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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [24-b]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 210 a 221, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Trem de construção no quilômetro 871 (Estrada de Ferro Central)
Foto publicada com o texto, página 210. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Estrada de Ferro Central do Brasil

Esta grandiosa e adiantada estrada de ferro do governo do Brasil, cujo ponto inicial é o Rio de Janeiro, tem, desde suas origens, uma história muito interessante, que demonstra a força de vontade de um povo novo e independente, que não vacila em adotar as mais recentes invenções de uma civilização mais adiantada, ainda que arcando com todas as desvantagens decorrentes das distâncias quase invencíveis, que teve de enfrentar, sem falar nos enormes obstáculos físicos que a todo o instante se erguiam, e na deficiência de crédito com que lutar. A sua história, que esboçamos neste prefácio, reflete lisonjeiramente sobre o bom senso e ambição dos patrióticos brasileiros, desde que tenhamos o cuidado de relembrar a posição política do Brasil no 2º e 3º quartéis do século XIX.

Devemos retroceder aos mais remotos tempos da construção de estradas de ferro, sob a direção de gênio impulsivo de George Stephenson. Em 1825, foi aberta a primeira linha do mundo, entre Stockton e Darlington. A 31 de outubro de 1835, promulgou o Governo Imperial do Brasil o primeiro decreto, que autorizava a concessão de estradas de ferro, partindo do Rio de Janeiro e dirigindo-se a Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia, o que era um programa altamente ambicioso, para aqueles remotos tempos, e que ainda hoje permanece por executar na parte relativa à linha que, partindo da Capital Federal, se dirige para a Bahia.

Deste primeiro decreto, nada resultou. Em 29 de outubro de 1838, segundo decreto aprovou diferentes artigos de uma resolução da Assembléia Provincial de S. Paulo, concedendo privilégio exclusivo a Aguiar Viúva, Filhos & Companhia. Outro decreto, de 14 de novembro de 1840, concedeu ao dr. Thomaz Cochrane privilégio exclusivo por 80 anos, para a organização de uma companhia nacional ou estrangeira que empreendesse a construção de um caminho de ferro, principiando no município da Corte e terminando na província de S. Paulo.

Há, nessa concessão, uma curiosa cláusula, a qual determina que "no caminho de ferro da companhia serão empregados carros movidos por animais ou por vapor ou por qualquer outro agente posteriormente descoberto, que melhor satisfaça o fim desejado de transportar pessoas, artigos de lavoura e indústria de qualquer natureza, com segurança, economia e rapidez".

Cochrane formou uma companhia com o capital de 8.000:000$000, oito mil contos, e deixou de começar a construção da linha dentro dos 3 anos marcados, pelo que pagou a multa estipulada de 4 contos, em 19 de dezembro de 1845, conseguindo obter, pelo decreto de 2 de janeiro de 1849, uma prorrogação de prazo para os seus privilégios. Mas só em 1852 o governo desceu de sua elevada posição, para casualmente se interessar em projetos de estrada de ferro, e devem-se atribuir, em grande parte, à energia e iniciativa de um eminente cidadão, Irineu Evangelista de Souza, mais tarde visconde de Mauá, os cuidados que naquele tempo dispensou o governo a este magno problema.

Nasceram, então, as estradas de ferro Mauá, D. Pedro II e Pernambuco. À Mauá coube a honra de ser a primeira linha aberta ao tráfego, no Brasil; este acontecimento histórico deu-se em maio de 1854, quando um trem correndo de Mauá (ao Norte da baía do Rio de Janeiro) chegou a Fragoso. Em dezembro de 1856, alcançava esse trem a Raiz da Serra.

A Mauá não passava de uma curta estrada de ferro, da extensão total de 5 milhas. O nascimento do gigante que posteriormente seria conhecido pelo nome de Estrada de Ferro Central do Brasil data do decreto nº 641, de 26 de junho de 1852, que autorizou o governo a conceder, a uma ou mais companhias, a construção, total ou parcial, de uma estrada de ferro que, partindo do município da Corte, fosse terminar no ponto mais conveniente das províncias de Minas Gerais e S. Paulo.

Muita água, porém, os rios levaram das montanhas para o mar, antes que tão ousado e arrojado projeto tomasse uma feição definitiva.

Um dos sérios obstáculos era a concessão de Cochrane. O governo achava-se a braços com este dilema: não podia obrigar Cochrane a começar a sua linha, e não podia, por falta de energia ou por má vontade do concessionário, anular a concessão. Finalmente, foi cortado o nó górdio com a assinatura de um contrato celebrado em Londres, a 9 de fevereiro de 1855, com Eduardo Price, que se obrigava construir a 1ª seção da linha que deveria ser conhecida com o nome de Estrada de Ferro D. Pedro II; e a 22 de junho do mesmo ano, Cochrane assinava uma escritura de desistência, mediante uma indenização pecuniária.

O então ministro brasileiro em Londres, Luiz Pedreira do Couto Ferraz, depois visconde de Bom Retiro, assim prefaciou o seu relatório sobre a conclusão do contrato Price: "Posso finalmente anunciar-vos que, hoje, considero terminados os embaraços que, até agora, a despeito de todos os meus esforços e os de meus predecessores, se têm oposto à pronta realização dessa Estrada".

