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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Demografia-1913
Mudanças no crescimento populacional (2)

Os problemas de um recenseamento, apesar dos critérios adotados

Em 1914, foi publicada pela Prefeitura Municipal de Santos a obra Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913, que faz parte do acervo do historiador santista Waldir Rueda. Além de uma análise sobre o estado do município nesse ano, o livro apresenta a metodologia e os resultados do censo, e faz ainda comentários sobre os recenseamentos anteriores (ortografia atualizada nesta transcrição):

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PRIMEIRA PARTE
PREMIÈRE PARTIE
I - Histórico e marcha da operação (cont.)

A 10 de dezembro começou-se a distribuição domiciliar das listas. O Município fora previamente dividido em duas grandes zonas - urbana e rural. Estas zonas foram subdivididas, a 1ª, em oito distritos, e a 2ª, em nove (N.E.: conforme retificação constante na errata do livro), a saber:

ZONA URBANA

1º Distrito

(Limites) - Saboó, muro da S. Paulo Railway, rua Marquês de Herval, Praça Monte Alegre, Rua Antonio Prado, Rua Senador Feijó, lado par; Rua Rangel Pestana, lado par; Morro, voltando pelo sopé do mesmo até o ponto de partida.

Compreende as seguintes ruas: Senador Feijó, lado par; Martim Afonso, Itororó, Travessa do Rosário, Rua 2 de Dezembro, Rua 11 de Junho, Rua Frei Gaspar, Rua Vasconcelos Tavares, Praça dos Andradas, Rua Alexandre Rodrigues, Rua Visconde de Vergueiro, Travessa de S. Leopoldo, Rua de Santo Antonio, Travessa Mauá, Praça Mauá, Rua 15 de Novembro, Rua Augusto Severo, Praça da República, Praça Barão do Rio Branco, Rua Antonio Prado, Rua José Ricardo, Rua 24 de Maio, Rua Comendador Neto, Praça Monte Alegre, Rua de S. Bento, Rua de S. Leopoldo, Travessa Caiuby, Rua Marquês do Herval, Travessa Marquês do Herval, Rua Alexandre de Gusmão, Rua João Cardoso, Rua Visconde de Embaré, Travessa da Santa Casa, Travessa de S. Francisco, Rua Andrade Neves, Largo 7 de Setembro, Rua Rangel Pestana, lado par; Rua 13 de Maio, Praça Narciso de Andrade.

2º Distrito

(Limites) - Pela Rua Senador Feijó, lado ímpar; Canal n. 1 (N.E.:denominação do canal das avenidas Rangel Pestana e Campos Sales, mais tarde incorporada também pelo canal da Avenida Pinheiro Machado), lado par; linha dos Armazéns do Cais, Rua Xavier da Silveira.

Compreende as seguintes ruas: Rua Senador Feijó, lado ímpar; Rua Braz Cubas, Rua da Constituição, Rua Conselheiro Nébias (até o Canal n. 1), Rua Dr. Cochrane, Rua Eduardo Ferreira, Rua Aguiar de Andrade, Travessa D. Adelina, Rua Xavier da Silveira, Rua Visconde do Rio Branco, Rua General Câmara, Rua do Rosário, Rua Amador Bueno, Praça José Bonifácio, Rua de S. Francisco, Rua Bittencourt, Rua 7 de Setembro, Rua Henrique Porchat, Rua Marechal Pego Júnior, Rua 27 de Fevereiro, Canal n. 1, lado par; Praça Iguatemy Martins, Travessa Bittencourt, Praça Telles.

3º Distrito

(Limites) - Avenida Ana Costa, lado par; Rua Carvalho de Mendonça, lado par; sopé do Morro, Rua Rangel Pestana, lado ímpar.

Compreende: Jabaquara, Linha do Cais até a Avenida Ana Costa.

4º Distrito

Rua Carvalho de Mendonça, lado ímpar, pelo sopé do Morro, ao José Menino, Avenida Ana Costa, lado par, até a Rua Carvalho de Mendonça; Praia do José Menino, desde o Gonzaga até a divisa de S. Vicente; Avenida do Saneamento até a Avenida Ana Costa, Avenida Municipal (N.E.: futura Avenida Marechal Deodoro) (compreendendo o Campo Grande até Marapé).

