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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [41-i]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 859 a 864, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Emilio Guilayn & Cia.: 1) Padaria e fábrica de massas; 2) Usina elétrica
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Rio Grande do Sul (cont.)

Bagé

O vasto município de Bagé se limita com a vizinha República do Uruguai, pelo Sul e Oeste, numa extensão de cerca de vinte léguas, e com os municípios de Jaguarão e Sant'Anna do Livramento a Norte e Leste. O clima do município é um dos mais salubres do estado, salvo no período das geadas, que originam algumas enfermidades.

O solo do município é abundante em riquezas minerais, possuindo minas de carvão de pedra, tais como a de Candiota e a de Rio Negro, e várias jazidas de mármores; entretanto, estas minas atêm sido, até agora, pouco exploradas. As charqueadas existentes no município são em número de 5, e o gado abatido vai, em média, a 150.000 reses por ano.

A população do município é de 36.163 pessoas, compreendendo 3.315 eleitores estaduais e 2.924 federais. O município de Bagé tem enorme criação de gado lanígero, vacum e cavalar, contando 190.900 carneiros, 240.000 bois e 26.000 cavalos ou muares. Entre o gado vacum, há alguns milhares de exemplares das raças Durham, Hereford, zebu, holandesa e outras. Entre os carneiros, contam-se muitos da raça Rambouillet; e quanto aos cavalos, fazem os fazendeiros do município o cruzamento, além de outras, das raças percherona e árabe.

A agricultura no município acha-se um tanto atrasada, mas o s fazendeiros, após um período de abandono, voltam agora a se ocupar da cultura do trigo e do arroz, que se dão admiravelmente com as condições do solo e clima do município.

A instrução pública no município tem tido grande desenvolvimento; existem atualmente 33 aulas, 11 estaduais, 8 municipais e 14 particulares, incluindo neste número o Colégio de Nossa Senhora Auxiliadora, habilmente dirigido por sacerdotes salesianos e equiparado ao Ginásio Nacional. Estes colégios têm uma matrícula total de cerca de 2.000 alunos.

Bagé, sede do município, é uma cidade que tem tido recentemente grande desenvolvimento; conta 2.102 prédios, alguns dos quais de caprichosa arquitetura; as suas ruas são bem calçadas e arborizadas, e ultimamente foi criado um belo jardim na Praça Voluntários da Pátria, que é ponto de reunião da população da cidade.

Bagé tem muito boa iluminação elétrica, que compreende 150 lâmpadas incandescentes de 16 velas cada uma e 60 lâmpadas de arco voltaico. Os serviços de abastecimento de água potável à cidade e de esgotos estão também organizados com grande cuidado; e neste ponto se compara Bagé favoravelmente a outras cidades do estado. Bagé dispõe também dum bom serviço de higiene pública e uma boa rede telefônica.

Tem também a cidade um ótimo Matadouro para abastecimento de carne verde à população. Neste estabelecimento municipal foram abatidas, de 1º de janeiro a 31 de agosto do ano findo, 5.511 reses, 76 vitelas, 1.870 carneiros e 14 suínos.

Dos municípios do estado, é o de Bagé um dos que melhores estradas possui e a sua conservação merece do Poder Municipal extremo cuidado. O comércio é variado e importante. A indústria mais importante é a do charque, sendo muito considerável a exportação de carne seca que faz o município.

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Palácio da Municipalidade de Bagé
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Coronel José Octavio Gonçalves - O atual intendente da cidade de Bagé, coronel José Octavio Gonçalves, ocupa pela terceira vez esse elevado cargo, no qual sempre se tem revelado um administrador honrado, competente e laborioso.

Nasceu em Bagé a 22 de novembro de 1867, e é filho dos falecidos capitão Boaventura Gonçalves de Silva e d. Delfina Corrêa Gonçalves, descendendo de abastadas e distintas famílias do município. Estudou preparatórios em Porto Alegre, como interno do colégio Aurélio Benigno de Castilho, salientando-se por sua inteligência e aplicação ao estudo.

Republicano da propaganda, logo após a proclamação da República foi nomeado, pelo governador do estado, membro da Junta Governativa. Por ocasião do sítio de Bagé, serviu nas fileiras legais e portou-se, nos momentos de maior perigo, com a maior coragem. Esteve também na defesa do Rio Grande, quando ameaçado pelo desembarque de numerosas forças revolucionárias. O governo do marechal Floriano Peixoto conferiu ao sr. coronel José Octavio a patente de major honorário do exército, em atenção aos seus serviços, especialmente no sítio de Bagé.

