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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Demografia-1913
Mudanças no crescimento populacional (12)

Os problemas de um recenseamento, apesar dos critérios adotados

Em 1914, foi publicada pela Prefeitura Municipal de Santos a obra Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913, que faz parte do acervo do historiador santista Waldir Rueda. Além de uma análise sobre o estado do município nesse ano, o livro apresenta a metodologia e os resultados do censo, e faz ainda comentários sobre os recenseamentos anteriores (ortografia atualizada nesta transcrição):

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PRIMEIRA PARTE
PREMIÈRE PARTIE
XI - Profissões

Observamos, já, num dos capítulos anteriores, quão grandes são as dificuldades que oferece uma classificação sistemática das profissões, segundo a unânime confissão dos mais competentes estatísticos.

Demos a este detalhe o maior desenvolvimento que nos foi possível, parecendo-nos que é a nossa a estatística de profissões mais minuciosa que se tem feito em recenseamentos brasileiros.

A verdade, porém, é que ainda lhe faltam certos detalhes, de relevante importância, sem dúvida, mas que pusemos de parte, justamente receosos de que o resultado, num primeiro censo, não correspondesse às nossas esperanças e aos nossos esforços.

Os mapas de páginas XXIV a XXVI acusam um total de 37.179 indivíduos, exercendo diversas profissões, sendo 33.308 homens e 4.871 mulheres. Não tinham profissão alguma 49 homens e 18 mulheres, ao todo 67 indivíduos, e ignorava-se a profissão de 889 homens e 175 mulheres, ou seja um total de 1.064 pessoas.

Deduzindo-se do total de habitantes 22.540 indivíduos menores de 10 anos, de ambos os sexos, e que não estão em idade de trabalhar, teremos 38.578 homens e 27.849 mulheres adultos. Verifica-se, pois, que da população válida exercem sua atividade profissional 86% de homens e 17% de mulheres. Os 83% restantes de indivíduos do sexo feminino são representados pelas donas-de-casa e suas filhas, mantidas pelo chefe da família.

A profissão que maior número de atividades ocupava era a do comércio e classes correlativas, com um total de 9.161 indivíduos, sendo 8.894 homens e 267 mulheres. O comércio por atacado e a varejo era o que tinha mais numerosos representantes: 1.764 patrões, 2.549 caixeiros e 190 operários. Em seguida, vinha o comércio comissário com 141 patrões, 1.332 empregados e 1.740 operários.

As profissões independentes (capitalistas, proprietários, pequenas profissões) ocupavam o terceiro lugar na ordem: 3.431 homens e 165 mulheres. Vinha logo abaixo o serviço doméstico, com 537 homens e 2.978 mulheres.

Seguia-se-lhe a indústria dos meios de comunicação e de transporte. Nela se empregavam 8.630 homens e 78 mulheres, dos quais 2.146 homens e 4 mulheres em transportes marítimos, 6.250 homens e 43 mulheres em transportes terrestres e 234 homens e 31 mulheres em correios, telégrafos e telefones. Eram patrões 223 indivíduos; empregados, caixeiros etc., 1.231; e operários, jornaleiros, trabalhadores braçais etc., 7.254.

Segundo as categorias, o número total de pessoas empregadas estava assim representado:

 

Patrões

Empregados

Operários

Total

Comércio, Bancos, Seguros e Mutualismo
2.258
4.654
2.249
9.161
Indústrias diversas
1.393
1.636
11.297
14.326
Funcionalismo em geral
407
713
1.318
2.428
Profissões liberais
1.243
--
--
1.243
Profissões independentes
3.596
--
--
3.596
Serviço doméstico
--
--
3.515
3.515
Pequenas profissões
3.327
--
--
3.327
Profissões diversas
2.557
--
--
2.557
Profissões sujeitas à polícia de costumes
119
298
--
417

Os mapas elucidam o exame das profissões com os seus variados detalhes numéricos.

Infelizmente, não podemos confrontar a atual estatística das profissões com a dos censos anteriormente havidos. A classificação das profissões em 1872 era tão diversa da do ano de 1913, que não é possível estabelecer-se qualquer comparação razoável. O censo de 1890 não cogitou de profissões, e do de 1900 só se conhece o número de habitantes, porquanto as outras indagações, por sua insuficiência, foram mandadas cancelar por ordem do Governo da República.

Convém notar, conforme já temos dito várias vezes em relação aos outros detalhes, que nos algarismos referentes às profissões estão incluídos os que dizem respeito ao pessoal embarcado a bordo dos navios surtos em nosso porto a 31 de dezembro. Feitas as deduções, de acordo com os trabalhos que publicamos, intercalados no texto, de pág. 72 a 76, e que tratam da população marítima, obtém-se a cifra real dos indivíduos que empregavam a sua atividade em Santos, no dia do recenseamento.

Não detalhamos as profissões em relação à nacionalidade dos indivíduos. Como, porém, a colônia portuguesa é a maior massa de estrangeiros domiciliados entre nós, organizamos, em relação a ela, a seguinte demonstração do modo por que os seus membros, do sexo masculino, cooperam para o nosso desenvolvimento:

  Zona Urbana Zona rural Total
Advogados
2
--
2
Capitalistas e proprietários
94
25
119
Dentistas
2
--
2
Diversas artes
34
--
34
Diversas profissões
242
--
242
Empregados no comércio
1.277
30
1.307
Enfermeiros
5
--
5
Jornalistas
1
--
1
Médicos
1
--
1
Negociantes
875
45
920
Operários braçais
7.778
2.340
10.118
Operários marítimos
53
7
60
Patrões do serviço marítimo
3
2
5
Pescadores
--
34
34
Farmacêuticos
5
1
6
Praças da Força Pública
115
--
115
Professores particulares
4
1
5
Reclusos
29
--
29
Sacerdotes católicos
1
--
1
Vice-cônsul
1
--
1
Total
10.522
2.485
13.007
Profissões ignoradas
156
41
197
Menores de 14 anos
1.412
369
1.781
12.090
2.895
14.985


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