5º Distrito

(Limites) - Avenida Ana Costa, lado ímpar; Rua Cunha Moreira, lado par; Avenida Conselheiro Nébias, lado par; Canal n. 1, lado ímpar, até a Avenida Ana Costa.

Compreende as seguintes ruas: Júlio de Mesquita, Rua Lucas Fortunato, linha do Cais até a Avenida Conselheiro Nébias, Rua Joaquim Nabuco, Rua Almeida Morais, Rua Manoel Carvalhal, Rua Carvalho de Mendonça, Rua Guerra até a Rua Conselheiro Nébias; Rua Borges até a Rua Conselheiro Nébias, Rua Cunha Moreira, lado par; Rua Constituição até o Canal n. 1; Rua Júlio Conceição, Rua Comendador Martins, Rua Senador Feijó até o Canal n. 1, Rua Braz Cubas até o Canal n. 1.

6º Distrito

(Linha dos Armazéns do Cais). Canal n. 1, lado ímpar; Avenida Conselheiro Nébias, lado ímpar; Avenida Taylor (N.E.: futura Av. Rodrigues Alves), lado ímpar, até o estuário; Avenida Docas, Rua Guerra, Rua Xavier Pinheiro, Rua Luís Gama, Rua Borges, Rua Campos Melo, Travessa Campos Melo, Rua Batista Pereira, Rua 28 de Setembro, Rua D. Ana Macuco, Rua João Macuco, Rua Aguiar de Andrade, Rua Dr. Cochrane.

7º Distrito

(Limites) - Avenida Conselheiro Nébias, lado par; Boqueirão, Parque Balneário, Avenida Ana Costa, lado ímpar; Rua Cunha Moreira, lado ímpar.

Compreende as seguintes ruas: Rua Cunha Moreira, Rua Barão de Paranapiacaba, Avenida do Saneamento (N.E.: atual Avenida Francisco Glicério), Rua Alexandre Herculano.

8º Distrito

Travessa Conselheiro Nébias, lado ímpar; Ponta da Praia, Estuário até Avenida Taylor, lado par, até a Rua Conselheiro Nébias.

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ZONA RURAL

1º Distrito

Montes: Serrat, Fontana, Penha, Pacheco, São Bento e Nova Cintra.

2º Distrito

Santa Maria, Emmerick, Alemoa e Matadouro, até as divisas com S. Vicente.

3º Distrito

Itapema e Icanhema. Principia do Itapema, em terras de Wilson, Sons & C., direito à linha que segue para o Guarujá, pelo lado Sul até a entrada do Guarujá. Todos os morros com frente para Santos. Cabeceira do Rio Santo Amaro, Rio do Meio, Rio do Outeiro, Rio dos Soldados, Sítio Mato Grosso, fazenda do Outeiro e morros anexos. Praia do Góis, Praia do Tombo e diversas até a Praia do Outeiro e Praia do Guarujá, e todas as praias que contornam o canal de Santos; Conceiçãozinha, Pary, Paicará, Fortaleza antiga (hoje Posto Fiscal da Alfândega), Farol da Moela. No Itapema o limite final é a Avenida S. Pedro.

4º Distrito

Bocaina até a Cachoeira. Divisões: Sítio Pinhão, Rio dos Potes, que vai para o Perequê Guassu, 1º ponto de partida - Riacho, terrenos do Convento do Carmo e Sítio Caraú, Rio Marathaam, Rio Marathaanzinho, Rio Crumaú, Rio do Saco, Rio Embuava e Rio dos Potes do Perequê Guassu, que termina pelo morro de Perequê, Morro Alto, Santo Amaro, terminando na linha do Guarujá.

5º Distrito

Rio Sandim, Rio Diana, Rio Jurubatuba, Rio Santa Rita, Monte Cabrão, Rio Cotia, Rio Trindade Grande, Rio Trindadinha, Rio Boa Vista, Rio do Puca, Rio João Gomes (Cabuçu), Rio Quatinga, Morro do Coronel Candinho, Morro do Perequê, Morro da Prainha.

6º Distrito

Yrity e Cachoeira; ambas as margens do Rio da Bertioga: Rio de S. João, Rio da Fazenda, Rio Jaquaregauva, Rio dos Pelais, Barreiros, Rio Itatinga, Rio Itapanhaú, Rio das Pedras, Arraial de S. Benedito (divisas de Mogi das Cruzes), Cachoeira, Jabaquara, Buracão, Ponta Grossa, Sambaqui e Armação, Barra da Bertioga, Taperinha, Enseada, São Gonçalo, São Lourenço, Capão de São Lourenço, Itaguararé, Guaratuba, Taguá, Boracéia, Juréia, Una, Juqui, Praia Preta, Rio Sahy. As ilhas: Ilha das Couves, Ilha do Trigo, e no centro do interior do sertão de Juqueí, Arraial, Sertão de Sertão de S. Miguel, Ribeirão.

7º Distrito

Guarujá. Começando na praia do Saco, anexa ao morro do Outeiro, continuando ao longo do litoral da Praia até a Barra da Bertioga, tendo por divisas as águas dos Morros. Praias - Uporanga, Perequê, Pernambuco e Enseada.

8º Distrito

Cubatão, Piassagüera, Itapera, Quilombo, até limites com S. Bernardo.

9º Distrito

Ilha Barnabé, Neves de Fora, Neves de Dentro, Rio das Pedreiras, Rio Itapirocaba, Ilha da Pólvora, Rio do Morrinho e Rio Seco do Morrinho.

Convém notar que a designação de urbana e de rural, dada às duas zonas em que foi dividido o Município, não corresponde propriamente, como pode parecer, aquela, à cidade, e esta, aos campos e praias. Zona urbana significa, principalmente, a zona onde habita a população aglomerada, e zona rural, aquela onde vive a população esparsa.

É assim que no Monte Serrat, por exemplo, moram geralmente pessoas que não se dedicam às profissões rurais: trabalham, ao contrário, como operários, no centro urbano. O próprio Monte não é situado longe da cidade. Entretanto, o Monte Serrat foi incluído na zona rural, porque os seus moradores não vivem na zona onde a população está aglomerada; moram afastados dela e esparsos pelas rampas, caminhos e matas do referido Monte. Da mesma forma os pescadores e pequenos cultivadores que moram na Ponta da Praia, que é um bairro afastado, entraram contudo para a zona urbana, pois a população, para aqueles lados, vive aglomerada, desde o Boqueirão até lá.

Para cada distrito foi nomeado um chefe e o número de agentes foi de 90. Ao todo: 107 pessoas.

A distribuição das listas na zona urbana terminou a 31 de dezembro. Foram distribuídas 9.262. Na zona rural, a distribuição e arrecadação foram feitas quase simultaneamente, em vista das grandes distâncias a percorrer de sítio em sítio, ao longo de nossas praias e costas. A distribuição andou em 3.299 listas. Total de listas 12.561.

A arrecadação começou a fazer-se a 2 de janeiro, prolongando-se até 15. Nesta data deu-se início aos trabalhos de apuração. Ao mesmo tempo, e com o fim de remediar faltas havidas, procedeu-se à revisão geral do censo, na zona urbana, sob a direção do chefe geral do serviço externo, sr. capitão Manuel Barbosa da Silveira.

A apuração das listas da zona urbana principiou a 15 de janeiro e terminou a 9 do mês seguinte. A apuração da zona rural começou a 11 de fevereiro e terminou a 26 do mesmo mês. Consumiram-se, pois, na apuração geral do censo, 40 dias, tendo esse trabalho corrido, como se vê, com uma velocidade admirável.

Estranhou-se, entretanto, a demora na execução de um serviço que, de sua própria natureza, e por exigir grande esforço e atenção, é demorado e lento. Esqueceram-se os censores de que o recenseamento do Distrito Federal, de 1906, no qual trabalharam 892 pessoas, começou a 4 de setembro e só ficou concluído a 30 de junho do ano seguinte, isto é, durou 9 meses e meio. Só o serviço de transformação dos mapas parciais em quadros definitivos durou 2 meses e meio, quando é certo que lá os boletins censitários apenas propuseram 7 indagações, pois o objetivo principal do recenseamento era saber, na época da Exposição Nacional, qual o número de habitantes da nossa metrópole.

Em Santos formularam-se nada menos de 12 quesitos, sendo que a discriminação das profissões, conquanto ainda deixe a desejar, sob o aspecto estatístico, é a mais detalhada e completa que se tem feito em todo o Brasil, e só ela demandou de muito tempo e penosos esforços para ser levada a termo com feliz êxito.

Quem conhece um pouco de estatística sabe o quanto é difícil a classificação das profissões. No recenseamento belga de 31 de dezembro de 1890, o ministro do Interior e Instrução mandou adotar no serviço o Repertório Metódico ou classificação das profissões por grupos e por classes e a Lista alfabética de cada profissão de per si, organizados pela Comissão Central de Estatística. O Repertório classificava as profissões em grandes divisões, subdivididas em grupos; e a Lista Alfabética - verdadeiro dicionário portátil das profissões, abrangendo 50 páginas in 8º - referia, por meio de números convencionais, cada profissão à sua divisão e ao seu grupo.

Isto prova a dificuldade e complexidade da discriminação de uma população qualquer, segundo as profissões, funções ou posições dos habitantes. Tratando-se de um país de imigração como o nosso, onde é imprescindível inquirir qual o concurso efetivo que traz o estrangeiro à nossa vida econômica, empenhamo-nos em dar às profissões a maior elasticidade possível.

Pensamos, ao princípio, em adotar o processo do recenseamento belga a que nos referimos, mas, dada a careza e excessiva demora do trabalho tipográfico entre nós e à escassez de tempo para organizar e adaptar ao meio local, o Repertório e a Lista Alfabética, desistimos do nosso primitivo intuito, e adotamos um sistema misto, originado no recenseamento francês de 1886 e no belga de 1890, subordinando o nosso tentamen às regras gerais que regem teoricamente a ciência estatística.

Quando se dispõe de estabelecimentos tipográficos oficiais, podendo executar com rapidez e sob as vistas diretas do pessoal técnico os diversos mapas e impressos, o recenseamento torna-se mais barato e sua execução é mais pronta. A Diretoria Geral de Estatística da União dispõe de oficinas tipográficas próprias, magnificamente instaladas, e com pessoal afeito à execução dos trabalhos gráficos que lhes são peculiares.

Os três grandes e magníficos volumes do Censo da população da Argentina, em 1895, foram compostos e impressos na tipografia da Penitenciária, pelos sentenciado cumprindo pena, o que permitiu que este trabalho modelar saísse ao inteiro agrado de seus diretores, e por preço vantajoso.

Nós, aqui, temos que nos submeter às desesperantes delongas das tipografias particulares, aos seus erros, à sua falta de prática na composição de trabalhos desta ordem, e aos seus preços excessivos.

Tendo em vista o número de funcionários que trabalharam no recenseamento do Distrito Federal e o tempo que levaram para concluí-lo, podemos afirmar que em Santos o trabalho correu ainda com maior presteza. Ao passo que lá couberam 107 indivíduos para cada funcionário, aqui couberam 316 para cada um. Simplesmente, o triplo. Só quem nada conhece de recenseamento pode exigir extraordinária celeridade num serviço que - repetimo-lo - é, de sua própria natureza, moroso, pois é a história numérica de um povo que se dá a lume e não é lícito darem-se a lume números errados.

A apuração de um recenseamento é operação relativamente tão demorada que, quando os Estados Unidos mandaram levantar o censo de Cuba, depois da guerra com a Espanha, o engenho americano teve que se utilizar de máquinas movidas a eletricidade para proceder com rapidez a essa operação. Os Estados Unidos tinham pressa de entregar Cuba à posse de si mesma e só o queriam fazer depois de conhecidas as condições da população local, considerada em seu estado de equilíbrio. No volume relativo ao censo foram estampados os clichês dessas máquinas e a descrição minuciosa de sua engrenagem e funcionamento. O recenseamento de Cuba foi rapidamente concluído; mas custou aos Estados Unidos uma soma elevadíssima: 710 réis por pessoa.

No Distrito Federal, a fim de realizar-se mais depressa a apuração, adotou-se - pela primeira vez no Brasil - os sistema de cartolinas individuais, ilustradas a cores. Nós preferimos, depois de meditado estudo, seguir o velho processo de apuração por mapas, que é, sem dúvida, o mais demorado de todos, por nos não ser possível obter aqui, como se obteve no Rio, um pessoal apurador colhido entre estudantes e doutorandos das escolas superiores que, com facilidade, aprenderam e praticaram o mecanismo da apuração por cartolinas.

A apuração, de 15 a 31 de janeiro, esteve a cargo de 10 Mesas, compostas de 1 chefe e 6 apuradores. De 1º de fevereiro até o fim dos trabalhos, o número de Mesas foi elevado a seis. O total de apuradores, inclusive os chefes, foi, portanto, de 42 pessoas. Havia mais uma Mesa, composta de três pessoas, com a função de somar os mapas de apuração parcial e passar os seus totais para outros mapas destinados à organização dos quadros definitivos.

As despesas com impressos de todo o gênero, pagamento de agentes e de apuradores, condução fluvial e marítima na zona rural, salários de camaradas, alimentação etc., montaram em R$ 88:124$900, o que dá o quociente de 990 réis por habitante.

Verificamos que o total das despesas com os recenseamentos dos Municípios paulistas abaixo nomeados foi o seguinte:

Municípios

Anos

Nº. de habitantes

Despesa total

Despesa por habitante

Bragança

1903

39.957

5:129$000

$128

Lençóis

1905

13.754

1:994$000

$144

Piraju

1904

17.676

3:261$000

$185

Cumpre notar que o planejamento e organização geral do censo nesses municípios, e todo o trabalho de apuração, foi feito gratuitamente pela 2ª Seção da Repartição de Estatística e Arquivo do Estado, sob a direção do autor destas linhas, chefe daquela seção e organizador técnico do atual recenseamento santista. De maneira que os gastos da apuração, que ao Município de Santos importaram em dezenas de contos de réis, nada custaram àqueles municípios do interior, onde, aliás, pelas próprias condições dos meios respectivos, a vida é sempre mais barata do que em Santos, onde ela é mais cara ainda que na Capital. Donde resulta que a barateza dos recenseamentos locais de Bragança, Lençóis e Piraju é antes aparente do que real.

Concluída a trasladação dos resultados parciais para os mapas gerais definitivos, foram estes submetidos à aprovação do sr. prefeito municipal, que, depois de examiná-los, deu-os por bons e válidos, baixando, em data de 7 de maio de 1914, o seguinte Ato:

"Tendo em vista os estados da população, demonstrados pelos quadros censitários que o sr. diretor da Comissão de Recenseamento submeteu à aprovação desta Prefeitura, resolvo considerar oficialmente autênticos, a partir desta data, e para que produzam os seus efeitos legais, os resultados do recenseamento de 31 de dezembro de 1913, dando ao Município de Santos a população de 88.967 (oitenta e oito mil, novecentos e sessenta e sete) almas.

"Façam-se as devidas comunicações aos governos estadual e federal e às autoridades municipais".

O serviço foi terminado, pois, dentro do curto período de 4 meses e 27 dias.

Para o bom desempenho de nossa árdua tarefa foram de valiosa eficácia os auxílios que nos prestaram as diversas autoridades federais, estaduais e municipais, corporações diversas e consulados. A população, geralmente, não foi esquiva ao cumprimento de seu dever.

Não encerraremos estas linhas sobre o histórico do serviço, sem assinalarmos especialmente a coadjuvação que nos prestaram o sr. Lobo Vianna, guarda-mor da Alfândega; o sr. dr. Bias Bueno, delegado policial da 1ª Circunscrição; a Companhia Docas, que muito nos auxiliou junto à população marítima, e os srs. agentes das diversas companhias de navegação.

Os nomes dos srs. membros da Câmara passada e da maioria da Câmara atual; o do sr. vice-prefeito, Carlos José Pinheiro, sob cuja administração se iniciou o nosso trabalho, e o do atual prefeito, sr. Carlos Luís de Afonseca, a quem coube aprová-los e dar-lhes publicidade, acham-se vinculados estreitamente ao êxito dos nossos esforços.

Votando a lei, consignando-lhe a respectiva dotação orçamentária, e dando-lhe cabal execução prática, eles mostraram-se dignos das funções públicas que a soberania popular lhes outorgou em pleito livre. Eles compreenderam que, em matéria de recenseamento, nós não podíamos ficar aquém das administrações coloniais e dos governos do Império. Cumpria-lhes conhecer os estados da população que eles administram e oferecer às estatísticas futuras a base fundamental de suas perquirições - um recenseamento executado em condições de relativa exatidão.

Foi o que eles fizeram e, por isso, bem merecem os aplausos incondicionais dos nossos concidadãos.


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