O operoso intendente de Bagé, além de outros grandes melhoramentos, iniciou já os trabalhos para o abastecimento de água potável à população e deve em breve tratar do projeto duma rede de esgotos, para cujos estudos e obras já está autorizado a contrair um empréstimo.

O coronel José Octavio Gonçalves é comandante duma brigada da Guarda Nacional e ocupa uma cadeira na Assembléia Rio-Grandense.

Banco Pelotense - Em fins de 1911, abriu o Banco Pelotense uma sucursal em Bagé; e logo os resultados deixaram prever uma carreira brilhante para o estabelecimento. A descrição das operações e situação financeira do Banco Pelotense, que opera em toda a sorte de negócios bancários, encontra-se noutra parte desta obra. O gerente da sucursal em Bagé é o sr. A. Mourgues.

Clube Comercial - O Clube Comercial de Bagé foi fundado no dia 3 de junho de 1886, tendo como primeiro presidente o sr. Domingos Damé. Atualmente, tem o clube 285 sócios, sendo efetivos, 225; contribuintes, 27; e temporários, 33.

A atual diretoria se compõe dos seguintes senhores: presidente, Emilio O. Grillo, vice-presidente em exercício, devido à renúncia do presidente, major Moreira Sobrinho; 1º secretário, Luiz Sarmento; 2º secretário, Antonio Nunes Garcia; Tesoureiro, João de Azevedo Caminha; adjunto, Adel Peña. Diretores: Domingos Gomes, Gedeão Ratto, Raphael Medici Filho, Francisco Paula Pereira, Pedro Marques, Euclides Romero, Antonio Torrescassana y Valls, Pedro Martins, Boaventura Ferreira da Silva, Narciso Suñe Filho e Francisco Torres.

O clube funciona em um magnífico prédio sito à Avenida 7 de Setembro, que é a principal via pública da cidade. Entre os muitos salões em que está dividido, tem o prédio uma sala de honra, onde se realizam os bailes, recepções, concertos etc.; sala de leitura, que é muito visitada e cuja biblioteca, com grande número de livros, recebe os principais jornais de todos os estados do Brasil e alguns do estrangeiro; duas salas de jogos e duas com quatro bilhares muito freqüentados.

Emilio Guilayn & Cia. - A casa bancária que gira, em Bagé, sob esta razão social, foi fundada em 1891. A firma se compõe dos srs. Emilio Guilayn, sócio solidário, e Martim Bidart Filho, comanditário. É agente do Banco da Província do Rio Grande do Sul e faz toda a espécie de transações bancárias, tendo agentes nas principais cidades e vilas do estado. Saca, dentro do país, assim como no estrangeiro, sobre as principais praças, e sobre quase todas as localidades de Itália, Espanha, Portugal e suas possessões. A gerência está confiada ao sr. João Maria Peixoto.

Além das suas operações bancárias, ocupa-se a firma de outros negócios, tais como a Empresa de Luz Elétrica Emilio Guilayn. Tendo adquirido, por compra do respectivo concessionário, o fornecimento, durante o período de 30 anos, de luz elétrica pública e particular à cidade de Bagé, em data de 9 de julho de 1898, deu a firma começo à construção da usina e mais trabalhos. As obras foram inauguradas festivamente no dia 4 de junho de 1899. Contava a usina, em edifício próprio, as seguintes instalações: 2 máquinas compound, dos fabricantes MacIntosh Seymour Co., Auburn, EUA, ligadas diretamente a 2 geradores multipolares de 45 kw cada um, da General Electric Company, dos Estados Unidos; 2 caldeiras Babcock & Wilcox, apropriadas para as máquinas acima. A tensão da corrente era de 220 volts.

Pelo contrato que a empresa mantinha com a Intendência Municipal, era obrigada a fornecer luz para 28 lâmpadas de arco voltaico e 150 lâmpadas incandescentes, de 16 velas cada uma. As instalações particulares, que a princípio eram em pequeno número, foram de ano para ano crescendo consideravelmente, de maneira que, já em 1901, houve necessidade de se aumentarem as instalações seguintes: 1 motor Williams and Robinson, compound, vertical, de alta velocidade, conjugado a um dínamo da Westinghouse Electric Company (este novo dínamo tinha capacidade para 100 kw); 1 caldeira tubular da The Taylor Machinery Company, USA; 1 esquentador Cochrane, e 1 bomba para alimentação, marca Deane.

