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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [39-G]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho destaca Santos nas páginas 713 a 731, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Exportação de café (foto de José Marques Pereira)
Foto publicada com o texto, página 721

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Santos (B)

Comércio de café

Companhia Intermediária de Café de Santos - Esta companhia opera sobre o registro e liquidação dos negócios de café a prazo, exercendo assim as funções de uma Câmara Sindical. De 21 de julho de 1909, data da fundação da companhia, a 30 de junho de 1910, foram por ela registradas 2.285.000 sacas de café; e do 1º de julho de 1910 a 31 de maio de 1911, 17.657.000 sacas. O capital da companhia é de Rs. 300:000$000, dividido em ações de Rs. 200$000.

O primeiro dividendo anunciado foi na razão de 12% por ano, junto a um bônus de 20%. Presentemente, há compradores para estes títulos a Rs. 270$000, sem vendedores. A diretoria compõe-se dos srs. Antonio C. Gomes, presidente; Carlos L. D'Affonseca, diretor-superintendente; e dr. Alvaro M. Guimarães, diretor secretário. O gerente é o sr. Antonio Iguatemy Martins.

Prado, Chaves & Cia. - Qualquer exposição relativa à indústria do café ficaria incompleta, se não se mencionasse a firma de Prado, Chaves & Cia., que está entre os maiores proprietários de fazendas de café na República e as maiores casas exportadoras do porto de Santos. A firma começou como agente comissária de café em princípios de 1890; algum tempo depois, ligaram-se às suas operações as da Companhia Central Paulista. Em 1894, voltaram os srs. Prado, Chaves & Cia. à firma inicial; e de então até hoje têm mantido o presente tipo de negócio.

Até 1900, ocupava-se a firma somente de negócios de comissões; mas nesse ano começou a exportar café. Em 1910, exportou ela aproximadamente 1.500.000 sacas, o que constitui o recorde para a exportação de uma firma, na República. A tabela seguinte mostra a exportação de alguns anos:

1900-01..........................................................................       5.737 sacas

1901-02..........................................................................    197.224 sacas

1902-03..........................................................................    353.930 sacas

1903-04..........................................................................    472.141 sacas

1904-05..........................................................................    631.006 sacas

1905-06..........................................................................    672.858 sacas

1906-07.......................................................................... 1.001.999 sacas

1907-08..........................................................................    832.641 sacas

1908-09..........................................................................    933.258 sacas

1909-10..........................................................................    924.513 sacas

1910-11.......................................................................... 1.500.000 sacas

Os sócios desta firma são os srs. conselheiro Antonio da Silva Prado, d. Anesia da Silva Chaves, dr. João Pinto Machado Portella, dr. Paulo da Silva Prado, dr. Ernesto Rudge da Silva Ramos, dr. João Conceição e Carlos Augusto Monteiro de Barros. Um dos fundadores e primeiro presidente da firma foi o falecido dr. Elias Fausto Pacheco Jordão. Hoje os diferentes membros das famílias Prado e Chaves são proprietários de nada menos do que 33 fazendas de café, das quais as principais são: Sta. Veridiana, Sta. Cruz, Campo Alto, Sta. Thereza, Córrego Rico, Floresta, Sta. Eugenia Pau a Pique São Sebastião, Providência, Morro Azul, Morro Alto, Mundo Novo e Ventania na E. F. Paulista; Sta. Lydia e Brodowsky, na E.F. Mogiana; Edgardia, Botucatu e Tietê, na Sorocabana.

São também interessados em várias indústrias e empresas comerciais no Estado de São Paulo. De 1893 a 1909, os negócios da firma em Santos estiveram a cargo do sr. Albert Kemnitz; neste último ano sucedeu-lhe o presente gerente sr. H. Hafers. O sr. Hafers, que é alemão, tem estado relacionado em negócios comerciais no Brasil desde 1871. Em 1879, de sociedade com outro, abriu uma casa comercial e por muitos anos trabalhou no comércio de exportação do café; em 1909 foi chamado ao presente cargo. O sr. Hafers foi presidente do Clube Alemão e, durante um ano, cônsul da Rússia.

Theodor Wille & Cia. - A casa, em Santos, de Theodor Wille & Cia. é, no Brasil, a matriz desta poderosa firma hamburguesa, que figura entre os maiores exportadores de café brasileiro. A casa de Santos abriu-se no dia 1 de março de 1844, sendo mais tarde estabelecidas as filiais no Rio e em São Paulo. Era então pequena a exportação de café do Brasil; só depois de 1870 se começou a desenvolver a indústria da exportação do café.

Até essa data, ocuparam-se os srs. Theodor Wille & Cia. em negócios de algodão e açúcar; desde então, porém, voltaram a sua atenção para a cultura e exportação do café. Exportaram, de 1895-96 a 1908-09, 18.999.594 sacas de café e em 1909-10, 1.125.394 sacas, perfazendo um total de 20.124.988 sacas. Uma parte deste café provém de fazendas de propriedade da firma, das quais oito no Estado de São Paulo.

Negociam eles também em gêneros de importação de várias classes, tais como maquinismos, cutelaria de toda a ordem e muitos outros artigos para o comércio e indústria. São agentes de várias e importantes empresas de navegação, incluindo a Hamburg Amerika Linie na parte central do Brasil, a H. Sudamerikanische D. G. para os portos do Sul. A combinação destas duas linhas é conhecida por "Linha dos E. Unidos do Brasil". Entre outras empresas, possui a firma as instalações elétricas em Rio Claro, Limeira, Arara e Cordeiro, todas no Estado de S. Paulo; e é grande acionista da Companhia Santista de Tecelagem. A firma ocupa novos e esplendidamente montados escritórios à Rua de Sto. Antonio, 54 e 56; nestes, trabalham 48 empregados.

O gerente do departamento de café é o sr. Otto Mebele, que há três anos ocupa este cargo e está ligado ao comércio de café no Brasil há onze anos. O gerente do departamento de embarques e importação é o sr. Ernest Borman, que tem uma experiência comercial no Brasil de 31 anos. Cerca de 20 anos foi sócio da firma G. A. Frommel & Cia., por ele fundada em 1883; em 1900 foi chamado para exercer o seu presente cargo. De 1891 a 1902, serviu como cônsul da Áustria; de 1902 a 1904, como cônsul da Áustria e Alemanha; e de então para cá, como cônsul da Alemanha. O sr. Borman é presidente do Centro de Navegação Transatlântica e também diretor da Cia. Santista de Tecelagem, ocupando-se dedicadamente dos interesses da colônia alemã de Santos.

Hard, Rand & Cia. - Entre as mais conhecidas casas norte-americanas que operam no comércio brasileiro de exportação de café, está a dos srs. Hard, Rand & Cia., que tem sucursais no Rio, São Paulo, Santos e Vitória. Os srs. Hard, Rand & Cia. trabalham no comércio de café há muitos anos e em 1909-10 embarcaram no porto de Santos 718.278 sacas; de 1895 a 1909 a sua exportação atingiu a 5.223.803 sacas, dando um total de 5.942.081 sacas.

A sucursal de Santos, que fica à Rua Frei Gaspar, 2, 4 e 6, abriu-se há cerca de 20 anos. Nestes últimos três anos tem a casa em Santos tido a gerência do sr. J. V. Pardow, que está ao serviço da companhia aqui há 13 anos. Antes disso esteve o sr. Pardow na casa de Nova York, durante dez anos. O sr. Pardow é natural da cidade de Nova York e adquiriu a prática do comércio do café com esta firma.

Arbuckle & Cia. - A Rua de Sto. Antonio nº 40 tem os srs. Arbuckle & Cia. que figuram entre os proprietários das maiores torrações de café do mundo, e os maiores refinadores de açúcar em Nova York, uma grande sucursal do seu negócio. Outras mantém no Rio de Janeiro e Vitória (Estado do Espírito Santo), sendo o escritório central, na América do Sul, no Rio. A firma opera no Brasil há mais de um quarto de século.

A sucursal de Santos foi instalada há cerca de 20 anos e tem por único objeto a exportação de café. Da colheita de 1909-10, embarcaram os srs. Arbuckle & Cia. no porto de Santos 253.054 sacas; e de 1895 a 1909 a sua exportação foi de 5.762.082 sacas, o que dá o total, em quinze anos, de 6.015.136 sacas, todas embarcadas diretamente para a casa matriz em Nova York.

O gerente da sucursal nestes últimos cinco anos tem sido o sr. Fred. H. Fairchild, que está a serviço da companhia há 27 anos. Reside no Brasil há 17 anos, tendo estado no Rio alguns anos antes de vir para Santos. Nos negócios locais, tem o sr. Fairchild tomado grande interesse prático. Foi por dois anos diretor da Associação Comercial e foi também presidente e tesoureiro do City-Club; atualmente, é o secretário desta instituição. O sr. Fairchild é I.P.M. e, e atualmente tesoureiro da "Lodge of Wanderers" nº 10 (Maçonaria), e membro do Santos Athletic Club e do São Paulo Golf Club. Tem direito aos privilégios da Sons of the American Revolution Society.