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Estrada de Ferro Central - Tipos de estações: 1) Boa Vista; 2) Juiz de Fora; 3) Desengano; 4) Estação Central, Rio de Janeiro;  5) Belo Horizonte
Foto publicada com o texto, página 211. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

A primeira seção da linha seria da extensão de 37½ milhas, atravessando terreno nivelado no estado do Rio de Janeiro. A existência oficial e legal da Estrada de Ferro D. Pedro II data dos seguintes atos do governo imperial: 1º - contrato de 9 de fevereiro de 1855, com Eduardo Price; 2º - decreto nº 1.598, de 9 de maio, ordenando que a execução desse contrato seja confiada a uma companhia organizada no Rio de Janeiro, e dando instruções sobre a colocação e distribuição das ações; 3º - decreto nº 1.599, da mesma data, aprovando os estatutos da companhia; 4º - contrato de 10 de maio de 1855, com a companhia, ara a construção, uso e custeio da estrada de ferro.

Os trabalhos da construção da nova estrada começaram em 11 de junho de 1855. Em 13 de agosto, a companhia, apenas constituída, elegeu a seguinte diretoria: Christiano Benedicto Ottoni (vice-presidente), dr. Roberto Jorge Haddock Lobo, Alexandre Joaquim de Siqueira, João Baptista da Fonseca e dr. Jeronymo José Teixeira Junior (secretário).

A 2 de outubro, o governo nomeou o sr. Cristophe Bajot Lane para o cargo de engenheiro chefe da estrada de ferro. Outros ingleses tomaram parte na construção e foram: Austin, a quem o contratante Price deixou como seu representante no Rio, e o coronel Charles P. M. Garnet, a quem o governo contratou, em 1856, para fazer os estudos da construção da linha da Serra. Finalmente, a 20 de março de 1858 foi inaugurado o tráfego na 1ª seção da linha, com toda a pompa e cerimônia, estando presentes o imperador e a imperatriz e o bispo que lançou a bênção sobre a nova estrada.

Esta primeira linha tinha 32 milhas de extensão e 5 estações: Campo (na cidade do Rio de Janeiro), Engenho Novo, Cascadura, Maxambomba e Queimados. Era ainda dia claro quando a família imperial voltou; a viagem foi feita em 1 hora e 40 minutos, tempo excessivo mas propositalmente gasto para se evitarem acidentes, visto como em experiências secretas já se tinha feito o mesmo percurso em uma hora. O material rodante da companhia, naquele tempo, consistia no seguinte: dez locomotivas: 4 para trens de passageiros com duas rodas motrizes, 4 para trens de cargas com seis rodas motrizes, e 2 com 4 rodas motrizes; oito carros de passageiros de 1ª classe; 16 carros de passageiros de 2ª classe; 16 de 3ª; e 100 vagões de mercadorias de diferentes modelos e qualidades.

Tais eram as modestas condições da recém-nascida via férrea e contudo o seu nascimento já tinha empobrecido a companhia. A 19 de maio de 1858, por intermédio do ministro brasileiro em Londres, foi contratado um empréstimo com os srs. Rothschild & Sons, na importância de £1.525.000. Esperava-se com toda confiança que esta quantia vencesse as dificuldades de momento da companhia e bastasse para a construção e abertura ao tráfego da 2ª seção da linha, com uma extensão de 28½ milhas, o que apresentava imensas dificuldades de engenharia devido à área montanhosa que ia ser atacada.

O primeiro acidente na nova linha ocorreu em 20 de fevereiro de 1859 com o descarrilamento de um trem entre Maxambomba e Queimados, de que resultou a morte do capitão Horacio da Gama Moret e do engenheiro contratante Isaac Howard (inglês), saindo feridas 5 outras pessoas. Em 9 de junho do mesmo ano, ocorreu segundo acidente, devido a um encontro de trens de que resultaram ferimentos em treze pessoas.

A 12 de julho de 1863 foi inaugurada a 2ª seção da linha até Rodeio, com a presença da Corte Imperial. Assim o alto da serra havia sido alcançado, mas a dificuldade da abertura dos túneis tinha outra vez arremessado a companhia a dificuldades financeiras. A 30 de junho de 1864, estava concluído o Túnel Grande.

No ano seguinte, estando a companhia insolvível, adquiriu o governo a linha então com 137 quilômetros de extensão, comprando também o material rodante que já estava elevado a 22 locomotivas, 49 carros de passageiros e carros-correios e 222 vagões.

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Estrada de Ferro Central - Algumas pontes notáveis: 1) Quilômetro 535, seção de Ouro Preto; 2) Cachoeira; 3) Quilômetro 545, seção central; 4) Seção de São Paulo;  5) Boa Vista; 6) Quilômetro 569, seção central
Foto publicada com o texto, página 212. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Não se afastando da sorte a que sempre parecem destinadas todas as estradas de ferro construídas no Brasil, a companhia teve de lutar com mil obstáculos e principalmente contra a própria natureza, e este é um fato que devemos ter de memória sempre que houvermos de encarar os problemas e questões relativas a dividendos e quilometragem.

O Grande Túnel que atravessa a Serra do Mar e está 2.500 pés acima do nível do mar levou 7 anos para ser perfurado e mede 2.336 pés. Em uma das bocas desse túnel, à direita, existe a seguinte inscrição: "Reinando o sr. d. Pedro II - E sob seus auspícios - Foi começada esta obra em 1858 - E terminada em 1865".

Passando para a administração direta e progressiva do governo, a estrada de ferro se foi desenvolvendo gradualmente, o que os seguintes algarismos mostram, patenteando a extensão da linha em cada decênio:

Em 1875, tinha a estrada 300 milhas; em 1885, 450; 1895, 720; 1905, 970. Atualmente em 1912 tem a Estrada de Ferro Central do Brasil (que foi o nome adotado para a D. Pedro II depois de proclamada a República) uma extensão de 1.212 milhas em tráfego. Nestes algarismos estão incluídas 138 milhas da ex-Estrada de Ferro S. Paulo e Rio de Janeiro, incorporada à Central em 1891, diversas linhas de pequena extensão, originariamente pertencentes ao estado de Minas Gerais e a E. F. Melhoramentos do Brasil. O quadro seguinte dá as distâncias do Rio de Janeiro a certas estações da Central do Brasil, e suas altitudes, indicando algumas das dificuldades de construção.

Estado Estação Distância do Rio em km Altitude em metros
Rio de Janeiro Cedro 206 737
Governador Portela 111 633
Túnel Grande 89 744
Minas Gerais João Ayres 351 1.115
Hermílio Alves 410 1.147
Contria 875 586
São Paulo Norte 496 726
Lajeado 471 779

Aqui apresentamos um quadro interessante, que mostra o movimento financeiro da rede da Estrada de Ferro Central, até a data dos últimos relatórios.

Anos Extensão média do tráfego em km Receita geral Despesa do custeio Diferença entre a receita geral e a despesa do custeio (renda líquida) Relação do custeio para a renda geral
1858 50,835 302:278$900 205:589$638 96:689$262 68,01
1859 61,675 729:196$540 618:271$030 110:925$510 84,78
1860 61,675 931:297$768 620:849$360 310:448$408 66,66
1861 65,144 1.130:329$816 707:712$676 422:617$140 62,61
1862 70,002 1.093:167$751 827:287$997 205:879$754 75,67
1863 79,466 1.065:821$895 865:963$950 199:857$945 81,24
1864 99,397 1.279:343$697 980:127$772 299:215$925 76,61
1865 125,204 1.828:806$018 1.110:732$897 718:073$121 60,73
1866 138,249 1.870:305$468 858:971$812 1.011:333$656 45,92
1867 176,015 2.529:534$552 1.112:795$680 1.416:738$872 43,99
1868 202,598 2.819:831$178 1.255:514$191 1.564:316$987 44,52
1869 212,366 4.348:184$222 1.956:192$341 2.391:991$881 44,98
1870 221,762 1.466:567$902 1.919:477$369 2.547:090$533 42,97
1871 275,118 5.456:069$931 2.462:543$299 2.993:526$632 45,13
1872 319,563 5.766:499$782 3.272:991$719 2.493:508$063 56,75
1873 363,400 6.411:066$907 3.542:024$477 2.869:042$430 55,24
1874 391,423 7.636:418$230 3.456:897$151 4.179:521$079 45,26
1875 445,537 8.184:258$217 3.989:762$332 4.194:495$885 48,74
1876 501,525 8.025:448$259 4.392:032$440 3.633:415$859 54,72
1877 546,197 9.314:547$652 5.408:783$276 3.905:764$376 58,06
1878 583,360 10.022:525$424 5.560:206$085 4.462:319$339 55,47
1879 621,752 11.163:525$867 4.766:201$802 6.397:324$065 42,71
1880 633,725 11.306:892$908 5.372:412$081 5.934:480$827 47,51
1881 648,332 13.115:157$422 5.684:710$166 7.430:447$256 43,35
1882 682,571 12.478:582$269 6.567:290$519 5.911:291$750 52,62
1883 682,571 11.617:289$866 6.500:360$809 5.056:929$057 56,47
1884 724,908 11.566:431$325 6.591:350$140 4.975:081$185 56,98
1885 724,908 12.276:824$241 6.342:990$810 5.933:833$431 51,66
1886 735,570 11.568:776$995 6.479:838$584 5.088:938$422 56,01
1887 765,707 10.316:949$968 6.599:328$573 3.717:621$395 63,96
1888 807,194 12.593:377$210 6.880:810$243 5.712:566$967 54,63
1889 828,467 11.970:848$135 7.708:201$968 4.262:646$167 64,39
1890 855,363 12.181:032$019 9.184:083$476 2.996:948$543 75,39
1891 1.053,820 16.444:127$295 12.237:880$452 4.206:246$843 74,42
1892 1.120,001 20.100:156$461 17.123:525$251 2.976:631$210 85,19
1893 1.133,290 24.539:304$606 24.012:414$996 526:889$610 97,85
1894 1.155,633 25.965:815$646 25.392:066$732 573:748$914 97,79
1895 1.179,774 28.096:111$792 29.124:653$800 - 1.028:542$007 103,66
1896 1.203,380 32.716:781$989 32.677:027$807 39:754$182 99,87
1897 1.222,396 30.378:734$187 31.750:247$344 - 1.371:513$157 104,51
1898 1.222,475 34.106:658$610 31.043:580$094 3.063:078$516 91,01
1899 1.241,580 32.495:951$390 28.050:482$993 4.445:468$397 86,30
1900 1.241,580 29.823:653$696 27.253:719$168 2.569:934$528 91,38
1901 1.257,714 31.920:349$826 26.340:140$458 5.580:209$368 82,52
1902 1.257,714 30.392:065$132 26.708:315$876 3.683:749$256 87,88
1903 1.263,070 30.534:863$206 26.024:467$136 4.510:396$070 85,23
1904 1.580,389 28.223:686$529 27.840:953$150 382:733$379 98,64
1905 1.627,294 28.641:492$942 27.823:789$591 817:703$351 97,15
1906 1.663,162 31.140:011$782 30.574:049$022 565:962$760 98,18
1907 1.663,162 32.141:989$780 31.845:826$936 296:162$844 98,06
1908 1.763,656 29.720:624$859 32.182:376$501 - 2.461:751$642 108,62
1909 1.668,916 31.226:524$009 31.262:510$388 - 35:986$379 100,11
1910 1.789,068 29.448:566$386 38.521:884$848 - 7.259:374$460 137,53

