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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [42]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 872 a 878, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Panorama da cidade da Bahia, vista do velho forte holandês
Foto publicada com o texto, páginas 872-873. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Estado da Bahia

Quanto ao tamanho, o estado da Bahia ocupa o sétimo lugar, entre os demais estados do Brasil, com uma área de 426.427 quilômetros quadrados. Está limitado por Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Piauí, ao Norte; por Goiás, a Oeste; por Minas e Espírito Santo, ao Sul; sendo, na parte de Leste, banhado pelo Oceano Atlântico. O seu litoral é mais extenso que o de qualquer dos outros estados da União, pois compreende mais de 1.000 quilômetros, desde a embocadura do Rio Real ao Norte, até a foz do Mucuri ao Sul.

O soberbo Rio S. Francisco, que corre pelo meio do estado, a Oeste, e depois, no Norte, toma a direção de Leste, é navegável em uma distância de 650 milhas. Desde o Rio Real até Itapoã, corre, paralelamente à costa, uma série de bancos de coral, que só se interrompem onde os rios os forçam a abrir-lhes passagem para o mar.

O porto principal é a Bahia de Todos os Santos, um dos melhores e mais seguros ancoradouros do Brasil. A distância que vai da barra ao fundo da baía é de 43½ milhas (70 quilômetros), havendo igual distância entre a margem oriental e a foz do Paraguaçu, que, do lado de Oeste, se lhe defronta. Quase na extremidade Sul do estado encontra-se Porto Seguro, o primeiro lugar do Brasil onde os portugueses desembarcaram, existindo um pouco mais ao Sul, entre a costa e os bancos de coral, algumas ilhas, que formam um arquipélago. Ao longo desta porção do litoral, encontram-se valiosos depósitos de areias monazíticas, em Prados.

O estado, em sua totalidade, está situado na zona tórrida meridional, sendo o seu clima quente, com uma temperatura média de 82,4º Fahrenheit, no verão, e 75,2º no inverno. Dominam o litoral os ventos que sopram de Leste e de Nor-Nordeste, enquanto que no interior predomina o vento Norte, quando o Sol está no Norte; e quando este astro declina para o Sul, a costa é visitada pela brisa de Sudoeste e o interior pelo vento Sul. As estações diferem pela intensidade e freqüência das chuvas, estendendo-se o período das secas, geralmente, de maio a novembro.

Como adiante veremos, a Bahia é um território maravilhosamente rico e, até agora, muito pouco explorado. Tão grande como a França, tem uma população 15 vezes menor do que a desse país, população essa calculada, em 1911, em 2.300.000 habitantes.

Pelo seu relevo, a Bahia consiste em uma faixa oriental de terras baixas, em dois planaltos que se elevam de Sul para Norte, e estão separados pelo Rio S. Francisco. A sua formação geológica é de molde a fazê-la extraordinariamente rica em minerais. Com exceção do S. Francisco, todos os rios da Bahia correm no sentido transversal, seguindo, na direção de Leste, diretamente para o mar. Todos esses, porém, são incomparavelmente inferiores, em extensão e volume, ao imenso São Francisco, que corta a Bahia de baixo para cima, numa extensão de 1.332 quilômetros dos 2.900 de seu curso, sendo navegável em quase todo o seu percurso em território baiano. Belos navios pertencentes ao governo fazem por ele e seus afluentes viagens regulares, entre Juazeiro, quase na fronteira de Pernambuco, e Pirapora, quase no centro de Minas Gerais.

Depois do São Francisco, o rio mais importante da Bahia é o Paraguaçu, que, com o nome de Paraguaçuzinho, nasce na Serra do Cocal, e depois de um curso subterrâneo de algumas milhas, toma o nome de Paraguaçu e deságua na Baía de Todos os Santos. O seu curso é muito desigual e, até Cachoeira, interrompido por várias cachoeiras. Nesse ponto, começa a navegação regular por meio de vapores, que vão até a capital da Bahia.

Os outros rios importantes são o Jaguaripe; o Jequitinhonha, que nasce no estado de Minas e é navegável em um percurso de 84 milhas; e o Mucuri, que, nascendo no estado de Minas, é o mais meridional dos rios da Bahia, a que serve de limite com o Espírito Santo, também navegável na maior parte do seu curso.

Mais de metade da Bahia está ainda coberta de florestas virgens que contêm magníficas madeiras. Estas florestas estão a uma distância de 8 ou 9 dias da Europa e, sem dúvida, em breve, assumirão grande valor.

De espaço a espaço, encontram-se nessas florestas grandes clareiras que constituem campos e oferecem excelentes pastagens o gado. Estes campos, em alguns lugares, cobertos de ervas e chamados catingas, estão muito sujeitos às secas. Entretanto, em toda a extensão das margens do São Francisco as chuvas caem regularmente.


