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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PERSONAGENS
Tipos curiosos (10)

Mesmo na era das telecomunicações, surpreende encontrar quem tenha em sua casa 13 antenas parabólicas, como um morador no Morro do Pacheco, focalizado em matéria do jornal santista A Tribuna em 12 de agosto de 2006, nas versões impressa e eletrônica:


TECNOLOGIA - Fanático por TV, Walter Arias Gouvea mantém 
13 parabólicas no quintal de sua casa, no Morro do Pacheco
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria

TECNOLOGIA
Sábado, 12 de Agosto de 2006, 06:37
Aficionado por TV mantém 13 parabólicas no quintal

Através de antenas, morador do Morro do Pacheco tem acesso a notícias de todo mundo

Patrícia Diguê
Da Reportagem

Imagine poder sintonizar mais de 300 canais com qualidade digital e mais centenas de estações de rádio sem precisar pagar mensalidade. Não se trata de propaganda enganosa nem incentivo à TV a cabo clandestina. Através de antenas parabólicas e conhecimento de eletrônica dá para receber sinais das mais diversas redes de televisão aberta de todos os cantos do mundo.

A prova está na casa do funcionário público Walter Arias Gouvea, de 59 anos, no Morro do Pacheco, próximo ao Valongo. O local é um jardim de parabólicas. São 13 antenas ao todo, instaladas no fundo da casa simples de madeira. A estante antiga enverga com o peso de conversores e sintonizadores. E os fios se emaranham atrás do móvel.

No televisor (um Sony antigo de 20 polegadas), imagens de TVs que ninguém sequer ouviu falar: Yemen TV, Palestinian TV, Telecaribe, Canárias TV, TV Galícia, Qatar TV, Sudan TV, Kwait TV, Puma TV, Cubavision, Maya TV, City TV, entre outras centenas.

"Vejo antes o que ainda vai sair no jornal daqui. O que chega para as pessoas é tudo cortado. A guerra do Líbano, por exemplo, passa ao vivo de noite nas TVs árabes", comenta. É possível ver de tudo: clipes musicais, esportes, filmes, jornalismo e entretenimento. "Gosto mais das TVs latinas, porque dá para entender melhor, mas também adoro os batuques das TVs árabes. Não tenho um canal de preferência, assisto tudo".

O aficionado por TV, que vive sozinho e tem quatro televisores, costuma sentar em frente ao aparelho depois do jantar e fica trocando os canais até as 3 horas da madrugada. "Às vezes assisto a dois canais ao mesmo tempo, para comparar".
Gouvea é o que verdadeiramente se pode chamar de pessoa "antenada". Entende profundamente do assunto. E até fala uma espécie de "antenês". É preciso pedir o tempo todo para que ele volte a conversa para explicar termos como Banda C, Banda KU e para que servem os satélites Intel Sat 805, Brasil Sat B1 e B2 ou o NSS 806.

ANTENADO

"Vejo antes o que ainda vai sair no jornal daqui.
O que chega para as pessoas é tudo cortado"

Walter Arias Gouvea
Funcionário público

Arco-íris - Em resumo, segundo suas próprias palavras: "Os satélites são como um arco-íris no céu. Cada um transmite uma quantidade de canais. Aí é só colocar a parabólica na direção certa para sintonizar".

Para ele, os instaladores de antena do mercado são "zés manés". "Eles não são antenistas, ficam me ligando para aprender, porque eu sou o papa das antenas", diz, orgulhoso. As estações de rádio de todo o planeta também são sintonizadas pela TV. "As rádios daqui só tocam pauleira e axé", critica. 

Sua paixão pela transmissão televisiva começou na adolescência, quando o pai comprou um televisor, mas a imagem era chiada. "Subi no telhado, mexi e a televisão ficou ótima". Desde então, não parou mais. É conhecido por antenistas do Brasil todo, pelos donos de lojas e também é popular na tradicional Rua Santa Efigênia, na Capital, que concentra o comércio de produtos eletro-eletrônicos.

Rastreador - Gouvea ensina que não é necessário possuir um monte de antenas para conseguir receber os sinais. Segundo ele, existe no mercado um rastreador de satélite - espécie de motorzinho colocado na parabólica -, que permite mudar a posição da antena para direcioná-la a mais de 30 satélites.

O santista faz questão de ressaltar que não acessa canais de TVs a cabo. "Aqui no morro não tem TV a cabo. E não dá para puxar os canais pagos pelas antenas, porque o sinal é codificado".

No mundo de Gouvea, TV a cabo é coisa do passado, TV digital é realidade faz tempo e democratização da TV ele exerce na prática. Sua meta agora é adquirir um televisor de 29 polegadas com tela plana.

Apesar de especialista, o servidor público não presta serviços de antenista, apenas ajuda os vizinhos e amigos quando necessário, de graça. Mesmo assim, seu telefone não pára de tocar com pessoas pedindo informações sobre antenas e sintonização de canais. Para os interessados, ele indica o colega chamado Joilson. "Eu ensinei ele, que agora é o melhor da Baixada".


Gouvea assiste, nos canais árabes, imagens da guerra no Líbano
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria