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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ASSISTÊNCIA
Prato de Sopa Monsenhor Moreira

Esta entidade assistencial foi criada em 1930 em Santos, ocasião em que o jornal Folha de Santos, de 26 de junho de 1930 (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), noticiou em sua página 2 (ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução da matéria original

As iniciativas louváveis

Será inaugurado, amanhã, o prato de sopa "Monsenhor Moreira"

Inaugurar-se-á amanhã, dia do Sagrado Coração de Jesus, a primeira sala de refeição para os pobres em Casa Branca, no bairro de Jabaquara, desta cidade.

Antigas alunas do saudoso mons. Moreira estão organizando uma sessão litero-musical, a efetuar-se dentro em breve, em benefício do "Prato de Sopa Monsenhor Moreira".

Nessa sessão fará uma conferência o revdmo. padre dr. Genésio Nogueira Lopes, vigário da paróquia da Pompéia.

- Vários estabelecimentos comerciais desta praça têm feito donativos em gêneros e utensílios para a novel instituição.

Texto publicado no jornal santista A Tribuna, em 24 de dezembro de 1952 (ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Monsenhor Moreira,

O protótipo da Caridade Cristã, no dia do aniversário natalício

Como vem acontecendo todos os anos, é comemorada hoje a data natalícia de monsenhor Moreira. O venerando sacerdote viveu alguns anos nesta cidade. Durante esse tempo criou grandes amizades e admiradores, porque era dotado de infinita bondade. Tanto no magistério como no sacerdócio, a figura de monsenhor Moreira era adorada. Depois deixou a cidade de Santos para ir residir no Rio de Janeiro, onde faleceu no hospital da Beneficência Portuguesa, nonagenário.

A vida de monsenhor Moreira é um rosário de grandiosas obras de caridade e de muitos sacrifícios no trabalho afanoso da catequização. Desde moço, mal terminara os estudos no seminário da terra natal, começou a longa peregrinação pelo mundo. Escolheu o caminho do Oriente, como já faziam os missionários da Igreja Católica, em demanda dos povos obscuros, semi-selvagens ou dominados por outros credos religiosos.

Monsenhor Moreira enfrentou todas as dificuldades da peregrinação, porque era dotado de grande fé católica, apesar da fragilidade do seu físico, sempre combalido pelas doenças. E viajou pela África, pela Ásia e Oceania, em cujas terras pregou o evangelho, sem temor nem vacilações. Não só enfrentava a incredulidade e ataque dos cultores de outras religiões, como as intempéries do tempo, fazendo longas caminhadas sob fortes temporais, ou naufragando no mar furioso.

Assim, da Ásia passou para os Estados Unidos da América do Norte, na Califórnia, com a missão de estabelecer a sua igreja e propagar a fé católica em meios tumultuosos das povoações recém-fundadas pelos garimpeiros de ouro e pelos criadores de gado. Era incrível a resistência de tão minúscula figura de sacerdote. Contudo, sabia impor respeito e os próprios malfeitores o temiam, tal a grandeza moral da sua palavra e das suas orações.

Muitos anos depois, ei-lo a caminho do Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro, quando o Brasil era império e estava no trono D. Pedro II, para logo subir a Petrópolis, onde fundou um colégio que se tornou célebre, porque ali ele ensinava tanto a pobres como a ricos, tanto a filhos de operários como aos filhos do imperador, igualando-os a todos na mesma fé católica.

Após a proclamação da República, monsenhor Moreira abandonou o colégio e veio para Santos com os mesmos propósitos. Também fundou um colégio modesto na igreja de Nossa Senhora do Rosário, com afluência de muitos alunos que depois foram os seus melhores amigos e admiradores. Era capelão do hospital da Beneficência Portuguesa. Morou muito tempo em Santos. Foi monsenhor Moreira quem rezou a missa no dia da inauguração da estátua de Braz Cubas, na praça da República, ao lado da Alfândega.

Por ocasião da morte do saudoso jornalista Olímpio Lima, fundador da A Tribuna, monsenhor Moreira, seu grande admirador e amigo, rezou missa de corpo presente na capela do cemitério do Paquetá, na manhã do sepultamento. Monsenhor Moreira quase todos os dias de madrugada ainda subia o Monte Serrate a pé para o ofício religioso na capela de Nossa Senhora do Monte Serrate. De todas as formas procurava minorar os sofrimentos alheios com esmolas. Nunca juntava dinheiro, porque todo o que lho davam para obras piedosas, monsenhor Moreira o distribuía sem indagar a quem.