Companhia Central de Armazéns Gerais - Esta companhia foi formada em São Paulo, a 23 de janeiro de 1907, com o capital de Rs. 100:000$000, depois elevado a Rs. 1.000:000$000. O fim da Companhia é emitir warrants sobre café e fornecer armazenagem para o café e outros produtos. Durante o ano de 1910, a companhia emitiu 586 warrants no valor de Rs. 21.722:438$664 para 607.862 sacas de café e 272 recibos de depósito de 261.119 sacas, representando o valor de Rs. 8.563:734$000. No mesmo período, foi o número de sacas de café, recebido nos armazéns da companhia, de 901.427 sacas, elevando-se o total desde a sua fundação a 1.207.563 sacas. Em 31 de dezembro, tinha a companhia em seus armazéns 297.859 sacas de café.

A companhia tem nada menos de 20 depósitos em São Paulo e Santos; destes, 9 são propriedade sua e os restantes arrendados. Em virtude, porém, dos altos aluguéis, a companhia tenciona construir novos e maiores armazéns. Todos os depósitos têm instalações modernas para o movimento do café, tais como guindastes, balanças, máquinas de coser; e entre as recentes despesas, podem ser mencionados créditos para um motor de 50 hp, 6 balanças e 7 máquinas de coser. O mecanismo atualmente pode preparar 15.000 sacas de café por dia.

Em 1910, teve a companhia um lucro de Rs. 97:005$790 e deu um dividendo aos acionistas de 10%. O presidente da companhia, conde de Prates, de São Paulo, tomou parte ativa em sua fundação. O vice-presidente, sr. Antonio C. Gomes, exerce também o cargo de diretor superintendente. Os outros diretores são os srs. J. Martiniano R. Alves; Raphael Sampaio Vidal, deputado estadual; e Jacob Guyer, superintendente diretor da Companhia Exportadora de Café de Santos e gerente da firma Barbosa & Cia.

Neumann, Gepp & Co., Ltd. - Esta importante casa exportadora de café foi fundada em 1887. Os sócios, hoje, são os srs. F. G. Neumann, E. O. Broad e A. Heizmann. A firma opera com um capital de £100.000 e tem os escritórios centrais em 130, Fenchurch Street, London. A casa em Santos fica situada à Rua 15 de Novembro, 17 e tem 17 empregados.

O único negócio da casa é a exportação de café e os seus embarques são dirigidos para a Alemanha e Estados Unidos. No ano 1909-10 exportou a firma 729.550 sacas de café e de 1895-96 a 1908-9 exportou 14.831.436 sacas, o que perfaz, neste período, o total de 15.560.986 sacas.

Os interesses da companhia em Santos estão sob a gerência do sr. Edward O. Broad, que está ligado ao comércio brasileiro, há 28 anos. O sr. Broad é de origem inglesa e nasceu em Pernambuco. No comércio do café, é muito conhecido, e a sua casa ocupa um dos primeiros lugares entre as mais importantes casas exportadoras da República.

Michaelsen, Wright & Co., Ltd. - Por três gerações tem a família Wright estado permanentemente ligada ao comércio de café no Brasil. A firma acima, que é uma das mais importantes casas de Santos, foi estabelecida desde 1907, tendo os srs. Max. Michaelsen e João Francisco Wright como diretores. O pai e o tio do sr. Wright começaram exportando café, no Rio, mais ou menos em 1827. O pai do sr. Wright, sr. William Furbutt Wright, veio depois para Santos, em 1859, e há 27 anos o sr. J. F. Wright se ocupa com o comércio e é o diretor gerente da companhia em Santos; o sr. Michaelsen tem a seu cargo a casa da firma em Londres em Mincing Lane House, 59, Easteheap, E.C.

Em 1909-10 exportou esta firma 932.858 sacas de café, e da colheita 1910-11 os seus embarques mensais foram: 1910, julho, 141.393 sacas; agosto, 146.925 sacas; setembro, 104.500 sacas; outubro, 32.500 sacas; novembro, 84.015 sacas; dezembro, 39.677 sacas; 1911, janeiro, 18.709 sacas; fevereiro, 23.800 sacas; março, 21.250 sacas; abril, 20.500 sacas; maio, 31.480 sacas; junho, 18.595 sacas. Representa isto o total de 682.894 sacas.

A firma tem também uma instalação para separação e classificação do café, que está excelentemente aparelhada e de fato é uma das mais modernas em Santos. A instalação consta de máquinas inglesas, americanas e alemãs.

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As novas instalações da Cia. Exportadora de Café de Santos
Foto-montagem publicada com o texto, página 720

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Companhia Exportadora de Café de Santos - Por muitos anos se observou uma curiosa feição na indústria do café em S. Paulo. Praticamente, todas as fazendas de café estavam, como estão ainda, em mãos de antigas famílias brasileiras e a maior parte do café era consignado a Santos, para venda por brasileiros; mas a exportação, essa, continuava quase inteiramente em poder das casas inglesas, alemãs ou norte-americanas. O elemento brasileiro, porém, tem aberto olhos à importância da sua participação no comércio de exportação de café e várias empresas se têm organizado, com tal objetivo.

Destas, uma das mais importantes é a Companhia Exportadora de Café de Santos. Esta companhia foi formada em princípios de 1911 com o capital de Rs. 1.000:000$000 dividido em 5.000 ações de Rs. 200$000 cada. O capital foi subscrito, em sua totalidade, quase imediatamente, por alguns dos mais conhecidos fazendeiros, cuja produção representa a maior parte da produção total do Estado de São Paulo, junto com alguns dos mais importantes comissários de Santos. Compreende-se, pois, facilmente que esta companhia seja verdadeiramente poderosa e destinada a representar um papel importante no futuro comércio de exportação da República.

Conforme se acha especificado nos Estatutos, os objetos da companhia são: comprar e vender café em Santos e São Paulo; exportar café por conta da companhia e por conta de terceiros; representar casas estrangeiras e tomar consignações para importação de produtos estrangeiros, por conta de terceiros; representar companhias de navegação nacionais e estrangeiras, companhias de seguros e outras. Fica assim bem claro que os ramos de atividade da companhia são muito racionais e, para que sejam perfeitamente exercidos, estabelecer-se-ão agências em Nova York, Hamburgo, Havre e outros centros, como o permitirem as circunstâncias.

Cumpre explicar que a companhia absorvera os interesses antes em poder da antiga casa exportadora dos srs. Barbosa & Cia. Esta firma foi fundada em 1901 e até 1911 estava à testa de largos negócios à Rua de Santo Antonio 47 B. Aí foi instalada a companhia; e reconstruiu-se completamente o edifício, para atender ao aumento de negócio que sem dúvida sobrevirá.

Para mostrar o lugar ocupado pela firma Barbosa & Cia. no comércio de exportação de café, damos o seguinte quadro das suas exportações, de 1901 a 1911: 1901-1902, 7.090 sacas; 1902-03, 9.607 sacas; 1903-04, 36.364 sacas; 1904-05, 76.059 sacas; 1905-06,245.607 sacas; 1906-07, 465.244 sacas; 1907-08, 415.864 sacas; 1908-09, 439.125 sacas; 1909-10, 605.855 sacas; 1910-1911, 845.824 sacas. Este quadro mostra um aumento gradual nas exportações da firma, de ano para ano.

Os algarismos para 1910-11 compreendem só 11½ meses de 1º de julho de 1910 a 15 de junho de 1911. A nova companhia começou a exportação de café em 1º de junho de 1911. Os seus diretores são os srs. J. D. Martins, presidente; A. S. Azevedo Junior, vice-presidente; J. B. Alves Lima, 1º secretário; F. Salles Pupo, 2º secretário; e Jacob Guyet, gerente.

Brazilian  Warrant Company Limited - Um dos mais recentes empreendimentos ingleses de mais importância é a Braziliam Warrant Co. Ltd., que foi registrada em Londres, em 1909, com o capital de £300.000 e escritório central em 38, Great St. Helens, Londres, E.C. De modo geral, o objetivo desta companhia é promover o desenvolvimento da indústria do café, realizando ao mesmo tempo um lucro para seus acionistas. Assim, ela tem uma posição preponderante em duas companhias locais: uma, a Companhia Registradora de Santos, cujo objeto consiste em registrar os contratos de compra e venda de café, feitos a prazo, agindo assim como Câmara Sindical para estas operações; outra, a Companhia Paulista de Armazéns Gerais, que dá facilidades para o depósito de café e outros gêneros. O capital da Companhia Registradora é de Rs. 1.000:000$000 e o da Companhia Paulista de Rs. 400:000$000.

Os vários ramos da atividade da Brazilian Warrant Company foram expostos no discurso do presidente sr. Charles Evelyn Johnston, na assembléia anual de acionistas realizada, em Londres, a 4 de novembro de 1910.

