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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - A MAIS ESPORTIVA
O primeiro treino de futebol da história santista

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Texto inserido no Almanaque da Baixada Santista - 1973, editado pelo jornalista Olao Rodrigues e publicado por Indicador Turístico de Santos, de Bandeira Jr.: 
 
Embrião do melhor futebol do mundo

Houve o primeiro treino de futebol - o novo esporte art nouveau - a 1º de novembro de 1902, na praia do Boqueirão, defronte ao Miramar. A 7 era fundado o Club Athletic International (assim mesmo em inglês) no Teatro de Variedades (Praça dos Andradas, esquina da Rua 15 de Novembro), e dirigido por junta provisória formada pelos srs. João Mourão, André Miller e Quintino Ratto, até 1º de janeiro de 1903, quando tomou posse a primeira diretoria, assim constituída: Gustavo Goetze, presidente; tte.cel. Joaquim Montenegro, vice-presidente; Ernesto Rozo, secretário; João Mourão, tesoureiro; André Peixoto Miller, diretor; G. Pool e W. K. Marsland, captains dos 1º e 2º teams. O sr. Cícero Lima Júnior era o referee oficial do nosso primeiro clube de futebol.

Após quatro meses de intensivos treinos, a rapaziada do C. A. International estava ansiosa por colocar em prática o longo aprendizado e decidiu contratar seu primeiro jogo intermunicipal, já que o adversário foi o C. A. Ipiranga, da Capital.

Os players da Colina Histórica, acompanhados dos dirigentes: srs. Peregrino Vianna, Fábio Prado, Cássio Muniz de Souza, Renato Rudge, Paulino Barreiro, António Campos, Paulo Azevedo, João Mello, Humberto Vianna, Manoel R. Faria e Octaviano Vaz Souza e Castro, desembarcaram na gare da Saint Paul Railway Cº. (hoje Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) na manhã de 15 de março de 1903.

Às 14 horas, na praia do Boqueirão teve lugar o match que, por ser o primeiro entre dois clubes, teve grande assistência, incluindo distintas famílias da sociedade praiana.

Os teams formaram com: Armando Pedreira, Geraldo Toledo, Walter Jeffrey, dr. Armando Prado, Augusto Guerra, Mário Prado, Synésio Braga, Aristides de Castro, Jorge Mesquita, Álvaro Nogueira e Joaquim Prado, pelos visitantes; J. Thompson, Walter Scrinditch, A. Trail, André Miler, Th. Joyce, E. Cox, G. Gool, Charles Murray, W. Marsland, Lloid e Harold Cross, pelos locais, atuando na arbitragem o sr. Cícero Lima Jr.

O primeiro tempo, apesar do empenho dos quadros, terminou sem abertura de contagem. No segundo tempo, o placar foi movimentado três vezes; Pool e Joyce vêm trocando bola desde a sua intermediária até a pequena área adversária, onde Joyce arremessa a bola ao goal, vencendo o keeper ipiranguista - estava assinalado o primeiro tento do futebol santista, fruto de uma "tabelinha" muitos decênios antes da Pelé-Coutinho...

Momentos depois, o extrema Pool, mesmo derrubado pelos zagueiros, consegue magistral passe ao piloto Marsland, que atira para a rebatida infeliz do guarda-valas Armando, e o mesmo Marsland, apanhando o rebote, o devolve às redes sem apelação. Segundo tento santista. A assistência prorrompe em aplausos.

Quase ao final do partido (como então se dizia), o centro-avante paulistano Mesquita atira bola indefensável ao goal de Thompson, consolidando o escore de 2x1. Curioso que esse tento também mereceu os aplausos da "torcida" postada em torno do quadrilátero marcado na areia do Boqueirão.

Findo o jogo, a diretoria do C. A. Internacional ofereceu aos dois teams um "copo d'água" no Miramar, para onde se dirigiram, acompanhados por grande assistência que vivava entusiasticamente os sportmen.

Comentando o acontecimento, na edição de terça-feira, o Diário de Santos (fundado em 1872) - que desde os primeiros ensaios se fez paladino do novo esporte - focaliza a disputa ardorosa de ambos os lados e, sem desfazer dos demais, destaca os jogadores Mesquita, Jeffrey, Geraldo, Armando e Guerra do Ipiranga; Pool, Joyce, Marsland, Trail, Murray, Cox, Walter e Thompson do Internacional. E termina a longa reportagem desportiva felicitando ambos os clubes "pela belíssima festa de domingo, iniciando com ela mais um passo para o progresso desta laboriosa cidade, cuja população, pelo que se viu, não permanecerá indiferente ao futebol".

No domingo seguinte (22 de março), o C. A. Internacional foi a São Vicente para disputar sua segunda partida, enfrentando o Club Vicentino, na praça do Monumento. O Cidade de Santos, avesso ao novo esporte, nem registrou o resultado, porém destacou o primeiro acidente futebolístico: um dos jogadores do time calunga sofreu queda na qual partiu a homoplata. O jornal (fundado em 1898, o segundo com esse nome) aproveita a deixa para atacar a violência do futebol...

A partir do mês de abril, os treinos do C. A. Internacional passam a se efetuar no seu campo da Av. Ana Costa (onde está agora a Igreja Coração de Maria); pela manhã treinavam os segundos quadros (formados por nacionais) e à tarde os primeiros quadros, cuja maioria de jogadores eram ingleses ou seus descendentes.

A 28 de junho trava-se o primeiro embate em campo gramado; como adversário dos nossos pioneiros futebolistas, o aguerrido esquadrão do Sport Club Germania, da Capital, que venceu por 3x0.

O terceiro jogo do C. A. Internacional foi a 6 de julho de 1903. Enfrentando o C. A. Paulistano, perdemos pela contagem mínima - considerada por todos honrosa, pois o Paulistano vinha de golear (4x0) o Saint Paul Athletic Club, campeão paulista desse ano.

Antes da partida, Marques Pereira, repórter-fotógrafo de Santos, reuniu no centro do gramado diretores e jogadores dos dois clubes e bateu a foto que ilustra este trabalho:


Foto publicada com a matéria

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