1) Dr. J. J. Seabra, governador da Bahia;

2) Dr. Arlindo Fragoso, secretário geral do Estado da Bahia
Foto publicada com o texto, página 874

História

De viagem para as Índias, Pedro Álvares Cabral avistou, em 1500, o monte Pascoal, na costa da Bahia; e com o fim de obter água e lenha, para os navios de sua frota, mandou que um de seus pilotos fosse procurar lugar onde os barcos pudessem ancorar. Encontrou-se então uma baía, que deu ancoragem tão segura aos navios que Cabral resolveu batizá-la com o nome de Porto Seguro. Seis dias depois, daí partiu, para prosseguir a sua viagem; e nunca mais voltou à terra que descobrira.

Em 1503, uma expedição de que fazia parte o grande navegador florentino Américo Vespúcio veio, sob o comando de Cristóvão Jacques, explorar o litoral do Brasil, descobrindo então, em 1º de novembro, a baía que recebeu o nome de Todos os Santos. Daí partiu a expedição para Porto Seguro, em cujas imediações foi fundada a primeira povoação do Brasil, a qual recebeu o nome de Santa Cruz.

Pouco tempo depois, em 1526, navegadores franceses penetraram na baía de Todos os Santos,onde caíram prisioneiros de portugueses que andavam em explorações pelas costas brasileiras e os quais meteram a pique os navios franceses.

Só em 1549 foi fundada a cidade da Bahia, quando Tomé de Souza ali chegou, com funcionários, padres e 4.000 pessoas, a fim de exercer o cargo de governador geral do Brasil. Tomé de Souza fortificou a cidade e nela construiu vários edifícios; depois mandou vir dos Açores algum gado que constituiu a origem das imensas manadas que atualmente vagueiam por todo o Norte do Brasil.

Porque somente podemos tratar aqui dos fatos mais salientes da história relativa a este estado, passemos ao ano de 1570, quando um decreto real proibiu a escravização de índios, pelo que, em 1574, chegaram à Bahia e ao Brasil os primeiros negros, importados da África.

Talvez que em nenhuma outra parte este elemento da escravidão tenha deixado traço tão característico como na Bahia; pois, na capital desse estado, há, atualmente, mais pretos do que brancos. Em 1573, foi a sede do governo partilhada entre a Bahia e o Rio de Janeiro, que fica ao Sul, à distância de 720 milhas. Passados 18 anos, em 1591, contava a Bahia 2.000 brancos, 4.000 escravos negros e 6.000 índios já civilizados. No século XVII, sustentou a Bahia porfiada luta, para poder subsistir como colônia portuguesa, fazendo face ora aos franceses, ora aos ingleses e principalmente aos holandeses; prevaleceu, por fim, a tenacidade dos portugueses.

Em 1686, fez a sua primeira aparição na Bahia a febre amarela, esse flagelo que não está ainda totalmente extinto. Entretanto, há toda a razão de se esperar que, à semelhança do obtido no Rio de Janeiro, também ali se consiga em breve a extirpação completa do terrível mal.

Durante o século XVIII, a Bahia, ainda que lentamente, progrediu; mas, em 1763, tendo a população do Rio de Janeiro excedido a da cidade da Bahia, a sede do vice-reinado do Brasil foi transferida desta última para aquela cidade.

Por todo o século XVII, e até a sua expulsão em 1770, os jesuítas exerceram sobre o estado uma grande influência que, se algumas vezes foi benéfica, outras foi assaz funesta. Nesse período, teve o povo de sustentar numerosa cleresia. Esta modalidade primitiva ainda prevalece até hoje, pois a Bahia conta um número extraordinário de igrejas, sem falar da superstição que predomina no elemento negro. E tudo isto se passava, então, ao mesmo tempo que o sertão maravilhosamente rico era explorado, e grandes eram os desgostos dos que partiam em procura do ouro, da prata e do diamante, que tão grandes ambições despertavam.

Em 1811, achando-se estabelecida no Rio de Janeiro a Corte portuguesa, fundou-se, na cidade da Bahia, uma biblioteca com 3.000 volumes; e no ano seguinte, em 1812, inaugurou-se um teatro. Pouco depois, abria-se ali uma Praça de Comércio; e quase ao mesmo tempo se montava, também na Bahia, a primeira máquina a vapor conhecida no Brasil, para a fabricação do açúcar. Naquele tempo, já estava firmada a reputação da Bahia como centro açucareiro. Em 1817, o banco fundado no Rio de Janeiro, por d. João VI, abriu uma sucursal na Bahia.

Em 1822, com a proclamação da Independência do Brasil por d. Pedro I, coube à Bahia ser teatro de uma luta sanguinária, na qual se imiscuiu a esquadra sob o comando de lorde Cochrane. Isto determinou a expulsão das tropas portuguesas, depois do que, pela primeira vez, finalmente flutuou sobre os muros da cidade o pavilhão da nação brasileira.