Em seu discurso, disse ele: "Além de armazenar café e sobre ele adiantar dinheiros durante a sua armazenagem, também ajudamos os fazendeiros a operar sobre as suas colheitas e trazê-las ao mercado. Tomamos a nosso cargo o café, logo que chega a Santos, e dele fazemos o que desejem os fazendeiros. Além do café, armazenamos muitos outros gêneros. Durante o último ano, as entradas consistiram em 779.852 sacas de café, 10.348 de arroz, 6.522 de açúcar, 5.922 de feijão, 2.514 de milho e 6.831 miscelâneas de toda espécie. Temos também uma seção, que se encarrega das importações, tirando da Alfândega as mercadorias que armazenamos até que as queiram os nossos clientes. Adiantamos o dinheiro para pagamento de direitos, se preciso, e estamos absolutamente garantidos porque as mercadorias ficam em nosso poder".

A Companhia Paulista de Armazéns Gerais possui dois armazéns em Santos e tem outro em construção com  capacidade para armazenar 500.000 sacas de café. Os armazéns existentes são providos dos mais modernos maquinismos e instalações para a expedição e movimentação das mercadorias e o armazém em construção será similarmente aparelhado.

O novo armazém fica à Rua Aguiar de Andrade e abrange uma área de 7.200 metros quadrados, terá capacidade para armazenar 280.000 sacas de café e assim diminuirá o acúmulo nos armazéns existentes, dando ao mesmo tempo lugar para a expansão das operações da companhia. Tem também um grande armazém na cidade de São Paulo e outros distribuídos entre os quatro principais centros produtores e café no interior. O escritório central em Santos fica à Rua de Santo Antonio, 44, e há também um escritório filial em São Paulo.

Os diretores da companhia em Londres são os srs. Charles Evelyn Johnston, presidente; Edward Greene, T. Fraser, Julius Deussen, Joseph Danon. o sr. Thomas Thornton é o diretor residente em Santos. O gerente da companhia é o sr. Charles R. Murray, que ocupa este lugar há dois anos. O sr. Murray nasceu no Rio de Janeiro e foi educado em St. George's College, Weybridge and Bailie's House, Slough. Voltando ao Brasil em 1896, entrou para a casa Mitchell & Cia. e depois para a de Walter Bros., ambas do Rio; e durante dez anos esteve na casa E. Johnston & Co. Ltd., Santos, onde ultimamente ocupava o cargo de gerente.

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Homens de negócio santistas: 1) José Dias Cardoso; 2) Ernst Bormann; 3) Arthur Richards; 4) Edward A. Hinsberger; 5) Joaquim Pedro dos Santos; 6) José Rodrigues Mathias; 7) P. V. Lander; 8) R. A. Sandall (vice-cônsul da Inglaterra); 9) Dr. José Maria Whitaker (presidente da Associação Comercial); 11) João Francisco Wright; 12) Francisco Martins dos Santos; 13) Affonso Serra; 14) Dr. Porchat de Assis; 15) João da Silva Monteiro; 16) Antonio I. Martins; 17) F. H. Fairchild; 18) H. Hafers; 19) Albert T. Smith; 20) J. Caseiro Lourenço Martins; 21) Frederico Ernesto de Aguiar Whitaker Junior; 22) George Rosenheim; 23) Dr. Persio de Souza Queiroz
Foto-montagem publicada com o texto, página 723

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E. Johnston & Co., Ltd. - Ocupam um dos mais belos e bem situados edifícios, em uma parte da cidade que é talvez a mais procurada, os escritórios em que funciona a firma E. Johnston & Co. Ltd., uma das mais importantes casas exportadoras de café no Brasil. Esta casa é também uma das mais acreditadas agências de embarque do porto de Santos, e tem ainda importante departamento de seguros contra fogo. A firma E. Johnston & Co. estabeleceu-se primeiramente no Rio, em 1842; e abriu uma sucursal em Santos, em 1882. Em 1906 foi a casa em Santos convertida em uma companhia com o capital limitado e escritórios centrais em 6, Great St. Helens, London.

Os diretores da companhia são os srs. Reginald E. Johnston, Cyril E. Johnston, Charles Evelyn  Johnston e Edward Greene. O maior negócio da companhia é a exportação de café, para o que ela tem sucursais em Taubaté, Amparo, Espírito Santo do Pinhal, São José do Rio Pardo, Ribeirão Preto, S. Carlos do Pinhal, Jaboticabal, Jaú e S. Manoel. Na lista dos exportadores, ocupou a companhia, em 1910, um lugar proeminente, com um total de 642.119 sacas de café; e durante o período de 1895-6 a 1908-9, os seus embarques subiram a 8.080.57 sacas, dando um total de 8.722.696 sacas.

Os únicos artigos importados pela firma são as manufaturas de Avery & Co. Ltd. (balanças) e da Sack Sewing and Filling Syndicate Ltd. (Timewell's Patent) para as quais é agente geral em Santos. No departamento de embaruqes, são os srs. E. Johnston & Co. Ltd. agentes da Hamburg-Sud-Amerikanische D.G., que, de acordo com a Hamburg Amerika Linie, tem um serviço hebdomadário de paquetes tocando no porto de Santos. Em 1909, sessenta paquetes da Hamburg Sud-Amerikanische entraram e saíram do porto, sendo a sua tonelagem bruta de 179.447 t; enquanto que, em 1910, 49 paquetes da mesma linha entraram e saíram, com a tonelagem de 136.766 t.

No departamento de seguros, os negócios se limitam às operações da Guardian Assurance Co., de que a firma é agente. De ano para ano se tem registrado um aumento contínuo nesse departamento. Os atuais escritórios da companhia foram instalados em abril de 1911. O gerente geral em Santos é o sr. Arthur Richards, que veio para o Brasil há 22 anos, ao serviço do antigo Banco Inglez do Rio.

O departamento de embarques e seguros está a cargo do sr. Robert Alexander Landall, que está ao serviço da companhia há 21 anos; em 2 de julho de 1907 foi o sr. Landall nomeado cônsul inglês em Santos, cargo em que ficou até 31 de março de 1908. A 18 de agosto do mesmo ano, até 1º de fevereiro de 1910, serviu no mesmo posto; e quando nesta última data foi o consulado transferido para São Paulo, ficou o sr. Landall sendo vice-cônsul inglês em Santos.

Raphael Sampaio & Cia. - Até quatro anos atrás, tinha esta firma, estabelecida em 1888, por sócio único, o sr. Raphael Sampaio. Em 1907, seu filho o sr. Oswaldo Sampaio foi admitido como sócio e a firma continua hoje com a denominação de Raphael Sampaio & Cia. Fazem estes srs. grande negócio como comissários e têm vários depósitos, com uma capacidade de armazenagem para 100.000 sacas de café, se bem que possam operar sobre quatro ou cinco vezes este número de sacas. Assim, na colheita recorde de 1906-07, lhes passaram pelas mãos 650.000 sacas de café.

São também proprietários de várias fazendas, com o total de 800.000 pés, produzindo 70.000 sacas. O sr. Raphael Sampaio é natural de Campinas e tem-se ocupado de outros ramos de comércio, além da indústria do café. O sr. Oswaldo, como foi dito, entrou para a firma há quatro anos. Foi educado em São Paulo e tem viajado muito pela Europa e pelos Estados Unidos. É presidente da Companhia Brasileira de Exportação de Frutas.

João Carlos de Mello - O sr. João Carlos de Mello está no comércio do café há 23 anos e é um dos mais conhecidos corretores de Santos. É filho do falecido almirante Custódio de Mello e nasceu em Manchester (Inglaterra), onde foi educado.

Em 1883, veio o sr. Mello para o Brasil e pouco depois entrou para o comércio do café. Trabalhou primeiro no Rio, e depois em Santos, na casa Hard Rand & Cia., onde exerceu o cargo de gerente por algum tempo. Durante cinco anos, foi o sr. Mello corretor público e também serviu como classificador de café na Cia. Registradora e por algum tempo na Cia. Intermediária de Café de Santos. Como corretor, vende, termo médio, 500.000 sacas de café por ano.

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Homens de negócio santistas: 1) Frederico Junqueira; 2) Thomas Thornton; 3) Charles R. Murray; 4) José Pinto da Silva Novaes; 5) José Prudente Corrêa; 6) João Osorio da Fonseca
Foto-montagem publicada com o texto, página 724

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Société Financière et Commerciale Franco-Brésilienne - A Société Financière et Commerciale foi formada com o capital de 5.000.000 francos, para operar no comércio brasileiro de importação e exportação. A companhia adquiriu a casa de Nathan & Cia., sucessora de Lupton & Cia., e tem outras casas, em São Paulo e Santos, esta última estabelecida em 1906.

No departamento do café tem a companhia um movimento muito grande. Da colheita de 1910-11, exportou umas 660.000 sacas, tendo em 1909-10 exportado 516.202 sacas. No período de 1906-7 até 1908-9 os seus embarques atingiram 1.757.766 sacas. No comércio de importação, a companhia opera principalmente em açúcar (importado de Pernambuco), outras classes de comestíveis, algodão, lã, outros artigos têxteis; assim como em máquinas para o comércio e indústria, cutelaria de toda a sorte. A totalidade destes artigos é consignada à ordem da casa em São Paulo e a casa em Santos opera como agência recebedora e remetente.