Estas instalações preencheram suficientemente as necessidades da população até 1908, ano em que, devido ao extraordinário impulso que tomou a iluminação particular e pública, se tornou indispensável aumentar a capacidade produtora da usina. Foi então o estabelecimento passando por uma radical reforma, e instalaram-se mais as seguintes máquinas: 1 motor horizontal tandem-compound, Ruxton Proctor, ligado diretamente a 1 dínamo multipolar, de 150 kw e 500 volts, da British Thomson Houston Co.; 1 caldeira Babcock, em cujas fornalhas foi adaptado um foguista automático, da Jones Under Feet Mechanical Stoker Co.; 1 bomba de alimentação, marca Deane.

Antes de levar a efeito essa reforma radical, e como conseqüência dela, a empresa se viu obrigada a fazer mudança das linhas condutoras aéreas, primeiro, pelo aumento de 218 para 60 lâmpadas de arco voltaico e de 150 para 170 lâmpadas incandescentes da iluminação pública; segundo, pelo rápido e constante desenvolvimento da iluminação particular; terceiro, finalmente, pela mudança da voltagem de 220 para 440, devido à necessidade que havia de vencer grandes distâncias.

Hoje, a iluminação particular é distribuída por 4.800 lâmpadas incandescentes, em mais de 700 casas, e a pública por 60 lâmpadas de arco voltaico e 170 lâmpadas incandescentes. As instalações particulares possuem, na maior parte, contadores O.K. A produção regula de 800 a 1.000 kw/hora por noite, sendo o serviço feito de sol a sol.

A empresa, depois de se ocupar unicamente com a seção industrial da eletricidade, resolveu estabelecer mais as seguintes seções; uma ferraria mecânica, com força motriz, possuindo as mais modernas e aperfeiçoadas máquinas e ferramentas, que lhe permitem executar qualquer serviço do seu ramo; instalações mecânicas, hidráulicas, sanitárias; fabricação de fogões, grades, sacadas etc.; uma serraria a vapor, cujo fim principal é fornecer lenha serrada para uso doméstico, e trabalhar com qualquer sorte de madeiras (acha-se anexa a esta seção uma carpintaria, em cujas oficinas são feitas todas as obras de que a empresa necessita); um armazém de ferros, com vastos depósitos de canos, chapas, arame, aço, carvões de Cardiff, de forja, coque, aero-motores, cimento etc. As três seções acima descritas ocupam grande área do estabelecimento.

Os aumentos constantes obrigaram a empresa a construir também um sobrado, a fim de, no seu pavimento superior, instalar os escritórios, aproveitando a parte térrea para depósito de artigos elétricos, sanitários e outros, destinados não só ao consumo da usina, como também à venda ao público. Para esse efeito, possui a empresa veículos apropriados para condução de mercadorias, contando entre eles uma zorra com capacidade para dez toneladas. O estabelecimento acha-se aparelhado com todas as condições higiênicas, para o que tem água encanada, banheiros e latrinas patents para os empregados. Atualmente, a empresa ocupa cerca de 60 pessoas. O gerente técnico é o sr. Eugenio Oberst.

Adquiriram também os srs. Emilio Guilayn & Cia. o Moinho Bageense, da sucessão Francisco Chichi, o qual funcionava com força hidráulica e os aparelhos mais rudimentares. Além do moinho, propriamente dito, tinha o estabelecimento padaria e fábrica de massas alimentícias. Logo em seguida a essa aquisição, iniciaram-se ali diversas construções e foram instalados maquinismos modernos para a padaria, como para a fábrica de massas.

O moinho, embora já muito aperfeiçoado, não recebeu ainda todos os melhoramentos de que carece e vão ser empregados. Funciona com uma roda hidráulica, de maneira muito primitiva; acha-se, porém, já depositada em seus armazéns uma roda hidráulica de alcatruzes de aço-1-X-l, dos fabricantes Fitz Water Wheel Co., de Hanover, Pennsylvania, EUA, que é uma especialidade no gênero, pois, mesmo na quadra de seca, acionará todas as máquinas do estabelecimento. Essa roda, cujas dimensões são 13 pés de diâmetro por 8 de largura, tem engrenagens de segmento. Atualmente, só funciona no estabelecimento a fábrica de massas, estando parados o moinho e a padaria.

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Teatro Municipal de Bagé
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McCall & Co. Ltd. - As línguas em conserva Paysandú gozam da melhor fama no mundo inteiro; e há muitos anos a firma McCall & Co. Ltd., por quem são preparadas essas línguas, é conhecida em todas as casas de família. A firma possui nove fábricas na América do Sul, das quais quatro no Brasil: em Bagé, Pelotas, Sant'Anna e Quaraim; três no Uruguai: no Cerro, Paysandú e Rio Negro; e duas na Argentina: em Concordia e Gualeguaychu.

