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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - MEDICINA
Santa Casa de Misericórdia (20)

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Matéria publicada no Jornal Santa Casa - edição especial - 60 anos de inauguração do atual prédio - 4º da história da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santos, editado por José Eduardo Barbosa, com textos dele e colaboradores, fotos dele e de José Dias Herrera, distribuído em 2 de julho de 2005 por aquela instituição (exemplar no acervo do professor e pesquisador Francisco V. Carballa):
  

O novo prédio da Santa Casa, em construção no bairro do Jabaquara

Foto publicada com a matéria

 

O início

Verificando a necessidade em se aumentar o espaço físico do hospital, de acordo com a crescente população da cidade e região, e dada a irregular topografia do terreno em que o prédio se encontrava (na Av. São Francisco, ao sopé do Monte Serrat), dificultando novas construções, resolveu a Mesa Administrativa, após inúmeras reuniões, procurar um local mais seguro para a construção de um novo prédio. Foi adquirida então, da Cia. Docas de Santos, no Jabaquara, uma área de terreno de 100 mil metros quadrados, para a edificação de um hospital moderno e amplo, com instalações para uma população avaliada em cerca de 300 mil habitantes.

Documento (24 de dezembro de 1924) - "Acta da 2ª Sessão Extraordinária da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Santos.

Aos vinte e quatro dias do mês Dezembro do anno de mil novecentos e vinte e quatro, pelas nove horas da manhã, no Consistório da Santa Casa da Misericórdia de Santos, presentes os Senhores Mesários Alberto Baccarat Provedor; Arthur Alves Firmino, 1º Secretário; George Rosenheim, 2º Secretário; Augusto Marinangeli, Thesoureiro; Arnaldo Ferreira de Aguiar, Mordomo Geral; José da Silva Gomes de Sá e Flamínio Levy, Consultores, havendo número legal, o Senhor Provedor declara aberta a sessão e diz tel-a mandado convocar a pedido do Snr. Thesoureiro para tratar de assumpto de interesse da Santa Casa, pelo que condedia a palavra Ss. afim de expor aos Collegas o projecto que motivou a presente convocação.

Usando da palavra, o Sr. Thesoureiro agradece em primeiro lugar ao Sr. Provedor a attenção que havia dispensado ao seu pedido e passa em seguida a fazer a exposição seguinte: Diz Ss. que há tempos está em tratactivos com os Snrs. Guinle Irmãos, para acquisição de uma área de terreno de 100.000 metros quadrados, ao preço de Rs: 5$000 (cinco mil reis) por metro quadrado, ou seja um total de Rs: 500:000$000 (Quinhentos contos de reis) situado no local denominado Jabaquara, terreno esse alto.

Nenhum dos Snrs. Mesários ignora o desenvolvimento que está tomando a nossa cidade e dentro de pouco tempo o nosso actual hospital será pequeno para attender ás necessidades geraes.

Se a nossa Irmandade não fizer a acquisição desse terreno, cujo preço é relativamente barato, nunca mais terá occasião de fazer uma compra tão vantajosa como essa que se apresenta n momento.

Se opportunamente a Irmandade não quizer construir um novo hospital, poderá com vantagem, vender essa área de terreno. Convem ainda notar que para o respectivo pagamento a Santa Casa, poderá dispor da área de cerca de 20.000 metros quadrados (vinte mil metros quadrados) que há tempos adquirio no Canal Braz Cubas e que hoje tem já o seu valor duplicado, ou seja cerca de Rs: 250:000$000 (duzentos e cinqüenta contos de reis) para pagamento da compra que pretende realizar a Santa Casa poderá desde já contar com os seguintes recursos: cerca de cem contos de reis em depósito em diversos bancos; o espólio do finado João Baptista Ribeiro que, segundo informações do respectivo inventariante Snr. Azevedo Junior, será liquidado dentro de pouco tempo e que produzirá cerca de trezentos contos de reis, a venda do terreno adquirido em tempos no canal Braz Cubas, que deve produzir cerca de 250:000$000 - duzentos e cincoenta contos de reis probabilidade de um empréstimo em qualquer estabelecimento bancário mediante a caução das apólices da dívida pública em número de 248 do valor de um conto de reis, cada uma e que garantirão cerca de cento e cincoenta contos de reis havendo, portanto, numerário de sobra para fazer face a esse compromisso. Era esta a exposição que tinha a fazer e solicitava do Snr. Provedor a gentileza de ouvir os Collegas de Mesa sobre o assumpto.

O Snr. Provedor diz que os Snrs. Mesários acabavam de ouvir a exposição feita pelo Snr. Thesoureiro e que julgava não haver necessidade de maiores esclarecimentos sobre o caso, pelo que concederia a Palavra aos Collegas que dela quizessem fazer uso para tratar do assumpto.

Pede-a o Sr. Mordomo Geral para declarar que, quando o Snr. Thesoureiro lhe fallara sobre esse assumto, lhe havia dito que como transação commercial achava-a explendida ponderando, porem, que, comquanto as finanças da Santa Casa fossem melhores entendida que não se deveria empatar um capital tão grande nesse negócio.

Faz sentir que não pareceria bem que a nossa Irmandade que sempre tem pleiteado o augmento do imposto de caridade, fosse dispender tão importante quantia em um imóvel improductivo.

Se, porem, a transação se realizar somente depois uma Assembléia Geral, autorize a venda do terreno anteriormente comprado, está prompto a dar o seu voto favorável. Era o que tinha a dizer.

Ouvido os demais Snrs. Mesários, manifestam-se de accordo com a opinião externada pelo Snr. Mordomo Geral.

Pergunta ainda o Snr. Mordomo Geral se o nosso Consultor Azevedo Junior, havia sido ouvido sobre o assumpto, pois que a Irmandade não pode deixar de manifestar essa deferência a Ss. que tem sido um dos maiores batalhadores para os augmentos das subvenções que vimos tendo dos poderes públicos.

O Sr. Provedor informa que Ss. ouvido a respeito, manifestou o seu voto favorável, uma vez que a Assembléia Geral autorisasse a venda do outro terreno.

Posto as cousas neste ponto, resolve a Mesa considerar fechado o negócio da aquisição da área de 100.000 m2 (cem mil metros quadrados) de terreno no Jabaquara, devendo a escriptura definitiva ser lavrada depois da resolução da Assembléia que será convocada para breves dias".

Provedor Alberto Baccarat

Consultor Azevedo Júnior

Imagens publicadas com a matéria

 

Novo hospital

Em relatório datado de 30 de junho de 1926, o então provedor Alberto Baccarat demonstrava toda a sua preocupação em relação à construção de um novo hospital:

"Eis a visão medonha que nos apavora. Urge a immediata construcção de um Novo Hospital para attender às exigências do augmento de população, que traz para o nosso já deficiente hospital o aumento sensível de doentes.

Enorme será a responsabilidade que vae assumir a Mesa Administrativa em obra de tão grande vulto, mas a pobreza desamparada de Santos não pode ficar sujeita a desabrigo pela falta de um tecto onde possa encontrar allivio para os seus males.

Encheu-se de coragem a Mesa Administrativa e sem medir sacrifícios pela tarefa se impoz e resolveu iniciar desde já a organização das bases technicas para o Novo Hospital e, approvadas estas em seus mínimos detalhes, confeccionar as plantas definitivas, abrir concorrência pública e, escolhido o projecto, iniciar desde logo a construcção parcellada do seu novo Hospital, utilizando-se dos seus próprios recursos.

Como medida preventiva a Mesa Administrativa se impoz a mais rigorosa economia nos seus gastos actuaes, dispendendo unicamente o necessário para a manutenção e bem estar dos enfermos hospitalizados.

Para o novo hospital se utilizará a Irmandade da grande área de terreno que adquiriu no anno passado de Guinle & Irmãos, no Jabaquara.

Dentro de poucos dias, a Mesa Administrativa terá o prazer de poder submeter a apreciação dos srs. Irmãos e do público em geral, as plantas do seu novo edifício, que será sóbrio, mas que attenderá a todos os requisitos da moderna Hygiene em estabelecimentos dessa natureza.

Como já disse, a Mesa Administrativa conta poder executar os seus planos com os próprios recursos, mas é de crer que a nunca desmentida generosidade do Commercio desta philantropica cidade e dos poderes públicos, venham em seu auxílio, no momento opportuno, contribuindo para a execução de tão grandioso melhoramento, que será um padrão de glória para a cidade de Santos".

No mesmo ano, era encarregada dos estudos preliminares uma comissão composta dos senhores J. Carvalhal Filho, major Arthur Alves Firmino, comendador Augusto Marinangelli, senador Azevedo Júnior, provedor Alberto Baccarat e dr. Roberto Catunda, diretor clínico.

Os primeiros projetos deste hospital foram organizados pela Cia. Construtora de Santos, sob a direção do professor Rezende Puech.

Projeto primitivo - De acordo com o projeto primitivo, o hospital era formado por três blocos, ligados por seis galerias de comunicação. Cada bloco era composto por um corpo central e duas alas laterais. O primeiro corpo continha 7 andares; o segundo e o terceiro, 4 andares. Teria 929 leitos e, em épocas de epidemias, 1.639 leitos, com um custo previsto de 18.572 contos.

Mais tarde, entretanto, a Mesa Administrativa encarregou o Escritório Técnico, que era chefiado pelo Miguel Presgrave, de fazer alterações, ficando portanto o corpo central com 6 pavimentos, com 4 galerias, baixando o custo previsto para 10.400 contos.

João Baptista Ribeiro

Rezende Puech

Imagens publicadas com a matéria

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