Em 1824, foi a Bahia constituída em província autônoma, sob o governo de um presidente, nomeado pela Coroa. Desde aquela data até 1889, houve 51 presidentes, ou seja, um para cada 13 meses. Proclamada a República em 1889, a Bahia se tornou um estado autônomo, sob o governo do dr. Manoel Victorino Pereira, mais tarde vice-presidente da República.

Os 123 municípios em que o estado se divide são divisões territoriais que incluem uma cidade ou, pelo menos, uma vila importante, devendo ter uma população nunca menor de 15.000 habitantes. As Câmaras ou Conselhos Municipais são constituídas por um número de membros que varia de 7, no mínimo, a 15, no máximo, quando a população do município excede a 100.000 pessoas.

Julgamos necessário mencionar aqui apenas os municípios de maior população. São os seguintes, de acordo com o recenseamento de 1900, devendo se supor que os algarismos que lhes correspondem estejam atualmente muito aumentados:

Cidade da Bahia 205.813
Santo Amaro 85.845
Feira de Santana 63.473
Aratuípe 46.908
Caetité 45.346
Vila de São Francisco 45.199
Bom Jesus do Rio de Contas 38.582
Bom Jesus da Lapa 33.350
Conceição de Almeida 33.287
Condeuba 32.476
Inhambupe 32.193
Minas do Rio das Contas 30.237

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Aspectos de rua na Bahia
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Governo

A Constituição Nacional de 24 de fevereiro de 1891, que instituiu a forma republicana federativa, determinou que cada uma das antigas províncias constituísse um estado, cuja reunião formaria os Estados Unidos do Brasil.

Assim, a Bahia, que era uma das províncias imperiais, adquiriu a autonomia e direitos dum estado com independência e passou, a 2 de julho de 1891, a reger-se pela sua Constituição. Residindo no povo a soberania do Estado, ela se exerce pelos três poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário -, os quais guardam entre si independência e harmonia.

A forma do seu governo é republicana, federativa, democrática e representativa. O Poder Legislativo é delegado à Assembléia Geral, que se compõe de duas câmaras: Senado e Câmara dos Deputados. O Senado se compõe de 21 membros, e a Câmara de 42. O mandato legislativo da primeira é de seis anos, renovado pelo terço, bienalmente; e o da segunda, de dois anos. A sua reunião, independente de convocação, faz-se a 7 de abril de cada ano, funcionando três meses.

O Poder Executivo é delegado a um governador eleito por quatro anos, sendo seus substitutos: em 1º lugar, o presidente do Senado; em 2º, o da Câmara; em 3º, o do Tribunal de Apelação e Revista. O governador não é reelegível.

O Poder Judiciário é exercido por juízes e tribunais. São órgãos de administração de justiça: 1º, os juízes de paz, nomeados por eleição popular, por quatro anos, sendo reelegíveis. Têm jurisdição no distrito. Em cada distrito há quatro juízes de paz, que servem durante um ano, na ordem de votação obtida. Compete-lhes, principalmente, o processo e julgamento, em primeira instância, das ações mobiliárias até determinado valor.

Os juízes de Direito têm jurisdição em grandes circunscrições territoriais, chamadas comarcas. Divide-se o território do estado em 40 comarcas, distribuídas e classificadas em entrâncias. As comarcas se dividem por sua vez em termos, cuja jurisdição é exercida pelos preparadores. Os preparadores são juízes nomeados pelo governo, por quatro anos, tendo os seus suplentes, sem concurso. Os juízes de Direito são nomeados pelo governo, mediante concurso; o cargo é vitalício. Acima dos juízes de Direito há o Tribunal de Apelação, que é composto de doze conselheiros.

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Inauguração do Cais do Ouro pelo presidente marechal Hermes da Fonseca
Foto publicada com o texto, página 876. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Indústria e Agricultura

Entre os produtos e indústrias da Bahia, além das madeiras e da maravilhosa riqueza mineral, devem ser mencionadas plantas medicinais de grande valor terapêutico, tais como: o manacá, de cujas folhas, hastes e raízes, se extrai um mercúrio vegetal; a araroba, a qual fornece excelente pó cáustico, que, sob o nome de pó de Goa, se vende na Europa; o bálsamo de copaíba; diversas espécies de plantas oleaginosas; a mamona; a carnaúba e o coqueiro da Bahia, que fornece a fibra usada na manufatura de escovas e vassouras.

Das cascas dos cocos esculpidas fazem-se contas de rosário, cruzes e outros objetos, alguns lindamente trabalhados; e a amêndoa, noz, ou propriamente o coco, dá um bom óleo de lubrificação. As indústrias hortícola e agrícola estão sendo vastamente difundidas no fértil vale do São Francisco, onde a plantação das sementes assegura colheitas certas.

