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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - HOSPITAIS - BIBLIOTECA
Hospital Anchieta (4-f34)

 

Clique na imagem para voltar ao índice do livroEste hospital santista foi o centro de um importante debate psiquiátrico, entre os que defendem a internação dos doentes mentais e os favoráveis à ressocialização dos mesmos, que travaram a chamada luta antimanicomial. Desse debate resultou uma intervenção pioneira no setor, acompanhada por especialistas de todo o mundo.

Um livro de 175 páginas contando essa história (com arte-final de Nicholas Vannuchi, e impresso na Cegraf Gráfica e Editora Ltda.-ME) foi lançado em 2004 pelo jornalista e historiador Paulo Matos, que em 13 de outubro de 2009 autorizou Novo Milênio a transcrevê-lo integralmente, a partir de seus originais digitados:

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Na Santos de Telma, a vitória dos mentaleiros

ANCHIETA, 15 ANOS (1989-2004)

A quarta revolução mundial da Psiquiatria

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18 DE MAIO, DIA NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL

a luta contra a barbárie

 

O motor do movimento antimanicomial, que para Carrano nasceu em Santos, foi a repulsa à violência, maus tratos e tortura praticada nos asilos brasileiros. O antigamente chamado Movimento Anti-Psiquiatria já vive a sua maturidade dos 50 anos: após combater a repressão da Ditadura Militar de 1964, o movimento brasileiro contra os manicômios voltou em meados de 1970, em torno da mobilização pela redemocratização do País, na luta contra a barbárie.

 

A Associação Brasileira de Psiquiatria/ABP, em ações políticas para defender médicos que haviam sido presos e torturados, como de resto havia sido institucionalizado o eletrochoque para todos os dissidentes do regime, revitalizou, no cotidiano profissional, discussões éticas acerca dos direitos humanos e da necessidade de afirmação dos direitos individuais no País, apelando para que ninguém fosse submetido à tortura ou tratamento ou castigo cruel, desumano e degradante e nem arbitrariamente preso, detido ou exilado.

 

Nas palavras de ordem do movimento pela redemocratização, a discussão sobre os fatos trágicos dos asilos brasileiros foi ressaltada e se proclamou a luta pela sua resolução final.

 

Na década de 80, nomes famosos da anti-psiquiatria européia, como Basaglia, Foucault e Robert Castel, estiveram no Brasil participando de congressos, como Felix Guattari. O Movimento de Trabalhadores da Saúde Mental foi um movimento nacional que reivindicava, a princípio, melhores condições de trabalho nos manicômios com aumento de funcionários, reunindo os sindicatos dos psicólogos, dos enfermeiros e assistentes sociais – pedindo maiores investimentos no setor. No segundo encontro desse movimento, em 1987, em Bauru, é que foi lançado o lema Por uma sociedade sem manicômios – na ação reproduzida aqui em Santos, onde também houve um encontro nesse ano.

 

Esse surgimento marca a presença de uma nova consciência dos profissionais, que exigem uma ampliação da luta técnica afim de enfrentar o poder dos empresários reunidos na Federação Brasileira dos Hospitais – FBH, cujos interesses dominavam as instâncias políticas governamentais.

 

Instituindo o dia 18 de maio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, uma postura avançada se arroga nesta luta humanitária de ruptura com os manicômios, incluindo novos elementos estratégicos em sua prática política, entre eles a necessidade de extrapolar os muros dos manicômios e de estabelecer um intenso diálogo com a sociedade, denunciando as violências cometidas nestas instituições, que não são do conhecimento público. A luta intensa é contra os que absorvem 93% de toda a verba municipal e apenas 7% aos modelos substitutivos.