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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
O Porto do Bispo (Canoas) e o do Consulado

Eles marcaram a vida santista no século XIX

Dois portos foram fundamentais para a então Vila de Santos, às margens do Estuário pontilhado de trapiches, antes que surgisse em 1892 o cais comercial organizado, e foram enfocados na publicação Cartilha da História de Santos, do falecido jornalista Olao Rodrigues, editada em 1980 e impressa na Gráfica da Prodesan (página 70):


Porto do Bispo em 1890, dois anos antes da construção do cais comercial santista
Reprodução: Benedito Calixto - Um pintor à beira-mar - A painter by the sea
edição da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, agosto de 2002, Santos/SP

Porto do Bispo alcançou fastígio no século XVIII

O Largo Marquês de Monte Alegre, dominado pela estação ferroviária da Fepasa.

Não havendo cais, como agora, mas rústicos trapiches de madeira, as águas do Porto do Bispo invadiam a área em nossos dias ocupada pelo Largo Marquês de Monte Alegre e estação ferroviária, chegando a alagar a frente da Igreja e Convento de São Francisco, agora Igreja de Santo Antônio, com a alta da maré.

Além de mercadorias lá descarregadas ou carregadas, muita gente importante se serviu do trapiche do Porto do Bispo. Por quê recebeu esse nome? Deu-lhe o povo, o homem da rua, o anônimo, como demonstração de afeto e respeito a um bispo, o 4º de São Paulo, que desembarcara naquele atracadouro, em meio a consagradoras homenagens da população católica da pequenina Santos.


Porto do Bispo em 1865, em foto de Militão Augusto de Azevedo
(albúmen com 18,0 x 24,0 cm – Coleção Beatriz Pimenta Camargo)
Imagem publicada com a matéria e reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004

Foi nos primeiros dias de maio de 1797. D. Mateus de Abreu Pereira veio suceder a D. Manuel da Ressurreição no Bispado da Província, aqui permanecendo durante quase um mês, em visitas a sodalícios, igrejas e a pessoas gradas que seguiam a religião católica.

D. Manuel Abreu Pereira (N.E.: SIC - o autor misturou os nomes. O novo bispo era d. Mateus de Abreu Pereira, sucessor de d. Manuel da Ressurreição) conquistou os santistas. Sua viagem para São Paulo se fez com grande comitiva, enquanto as despedidas se tornaram carinhosas e ternas.

O ilustre prelado integrou-se a fundo na vida social de São Paulo e tomou parte na vida administrativa da Província. Foi em 1822, no ano glorioso da Independência, quando um Governo Provisório administrou São Paulo, formado por ele, D. Manuel (N.E.: SIC - novamente, o correto é d. Mateus), pelo ouvidor geral José Correia Pacheco e Silva, e pelo marechal-de-campo Cândido Xavier de Almeida e Souza.

Antes de Porto do Bispo, o local era conhecido por Porto das Canoas. (N.E.: embora surgisse depois um outro Porto ou Mercado das Canoas, também chamado de Porto de Lenha)

Porto do Bispo, rematemos, foi um logradouro de larga tradição na vida econômica, social, urbana e comercial de Santos do passado, que o novo cais, executado pela Companhia Docas de Santos, veio a eliminar como circunstância natural do progresso.


Porto do Bispo em 1886
Reprodução: Benedito Calixto - Um pintor à beira-mar - A painter by the sea,
edição da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, agosto de 2002, Santos/SP


Porto do Bispo, no Valongo, ainda nos anos do começo da construção do cais
Imagem publicada no jornal santista A Tribuna em 26 de março de 1964
(exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda)

Mesmo autor, mesma obra, agora sobre o Porto do Consulado:


Porto do Consulado, na segunda versão da tela (1887), do acervo da Bolsa de Valores de S.Paulo
Reprodução: Benedito Calixto - Um pintor à beira-mar - A painter by the sea
edição da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, agosto de 2002, Santos/SP

Passado santista: Porto do Consulado

O passado de Santos é rico em tradições.

Poucos até hoje sabem que um dos logradouros mais populares do século XVIII foi o Porto do Consulado. Havia até a Rua do Consulado, "que principiava nos Quatro Cantos e ia até a Alfândega". Consulado é termo de marinha e designa o lugar em que os comandantes de navios eram obrigados a fazer declarações perante os cônsules de países estrangeiros, segundo o Dicionário Português, de Frei Domingos Vieira.

Diremos, em resumo, que Consulado não passava de tosca ponte à beira da qual havia um barracão em que funcionava a Alfândega. Eis a propósito o que escreveu Alberto de Sousa, em seu alentado Os Andradas, I volume, à página 152:

"Pensam alguns que seria esse o local de tal função. Mas não há tal. O nome proveio do fato de ali estar estabelecida a Mesa do Consulado, repartição anexa à Alfândega, e sujeita à Inspetoria desta e cujo fim era arrecadar os seguintes direitos: ancoragem para fora ou para dentro do Império; direitos propriamente denominados de exportação em geral; venda de embarcações nacionais e estrangeiras; consumo de aguardente; dízimos do Município para fora e para dentro. No barracão do Consulado funcionou, mais tarde, a Mesa de Rendas Provinciais".


Porto do Consulado em 1882
Reprodução: Benedito Calixto - Um pintor à beira-mar - A painter by the sea
edição da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, agosto de 2002, Santos/SP

A "Rua que começava nos Quatro Cantos e ia até a Alfândega, acabando no Estuário", compreendia trecho da atual Rua Frei Gaspar. Esse mesmo trecho, mais tarde, passou a chamar-se Travessa da Alfândega Velha.

O Porto do Consulado, portanto, situava-se defronte da Frei Gaspar de nossos tempos, essa Frei Gaspar que já teve os nomes de Rua Suja, Beco do Inferno, Rancho Grande, Beco da Maria Francisca, por alusão à senhora Maria Francisca Coelho, Travessa e Rua do Consulado.

Seu primeiro edifício, o de nº 6, em direção ao Estuário, é o mais antigo de Santos, em caráter particular. Foi mansão do coronel José Antônio Vieira de Carvalho, governador do Forte de Itapema, onde também estiveram o Banco Mauá, Banco de Santos e o Banco Mercantil. Hoje acomoda os escritórios da firma brasileira Hard Rand S/A - Exportadora e Importadora.


Porto do Consulado no final do século XIX, destacando-se o navio alemão Pfalz
Foto cedida pelo Museu do Porto de Santos (Codesp)


Porto do Consulado ou da Praia
Imagem: acervo do cartofilista Laire José Giraud

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