O fumo na Bahia produz em 3 meses e assegura 3 ou 4 colheitas anuais. Calcula-se que a produção do fumo, por hectare, sendo superior a 3.000 quilos, produz uma venda nunca inferior a 2 contos de réis. A produção anual de todo o Estado é superior a 35.000 toneladas, das quais 23.000 são destinadas à exportação e têm um valor comercial de mais de Rs. 18.400:000$. Ficam no estado 12.000 toneladas para o abastecimento da indústria local.

Os principais centros produtores de fumo, que também são importantes lugares de tal indústria, são os seguintes: Alagoinhas; Cachoeiras; Canavieiras, com 2 fábricas de cigarros e charutos; Coração de Maria; Cruz das Almas, onde há 14 casas especialmente destinadas à compra de todo o fumo que aparecer, por conta de fábricas da Alemanha; Feira de Santana, com 8 casas nas mesmas condições; Jequiriçá; Juazeiro, com 4 fábricas de cigarros e charutos; Lages, com 3 grandes armazéns destinados à compra de todo o fumo produzido no próprio município e adjacentes; Maragogipe, com 3 importantes casas comissárias de fumo, e 4 fábricas de cigarros e charutos; Nazareth, com 5 casas exportadoras; Santo Antonio de Jesus, que, por meio de 14 casas, exclusivamente ocupadas no comércio de fumo, exporta anualmente 300 a 400 mil fardos de fumo em folha; S. Felix, que tem 3 grandes fábricas de charutos e 20 estabelecimentos para beneficiar o produto das lavouras do estado; e isto sem falar em dezenas de outros pontos em que tal indústria, tendo grande importância, não tem, entretanto, a intensidade que apresenta nesses municípios.

Devido talvez à indústria mineral ou a outras lavouras, que parecem dar maiores proveitos do que a cultura do café, não tem essa preciosa rubiácea merecido dos baianos a atenção que deveria merecer, dadas as enormes áreas de terrenos adaptáveis ao seu plantio.

Embora, provavelmente, a sua produção jamais possa chegar aos algarismos grandiosos que apresenta o estado de S. Paulo, é certo, todavia, que a Bahia pode e deve ser considerada um dos estados cafeeiros do Brasil. Esta planta, no estado, produz o grão aos 3 anos de idade; e depois dos 4 anos, cada cafeeiro dá 3½ quilos na média, resultado que se poderá sustentar por mais 25 anos, pois existem em Maragogipe e Santo Antonio de Jesus extensos cafezais, cujo plantio data de 30 anos e, entretanto, mantêm essa elevada produção.

A exportação média anual pode ser calculada em 436 mil sacos, no valor aproximado de Rs. 25.000:000$. Os principais centros cafeeiros do estado são: Maragogipe, que exporta anualmente mais de 150.000 sacas e mantém 12 opulentas casas comerciais que vivem exclusivamente da exploração do café; Santo Antonio de Jesus, com uma venda anual de 110.000 sacos e 10 casas exportadoras; os municípios de Alagoinhas e Areia; Ituaçu, com importante engenho central; Lage, com notável armazém de exportação; Nazareth, com 5 casas comissárias; Canavieiras, com 3 depósitos de exportação; Palmeiras, com 10 fazendas cafeeiras; Patrocínio de Coité, com 5 fazendas; e S. Felix, que não só recebe muito café dos municípios vizinhos, como também já o produz em notável qualidade.

Desde que, em 1549, Tomé de Souza, o primeiro governador do Brasil, mandou vir, dos Açores e da Ilha da Madeira, as primeiras mudas de cana, que foram distribuídas e plantadas pelas então capitanias da Bahia de Todos os Santos, Ilhéus e Porto Seguro, a indústria açucareira se estabeleceu no território baiano, e, ainda que nem sempre tenha apresentado um máximo de progresso, é certo que jamais deixou de ser indústria de grande importância.

Tão apropriadas à cultura da cana como as terras de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e a baixada do Rio de Janeiro, as terras da Bahia poderiam produzir o açúcar necessário às necessidades de toda a Europa, se fossem devidamente cultivadas por processos racionais e aperfeiçoados. Mas, nessas terras, onde não há necessidade de renovar o plantio da cana, cujas touceiras têm uma vitalidade de 4 a 10 anos; onde o estrume não chega e a charrua é raramente conhecida, toda a lavoura se cinge, atualmente, aos mesmos 30.000 hectares já cultivados no tempo da escravidão.

Não obstante esse relativo abandono, ainda a Bahia produz 36.198.700 quilos de açúcar e alguns milhares de pipas de aguardente, do valor total de Rs. 10.000:000$, sendo que mais de 7.000.000 quilos de açúcar são destinados à exportação e o resto ao consumo local.

