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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - A MAIS ESPORTIVA
Futebol, mas de terno e gravata

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Em sua primeira edição, no dia 1º de julho de 1967, o jornal Cidade de Santos (grupo Folha de São Paulo - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -), publicou esta matéria:
 

Um dos primeiros jogos noturnos no estádio do SFC, com a iluminação inaugurada em 1931
Foto: acervo do cartofilista Laire José Giraud, publicada em A Tribuna em 16/4/2004

Futebol começou em Santos de gravata e paletó

Dia 1º de novembro de 1902, domingo, 22 homens correram atrás de uma bola. Nem a gravata tiraram. Uns somente levantaram um pouco a barra da calça, outros jogaram até de chapéu. Assim começou o futebol em Santos.

Esse treino foi realizado na praia da Barra, hoje Boqueirão, num campo de 100 metros por 70, improvisado, com os arcos de bambu armados pelo pai do futebol santista, Dick Martins. Dos 22 que se apresentaram para jogar, apenas seis - Haroldo e Vitor Gross, Teodoro Joyce, Valter Grimsditch, Francisco Martins dos Santos Filho e Dick Martins - entendiam alguma coisa, já haviam assistido a algumas partidas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A partida começou às 8 horas e 25 minutos e durou somente meio tempo, ninguém agüentava o cansaço. Mas, depois desse dia memorável, os treinos se repetiram, o futebol evoluiu.

Jogo de verdade - Santos venceu seu primeiro jogo, contra um adversário que já conhecia o futebol: o combinado formado por atletas do Mackenzie, Germânia e Paulistano desceu a serra para perder de 3 a 1.

Repercutiu e durou muito a emoção da vitória sobre o combinado da capital. E serviu para entusiasmar mais ainda aquele grupo de rapazes do Rivoli; eles haviam aderido rapidamente ao novo esporte, o futebol, que se transformava na diversão predileta do povo.

Internacional primeiro - Os mesmos rapazes, comandados por Dick Martins, fundaram o Clube Atlético Internacional, que passou a representar oficialmente Santos junto à Liga Paulista de Futebol. O campo do Inter localizava-se onde atualmente encontra-se a igreja do Coração de Maria, na Vila Matias.

Outros clubes foram surgindo: Americano, em 1903; São Vicente AC, em 1908; Santos FC, em 1912; Clube Atlético Santista, América FC e Escolástica Rosa, todos em 1913, ano também da fundação da Liga Santista de Futebol. Mais tarde surgiram AA Americana, Chantecler, SPR (hoje Nacional), Brasil, CA Edu Chaves, AA Aliança, Atlas-Flamengo, Espanha (hoje Jabaquara AC), Vera Cruz FC, AA Internacional, AA Portuguesa, União Fluminense, Tecelagem FC, Palestra Itália e outros.

Vieram as ligas - Onze clubes - Portuguesa, Espanha, América, SPR, Brasil, Aliança, Lusitano, Atlas-Flamengo, Internacional, Palestra Itália e Atlético - fundaram, no dia 21 de abril de 1917, a Associação Santista de Esportes Atléticos. Nesse mesmo ano foi organizado o primeiro campeonato, vencido pelo Atlético.

Sete anos depois, outra entidade surgiu: a Associação Santista de Amadores de Futebol. Em um ano ela desaparecia e alguns clubes ingressaram na Liga de Futebol Amador (LAF), sediada em São Paulo. Começou, então, verdadeira greve entre a LAF e a APEA, até que a primeira desapareceu. Quem ganhou com isso foi o próprio futebol santista, agora com seus clubes filiados à Liga de São Paulo.

Jogaram à noite - A bola veio alta, da cobrança de um escanteio. O médio Osvaldo cabeceou com defeito, Cruz entrava, matou no peito e acertou o sem-pulo; Athiê, o goleiro (hoje presidente do Santos FC), só viu quando ela estava nas redes. Assim foi marcado o primeiro gol num jogo noturno em Santos, inauguração dos refletores da Vila Belmiro.

Camarão igualou o marcador, após forte chute de Feitiço mal defendido por Edmundo e terminou empatada a partida da noite de 21 de março de 1931, relembrada sempre nos bate-papos dos santistas da velha-guarda.

Até das escalações ninguém mais esqueceu: Athiê; Pinheiro e Meira; Osvaldo, Júlio e Alfredo; Vítor, Camarão, Mário Seixas, Feitiço e Evangelista formaram pelo Santos. A seleção paulista, adversária dos praianos, alinhou Edmundo; Pintanela e Pedro; Costa, Dino e Abelha; Pascoal, Cruz, Benito, Brandino e Arnaldo.

Santos já era grande - Muitos pensam que somente com o Santos de Pelé, Coutinho, Zito, Mauro, Pepe, Gilmar etc., o futebol santista esteve no apogeu. A história diz o contrário: entre 1930 e 1939, selecionados famosos perderam na Vila Belmiro. Em 1930, os franceses, que haviam sido os terceiros no Campeonato do Mundo, no Uruguai, foram goleados por 6 a 1. No ano seguinte foi a vez do Uruguai, após oito anos de vitórias em partidas internacionais, perder por dois a um. Outros quadros como Sud America, Huracan e Rampla Juniors foram batidos em Santos.

Lusa também - A Portuguesa santista também não ficou atrás. Em 1929, o Vitória de Setúbal foi goleado por 4 a 1. Outras partidas de importância marcaram os primeiros resultados honrosos para a lusa santista.

Naquele tempo, quem inaugurava estádios era o Santos. Qualquer comemoração importante no futebol contava com o quadro de Vila Belmiro. O estádio de São Januário começou com quatro a um para o Santos, contra o Vasco da Gama que, não satisfeito, convidou a Portuguesa santista para se vingar da derrota: perdeu novamente, por 5 a 3.

Santos é hoje o "Município mais esportivo do Brasil" e o Santos FC ganhou, no Rio de Janeiro, o título de "Campeão da Técnica e da Disciplina".


No retorno de uma excursão do Santos FC à Europa, Pelé foi recebido  no aeroporto de Viracopos (Campinas/SP) pelo presidente do clube, Athiê Jorge Cury, e pelo diretor Nicolau Moran:
todos de terno e gravata...
Foto publicada na mesma edição nº 1 do Cidade de Santos, em 1/7/1967

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