O gerente em Santos é o sr. Ernest Strockmeyer, que reside no Brasil há 15 anos e é gerente em Santos desde a formação da companhia. O sr. Strockmeyer é muito conhecido em círculos comerciais e membro de várias instituições locais. Em 1908-11, foi cônsul da Áustria. Pertence à Lodge of Unity (nº 8) da franco-maçonaria e foi membro fundador da Lodge of Wanderers nº 10 (Santos), na qual tem agora o grau de Mestre. O sub-gerente, sr. Hugo Kranstover, está no comércio brasileiro há onze anos.

Nossak & Cia. - A firma Nossak & Cia. reparte a sua atividade entre a exportação do café e um grande movimento de importação. Durante 1909-10, exportou 256.643 sacas de café; e de 1895 a 1909, 2.202.489 sacas, o que dá a média anual de 250.000. No ramo de importação, a firma opera principalmente em vinhos franceses, espanhóis, portugueses e alemães, conservas e grande variedade de comestíveis. É agente dos vinhos de Bordéus dos srs. G. Preller & Cia. e de outras casas européias e de Mellins Food Ltd.

Tem também um departamento de despachos e é agente local da linha de paquetes Kosmos. A firma de Nossak  Cia. foi estabelecida em 1891, para chamar a si os negócios da casa H. Schwenger & Cia. que por sua vez havia sucedido a Ed. Vockerodt & Cia. sucessores de Brohm & Cia.

Os sócios da atual firma são os srs. Egen Nossak, que tem a seu cargo a agência geral da firma em Hamburgo; Joh. Muhl e Friedrich Nossak. A casa em Santos está a cargo dos dois últimos. Por muitas vezes se têm os srs. Muhl e Friedrich Nossak interessado nos negócios locais; e o sr. Muhl faz parte, presentemente, da diretoria da Associação Comercial.

Eugen Urban - Esta firma, que tem importantes interesses em Hamburgo, começou em Santos a exportação de café em 1º de agosto de 1910; e até junho, os seus embarques para o estrangeiro subiam a 250.000 sacas. Ainda que de recente fundação em Santos, a casa é bem conhecida, no Rio de Janeiro, sob a firma de Eugen Urban & Cia., de que são sócios os srs. Eugen Urban e A. Linner, e em Hamburgo, com a firma de Urban Krische, de que são sócios os srs. Eugen Urban e Karl Krische.

O gerente da casa em Santos é o sr. Caesar Dabelou e o sub-gerente o sr. F. Gruber. O sr. Dabelou, natural de Hamburgo, aí fez o seu tirocínio comercial, e há 16 anos se dedica à indústria do café. Foi sócio da firma Dabelou & Wilbert no Rio, por algum tempo; e pertenceu também à casa Eugen Urban & Cia. antes da sua vinda para Santos.

Holworthy, Ellis & Cia. - É esta a mais antiga das firmas inglesas no comércio do café em Santos; a sua fundação data de há mais de quarenta anos. Os fundadores foram os srs. David Ellis e Holworthy. Mais tarde, o sr. Holworthy retirou-se e o sr. Ellis continuou com o negócio até 1902, quando o sr. F. C. Harvood adquiriu a empresa. Há quatro anos, retirou-se também o sr. Harvood, sucedendo-lhe os atuais sócios dr. Guilherme Ellis e sr. W. H. Lawrence.

A firma ocupa-se unicamente com comércio de exportação e tem agentes gerais nos Estados Unidos e Europa para representação dos seus interesses. Durante o período de 1895 a 1909, embarcou 2.339.616 sacas de café; e exportou em 1909-10, 274.632 sacas.

O sócio dirigente da firma em Santos é o sr. Lawrence, que tem um tirocínio de 16 anos no comércio de café. Foi durante oito anos gerente da casa exportadora McLaughlin & Cia. Depois de estabelecido por conta própria, como comissário, entrou como sócio para a casa Holworthy Ellis & Cia.. Por muitos anos foi o sr. Lawrence vice-cônsul americano em Santos.

Leon Israel Bros. - Primeiramente estabelecida em Nova Orleans e depois em Nova York, a firma Leon Israel Bros. fundou uma casa para exportação, em Santos, no ano de 1909. A firma opera unicamente sobre café e da colheita de 1910-11 exportou cerca de 300.000 sacas tendo em 1909-10 exportado 328.059 sacas. Além de suprir as remessas para a casa matriz nos Estados Unidos, a casa em Santos exporta também café para a Europa.

Os sócios da firma são os srs. Leon Israel, A. C. Israel, e Sam. Israel. O gerente da casa em Santos, a única que a firma tem na América do Sul, é o sr. J.H. Windels, que estava antes empregado com os srs. Arbuckle & Cia.; e em sua ausência, a gerência fica conjuntamente a cargo dos srs. J. H. D. De la Cour e A. D. Levy. O sr. De la Cour é natural de Edinburgh e esteve antes ao serviço da casa E. Johnston & Cia. durante sete anos. O sr. Levy, nascido em Nova Orleans, entrou para a casa em 1902.

Bezerra Paes & Cia. - Com o capital de Rs. 1.000:000$000, foi a firma Bezerra Paes & Cia. fundada em 1901, passando logo a figurar entre as mais conhecidas casas de comissões em Santos. Os sócios da firma são os srs. Antonio Carlos Bezerra Paes e dr. Francisco Villela de Paula Machado. Tem a firma depósitos, à Rua Marquês do Herval, com capacidade para 40.000 sacas de café, e vende anualmente cerca de 250.000 sacas.

Possui a firma nada menos de sete fazendas de café, uma em São Carlos, quatro em Botucatu, uma em Santa Cruz do Rio Pardo e uma em Atibaia, compreendendo todas 2.800 alqueires. Nesta fazendas, existem 580.000 pés que produzem, na média. 35.000 arrobas. Em Botucatu, tem a firma 1.500 alqueires de cultura e cerca de 1.500 cabeças de gado nacional.

O sr. Paes, o principal sócio solidário da firma, é natural de São Paulo e está na indústria do café há 25 anos. Foi, por muitos anos, sócio da firma Carvalho & Cia. e é acionista da Brazilian Warrant Co. e de outras empresas. Exerce o cargo de auditor da Associação Comercial. Os negócios de café da firma estão sob a gerência do sr. Francisco da Costa Pires, que trabalha na casa desde a sua fundação e tem um tirocínio de 20 anos no comércio do café.

Junqueira Netto & Cia. - Esta firma foi fundada em 1910, em sucessão da firma de Junqueira Guimarães Leitão & Cia., que existia há nove anos. A sua fundação resultou de um acordo entre alguns fazendeiros de café que enviaram os seus produtos para Santos, para serem vendidos por intermédio da casa comissária. Estes negócios aumentaram de tal maneira, que a firma passou a ser considerada uma das mais poderosas na cidade.

Presentemente, são sócios da casa os srs. José Maria Junqueira Netto e Osorio da Cunha Diniz Junqueira, ambos de conhecidas famílias de São Paulo e grandes fazendeiros. A casa, cujo negócio consiste em receber café em consignação e vendê-lo aos exportadores, tem um movimento médio, anual, de 290.000 sacas. O gerente na seção do café é o sr. Godofredo de Faria, que foi empregado da casa E. Johnston & Co. durante nove anos e passou depois a corretor e gerente de Junqueira, Guimarães, Leitão & Cia., continuando nesse cargo com o advento dos novos sócios.

George Rosenheim - O sr. George Rosenheim, que é diretor da Associação Comercial, há 20 anos se ocupa em Santos com o comércio de exportação do café. Nascido em Nova York, veio para o Brasil em 1890 e foi sócio da casa exportadora, então conhecida sob a firma de Gortz, Hayn & Cia., de Santos. Mais tarde, a firma passou a Hayn & Rosenheim e desde 1908 é o sr. Rosenheim o sócio único e responsável.

O sr. Rosenheim exporta café principalmente para os mercados americanos e europeus; a sua exportação na colheita de 1910-11 foi de 175.000 sacas. No ano precedente havia exportado mais de 180.000 sacas, enquanto que a sua exportação total no período de 1895 a 1909 tinha sido de 157.684 sacas. Além de fazer parte da diretoria da Associação Comercial, o sr. Rosenheim é membro do City Club e do Clube Alemão.

Junqueira & Cia. - Os sócios desta importante casa de comissões fundada em 1889, antes Junqueira Irmãos & Cia., hoje Junqueira & Cia., são todos proprietários de grandes fazendas. O fundador da firma foi o dr. Frederico Junqueira e os outros sócios são os srs. Francisco Maximo Junqueira, St. Clair Junqueira e Martiniano Andrade. O dr. Frederico Junqueira é proprietário de duas fazendas de café, uma em Muzambinho com 500 acres e 300.000 pés, e outra em Garapará, com 800 acres e também 300.000 pés.

O sr. Francisco Junqueira tem cinco propriedades em Ribeirão Preto, com 12.000 alqueires e 1.000.000 de pés de café. O sr. St. Clair possui duas fazendas em São José do Rio Pardo com 600 acres e 200.000 pés e o sr. Andrade duas fazendas de 1.000 alqueires e 200.000 pés. A produção total de café destas fazendas é calculada em 300.000 arrobas ou 75.000 sacas.