O seguinte quadro mostra o movimento de passageiros e as receitas do tráfego nos dez anos últimos (N.E: clique >>aqui<< para ampliar esta tabela).

Anos

Renda propriamente do tráfego

Renda eventual, Diversos, Rendas de próprios e outras, Produto

Pro-

duto total

 

Viajantes

Bagagem e enco-

mendas

Mercadorias

Animais

Veículos

Arma-

zena-

gens, mul-

tas & Pro-

duto

Telé-

grafo

 

Nú-

mero

Pro-

duto

Quilo-

gra-

mas

Pro-

duto

Quilo-

gra-

mas

Pro-

duto

Nú-

mero

Pro-

duto

Pro-

duto

Pro-

duto

1898

12

.080

.097

10.531

:381

$130

48

.366

,385

3.230

:878

$820

677

.386

.493

18.515

:911

$004

237

.628

808

:885

$587

477

11

:284

$010

364

:329

$934

174

:275

$350

469

:702

$775

34.106

:658

$610

1899

12

.304

.386

8.975

:038

$360

49

.458

,434

2.699

:146

$918

738

.709

.806

19.173

:695

$471,6

218

.582

674

:949

$090

319

6

:476

$800

343

:209

$416

161

:247

$670

462

:187

$665

32.495

:951

$390

1900

14

.236

.266

8.170

:424

$895

49

.375

,538

2.255

:730

$925

830

.978

.660

17.672

:993

$409

246

.621

828

:531

$376

388

9

:275

$020

305

:219

$931

155

:305

$980

426

:172

$160

29.823

:653

$696

1901

14

.478

.930

7.952

:405

$845

52

.042

,035

2.117

:697

$832

866

.718

.274

20.441

:331

$852

216

.647

754

:214

$712

356

7

:526

$040

279

:433

$667

127

:250

$010

240

:489

$868

31.920

:349

$826

1902

15

.094

.250

7.935

:509

$484

53

.092

,114

2.120

:530

$420

880

.274

.819

18.753

:808

$614

231

.926

852

:062

$360

307

6

:991

$450

368

:824

$497

97

:037

$310

257

:300

$997

30.392

:065

$132

1903

15

.781

.601

7.905

:088

$872

51

.962

,072

2.016

:063

$993

1.021

.613

.015

19.032

:823

$665

262

.883

963

:685

$406

251

5

:396

$850

302

:789

$286

64

:078

$610

244

:936

$524

30.534

:863

$206

1904

17

.758

.012

8.686

:435

$325

63

.338

,108

2.105

:076

$757

967

.076

.578

15.634

:733

$919

273

.364

1.015

:294

$130

306

7

:899

$240

355

:970

$170

62

:484

$238

355

:792

$750

28.223

:686

$529

1905

19

.501

.603

8.978

:313

$360

63

.437

,466.5

2.170

:639

$530

917

.692

.219

15.642

:955

$860

303

.758

1.078

:276

$310

300

6

:846

$080

439

:099

$665

53

:341

$460

265

:369

$569

28.641

:906

$814

1906

21

.077

.933

9.360

:098

$845

72

.090

,418.5

2.285

:106

$939

934

.319

.856

17.441

:447

$202

298

.251

1.202

:179

$550

405

9

:678

$210

526

:080

$555

63

:166

$220

252

:254

$261

31.140

:011

$782

1907

22

.362

.193

10.211

:749

$840

66

.816

,000

2.442

:916

$772

1.053

.935

.000

17.352

:482

$477

303

.324

1.208

:110

$680

562

12

:355

$900

598

:755

$909

55

:548

$963

260

:064

$239

32.141

:989

$780

1908

22

.899

.093

10.469

:124

$400

64

.513

,000

2.147

:994

$439

1.063

.570

.000

15.038

:574

$582

324

.043

1.176

:254

$520

453

19

:602

$000

573

:480

$643

59

:500

$829

236

:093

$446

29.720

:624

$859

1909

23

.063

.599

10.743

:604

$190

72

.016

,000

2.255

:486

$228

1.160

.329

.000

16.038

:582

$866

327

.654

1.224

:302

$900

677

30

:595

$500

642

:853

$483

61

:255

$720

229

:846

$122

31.226

:524

$009

1910

26

.812

.266

10.551

:528

$361

93

.896

,000

2.236

:569

$960

1.246

.730

.000

14.477

:814

$447

370

.490

1.308

:734

$559

543

17

:285

$700

586

:923

$671

66

:582

$494

203

:127

$194

29.448

:566

$386

                         

Aprox.