Quase todos os municípios do estado se ocupam, mais ou menos, da lavoura da cana para a fabricação do açúcar e da rapadura, da aguardente e álcool. Mas os municípios em que mais avulta a indústria da cana-de-açúcar são os seguintes: Alagoinhas; Areias, com 3 alambiques; Belmonte, com 2; Bomfim, 3 alambiques, 1 engenho a vapor e 2 engenhos, sistema Stamato; Camamu, 1 alambique e grande fabricação de rapaduras; Campo Formoso, 3 engenhos, sistema Stamato; Condeúba, 6 engenhos; Cruz das Almas, 1 engenho central; Curaçá, 7 engenhos; Entre Rios, 10 engenhos; Galemeira, 3 engenhos; Irará, 4 fábricas de aguardente; Itapicuru, 8 engenhos e fábricas de aguardente; Ituaçu, 10 engenhos; Jaguaripe, 1 engenho; Jequié, 4 engenhos; Jequiriçá, 3 fábricas de aguardente; Juazeiro, 20 engenhos; Morro do Chapéu, 11 engenhos de açúcar e fabricação, em larga escala, de álcool; Mundo Novo, 30 fábricas de aguardente e muitos engenhos de açúcar; Nazareth, 8 engenhos e 3 alambiques; S. Francisco, 27 engenhos; Umburanas, 17 fábricas de aguardente. E ainda se deve citar a grande produção de cana de S. João do Paraguaçu, especialmente destinada à fabricação de rapadura.

Neste ubérrimo solo da federação brasileira, o algodão cresce espontaneamente, não se dando o proprietário da terra, na maior parte das vezes, a outro trabalho senão o da colheita da cápsula que envolve a valiosa fibra protetora da utilíssima semente. Mesmo assim, colhe-se no estado não só toda a fibra necessária para assegurar o funcionamento das duas grandes fábricas de tecidos e das diversas fiações que, em Valença, garantem a subsistência de mais de 1.500 pessoas, como também 270 toneladas que, depois de beneficiadas, são exportadas para os centros industriais do país.

O caroço de algodão é aproveitado na fabricação do óleo, que tem largo consumo no estado e fora dele. O bagaço já vai tendo aplicação, tanto para alimentação do gado, como para adubo dos jardins, hortas e pomares. Os principais centros algodoeiros do estado são: Ituaçu, que possui uma aperfeiçoada máquina de beneficiar algodão; Patrocínio do Coité, Prado e Santa Sé, onde se colhe quase todo o algodão consumido na Bahia; Umburitanas, que tem 32 fábricas dotadas de boas máquinas para descaroçar e melhorar a maior parte do algodão que se colhe em todo o estado.

A borracha está sendo exportada em quantidades cada vez maiores e, desde que haja mais facilidade de transporte, extraordinariamente aumentará essa exploração. Nos municípios do Sul, a lavoura do cacau prospera, sendo milhares de toneladas das sementes dessa malvácea anualmente exportadas. A mandioca dá por toda a parte; e a produção de mangas é maior do que em qualquer outro estado. Finalmente, o estado mantém, em pequena escala, a exportação de gado e chifres.

Pode-se afirmar que, quando as estradas de ferro oferecerem mais facilidades a estas indústrias; quando capitais suficientes nelas se empregarem; quando o suprimento de trabalhadores não for motivo de dúvida; todas elas terão grande desenvolvimento.

O estado se ufana de ser rico em minerais, tais como ouro, diamantes e, se versões correntes merecem fé, também a prata ali deve ser abundante. Todos estes minerais foram largamente explorados, há um século. Também são comuns os minérios de cobre, chumbo, ferro, manganês, grafite e monazite. Durante muito tempo, a lei que dava a propriedade das minas ao proprietário do solo impediu, de fato, a exploração; e a mineração ficou limitada ao esgaravatamento sem método da superfície ou à escavação de velhas lavras de aluvião. à exceção das minas de manganês e de monazite que estão em franca exploração, e alguns poucos de outros minérios que estão sendo tratados por processos regulares e científicos, as demais acham-se quase extintas.

Fundam-se, porém, grandes esperanças na nova lei de minas recentemente promulgada. Encontra-se ouro tanto no Norte como no Sul da Bahia, mas a sua exploração tem sido principalmente feita nas aluviões dos rios que nascem na Serra de Assuruá e nas chapadas que formam a divisória das águas dos rios Paraguaçu e Verde, que se lança no S. Francisco nas proximidades de Xique-Xique. Muito antes de 1843 se sabia da existência do ouro nessas serras, onde os diamantes também foram explorados em 1841. Em 1842, fez-se a mineração do ouro na Chapada do Coral, e, em 1840, no Rio das Contas, que corre paralelamente ao Paraguaçu.

Em 1845, houve grande entusiasmo entre os garimpeiros, despertado pela descoberta das lavras de diamantes em Lençóis, de onde mais de 400.000 quintais foram tirados, em valor superior a £700.000. Atualmente, Lençóis é uma grande cidade, onde impera, como principal indústria, a lavra dos diamantes; Arubá, Jacobina, Serra do Sincorá, os rios Eromadinho e Itapicuru, Glória, Rio das Éguas, Mandiocal, Mina do Fogo, Pambu, RIo Grande e a Serra de Ituba, são outros tantos pontos, onde se tem explorado ouro.