O negócio feito pela casa em Santos consiste em receber café do interior para venda. A firma opera anualmente com 150.000 a 200.000 sacas; e adianta também dinheiro aos fazendeiros. O dr. Junqueira, fundador da firma, nasceu em Minas, e desde 1899 se ocupa com o comércio de café. Estudou Engenharia na Escola José Preito e recebeu o seu diploma em 1896. É membro da Sociedade Paulista de Agricultura e, com seus sócios, está interessado em várias empresas de lavoura e comércio.

Malta & Cia. - Esta casa foi estabelecida em 1888, sob a razão social de Malta & Cerquinho; a presente firma data de há três anos passados. Os fundadores foram os srs. dr. Procopio de Toledo Malta (pai dos dois principais sócios da firma atual) e Antonio Alfredo Vaz Cerquinho, de nacionalidade portuguesa. Os atuais sócios são dois irmãos, srs. José Francisco Malta e Mario Malta, e o dr. Laerte Teixeira de Assumpção.

Hoje, a firma cuida exclusivamente do negócio de comissões e consignações. Os srs. Malta recebem do interior em consignações, e sobre elas operam, de 150.000 a 200.000 sacas de café por ano. Têm dois grandes armazéns na cidade, com capacidade para 80.000 e 35.000 sacas de café respectivamente. O sr. José Francisco, o irmão mais velho, foi por algum tempo sócio e gerente na primeira firma; e o sr. Mario também obteve a sua experiência do comércio de café na mesma casa. Ambos são naturais de S. Paulo, assim como o dr. Laerte Teixeira de Assumpção.

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O ponto de embarque
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Lara Campos, Toledo & Cia. - Entre os mais importantes comissários em Santos, está a firma de Lara Campos, Toledo & Cia., que foi fundada em 1888. De então para cá tem a firma mudado algumas vezes: desde 1908, são sócios os srs. Antonio de Toledo Lara Campos e Ruy Nogueira. A casa opera exclusivamente como comissária de café, recebendo do Interior uma média anual de 200.000 sacas de café, o qual é todo vendido em Santos.

O principal sócio da firma, o sr. Lara, é proprietário de três fazendas em Sta. Francisca, São Luiz e São José, as quais têm 1.100.000 pés mais ou menos. O sr. Lara, grande capitalista, reside em São Paulo e tem interesses em várias empresas comerciais e industriais em diversos pontos da República.

Os srs. Campos e Nogueira dividem entre si a gerência da casa em Santos; ambos entraram para a firma há três anos. O sr. Campos está na indústria do café há cerca de 20 anos, e obteve a prática e experiência em sua própria fazenda, que dirigiu durante 9 anos. O sr. Nogueira está ligado à indústria do café há cinco anos. Depois de educado em São Paulo, viajou demoradamente pela Europa.

Silva, Ferreira & Cia. - Esta firma de comissários foi fundada em 1903 e atualmente são seus sócios os srs. dr. Azarias Martins Ferreira, José Joaquim da Silva e Olívio Ferreira e Silva. A casa negocia exclusivamente em vendas de café que lhe é consignado e opera, termo médio, com 150.000 sacas anualmente. No município de Franca, tem a firma duas fazendas, uma com 100.00 pés que dão 8.000 arrobas; e a outra com 300.000 pés, que dão 20.000 arrobas.

O sr. Olívio tem outra fazenda no mesmo município, com 200.000 pés que produzem, termo médio. 20.000 arrobas. O sócio dr. Azarias Ferreira foi eleito vice-prefeito de Santos em 1911. Natural de São Paulo, foi educado em Gand (Bélgica) (N.E.: cidade portuária também conhecida como Ghent) e aí se graduou como engenheiro civil em 1896. VOltando ao Brasil, começou a exercer a sua profissão e trabalhou em construção d estradas de ferro e em medição de terras até 1903, ano em que entrou para o comércio de café.

Cerquinho, Rinaldi & Cia. - Ocupando modernos e espaçosos armazéns, cuja construção importou em Rs. 150:000$000, à Rua Alexandre Rodrigues nº 9, a firma Cerquinho, Rinaldi & Cia. está estabelecida com casa de comissões, em Santos, desde 1908. São sócios os srs. Alfredo Vaz Cerquinho, Miguel A. Rinaldi e Olympio Felix Araujo Cintra. Durante o ano, opera a firma com cerca de 200.000 sacas de café, todo vendido em Santos. Têm três armazéns com a capacidade total para 100.000 sacas. Os três sócios são naturais do Estado de S. Paulo e há muitos anos se dedicam ao negócio do café. O sr. Rinaldi possui várias fazendas de café, e os outros são também proprietários de terras.

Levy & Cia. - Esta firma de comissários e exportadores de café data somente de 1911, se bem que os seus sócios srs. José Levy, Simão Levy e Huberto Levy se ocupem, há muitos anos, da indústria do café. O sr. José Levy possui, em Ibicaba, uma fazenda de café, uma das mais antigas na República, onde há pés de café seculares. Esta fazenda, antes pertencente ao falecido senador Vergueiro, passou a ser propriedade do sr. Levy em 1890. Tem cerca de 560.000 pés de café.

O sr. Levy possui outra fazenda, de 190.000 pés, em Itapema; e com o seu sócio sr. Simão tenciona brevemente estabelecer, no Estado de São Paulo, uma refinaria de açúcar para trabalhar a colheita de cana de açúcar, proveniente de fazendas de que os dois são conjuntamente proprietários.

Sob a firma J. Levy & Cia. têm eles também uma agência bancária, em Limeira, da qual é gerente o sr. José Levy Sobrinho. No comércio de exportação, tem a firma J. Levy & Cia. um lugar proeminente. Em 1909-11, a antiga firma embarcou 172.391 sacas de café para a Europa e Estados Unidos e em 1895-1909, 273.749 sacas, perfazendo um total de 446.140 sacas. Hoje em dia, porém, a casa opera principalmente em comissões.

A gerência geral do negócio acha-se a cargo do sr. Paul Dauch que, há três anos, está ao serviço da casa. Durante a sua estadia de 13 anos em Santos, foi o sr. Dauch, algum tempo, gerente da firma G. A. Frommel & Cia. Obteve os seus conhecimentos do comércio de café trabalhando com seu pai que tem grandes interesses no mesmo comércio em Triste. O sr. Dauch é natural de Dresden. A firma tem como procurador o sr. Nicolau Roland.

Krische & Cia. - Há 16 anos, se acha esta firma exportadora estabelecida em Santos, ainda que somente há 10 anos em mãos dos atuais proprietários, srs. Karl Krische e Thomas Thornton. O primeiro é hoje agente geral em Hamburgo e o sr. Thornton dirige o negócio em Santos. Em média a firma exporta 300.000 sacas de café anualmente; mas esta média foi excedida em 150.000 no ano 1906-7. De 1895 a 1910, exportaram os srs. Krische & Cia. nada menos de 2.924.357 sacas para vários portos do mundo, inclusive Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Alemanha e outros países europeus; Argélia, Egito etc. etc.

O sr. Thornton, de Northumberland, veio para o Brasil em 1888; por algum tempo, esteve empregado no Moinho Inglez; e a sua experiência do comércio do café foi adquirida na antiga casa exportadora de Akell Wilson & Cia., do Rio. Vindo para Santos, entrou para a firma de Nova York de Steinwender Stoffregen & Cia. como gerente e depois associou-se com o sr. Krische. O sr. Thornton é diretor da Associação Comercial, da Brazilian Warrant Co. Ltd., e da Companhia Registradora de Santos. Durante ano e meio foi o sr. Thornton cônsul inglês em Santos.

Souza Queiroz, Amaral & Cia. - A firma de Souza Queiroz, Amaral & Cia. está ligada ao comércio de café, em Santos, há 17 anos, como casa comissária de café. Os seus sócios, porém, são também conhecidos fazendeiros, no Estado de São Paulo. O fundador da firma foi o sr. Antonio de Souza Queiroz, que hoje tem como associados seu irmão dr. José de Souza Queiroz, seu filho dr. Persio de Souza Queiroz, seu genro sr. Carlos Alberto do Amaral.

A firma possui quatro fazendas no Estado: uma em São Manoel com 1.000.000 de pés, duas em São Carlos, com 200.000 pés cada uma; e uma em Ribeirão Bonito, com 150.000 pés. Em média, a colheita anual destas fazendas vai a 28.000 sacas de café, se bem que, no ano passado, devido à excepcional colheita, a produção fosse de 40.000 sacas. A firma recebe café em consignação de outros fazendeiros do Interior, o qual é vendido em Santos ou na Europa. Ocupa um edifício próprio, à Rua Amador Bueno, 40, o qual abrange uma área de 1.800 metros quadrados e tem capacidade para armazenar 45.000 sacas de café.