51.500

:000

$000

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Seção de Ouro Preto (da Estrada de Ferro Central): um belo trabalho de Engenharia
Foto publicada com o texto, página 213. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Será de interesse recordar aqui algumas das dificuldades vencidas no extenso curso da Estrada de Ferro Central. O traçado da Estação Central, no Rio de Janeiro, a Belém, desenvolve-se por um terreno plano. Esta parte da linha, não apresentando dificuldades, contém muitas curvas, que entretanto não impedem o alcançar-se uma velocidade de 48 milhas, 82 quilômetros por hora, com toda a segurança.

De Belém a Barra, há uma distância de 28 milhas (47 quilômetros), apresentando 1.100 pés (325 metros) de diferença de nível. Aí, o traçado galga majestosamente a Serra do Mar, atravessando 16 túneis, dos quais o Túnel Grande, que é o maior, já mencionamos. Além desses túneis, há o viaduto do Rodeio, a ponte sobre o Rio Sant'Anna e grande número de muralhas de arrimo na encosta das montanhas.

Da Barra a Entre Rios, há 56 milhas (89 quilômetros) e em toda a extensão deste trecho a linha margeia o Rio Paraíba. Nesta parte da Central do Brasil, há grande número de pontes, das quais as maiores são as de Desengano, Paraíso e Boa Vista. Além destas, há neste mesmo trecho 14 outras pontes, 5 viadutos, 38 pontilhões e apenas um túnel.

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A Estrada de Ferro Central, perto da Estação Central, no Rio de Janeiro
Foto publicada com o texto, página 213. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Depois de pela primeira vez atravessar o Paraibuna por uma ponte de 600 jardas de comprimento, no quilômetro 210, o traçado, de novo, atravessa o rio na ponte do Paraibuna que tem 260 jardas, e alcançando então a margem esquerda deste rio, o trem não o perde mais de vista até Chapeu d'Uvas, sendo todo este percurso feito em território mineiro.

Entre Souza Aguiar e Paraibuna há o túnel dos Micos e a cachoeira do Inferno. As pontes mais notáveis deste trecho da Central são as de Manso, Espírito Santo, Bom Sucesso, Caioaba e duas outras sobre o Rio Mathias Barbosa. O traçado torna-se altamente interessante nas proximidades de Retiro, onde, depois de atravessar o rio do mesmo nome, em imponente viaduto, e depois de dar uma grande volta, penetra no túnel dos Marmelos, que tem 1.700 jardas, e está no quilômetro 271, a 2.100 pés acima do nível do mar.

Pouco depois, atravessa o trem Juiz de Fora, onde existe uma das melhores estações da E. F. Central do Brasil. O viaduto do Retiro tem 330 jardas de comprimento, com um arco de encontro, em cada extremidade, e 5 arcos centrais, de 15,30 m de comprimento de trilhos Barlow. Este viaduto é uma das mais notáveis obras da Central e prende a atenção do viajante por sua elegância e leveza. Foi construído pelo engenheiro Jorge Rademacker em 1872.

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Estrada de Ferro Central - Túnel no quilômetro 536, seção de Ouro Preto
Foto publicada com o texto, página 214. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

De Palmira, no quilômetro 324, a Lafayette, no quilômetro 462, vence a linha considerável diferença de nível, entre Mantiqueira e João Ayres, desenvolvendo-se sinuosamente sobre a Serra da Mantiqueira. Descortina-se um belo panorama, quando o traçado apresenta o aspecto de uma ferradura, perto da estação de João Ayres. Há numerosos cortes e aterros nesta seção.

No ramal de Santa Cruz, entre Campo Grande e Santa Cruz, há uma tangente de 6½ milhas, a maior de toda a estrada. Da Barra do Pirahy, parte o ramal de S. Paulo, que tem uma extensão de 240 milhas. Este ramal acompanha até Guararema o vale do Rio Paraíba, do qual ora se aproxima, ora se afasta.

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Estrada de Ferro Central - Viaduto do Mangue
Foto publicada com o texto, página 214. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Da Barra a Campo Belo, a linha atravessa extensas planícies, alcançando depois uma região montanhosa, onde outra vez aparecem obras de hábil engenharia. Atravessa a divisória das águas dos rios Bonito e Salto e torna a ganhar o Paraíba, no quilômetro 219, galgando-o por uma ponte de treliça, cujo arco central tem um vão de 40 metros. Depois, vêm as pontes de RIo Bonito, Lavrinhas e Cachoeira.

De Cachoeira para cima, a linha margeia o Rio Paraíba, sem o atravessar, até Bom Jesus. Nesse percurso, corta diversos contrafortes da Serra Quebra Cangalhas e, por pequenas pontes, atravessa os rios Canoas, Lorena, São Gonçalo, Pirapetinga, Una etc., afluentes do Paraíba, que perto de Guararema é atravessado pela linha férrea, por meio de uma ponte americana que tem o comprimento de 180 jardas.

No quilômetro 420 transpõe o morro Itupeva, pelo túnel das Piroleiras. Do vale do Guararema, que a linha atravessa 31 vezes, por pequenas pontes, passa ela para o do Rio Tietê. Do quilômetro 470 ao quilômetro 480, em zona cada vez mais montanhosa, atravessa a linha vários espigões, que correm em direção oblíqua ao seu eixo, formando os vales secundários do Tranquinho, Verde e Itaquera. Entre Guaiaunas e Norte, há uma tangente da extensão de 6.886 metros.