Era imensa a sua bondade. Por isso, quando se instituiu em Santos, em 1930, uma entidade com o fim simpático de fornecer aos indigentes um prato de sopa, tomaram o nome de monsenhor Moreira para seu patrono. É com essa designação de Prato de Sopa "Monsenhor Moreira" que há vinte e dois anos, nesta cidade, se pratica o mais nobre sentimento de caridade pelo amparo eficiente dos pobres e desventurados da sorte.

A benemérita entidade, com sede à Rua 7 de Setembro, 52, nesta cidade, comemorará o natalício do seu patrono, com solene missa, às 8 horas, na capela social, e ao meio dia será servido almoço aos comensais inscritos, para o qual receberam fornecimentos de vários hotéis e estabelecimentos comerciais e de particulares, sócios e amigos, aos quais a diretoria, por nosso intermédio, apresenta sinceros agradecimentos, antecipando-os também a quantos assistirem às referidas solenidades.

A atual diretoria da instituição de caridade Prato de Sopa "Monsenhor Moreira" está assim constituída: presidente, d. Maria Luíza da Cunha Magalhães; vice-dito, d. Ondina de Matos Almeida; secretário, Addy Proost de Sousa Melchert; 1ª tesoureira, Maria do Carmo de Araújo Costa; 2ª tesoureira, Maria Carmelita Proost Vilaça. Conselheiras: Olga Martins de Almeida, Maria Alice Proost Muniz, Ambrosina Caldeira Tolentino, Maria Maeda, Guiomar da Silva Muniz, Arminda Garcia Braga. Consultores: srs. Sigefredo Magalhães, Luiz Pinto de Almeida, Raul Antonio Muniz, Oscar Costa e Antenor Caldeira Tolentino.


Monsenhor Moreira
Imagem publicada com a matéria

Texto-legenda publicado no jornal santista A Tribuna, em 25 de dezembro de 1952 (ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem publicada com a matéria

Cestas de Natal distribuídas pela Associação Prato de Sopa "Monsenhor Moreira" - A Associação Prato de Sopa "Monsenhor Moreira", benemérita instituição, com sede instalada à Rua Sete de Setembro, e que durante o ano distribui, diariamente, prato de sopa aos pobres e gêneros alimentícios às famílias necessitadas por ela assistidas, distribuiu, ontem, em sua sede, comemorando o nascimento de Jesus Cristo, cerca de duzentas fartas cestas de Natal, com gêneros alimentícios e doces.

A distribuição, que começou a ser feita às 14 horas, foi assistida por d. Idílio José Soares, bispo diocesano; d. Maria Luíza Magalhães, presidente da Associação Prato de Sopa "Monsenhor Moreira", que se fazia acompanhar de várias diretoras da entidade, que cooperaram para a boa organização do serviço; padre Alfredo Pereira Sampaio, cura da Catedral; sr. Sigefredo Magalhães, prestante cidadão de nossa sociedade, e outras pessoas ligadas à filantrópica instituição. Todas as crianças que ali compareceram, além de doces e guloseimas, receberam um envelope com cinco cruzeiros.

- No clichê, quando d. Idílio José Soares, bispo diocesano, entregava uma cesta, vendo-se ainda d. Maria Luiza Magalhães, presidente da entidade.

Fotos obtidas em 15 de janeiro de 2008 pelo professor e pesquisador de História santista Francisco Carballa, no interior da Associação Monsenhor Moreira:


Capela da Associação Monsenhor Moreira. Na pedra d'ara há uma inscrição latina: "Sancti Pauli In Brassilica Aram Hanc Consecradi Die 24 Mensis Maii A.d. 1957 Sanctorum Martyrum. Prosperi et Eudoxii. Reliquias in Sepulcro Recondens"


Capela da Associação Monsenhor Moreira


Pequeno esquife com imagem italiana de Santa Filomena, a fundadora da instituição.

A imagem antes pertencia à Catedral de Santos


Santa Filomena, em imagem que pertenceu à Catedral de Santos. Aos pés, o pequeno esquife
Imagens cedidas a Novo Milênio pelo autor, professor Francisco Carballa, em 2008