A gerência efetiva do negócio em Santos é exercida pelo dr. Persio de Souza Queiroz, cujo tio, dr.  Manoel Joaquim de Albuquerque Lins, foi presidente do Estado de São Paulo. O dr. Persio nasceu em Campinas e foi educado em São Paulo, onde obteve o diploma de engenheiro civil pela Escola Politécnica, em 1893. Viajou pela Alemanha e França e sempre se interessou inteligentemente pelos negócios de Santos e distrito respectivo. O dr. Persio de Souza Queiroz, além de suas ocupações comerciais, exerce o cargo de engenheiro residente da Southern São Paulo Railway Company.

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Largo do Rosário
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McLaughlin & Cia. - Esta firma é uma sucursal da importante casa de Chicago W. F. McLaughlin & Cia. (fundada pelo falecido sr. W. F. McLaughlin), com grande torrefação de café e que também negocia com chás e especiarias. A sucursal de Santos foi aberta em 1893; e existe outra sucursal no Rio de Janeiro; destes dois centros, consideráveis partidas de café são consignadas à casa em Chicago.

Em 1910-11, exportou a sucursal de Santos mais de 80.000 sacas de café; e de 1895 a 1910 o total de 1.250.634 sacas. O gerente em Santos é o sr. Edward A. Hinsberger, que ocupa este cargo desde 1904. O sr. Hinsberger está ao serviço da firma há perto de 20 anos.

Toledo, Assumpção & Cia. - Tem tido esta importante casa de comissões várias mudanças em sua firma, desde que se estabeleceu, em 1898. O seu fundador foi o sr. Pedro de Souza Aranha, que passou o seu negócio à firma Aranha, Toledo & Assumpção, compreendendo os srs. Aranha, dr. Antonio de Campos Toledo e Domingos Teixeira de Assumpção.

Os presentes sócios são os srs. José Augusto de Toledo, Domingos Teixeira de Assumpção, dr. Antonio Carlos de Assumpção e dr. Erasmo Teixeira Assumpção. Os dois últimos são advogados em São Paulo. Desde a fundação da firma, tem o sr. Pedro de Souza Aranha tomado parte ativa na gerência. É natural de Campinas e está na indústria de café, em Santos, há 28 anos. A firma Toledo, Assumpção & Cia. Opera somente com café em consignação; e em média vende 150.000 sacas por ano. Tem também uma sucursal em Campinas sob a gerência do sr. Domingos N. Penteado.

Smith Trost & Cia. - No período de 1895-6 a 1908-9, nada menos de 1.078.570 sacas de café foram exportadas de Santos por esta firma. Só no ano 1909-10, as suas exportações foram de 112.236 sacas. A casa de Santos é uma filial da bem conhecida firma importadora de Schmidt Trost & Cia. (São Paulo), que, além de exportar café, opera como agência de remessas de mercadorias consignadas à casa matriz de São Paulo, tais como aço, madeiras, cimento, toda a sorte de cutelaria e materiais para construção também de toda a espécie.

Representam a linha de paquetes Johnston que mantém um serviço mensal para Santos, assim como várias conhecidas companhias de transportes e seguros marítimos; e agem também como síndicos de sinistros. O gerente da sucursal é o sr. Adolpho Wagner, estando o departamento de café a cargo do sr. Alex. Dieboldt.

Diogenes Ferreira - O sr. Diogenes Cintra Ferreira, um dos diretores da Associação Comercial, iniciou a sua vida no comércio, como comissário em Santos, há 10 anos. Mais tarde, começou também a exportar café e recentemente passou a empregar toda a sua atividade no comércio de exportação. Exporta, em média, 140.000 sacas de café. O sr. Ferreira é natural de Minas, e na fazenda de seu pai adquiriu os primeiros conhecimentos do comércio do café.

Ernesto Whitaker & Cia. - Um dos sócios e o gerente geral desta firma, sr. Frederico Ernesto de Aguiar Whitaker Jor, ocupa o cargo de 2º secretário da Associação Comercial. É natural de São Paulo e primo do dr. José Maria Whitaker. Tem interesses em várias empresas comerciais, tais como a Cia. Exportadora de Frutas, de Santos, e a Cia. Brazileira de Seguros.

A firma foi fundada em 1908 e tem como associados vários fazendeiros conhecidos, entre os quais os srs. Antonio Ramos da Silva, João Ragazzi, Saturnino de Carvalho, Leão Nogueira, d. Anna Delfina Gomes, e outros. O negócio desta firma é o de comissões e gira anualmente com 100.000 sacas de café. A casa recebe consignações de outros fazendeiros, além das enviadas pelos que pertencem à firma.

Whitaker & Brotero - Esta firma foi estabelecida em 1903 pelo dr. José Maria Whitaker, que tomou para sócio, em 1910, o dr. Frederico de Barros Brotero. Negociam os srs. Whitaker & Brotero como comissários de café e vendem em Santos uma média anual de 100.000 sacas. O seu depósito à Rua Amador Bueno tem capacidade para armazenar 25.000 sacas.

O dr. Whitaker, fundador da firma, ocupa o cargo de presidente da Associação Comercial e tem interesses pecuniários em várias empresas comerciais. Natural de São Paulo, o dr. Whitaker foi educado nesta cidade e obteve o diploma de advogado pela Faculdade de Direito em 1896. Além de cuidar dos interesses comerciais de sua firma, o dr. Whitaker exerce a profissão de advogado em São Paulo e igualmente em Espírito Santo do Pinhal.

O dr. Brotero é também paulista, formado pela Faculdade de Direito, em 1896. De 1903 a 1906, foi deputado à Câmara Estadual; e de 1897 a 1899, exerceu o cargo de procurador da República na cidade de Tietê. O dr. Brotero é dono de fazendas, mas dedica-se quase exclusivamente ao comércio.

Delfino Martins & Cia. - Esta importante casa de comissões de café foi fundada pelo sr. Delfino Martins Siqueira há 8 anos e os sócios hoje são os srs. dr. Gustavo Delfino Martins Siqueira, dr. Joaquim Miguel Martins Siqueira, dr. Joaquim Ribeiro Mendoza, e Francisco Martins Siqueira (solidários) e d. Olympia Porto (comanditária). A firma opera somente em comissões de café e tem um movimento anual de cerca de 120.000 sacas.

Com exceção do sócio comanditário, os membros da firma são grandes fazendeiros, tendo nada menos de seis fazendas em diferentes pontos do Estado de São Paulo. Nestas fazendas, se encontra um total de uns 700.000 pés que produzem 15.000 sacas de café, por ano.

O dr. Gustavo Delfino Martins é engenheiro formado pela Escola Politécnica de S. Paulo em 1901. Em 1910, foi diretor da Associação Comercial. O dr. Joaquim Miguel Martins Siqueira é advogado em São Paulo e muito conhecido em rodas comerciais. Há sete anos passados, foi presidente da Associação Comercial; e atualmente é presidente da Cia. Santista de Tecelagem e da Cia. Santista de Transportes em Automóveis.

Queiroz, Barros & Cia. - O capital inicial desta firma era de Rs 600:000$000, mas está hoje elevado a Rs. 1.500:000$000, o que indica a crescente importância do seu negócio, hoje exclusivamente de comissões. A casa foi fundada em 1º de julho de 1890 pelos drs. Antonio Francisco Aguiar Barros, Paulo de Souza Queiroz e Carlos Paes de Barros, sob a razão social de Queiroz Barros & Irmãos; mas, por morte do dr. Antonio Barros, dois anos depois, foi a atual firma adotada com os seguintes sócios: dr. Paulo de Souza Queiroz, dr. Carlos Paes de Barros, sr. Bonifácio Filho e sr. Frederico Junqueira.

A firma ocupa em Santos cinco depósitos que têm a capacidade total para 80.000 sacas de café. O dr. Paulo de Souza Queiroz, que foi chefe de polícia e também secretário do Ministério de Finanças do Estado de São Paulo, possui uma fazenda em Descalvado, com 400.000 pés que dão 40.000 arrobas de café. O dr. Carlos Paes de Barros possui três fazendas, uma em Campinas, com 80.000, colhendo 10.000 ar.; outra em Ribeirão Preto com 250.000 pés colhendo 25.000 arrobas; e a terceira em Santa Rita de Passa Quatro.

São conjuntamente gerentes da casa em Santos os srs. José Bonifácio e Frederico Junqueira. Ambos foram, por alguns anos, associados à firma de Amaral Rocha & Cia. no comércio do café, onde o sr. Junqueira era gerente. Este foi também vice-presidente da Associação Comercial e, durante dez anos, membro do Conselho Municipal.

Queiroz Ferreira & Azevedo - Esta casa, exclusivamente comissária de café, foi fundada em Santos, em 1889, pelo sr. João B. Ribeiro. Na sua primeira fase, girou sob a firma B. Ribeiro e Camargo, tendo tido a colaboração do sr. José Pires de Camargo. Retirando-se este logo depois e entrando em sua substituição o sr. João B. de Toledo Santos, em virtude do seu precário estado de saúde, ficou só o fundador da casa, a qual adotou então a razão comercial B. Ribeiro, que cresceu e prosperou, conseguindo impor-se à confiança da praça e da lavoura do Estado, então em período de franco desenvolvimento.