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Estrada de Ferro Central: 1) Ponte de madeira sobre o Rio Santo Antonio; 2) Ponte quase terminada; 3) Uma ponte de dormentes
Foto publicada com o texto, página 215. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

O ramal de Porto Novo, que parte de Entre Rios, no quilômetro 197, estende-se por 39 milhas até Porto Novo do Cunha, no quilômetro 361, margeando o Rio Paraíba. No quilômetro 204, esta linha atravessa o Paraibuna, pela ponte de Humaitá. Depois, vem a ponte de Anta, no quilômetro 222, a qual, com 140 jardas de comprimento, também serve de limite entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Ao deixar esta ponte, a linha encontra o maior corte aberto em rocha, que existe na Central do Brasil.

A ponte de Sapucaia, que também serve de divisa aos dois estados, no quilômetro 234, é uma das maiores desta estrada e compõe-se de 3 arcos e uma viga em treliça, com 100 jardas de comprimento. A grande altura desta ponte e a sua majestosa posição sobre cachoeiras impetuosas oferecem ao viajante um quadro suntuoso. Antes de Chiador, há a bela ponte de Santo Antonio, elegante obra de engenharia sobre o rio do mesmo nome.

O ramal de Ouro Preto, além de ser de difícil traçado, oferece algumas notáveis obras de consolidação. Este ramal parte da estação de Miguel Burnier, no quilômetro 497, que está situada a 1.126 metros acima do nível do mar. O seu ponto culminante, a 1.362 metros, é a garganta do Alto da Figueira. O seu ponto terminal é Ouro Preto, no quilômetro 540, a 1.060 metros sobre o nível do mar.

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Estrada de Ferro Central - rotunda e pátio, Rio de Janeiro
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Partindo de Miguel Burnier, a linha sobe, com uma rampa de om, 0253, (N.E.: SIC) até o quilômetro 498, de onde passa a atravessar a garganta de S. Julião, que é a divisa entre as bacias dos grandes rios S. Francisco e Doce, no quilômetro 500, com uma altitude de 1.155 metros; e daí se dirige à bacia do Paraopeba. Subindo firmemente, até a garganta do Desbarrancado, no quilômetro 503, a 1.175 metros acima do nível do mar, a linha alcança e acompanha o vale do encantador Rio das Velhas até o quilômetro 510. Depois de atravessar a garganta do Papa Cobras, volta de novo para o Paraopeba, transpõe a garganta do Vira-Saia, passando depois para a bacia do RIo das Velhas, até alcançar a Serra de Ouro Branco.

No alto da Figueira, no quilômetro 517, que é o seu ponto culminante e a maior altitude alcançada por qualquer estrada do Brasil, descortina-se uma magnífica vista que domina o famoso pico de Itabira. Depois do quilômetro 534 a linha penetra no vale do Tripuí. No curto espaço de 160 jardas a linha atravessa o Tripuí 3 vezes por meio de pontes, entre as quais há cortes de xisto quase preto. As maiores dificuldades do traçado foram as que tiveram de ser enfrentadas e vencidas entre Tripuí e Ouro Preto.

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Estrada de Ferro Central - seção de Ouro Preto
Foto publicada com o texto, página 217. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

O Ramal de Belo Horizonte (capital do estado de Minas Gerais) parte de General Carneiro, no quilômetro 589, e desenvolve-se pela margem esquerda do Ribeirão das Arrudas, sem defrontar dificuldades de terreno até Minas. Diga-se, de passagem, que a Estrada de Ferro Central do Brasil tem duas bitolas, uma de 1,60 m e outra de 1 metro. São de bitola larga os trechos compreendidos entre a estação Central e Burnier, e os correspondentes aos ramais de Porto Novo, S. Paulo, Livramento e Santa Cruz. A bitola estreita está adotada na linha do centro, de Itabira para diante, e também nos ramais de Ouro Preto e Belo Horizonte.

A experiência da administração da Estrada de Ferro Central do Brasil, no que se refere a trilhos e dormentes, interessa a todo o mundo, devido, em primeiro lugar, à dificuldade do traçado e em segundo, à excepcional riqueza em madeiras que apresenta esta grande região tropical e semi-tropical.

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Estrada de Ferro Central - salão-restaurante dum carro de luxo
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Os primeiros trilhos empregados foram os de ferro Barlow, substituídos de 1873 a 1877 pelos de aço do sistema Vignole. O progressivo aumento do tráfego e a aquisição de moderno material rodante, mais pesado, criaram a necessidade da adoção de trilhos mais duráveis. Assim, os trilhos que anteriormente pesavam 33 quilos por metro, estão suplantados pelos trilhos de tipo C, cujo peso é de 42 quilos, por metro corrente.

O aço empregado nos trilhos atualmente em uso é obtido pelos processos Bessmer, Martim e Siemens. O perfil adotado é o modelo americano Vignole. Estão atualmente em uso, na estrada, três tipos, que são adotados nas bitolas larga e estreita. Os tipos a, b e c, para a bitola de 1 metro, e os tipos A, B e C para a bitola de 1,60 m. O tipo C, atualmente empregado em toda a extensão da linha, é o que oferece mais resistência para a circulação das pesadas máquinas Brooks suburbanas e de carga dos tipos Consolidation, Decapod e Mastodonte.

