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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - DIA DE PESCARIA
Histórias de pescador (2)

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Além dos pescadores amadores de final de semana, Santos também tem muitos pescadores profissionais, que tiram da pesca - artesanal ou industrial - o seu sustento diário. Um deles, o mais antigo então vivo, recebeu uma homenagem do Museu de Pesca de Santos, como registra o texto publicado no jornal A Tribuna em 7 de fevereiro de 2005:
 


HISTÓRIAS - As 91 anos, Tonico Lancha recebeu homenagem como o mais antigo pescador da região. "Parei porque o braço perdeu a força"
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

RECONHECIMENTO
Pescador mais antigo é homenageado

Da Reportagem

As mãos trêmulas não têm mais a mesma força, mas ainda evidenciam o esforço de quem, aos 6 anos, já via na pesca mais que um meio de sobrevivência. Ontem, aos 91 anos, Antônio de Castro Lancha, o mais antigo pescador da região, recebeu uma homenagem no Museu de Pesca e recordou o tempo em que a profissão era passada de pai para filho.

O evento fez parte do encerramento da programação de férias do museu e contou com a apresentação do músico ambientalista Vicente Lapa, que compôs uma canção para o homenageado.

Tonico Lancha, como é conhecido, parou de pescar no ano passado por força da idade. "O braço perdeu a força, não conseguia mais remar e vi que era a hora de parar".

Ainda criança, Lanchinha, apelido da infância, acompanhava o pai na pescaria, contrariando a vontade da mãe. "Gostava de puxar a rede de arrasto, remar, tirar a água da canoa".

Naquela época, lembrou ele, o pescado era transportado em carroças puxadas por burros e comercializado numa espécie de leilão que ocorria no Mercado Municipal de Santos. "Trocávamos peixe por ferramentas, roupas e outras comidas".

Depois da morte da mãe, aos 7 anos, Lancha trabalhou numa lavoura em São Vicente, mas sempre escapava para o mar à noite. "Quando tinha uma maré boa, eu pescava escondido".

Sem os problemas de poluição das águas, a quantidade de peixe era tanta, contou ele, que os pescadores enterravam o excedente. "Até 1935 não havia gelo para guardar o peixe, então o que vinha a mais era enterrado".

Ao longo dos anos em que exerceu a profissão, Lancha viu a utilização do sal para aumentar as chances de venda do peixe; do gelo, para mantê-lo fresco, e do motor, para dar agilidade às embarcações. "Mas a minha pescaria era artesanal, com remo".

Entre as famosas histórias de pescador, ele destacou a do dia em que registrou o primeiro filho. "Peguei o maior peixe que já pesquei com vara. Foi um mero de mais de 42 quilos que não cabia na canoa".

Residindo na Rua Japão, em São Vicente, tradicional reduto de pescadores, Lancha não lamenta o fato de não ter ensinado o ofício aos filhos.

"Não me arrependo disso porque, apesar de gostar da profissão, é uma vida muito sofrida, sem hora para nada e sem descanso".


Tonico Lancha diz que só parou porque "o braço perdeu a força"
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

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