto produzirá decerto um magnífico e deslumbrante efeito.

O Teatro de Variedades ocupará exatamente o lugar do antigo Polytheama, desligado do Grande Hotel por uma artística passagem de ferros e vitrais. O Teatro funcionará todas as noites e nele deverão trabalhar companhias de operetas, revistas, zarzuelas, ginástica, cinematógrafos, enfim, todo e qualquer gênero de variedades; tudo, porém, a preços populares.

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