Contudo, em uma considerável porção de linha, ainda há trilhos do tipo B, que estão em uso há mais de 20 anos, o que basta para firmar a reputação das manufaturas que forneceram estes tão notáveis trilhos.

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Linha da Central -  Casas de estações: 1) Congonhas; 2) Pirapora (término da Seção Central); 3) Engenho de Dentro
Foto publicada com o texto, página 218. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Em 1887, o dr. Ewbanck da Camara, com o fim de obter os melhores tipos de dormentes, ordenou que fosse feita uma classificação de madeiras brasileiras. Os resultados das demoradas experiências, então iniciadas, são de tal interesse, que não hesitamos em dá-los aqui, com alguns detalhes.

Foram classificados dormentes de 1ª classe aqueles que duraram, em perfeito estado, 11 anos ou mais; e aqueles que apresentavam menor duração, foram considerados 2ª classe. Estas duas classes referem-se a madeiras de lei, mas, por motivos financeiros, as madeiras brancas, depois de embebidas e saturadas de creosoto, também têm grande uso na Estrada de Ferro Central do Brasil.

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Aumento de peso e de força - Locomotivas nº 102 e nº 257
Foto publicada com o texto, página 218. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

O dr. Pandiá Calogeras, em 1899, conseguiu do Congresso uma verba de R$ 100:000$000 para instalar uma usina de creosoto destinada a injetar os dormentes de madeira branca, porque esta espécie de madeira é encontrada em grande profusão na linha do Centro, e portanto a sua adoção se impõe, uma vez que as madeiras melhores e mais duráveis são ainda de obtenção difícil e conseqüentemente muito custosas para que se generalize o uso delas.

A classificação referida é a seguinte: 1ª classe: Aroeira do sertão (reputada a melhor); Pau-brasil; Canela Capitão Mor; Canela Sassafrás; Guarama parda e preta; Ipê tabaco; Jacarandá rosa, tan, cabiúna e roxo; Óleo pardo e vermelho; Peroba rosa (não sendo das matas marítimas do ramal de S. Paulo entre Cachoeira e Norte); Piúna; Sapucaia vermelha; Sobragi; Sucupira amarela e preta; Tapinhoã, Ubatã, Uru-urana; Canela espinhosa e preta. 2ª classe: Angelim Pedra; Angico Rajado; Arapoca amarela e parda; Canjerana; Capebano; Garapa; Grossaí azeite; Guarabu; Ipê-Una; Jatobá roxo; Mangalô; Massaranduba; Merindiba; Oiti; Óleo Jataí; Peroba amarela; Sapucaí vermelho e Furuman. Achou-se que as madeiras de maior duração foram o Óleo Vermelho e o Tapinhoã, 12 anos; a Aroeira, o Jacarandá rosa, o Ubatã, o Urucurana, a Piúna, a Sucupira e o Sobragi, 11 anos.

As madeiras de maior peso específico são: Aroeira do Sertão, 1,219 kg; Jacarandá 1,196 kg; Ipê tabaco, 1,156 kg; Canela Sassafrás, 1,135 kg. As de menor peso específico são: Arariba rosa, 0,795 kg; Canela Capitão Mor, 0,792 kg; Mangalô, 0,808 kg; Canjerana, 0,824 kg. Estes pesos, sendo relativos ao decímetro cúbico, estabelecem que as primeiras madeiras mencionadas são mais pesadas do que a água e as últimas mais leves. A Aroeira resiste a uma compressão de 1.005 kg por centímetro quadrado. O Ipê Tabaco e a Sucupira resistem, respectivamente, a uma compressão de 985 e 930 kg, por centímetro quadrado. A menor resistência por centímetro quadrado é oferecida pelas seguintes madeiras: Canela Capitão Mor, 402 kg; Guaranima cinzenta, 402; Canela parda, 534; Canjerana, 546.

Os dormentes devem ter as seguintes dimensões:

Bitola larga: Comprimento 2,60 m a 2,70 m
Largura 0,20 m a 0,30 m
Altura 0,14 m a 0,15 m
     
Bitola estreita: Comprimento 1,80 m a 1,90 m
Largura 0,18 m a 0,20 m
Altura 0,13 m a 0,14 m

Os dormentes de madeira de lei são os melhores para as curvas e rampas fortes, mas, a despeito das suas grandes vantagens, tiveram de ceder o lugar às madeiras brancas, depois de saturadas de creosoto, as quais têm sido largamente empregadas, em razão da sua abundância nas florestas que margeiam a linha, o que determina uma maior barateza de custo.

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Trabalhos de construção difícil: 1, 3 e 4) Na Seção de Ouro Preto; 2) Arrasando a pedreira de São Diogo, perto do Rio; 5) A linha em Ipiranga
Foto publicada com o texto, página 219. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Obtém-se o creosoto dos resíduos que ficam pela destilação da hulha para a produção do gás de iluminação. A usina de creosotagem em Mariano Procópio possui máquinas pneumáticas, câmara cilíndrica de injeção, vagonetes para o transporte de dormentes, grandes galpões para depósito e terreno ao ar livre, para a evaporação lenta dos líquidos.

Antes de se proceder a uma menção, embora sumária, do material rodante de que dispunha a Central no ano de 1911, deve-se fazer referência às suas diversas oficinas.