A fábrica de Bagé fia dois quarteirões apenas distante da estação da Estrada de Ferro Santa Theresa; e nesse estabelecimento são preparadas as línguas, provenientes dos saladeros de Bagé. As línguas preparadas anualmente atingem o número de 100.000 e são exportadas em sua maioria para a Inglaterra. A sede da firma fica em Londres 6, Eastcheap, London, E.C.

José Lopes Villamil - O sr. José Lopes Villamil, que se ocupa de vários ramos da indústria e comércio, tem uma fábrica de sabão e de velas, um curtume, um pequeno moinho, uma sapataria, e além destes variados estabelecimentos, ainda um armazém para a venda, por atacado e a retalho, de toda a sorte de artigos.

A fábrica de sabão e velas produz um sabão amarelo, na razão de 20.000 quilos por mês; e diariamente, 25 caixas de 24 quilos cada uma, de velas comuns, e 25 caixas de 25 pacotes, cada, de velas de estearina. Em caso de necessidade, pode esta capacidade de produção ser ainda muito aumentada.

Na fábrica trabalham 16 empregados. No curtume há 18 empregados, que se ocupam da manufatura de couros comumente usados. O moinho, que não trabalha constantemente, ocupa três homens. A sapataria, onde se manufatura um calçado que encontra a melhor aceitação no estado, é provida de excelente maquinismo de fabricantes ingleses, franceses e alemães. Em Bagé, também o sr. Villamil tem grandes armazéns. O desenvolvimento tomado pelo estabelecimento, fundado em 1864, exigiu a criação de duas sucursais: uma em São Luiz, no território brasileiro, e outra do lado oposto da fronteira, no Uruguai. O sr. Villamil nasceu em Espanha, mas está no Brasil há mais de 50 anos.

Charqueada Santo Antonio - Esta charqueada, propriedade dos srs. Freitas Guiayn & Cia., foi fundada a 1º de janeiro de 9104, com o capital de Rs. 350:000$000. A matança no estabelecimento varia entre 15.000 e 25.000 reses por ano, ocupando um pessoal que, na safra, atinge a 250 pessoas. O charque e a gordura são, em sua totalidade, exportados para os estados do Norte, principalmente para o Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, e os embarques são feitos por intermédio das praças do Rio Grande e Pelotas.

O escritório da firma fica à Rua 3 de Fevereiro, Bagé, e a charqueada acha-se situada no distrito do Rio Negro.

Pedro Rodrigues & Cia. - A Barraca de Frutos do País, de propriedade da firma Pedro Rodrigues & Cia., foi fundada em Bagé, em 1909, pelos sócios desta firma, srs. Pedro Rodrigues da Silva e João Prati Filho. Negocia o estabelecimento em comissões, consignações e por conta própria, aceitando também a representação de outras firmas.

Os srs. Pedro Rodrigues & Cia. manufaturam, desde 1910, cordas de cabelo animal, de que produzem cerca de 1.000 quilos mensalmente. Compram também cerca de 200.000 quilos de lãs que vendem à fábrica Rheingantz, do Rio Grande, e couros e peles em geral, vendidos a Fraeb & Cia., Rio Grande.

Os srs. Pedro Rodrigues & Cia. tencionam importar brevemente maquinismo para melhorar a fabricação de corda de cabelo animal, que pretendem exportar, mais tarde, para a Europa. A Barraca emprega 10 pessoas, além dum viajante que percorre as diversas zonas do estado.

Eurico Tavares & Cia. – Os srs. Eurico Tavares & Cia., que negociam como agentes comissários e representantes, em Bagé, fazem um movimento anual que, em média, pode ser calculado em Rs. 1.800:000$000. A maior parte de seu movimento comercial é feito com lãs, couros e peles, crina, chifres e outros produtos animais que exportam, em grande parte, para a Europa, por intermédio de Engelhardt & Cia., da cidade do Rio Grande, de quem são agentes, e bem assim por intermédio de Thomson & Cia., também de Rio Grande. Os srs. Eurico Tavares & Cia. são também agentes, em Bagé, dos automóveis Ford.

O sr. Tavares, de nacionalidade brasileira, fundou a firma em 1910. O seu escritório fica à Praça Rio Grande, 31.

Duarte Leite & Cia. – O escritório principal desta firma, que foi fundada em 1901, está em Pelotas; mas a casa tem uma importante sucursal em Bagé, assim como outras em Dom Pedrito, Santa Maria e Alegrete. Os seus negócios consistem na importação de várias mercadorias da Europa e na exportação de produtos do estado, tais como lã, couros e peles, chifres etc.