As minas mais ricas eram as do Gentio na serra de Assuruá, ainda exploradas por um processo rotineiro. Algumas pepitas muito grandes foram ali achadas em 1840, mas as tentativas de exploração dos terrenos de aluvião, em grande escala, têm falhado, até hoje, devido à raridade da água no local e à dificuldade de a fazer vir do Paraguaçu, em quantidade suficiente para a formação de correntes hidráulicas.

As lavras de Jacobina também eram muito ricas; e ali se estabeleceu uma repartição para a arrecadação de ouro, em 1726. Não se sabe da existência de prata em quantidade que mereça a exploração. O cobre é encontrado nas proximidades do Rio das Contas, na Cachoeira do Inferno e em outros pontos da Serra de Assuruá; todavia, atualmente, só é explorado nas minas de Caraíbas, perto de Jaguarari, que é uma das estações do Rio São Francisco. Dizem que estas minas são riquíssimas.

O manganês existe em muitos pontos do estado, mas os únicos depósitos atualmente em exploração são os de Nazareth, a pequena distância do mar. A lavra das minas de diamante prossegue com grande atividade, ainda que apenas sejam empregados processos primitivos. Estas pedras preciosas são encontradas principalmente nas cabeceiras dos rios Jequitinhonha, Contas e Paraguaçu.

Em 1821, foram encontrados diamantes na Serra de Sincorá; e em 1844 houve grande corrente de trabalhadores no Rio Mocugê, afluente do Paraguaçu, onde, ao que se diz, 30.000 pessoas se empenharam nesta indústria, até 1848. Também se têm encontrado e explorado diamantes em Aroeiras e Barra da Solidão, Cajueiro e Cotinguiba Grande; nos rios que nascem na serra do Andaraí; nas serras do Sincorá, Gagau e abaixo dos rápidos de Independência, perto da cidade de Paraguaçu.

Nas terras de Assuruá e Acauá, sem já mencionar outros pontos, encontram-se notáveis quantidades de chumbo. Minas de carvão, se existem, são, por enquanto, desconhecidas; mas, em Maraú e por toda a parte, se têm encontrado consideráveis depósitos de antracita, que estão sendo explorados, e utilizados os produtos da exploração, no fabrico do gás para suprimento de luz à cidade da Bahia, bem como para a extração do petróleo. O salitre existe na parte superior do vale do S. Francisco.

A rápida investigação que acabamos de fazer basta para mostrar que, quanto à riqueza mineral, a Bahia cede unicamente ao estado vizinho de Minas Gerais.

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Vistas da cidade da Bahia: 1) Rua das Princesas; 2) Entre a cidade Baixa e a Alta; 3) Cais do Ouro; 4) Parte da Cidade Baixa; 5) Outra vista da Cidade Baixa; 6) O Viaduto; 7) Pátio da Associação Comercial
Foto publicada com o texto, página 877. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Vias de comunicação

Além de comunicações regulares com o ultramar, possui a Bahia importante sistema de navegação fluvial interior, ao qual, atualmente, está subordinado o tráfego das estradas de ferro, que devem ser consideradas como elemento subsidiário.

A linha tronco deste vasto sistema é o Rio S. Francisco que, correndo a Oeste e ao Norte do estado, põe a Bahia em comunicação direta com o estado de Minas Gerais e com a Estrada de Ferro Central do Brasil; e, por meio de seus afluentes, que se dirigem para Oeste, estabelece comunicações entre a Bahia e Goiás.

Para vencer os obstáculos que a cachoeira de Paulo Afonso interpõe à navegação, construiu-se uma linha férrea, da capital a Juazeiro. Daí até Pirapora, que é o ponto terminal da Estrada de Ferro Central do Brasil, em Minas Gerais, a navegação é feita, em um percurso de 660 milhas, por vapores que mantêm um regular serviço de viagens semanais. Estes vapores arqueiam de 580 a 2.000 toneladas e são muito confortáveis.

Entre a capital e Cachoeira, Santo Amaro e Nazareth, há um serviço diário de vapores; e o Lloyd Brasileiro mantém um serviço de viagens semanais entre os diferentes portos da costa, tanto para o Norte como para o Sul. Contudo, o Rio S. Francisco será sempre  principal via de comunicação para as povoações ribeirinhas, e dele depende, sobretudo, o progresso e desenvolvimento dessas localidades.

De alguma forma, o São Francisco se assemelha ao Nilo, quando inunda as terras adjacentes no tempo das secas ou, com a evaporação de suas águas, determina copiosas chuvas; e tal como o rio africano, que é a Providência dos egípcios, o São Francisco banhará um dia a morada feliz de milhões de criaturas.

Do S. Francisco, diz sir Richard Burton: "Foi com um frêmito de alegria que me encontrei diante do glorioso rio do futuro, cuja largura, neste lugar (Pirapora), é na média de 700 pés. Nada, que se lhe possa comparar, tenho visto, depois da minha visita ao Congo Africano. Oportunamente, serão as suas margens niveladas; a sua corrente regularizada; e a grande artéria merecerá, então, a denominação de coelo gratissimus animus".

Colonização

A colonização do Brasil tem ocupado a atenção de sucessivos governos, desde os primitivos tempos coloniais; mas a primeira tentativa regular que se fez para o estabelecimento de colônias agrícolas foi em 1812, em Santo Agostinho, no Espírito Santo, tendo para isso vindo alguns imigrantes dos Açores.

Em segundo lugar, foi tentada a colonização, por suíços, da atual cidade de Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Este exemplo foi imitado pela Bahia, que fundou uma colônia de suíços em Leopoldina, com os melhores resultados, e outra, de alemães, em Ilhéus, que não teve êxito e foi dissolvida. As colônias que deviam ser estabelecidas nos rios Salsa e Mucuri não foram por diante.

Tão numerosos fracassos desanimaram o governo; e de então por diante, não se fizeram outras tentativas de colonização, até 1898, isto é, depois que a emancipação dos escravos ameaçou deixar as propriedades inteiramente sem trabalhadores.

Antes, a colonização fora impossível, sobretudo porque mais uma vez se verificou, no Brasil, a circunstância observada, por toda a parte, da inexistência do trabalho livre ao lado do trabalho escravo, porque ou o colono acaba por se tornar proprietário de escravos e cessa de trabalhar, como sucedeu em Leopoldina, ou é vencido na competência e renuncia à luta.

Foi esta a causa principal de não dar resultado a colonização na Bahia. Mesmo depois da abolição da escravidão, a tradição desse flagelo nacional permaneceu e ainda permanece, de algum modo, nos costumes do povo. Pouco a pouco, porém, as velhas gerações, contemporâneas da escravidão, vão desaparecendo e com elas se vão indo os seus hábitos e tradições.

Instrução e educação

A Bahia, em matéria de educação e instrução, disputa uma colocação honrosa entre o Distrito Federal e os estados de S. Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Pernambuco, evidentemente os melhores centros intelectuais do Brasil. Se ainda, relativamente à sua população de 2.300.000 habitantes, não são muito numerosos os seus estabelecimentos de ensino, quer primários, secundários ou superiores, é certo, entretanto, que o povo baiano procura se salientar pelo seu progresso nas letras, artes e ciências; e daí a explicação do fato, não observado em outros estados, de estarem os seus estabelecimentos de ensino sempre completamente cheios.

Entre as populações do Brasil, nenhuma alimenta tanto a presunção de superioridade intelectual, como a gente baiana; e daí o esforço que faz cada um, menino, rapaz ou homem, por se exceder aos seus concidadãos.

E em nenhuma outra parte mais se honra o nome dos grandes homens do que naquele pedaço do território que se estende do Rio Real ao Rio Mucuri. Não há, na Bahia, quem não venere os nomes dos grandes conterrâneos, tais como o barão de Cotegipe e o conselheiro Zacarias, astros de primeira grandeza do tempo do Império; Rui Barbosa, Manoel Victorino e J. J. Seabra, eminentes personagens da República.

E, convencidos de que é pelo saber e pela ilustração do espírito que um homem se pode destacar dos outros, os baianos dão especial atenção aos seus estabelecimentos de ensino. Estes estabelecimentos são mantidos pela União, pelo estado, ou por particulares; e ministram o ensino primário, secundário, superior, artístico e profissional.

O ensino primário e secundário, mantido pelo estado e particulares, é dirigido pela Repartição de Instrução Pública, auxiliada pelo Conselho Superior de Ensino. Há, no estado, perto de 1.000 escolas públicas, freqüentadas por mais de 40.000 crianças; mais de 600 escolas particulares, freqüentadas por mais de 15.000 meninos; e 517 escolas municipais freqüentadas por 17.000 alunos. A União contribui para o ensino primário com a Escola de Aprendizes Marinheiros que funciona no extinto Arsenal de Marinha; com algumas escolas agrícolas e com uma de aprendizes artífices.

O ensino secundário é ministrado por diversos estabelecimentos, entre os quais o Ginásio da Bahia, equiparado ao Colégio Pedro II, e a Escola Normal, estabelecimento modelo, destinado à formação dos professores do estado, o Ginásio de S. Salvador e o Colégio S. José.

Para o ensino profissional existem diversos institutos, mantidos por particulares, destacando-se dentre eles, na capital: o Liceu de Artes e Ofícios; a Escola Comercial; o Instituto de Órfãos de S. Joaquim, destinado à formação de alfaiates, sapateiros, tipógrafos, encadernadores etc.; o Colégio Salesiano, e outros.