A principal destas oficinas, destinada a servir à bitola larga, acha-se em Engenho de Dentro; e na estação do Norte, no estado de São Paulo, fica a que deve atender às exigências da bitola estreita. Além destas, existem oficinas para reparações correntes em S. Diogo, Barra do Piraí, Entre-Rios, Palmira, Sete Lagoas, Barra Mansa e Cachoeira.

Para mostrar os valiosos serviços não relativos a estradas de ferro que as oficinas de Engenho de Dentro prestaram ao Governo, durante a revolta que, de 6 de setembro de 1893 se estendeu até julho de 1894, basta dizer que, nesse período, dali saíram 32.986 projéteis de vários calibres, 17 carretas de madeira para canhões, 19 carretas de ferro e foram reparados 8 canhões.

Estas oficinas foram abertas em 1869 e atualmente ocupam a área de 175.000 metros quadrados. Cerca de 1.200 operários trabalham nas duas grandes seções, encarregadas das locomotivas, uma delas, e dos vagões a outra. A fundição fornece 50 toneladas de ferro mensalmente; a fundição de bronze, 8 toneladas. Há 17 forjas e 13 caldeiras.

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Oficinas em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Foto publicada com o texto, página 220. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

O serviço de tração da Central, através de toda a sua longa história, tem devidamente aumentado e melhorado o tipo de suas locomotivas, tanto em peso, como em número, adotando tudo quanto de mais moderno tem aparecido. Compare-se a velha locomotiva de passageiros nº 100, que há apenas 1 ou 2 anos foi retirada do serviço, e que tem o peso de 27 toneladas, à Baldwin de 10 rodas, que pesa 75 toneladas e foi adquirida em 1906 ou 1907. A primeira desenvolvia, na Serra do Mar, uma força de tração de 8.600 libras, rebocando 110 toneladas, enquanto que a 10 rodas (nº 251) desenvolve 18.000 libras e reboca 250 toneladas, neste mesmo trecho.

Terminamos esta notícia com o quadro ao lado, de real interesse. O material rodante da estrada (carros) compreende:

  Quantia Lotação
Carros especiais 13 --
Carros de viaj. e dormitórios 375 24.797
Correio, bagagem e chefe 54 571
Vagões para transp. de animais 293 4.689
Vagões abertos para materiais 880 21.185
Vagões fechados para mercadorias 1.254 19.772
Carros diversos 28 --

Por este quadro se vê como as máquinas Brooks e Baldwin, de construção norte-americana, são as mais favorecidas pela Estrada de Ferro Central do Brasil.

Locomotivas existentes, 1906-1911

Classes. Classificação "White's

 system"

Serviços Quantidade Tipos Fabricantes Proce-dências
    Bitola 1,00 m Bitola 1,60 m      
0.4.0 Manobras 5 -- Construção Baldwin E. Unidos
0.4.0 Manobras -- 1 Mach-tender Cockerill Bélgica
0.6.0 Manobras -- 2 Inglez Stephenson Inglaterra
0.6.0 Manobras 1 -- Xis-wheel Baldwin E. Unidos
0.6.2 Manobras -- 2 Double-endeer Baldwin E. Unidos
2.4.0 Passageiros 2 -- Four-coupled Baldwin E. Unidos
2.6.0 Passageiros -- 25 Mogul Brooks E. Unidos
2.6.0 Mistos 7 17 Mogul Baldwin E. Unidos
2.8.0 Cargas 19 56 Consolidation Baldwin E. Unidos
2.10.0 Cargas -- 1 Decapod Baldwin E. Unidos
4.4.0 Passageiros 24 82 Americano Baldwin E. Unidos
4.4.0 Passageiros 5 -- Americano Brooks E. Unidos
4.6.0 Passageiros 10 15 Ten-wheel Baldwin E. Unidos
4.8.0 Cargas 15 15 Mastodonte Brooks E. Unidos
    88 216      

O quadro seguinte dá a extensão em metros da Estrada de Ferro Central até o ano de 1912:

Extensão da estrada em tráfego em 31 de dezembro de 1911

Bitola de 1,60:
1ª seção Central a Belém 61.698  
2ª seção Belém a Barra do Piraí 46.382  
3ª seção Barra do Piraí a Entre Rios 89.589  
4ª seção Entre Rios a Mariano Procópio 80.081  
5ª seção Mariano Procópio a Lafayette e Gagé 184.530  
Parte da 6ª seção Lafayette a Miguel Burnier 35.720  
Ramais Central à Estação Marítima da Gamboa 0.594  
Praia Formosa a Est. Marít. da Gamboa 2.002  
Jockey Club 1.307  
Santa Cruz 34.443  
Paracambi 8.304  
Porto Novo do Cunha 63.764  
S. Paulo (até Norte) 389.145  
Palmira a Livramento 26.000  
  --------- 1.023.559
Bitola de 1,00 m
Parte da 6ª seção Burnier a Sete Lagoas 186.411  
7ª seção Sete Lagoas a Contria 190.610  
8ª seção Contria a Pirapora 130.919  
Ramais Ouro Preto 42.446  
Minas 15.037  
Ferros 16.000  
Angra 42.790  
Lavras 51.950  
Iuparanã a Rio Preto (E.F.U. Valenciana) 64.000  
Comércio a Santa Mafalda (E.F.R. Flores) 61.000  
Linha Auxiliar 166.969  
  --------- 968.132
    1.991.691

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Estrada de Ferro Central - Salão de palestra dum carro de luxo
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