No ano de 1902, com o seu crédito consolidado como casa de primeira ordem e rodeada de gerais simpatias, extinguiu-se a firma B. Ribeiro, que foi sucedida pela de B. Ribeiro, Ferreira & Cia., organizada com o concurso dos srs. coronel José V. de Queiroz Ferreira, abastado fazendeiro no município de Palmeiras, e A. S. Azevedo Junior, antigo gerente da casa e empregado desde a sua fundação. A firma B. Ribeiro Ferreira & Cia. manteve a mesma orientação da sua antecessora e girou até 1907, ano em que se dissolveu com a retirada do sr. João B. Ribeiro, que, sentindo-se cansado da vida ativa do comércio, deliberou, na mais perfeita harmonia, deixar a casa, e em São Paulo, onde é capitalista e proprietário, viver tranqüilamente dos seus rendimentos.

Os sócios remanescentes, srs. cel. José V. de Queiroz Ferreira e A. S. Azevedo Junior, organizaram então, em sucessão, a firma Queiroz Ferreira & Azevedo, que ainda existe, mantendo a mesma orientação e sustentando galhardamente as tradições de suas antecessoras. O coronel José V. de Queiroz Ferreira, que é grande produtor de café no município de Palmeiras, um dos mais prósperos do Estado, é proprietário e residente na Capital.

O sr. A. S. Azevedo Junior é homem afeito à vida comercial, que desde muito moço adotou; reside em Santos, onde a sua atividade e dedicação se têm feito sentir, auxiliando a fundação e desenvolvimento de todas as instituições de que essa terra se orgulha, e tem exercido diversos cargos de eleição pública e particular, entre os quais o de 1º secretário da Associação Comercial. Foi presidente da Câmara Municipal no triênio passado e um dos fundadores da Companhia Exportadora de Café de Santos, importantíssima instituição recentemente instalada nesta cidade, com o concurso das mais importantes firmas da praça, e da qual é vice-presidente.

João Procopio, Irmãos & Cia. - Entre as mais antigas e importantes firmas de comissários em Santos, se conta a de João Procópio, Irmãos & Cia., estabelecida em 1891. Os fundadores foram o coronel João Procopio e o sr. Antonio Ferreira da Rosa. Os sócios atualmente são o coronel João  Procopio de Araujo Carvalho, seu irmão, sr. Procopio de Araujo Carvalho e d. Maria Gabriella Junqueira de Carvalho, viúva do sr. Cornelio Procopio, que foi sócio da firma. O seu principal negócio consiste em receber café do Interior e vendê-lo aos exportadores em Santos; entretanto, também fazem uma pequena exportação, por conta própria, para Buenos Aires.

O falecido sr. Cornelio Procopio era proprietário de algumas importantes fazendas, uma das quais continha 500.000 pés de café. Os sócios da firma residem em São Paulo e o negócio em Santos é gerido pelo sr. Pedro de Mello, que tem a experiência de muitos anos no comércio do café. Foi antes gerente da antiga firma, hoje conhecida por Alves Toledo & Cia., e da casa Almeida Mello & Cia., e ocupa a atual posição há ano e meio.

Leite & Santos - Os sócios desta firma, fundada em 1900, são os srs. Francisco José Leite e Antonio Augusto dos Santos; até 1908, negociaram como comissários de café; nesse ano, porém, iniciaram a exportação do café que hoje representa o seu único ramo de negócio. Os seus mercados principais são os da Europa. Em 1909-10, a firma exportou 20.781 sacas de café e em 1910-11, 20.000 sacas.

Os srs. Leite & Santos são proprietários de três fazendas de café, uma em Araras, com 230.000 pés e produção de 20.000 arrobas; outra em Piraju, com 300.000 pés, produzindo 25.000 arrobas; a terceira em Barreiro, com 120.000 pés, produzindo 12.000 arrobas. Compraram também 2.600 alqueires de terras, em Rio Feio (Estrada de Ferro Noroeste do Brasil), com o intento de plantar café.

O sr. Leite é natural de Araras e por muitos anos tem aí exercido o cargo de prefeito. O sr. Santos é português, mas reside no Brasil há perto de 25 anos. Foi antes sócio da importante casa Leite & Cia. de São Paulo. O gerente da firma tem sido nestes últimos quatro anos o sr. Max Hotz.

Pamplona, Priester & Cia. - Em grande e moderno edifício à Rua de Sto. Antonio, se acha a firma Pamplona, Priester & Cia. instalada desde 1908. Os sócios são os srs. Augusto Coelho Pamplona, Luiz Coelho Pamplona e João Priester. Negociam principalmente como comissários de café, mas exportam também para várias partes da Europa e dos Estados Unidos. Os seus embarques em 1910-11 subiram a 50.000 sacas de café. O maior volume, porém, do café por eles recebido vem à consignação e é vendido em Santos, onde a firma tem um depósito com capacidade para 25.000 sacas.

Os srs. Pamplona, Priester & Cia. são também proprietários de uma fazenda de café em Ribeirão Preto, com 500.000 pés, que dão a média de 15.000 sacas de café. O sócio gerente da firma em Santos é o sr. Priester que, durante seis anos, foi gerente da firma Barbosa & Cia. O sr. Priester exerce o cargo de 1º secretário da Associação Comercial.

Leme Ferreira & Cia. - Esta importante firma, estabelecida em 1997, opera como exportadora e comissária. O ramo de exportação de café é de recente instalação; em 1909-10 compreendeu 40.000 sacas e já em 1910-11 subiu a 60.000 sacas. A firma possui um depósito à Rua Eduardo Ferreira, com capacidade para 65.000 sacas. Os fundadores e sócios da firma são os srs. Tarquinio Ferreira da Silva, José Vieira da Silva, Luiz Leme Ferreira e Julio Ferreira Britas.

O sr. Tarquinio Ferreira da Silva é o sócio gerente da casa em Santos e está ligado ao comércio do café desde 1897. É natural de Minas e entrou para o comércio logo depois da sua saída da escola. O sr. Ferreira da Silva é vice-presidente da recentemente fundada Companhia de Pesca Santos.

Os outros sócios são donos de fazendas. O sr. José Vieira da Silva, que representa a firma em Jaú, tem aí uma fazenda, que produz, na média, 6.000 arrobas de café. O sr. Luiz Leme Ferreira tem a seu cargo os interesses da firma em Bragança e possui aí uma fazenda de café, que produz 16.000 arrobas. O sr. Julio Ferreira Britas, que é presidente da Câmara Municipal em Bragança, tem uma fazenda em Piracaia, onde colhe 9.000 arrobas por ano.

Almeida, Mello & Cia. - Esta casa, uma das mais antigas do comércio comissário de Santos, data de 1886. O fundador da firma, coronel Francisco de Almeida Moraes, trabalhou com um sócio, sob  a firma de Francisco de Almeida Moraes & Cia., até 1894. Mais tarde passou a firma a Almeida Moraes, Mello & Cia.; e a presente razão social foi organizada há cinco anos, sendo sócios os srs. Luiz de Almeida Mello e Luciano Pupo Nogueira. Em comissão, recebe a firma anualmente uma média de 100.000 sacas de café, o qual é todo vendido em Santos.

Os srs. Almeida Mello & Cia. são também fazendeiros, tendo no município de Jaú uma fazenda com 150.000 pés, dos quais 110.000 em cafezais formados e 40.000 em plantações novas. A colheita anual regula 15.000 arrobas.

O fundador da firma, coronel Almeida Moraes, que foi por algum tempo presidente da Câmara Municipal, reside em Santos, retirado dos negócios. Os srs. Mello e Nogueira são naturais de São Paulo e o último está na indústria de café, em Santos, há cerca de 30 anos. Tendo entrado para a firma, como simples empregado, tornou-se mais tarde sócio e gerente, posição que ocupa há quase 20 anos.

Correa Magalhães & Cia. - Esta firma abriu a sua casa de comissões em 1910 em sucessão a Meira Botelho & Cia. São sócios os srs. Carlos Leoncio Magalhães, Pio Lourenço Corrêa, Antonio Joaquim Carvalho Filho, Dario Alves de Carvalho, Eduardo Monteiro dos Reis e Joaquim de Meira Botelho, este último comanditário.

O sr. Pio Lourenço Corrêa é o principal gerente da casa, em colaboração com o sr. Reis. Além de receber café em consignação para venda em Santos, ocupa-se a firma também da lavoura do café e tem no município de Araraquara oito fazendas, com cerca de 1.500.000 pés que dão a média anual de 150.000 arrobas.

Cardoso de Mello & Cia. - Esta casa foi primeiramente estabelecida em dezembro de 1903, sob a firma Cardoso de Mello & Fontes, de que eram sócios o dr. José Joaquim Cardoso de Mello Jr. e o sr. Antonio José Fontes Jr. Em 21 de dezembro de 1909 foi organizada, com o capital de Rs. 500.000$000, a atual firma de que são sócios os drs. José Joaquim Cardoso de Mello Jr e Antonio Pinto Cardoso de Mello.

Os srs. Cardoso de Mello & Cia. negociam como comissários de café à Rua 15 de Novembro, 40. O dr. José Joaquim Cardoso de Mello Jr. é proprietário de duas fazendas de café: uma, Sta. Adalgiza, no município de São Paulo dos Agudos; e a outra, Boa Esperança, no município de Araras.