O ensino superior é ministrado na Faculdade de Medicina, mantida pelo governo federal; Faculdade Livre de Direito, instalada em 15 de abril de 1901; Escola de Belas Artes, fundada em 1877 e dotada de magnífico material didático, para o ensino do desenho, pintura, escultura e arquitetura; Escola Politécnica, para a formação de agrimensores e engenheiros; Instituto Politécnico e Escola de Agronomia.

Entre todos estes institutos, a Faculdade de Medicina brilha como uma glória nacional, repositório de belas tradições acadêmicas do país, berço de verdadeiros sábios. A faculdade está magnificamente instalada na Praça 15 de Novembro, em prédio próprio. Tem a seu cargo, além da parte meramente didática, não somente o serviço médico legal da cidade, como também todo o serviço de análises e exames biológicos, químicos e congêneres. O necrotério da cidade também está na sua dependência.

Para o bom desempenho de todos esses serviços, está a faculdade aparelhada com todos os recursos materiais, desde a mais perfeita instalação de eletricidade para força e luz, até a mais completa canalização d'água e sistema de esgotos.

Centros de população

Dentre os 126 municípios que constituem o estado da Bahia, avultam por sua importância e população, além da capital, minuciosamente descrita mais para diante, os que, em seguida, passamos a, sucintamente, descrever:

A Feira de Santana é a cidade mais bela do estado. Rica em minerais e fumos, são afamadíssimas as suas feiras de bois e cavalos. Liga-se a Cachoeira pela E. F. Central da Bahia. Tem 70.000 habitantes.

Santo Amaro, com 100.000 habitantes, tem importante comércio de fumos e açúcar e possui duas fundições, 23 usinas e 100 engenhos. Aratuípe, com 50.000 habitantes, conta apenas na zona urbana 400 prédios e 10 ruas bem calçadas; mas os arredores são riquíssimos em cereais, fumos e minerais; e a cidade só espera ser ligada a Nazareth, para se desenvolver consideravelmente.

S. Francisco, com 70.000 habitantes, é o principal centro açucareiro do estado e tem como relíquia histórica um convento construído em 1618. Condeúba, centro de grande indústria e comércio, tem uma população de 35.000 habitantes. Alagoinhas, com 40.000 habitantes, centro de grande comércio de cereais, ponto inicial da E. F. S. Francisco, faz grande exportação de café e cachaça. Amargosa, com 30.000 habitantes, é servida pelo tramroad de Nazareth; fica a 410 metros acima do nível do mar e tem belos edifícios.

Barreiras é o município de mais rápido desenvolvimento do estado. Tem 1.086 léguas quadradas de extensão e é notável centro de criação. A sede da vila que, em 1860, apenas contava uma casa, apresenta hoje 1.000 edifícios, dos quais alguns 50 importantes. Belmonte, com belos edifícios, centro cacaueiro do estado, exporta 70.000 sacos desse artigo; e produz muitos cereais.

Bomfim, a 600 metros de altitude e com 2.500 casas, tem uma notável feira semanal. Cachoeira, banhada pelo Paraguaçu, foi berço do grande jurisconsulto brasileiro Teixeira de Freitas. Tem grande indústria de fumos e 3 serrarias. Em frente a Cachoeira, está São Felix, do outro lado do Paraguaçu, e ambas ligadas por uma esplêndida ponte. Camamu, colocada sobre a magnífica baía de Camamu, é um centro dos plantios de cacau. Tem 25.000 habitantes. Campo Formoso, com 28.000 habitantes, produz gado, café e cana.

Devem ainda citar-se:

- Canavieiras, que se comunica com Bahia com meio de vapores e barcaças, tem minas de ouro e diamantes, e uma população de 30.000 pessoas;

- Caravelas, porto ótimo, com grande movimento, ligado ao estado de Minas por uma estrada de ferro que se dirige a Teófilo Otoni, naquele estado, e escoadouro da maior parte da produção do Norte de Minas;

- Cruz das Almas, centro de comércio de frutas e madeira, com feira importante;

- Ilhéus, cidade bem cuidada, com bom porto de mar e 30.000 habitantes, para todo o município;

- Itaparica, notável pela produção de cal (11 caieiras) e sal (1 salina);

- Jacobina, com 36.000 habitantes, notável centro de produtos de frutas e madeiras;

- Maragogipe, com 25.000 habitantes, centro de produção de café, fumo e cereais;

- Morro do Chapéu, 1.000 metros acima do nível do mar, com 30.000 habitantes, e que produz mensalmente Rs. 100:000$ de diamantes e 80:000$ de borracha;

- Nazareth, que ocupa as duas margens do Jacuípe, sobre o qual há notável e custosa ponte de pedra, porto em comunicação com a capital da Bahia e ponto inicial da E. F. Nazareth;

- Prado, com importante serraria a vapor, exploração de areias monazíticas, criação de gado e comércio de cereais, café fumo e cacau;

- Santo Antonio de Jesus, com extraordinária exportação de café, fumo e manganês;

- Valença, com 30.000 habitantes e extraordinário comércio de algodão e tecidos.

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