As suas transações comerciais abrangem, por assim dizer, todo o Brasil e Uruguai; e o seu movimento anual excede a Rs. 1.000:000$000. O gerente da sucursal em Bagé é o sr. Joaquim Duarte, que faz parte da firma.

Francisco Deiró – Artigos de toda a espécie, desde ferragens até vinhos e outras bebidas alcoólicas, e desde louça até farinha e óleos, se encontram no estabelecimento do sr. Francisco Deiró, em Bagé. Esta firma recebe as suas mercadorias da Inglaterra, Itália, Alemanha, França, Espanha, Portugal e Uruguai, e negocia também com mercadorias de origem nacional. O sr. Francisco Deiró vende para todo o estado do Rio Grande do Sul e faz um movimento anual de Rs. 350:000$000.

O edifício em que funciona o estabelecimento é propriedade do sr. Francisco Deiró; e, com o seu variado estoque, é avaliado em Rs. 150:000$000. Os empregados da firma são em número de 8. O sr. Deiró, que é de origem italiana, iniciou o seu negócio em pequena escala em 1889, mas tem conseguido ampliá-lo continuamente e hoje está à testa duma das mais importantes casas de Bagé.

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A cidade de Bagé: 1) A catedral; 2) Praça Voluntários da Pátria; 3) Hospital da Santa Casa de Caridade; 4) Avenida 7 de Setembro
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Hotel do Comércio – O Hotel do Comércio, de Bagé, foi fundado pelo sr. Juan Cuello em 1842. Em 1879, entrou como sócio o sr. Placido Visconti, formando-se a firma Cuello & Visconti; em 1900, o sr. J. Peregrino Gonçalves comprou a parte do sr. Juan Cuello e ficou constituída a firma social Visconti & Gonçalves; finalmente, em 1904, retirou-se o sócio sr. Placido Visconti, ficando o sr. Peregrino sozinho com o hotel. Por falecimento do sr. Juan Cuello, em 1903, comprou o sr. J. Peregrino dos herdeiros o prédio em que funciona o hotel e reformou-o completamente, o que, junto com as instalações e mobiliário, deu ao estabelecimento o valor de Rs. 200:000$000.

O hotel dispõe de ótimas e modernas acomodações, compreendendo 32 quartos, salões para diversões, com buffet, magnífico salão de jantar e ótimas instalações sanitárias. Possui também um largo passadiço aéreo, que constitui um magnífico recreio para verão. Há um serviço permanente de engraxates e mensageiros. O fornecimento de água às várias dependências é abundante. Há ainda uma seção subterrânea, onde o proprietário vai instalar uma cancha de jogo de bola.

O Hotel do Comércio é um dos melhores do estado e o seu proprietário não poupa os esforços tendentes a dotá-lo de todo o conforto moderno e a torná-lo um estabelecimento de primeira ordem.

Alvaro Larangeira – A casa Baratilho Larangeira, fundada na cidade de Bagé, Rio Grande do Sul, a 1º de setembro de 1905, entrou logo em franca prosperidade, graças ao sistema nela dotado das vendas só a dinheiro, mas com o lucro mínimo possível em tal gênero de negócios. A casa negocia, com seções separadas, em diversos ramos, tais como: molhados; fazendas de lã e modas; confecções para homens, senhoras e crianças; calçados, louças, ferragens, miudezas, camisaria etc. Os artigos estrangeiros, importa-os a firma, diretamente, da Inglaterra, Alemanha, França, Áustria e Uruguai.

As vendas do estabelecimento atingiram, em 1911, a quantia de Rs. 485:007$130, o que é importantíssimo relativamente à localidade e atendendo-se também à circunstância de serem os negócios feitos quase exclusivamente a varejo.

A casa é dirigida pelo proprietário e nela trabalham um caixa, um guarda-livros e mais seis empregados; mantém, além disso, um comprador no estrangeiro. O Baratilho Larangeira fica à Praça Doutor Albano, esquina da Rua General Netto.

João Prati & Cia. - Esta firma é uma das mais importantes e reputadas de Bagé. O sr. João Prati, fundador da casa, iniciou a sua carreira comercial com 22 anos de idade e hoje, com 50 anos, conserva-se ainda à testa dos seus negócios. Foi um dos fundadores, a 15 de novembro de 1898, da Praça do Comércio de Bagé e fez parte da sua primeira diretoria, exercendo o cargo de secretário.

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Algumas personalidades de Bagé: 1) Alvaro Larangeira; 2) Francisco Deiró; 3) Eurico Silva Tavares; 4) Pedro Rodrigues da Silva
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