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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Demografia-1913
Mudanças no crescimento populacional (10)

Os problemas de um recenseamento, apesar dos critérios adotados

Em 1914, foi publicada pela Prefeitura Municipal de Santos a obra Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913, que faz parte do acervo do historiador santista Waldir Rueda. Além de uma análise sobre o estado do município nesse ano, o livro apresenta a metodologia e os resultados do censo, e faz ainda comentários sobre os recenseamentos anteriores (ortografia atualizada nesta transcrição):

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PRIMEIRA PARTE
PREMIÈRE PARTIE
IX - Estado Civil

O mapa com os detalhes do estado civil, que damos à página XXI, leva a considerações interessantes e que comprovam o quanto foi bem executado o censo de 31 de dezembro.

Os solteiros constituem, como se vê, 61,89% da população recenseada; os casados 33,92% e os viúvos, os restantes 4,19%. Consideradas essas proporções à primeira vista, chega-se à conclusão da importância do Município, pois em estatística é admitido que as terras onde os solteiros sobrepujam os casados são mais progressistas do que aquelas onde se observa o fenômeno contrário.

Efetivamente, nos lugares onde os atrativos da sociabilidade mundana são mais intensos e extensos, o número de casados é menor do que o de solteiros, pois estes, absorvidos nos encantos da vida mundanária, cheia de seduções, cogitam menos nos encargos do matrimônio do que os indivíduos do mesmo estado civil domiciliados nas pequenas cidades.

Deduzindo-se, porém, da totalidade dos solteiros os que não atingem a idade legal do matrimônio - ou seja 31.164 indivíduos menores de 15 anos - obtém-se um resultado oposto: os casados excedem os celibatários na proporção de 79%, o que é caracteristicamente verdadeiro.

A expansão que hoje se observa em Santos com relação a toda a espécie de diversões mais ou menos livres data de poucos anos, e ainda não chegou ao ponto a que tem atingido nas grandes cidades. Basta dizer-se que até hoje não foi possível estabelecer-se aqui um café-concerto, como nos centros de relativa movimentação. Na própria capital da República o número de casados é superior ao de celibatários, porque lá também a intensidade da vida mundana não é proporcional à massa da população.

O número de solteiros do sexo masculino é inferior ao do feminino até os 15 anos, pelas razões que temos exposto em nossas anteriores apreciações, mas a partir dos 16 anos até o último grupo da escala, o predomínio cabe ao sexo forte, com exceção somente do grupo dos 41 aos 45 em que as mulheres se acham em pequena maioria.

Entre os casados, o maior número pertence ao sexo masculino, fenômeno que se explica pelo fato dos imigrantes europeus, em geral, aqui chegarem sozinhos, conforme já temos observado. A maioria dos homens casados sobre mulheres casadas é de 78%.

Quanto aos viúvos do sexo feminino, eram três vezes em maior número que os do sexo masculino, fenômeno que tem sua explicação natural nas seguintes razões, além de outras: 1ª) a mulher, de ordinário, casa com menos idade do que o homem, tendo, pois, mais probabilidade de sobreviver a este; 2ª) em igualdade de idades, morrem mais varões que mulheres; 3ª) os viúvos tornam a casar-se mais facilmente que as viúvas; 4ª) em qualquer idade, a mortalidade de viúvos é geralmente superior à de viúvas.

A população feminina casada, maior de 15 anos, subia a 13.303 indivíduos. Ora, os dados do registro civil, referentes ao ano de 1913, e que vão publicados na terceira parte deste volume, acusam um número total de 3.072 nascimentos, dos quais 2.901 legítimos e 171 ilegítimos. Isto posto, e excluídos os natimortos, verifica-se que em 1.000 mulheres casadas, maiores de 15 anos, nasceram 157 filhos legítimos e 12 filhos ilegítimos, o que nos coloca, quanto à moralidade doméstica, em posição superior ao Rio de Janeiro, onde a proporção é de 33 filhos ilegítimos por 1.000 mulheres.

Tomando-se para o cálculo o limite normal médio da procriação, que os estatísticos fixam nos 50 anos, teremos o coeficiente da natalidade legítima elevado a 167 e o da ilegítima a 13.

Comparando as cifras da população, segundo o estado civil dos habitantes, com os algarismos do censo de 1872, chegamos a este resultado, excluídos os menores de 15 anos, de ambos os sexos:

Estado Civil

 

1872

 

1913

Por 100 habitantes

Por 100 habitantes

H. 

M.

Total

H.

M.

Total

Solteiros
1.548
1.074
2.622
16.345
7.550
23.895
Casados
1.388
1.391
2.779
16.876
13.303
30.179
Viúvos
363
240
603
918
2.806
3.724
Soma
3.299
2.705
6.004
34.139
23.659
57.798

Em relação à massa da população, em cada ano, o estado civil dos respectivos habitantes estava assim proporcionalmente representado:

Estado Civil

 

1872

 

1913

H. 

M.

Total

H.

M.

Total

Solteiros
46,8
39,7
43,6
47,9
31,9
41,3
Casados
42,1
51,4
46,2
49,5
56,3
52,3
Viúvos
11,1
8,9
10,2
11,8*
11,8
6,4
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0

* (N.E.: SIC - um número percentual mais exato seria 2,6)

Os solteiros e os casados mantiveram-se na mesma posição dos últimos 41 anos. Em 1872 como em 1913, a proporção do total de casados é maior que a do total de solteiros; a de solteiros masculinos, maior que a de solteiros femininos e, inversamente, a de casados femininos maior que a de casados do outro sexo.


Imagem publicada no livro


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