Julio Conceição - Desde 1884, trabalha o sr. Julio Conceição, em Santos, como comissários, no comércio do café. A firma Conceição & Cia. de que ele é o principal sócio, foi naquele ano fundada.

O sr. Conceição é natural do Estado de São Paulo e a princípio trabalhou em fazendas de café. Além de comissário, é também, hoje, fazendeiro e possui quatro fazendas de café; ocupa-se ainda da lavoura. Em sua propriedade, a Estação de Paraíso, na E.F. Sorocabana, existem vários lagos, nos quais ele cria diversas espécies de peixes de água doce e este ensaio tem tido até agora excelentes resultados.

O sr. Conceição tem várias propriedades na cidade de Santos, incluindo a sua residência particular à Praia do Boqueirão e o Hotel Balneário. Na vida pública, tem o sr. Conceição, a intervalos, tomado parte, na administração da cidade, como vereador, e em 1889, como presidente da Câmara Municipal.

Alves de Lima & Cia. - Esta firma é sucessora dos srs. Lima e Monteiro de Barros, que estabeleceram negócio em São Paulo, em 1900. Eram sócios os srs. Antonio M. Alves Lima e Carlos Augusto Monteiro de Barros. No mesmo ano se retirou o sr. Barros e entrou para sócio o dr. Galleno Martins de Mello. Em 1901, entrou para a firma o dr. Hector de Oliveira Adams. Este e o sr. Antonio M. Alves de Lima são hoje os únicos sócios, tendo-se o dr. Galleno Martins de Mello retirado em 1901.

Os srs. Alves Lima & Cia. negociam como comissários, e têm três depósitos em Santos, com acomodação para 40.000 sacas. São proprietários de uma nova fazenda no Paraná, a qual tem 250.000 pés e dá 9.000 arrobas de café. Nestes últimos oito anos, tem exercido a gerência o sr. José de Arruda, que, antes de vir para Santos, já pertencia ao comércio em São Paulo.

Freitas, Lima, Nogueira & Cia. - A casa comissária de café, conhecida na praça de Santos como "a casa Telles", foi fundada em 8 de novembro de 1881, sob a firma de Telles & Netto, composta dos sócios srs. Antonio Carlos da Silva Telles e Domingos Luiz Netto, e recebeu a sua primeira consignação de café em 11 daquele mês e ano. Em 1883, com a admissão dos novos sócios srs. Bento Quirino dos Santos e José Paulino Nogueira, passou a funcionar sob a razão social de Telles, Netto & Cia.

Em 1894, tendo ampliado de modo extraordinário as suas transações, passou a ocupar, como casa comissária de café, um dos primeiros lugares; e em 1901 bateu o recorde dos recebimentos de café em Santos. A casa girava, então, sob a razão social de Telles, Quirino & Nogueira, por se ter retirado em 1899 o sócio sr. Domingos Luiz Netto.

A atual firma de Freitas, Lima, Nogueira & Cia., organizada em 1 de julho de 1905, em substituição à antecessora, que se dissolveu, é composta dos sócios srs. Antonio de Freitas Guimarães Sobrinho, Joaquim Bento Alves de Lima, José Paulino Nogueira Filho e Thadeu Nogueira, todos antigos empregados das firmas predecessoras. O seu escritório está instalado no pavimento superior do prédio nº 7 da Rua Quinze de Novembro, e seus armazéns à Rua Marquês de Herval e travessa do mesmo nome até a Rua V. de São Leopoldo.

A atual firma mantém fielmente as tradições da casa Telles, e o alto prestígio que ela conquistou. Nada se alterou ali, nem nas pessoas nem nas cousas, visto que os atuais sócios já estavam identificados com os interesses e serviços das firmas antecessoras; e os velhos sócios, obedecendo a um hábito antigo, ainda lá vão, animando com a sua presença os que lhes sucedem, agora, no mesmo trabalho metódico e na mesma lealdade comercial. É no gênero o que se chama uma casa modelar, e o conceito que tem na praça de Santos honra o espírito e a iniciativa do comércio brasileiro.

J. F. de Queiroz Telles - O sr. J. F. de Queiroz Telles, que pertence a conhecida família brasileira e é neto do visconde de Paraíba, começou a trabalhar como comissário em Santos, em 12 de fevereiro de 1909. Possui dois depósitos para armazenagem do café, um à Rua S. Vergueiro e o outro à Rua Marquês do Herval, 38, com a capacidade total para 17.000 sacas. Opera esta firma anualmente com cerca de 5t0.000 sacas de café, que são vendidas aos exportadores locais.

O sr. Queiroz Telles possui também duas fazendas, uma, a fazenda de São João em Jundiaí, onde colhe anualmente cerca de 2.500 sacas; e a outra, no Remanso, fazenda de Sant'Anna, que produz, na média, 8.000 sacas. O gerente da casa em Santos é o sr. Arthur Alves Firmino, que há 12 anos está na indústria do café e desde a fundação da firma exerce aquele cargo.

Almeida Cardia & Filhos - Esta firma foi estabelecida em 1910, sucedendo à de Sabino, Cardia & Cia., sucessores de J. Ferreira & Cia. Esta última apareceu em 1902. São sócios da casa atual os srs. Antonio Augusto Almeida Cardia e seus filhos, José de Almeida e Antonio de Almeida Cardia Jr. A firma negocia em comissões de café e de ano para ano tem aumentado as suas transações.

O sr. Cardia pai, além de interessado em várias empresas comerciais e industriais, é um fazendeiro muito conhecido em Capim Fino. A sua fazenda tem 504.000 pés que produzem, na média, 60.000 arrobas. Em 1906, atingiu a produção da fazenda 85.000 arrobas.

O gerente da casa em Santos é o sr. José Cardia que, com seu pai, foi sócio da firma Sabino Cardia & Cia. Foi educado em Owen's College, Manchester, e desde a sua volta da Inglaterra se entrega ao negócio do café. O sr. José Cardia é tesoureiro da Cia. Brasileira de Exportação de Frutas e é sócio da casa Crêpe Santé Bachman & Cia., em Rothrist, Suíça, que tem também uma fábrica em Stuttgart (Alemanha). Esta empresa manufatura toda a sorte de roupa branca, em lã, seda, algodão etc. Seu irmão, sr. Antonio Cardia Jr., é administrador da fazenda de café e dedica-se à criação de gado bovino e eqüino.

Companhia Internacional de Santos - Esta companhia, com escritório em Santos, tem nesta cidade como gerente o sr. J. R. Paiva Azevedo. Funciona como auxiliar da Companhia de Fazendeiros de São Paulo, com escritório à Rua de São Bento, 33, São Paulo. A companhia recebe café para embarque e possui numerosos armazéns, onde o café é limpo, classificado e reensacado, para o que dispõe a empresa de ótimo e moderno maquinismo.

A Companhia Internacional de Santos faz avultado movimento em café e tem cerca de 80 homens empregados nas suas diversas seções. O maquinismo é movido a vapor e a gás. O sr. J. R. Paiva Azevedo, gerente em Santos, nasceu em São Paulo em 1877. Depois de fazer os seus estudos primários nesta cidade, foi para a Europa e completou a sua educação na Suíça. Tendo recebido uma sólida educação comercial, voltou ao Brasil em 1911; e foi, nesse ano, nomeado para o cargo que ocupa atualmente.

Companhia Comércio de Café - A Sociedade Anônima Companhia Comércio de Café, com sede e foro jurídico em Santos, foi constituída por assembléia de 16 de dezembro de 1911. A sociedade tem por fim a compra e venda de café, por conta própria ou de terceiros, a representação de casas ou sociedades nacionais e estrangeiras; e o recebimento e venda, em consignação ou por conta própria, de quaisquer produtos nacionais ou estrangeiros.

O capital da empresa é de Rs. 500:000$000, dividido em 2.500 ações de Rs. 200$000 cada uma. A diretoria compõe-se dos srs. Gustavo Ribeiro de Souza, presidente; dr. Azarias Martins Ferreira, vice-presidente; Francisco Bento de Carvalho, 1º secretário; Eugenio Artigas, 2º secretário; e Carl Hellwig, diretor-gerente.

Companhia Auxiliar do Comércio de Café -  A Sociedade Anônima Companhia Auxiliar do Comércio de Café tem a sua sede e foro jurídico na cidade de Santos, Estado de São Paulo, e possui sucursais em São Paulo e no Rio de Janeiro. O objeto da companhia é operar, como intermediária, em compras e vendas de café a termo, registrar os contratos, receber e pagar diferenças resultantes da liquidação e, de modo geral, facilitar as transações sobre café.

O capital da companhia é de Rs. 150:000$000, dividido em 1.500 ações de Rs. 100$000. A sua diretoria compõe-se dos srs. Evaristo Machado Netto, presidente; José Prudente Correia, secretário; e J. P. da Silva Felizardo, gerente.

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Campo do Santos Athletic Club, no José Menino
Foto publicada com o texto, página 732

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