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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ENSINO
A educação... e as antigas escolas (15)

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Tradicionais colégios, que muito santista recorda com saudade, independentemente de serem públicos ou particulares, marcados por professores que se destacaram na Cidade. Como aquele que os santistas alcunharam de Pai da Instrução, citado na coluna Memória Santista, publicada no dia 23 de julho de 2004 no Diário Oficial de Santos:
 


Adriana Ribeiro registrou todas as etapas da criação do método
Foto: Walter Melo, publicada com a matéria

MÚSICA
História revolucionária do Lavignac é contada em livro

Fundadora do conservatório faz um relato de sua experiência inovadora

Elcira Nuñez y Nuñez
Da Reportagem

Nos anos 50, uma escola começava a utilizar um modo não-convencional para ensinar música. A base principal do aprendizado não era a teoria e sim a própria criança ou jovem, que com liberdade casavam o som com o movimento. O caminho de sucesso percorrido pelo Conservatório Lavignac está registrado no livro A Música de Todos os Tempos - O Relato de uma Experiência, da professora, musicista e psicóloga Adriana de Oliveira Ribeiro. O lançamento será hoje, às 16 horas, no Campus Dom Idílio José Soares da UniSantos, Sala 201.

"Somei as vivências, experiências principais desse tempo todo", conta Adriana, que começou a escrever a obra há sete anos. A idéia era antiga e ganhou força através de Gláucia Leal, uma aluna do Lavignac que foi estudar piano na Europa e atualmente é diretora de um conservatório em Tomar, Portugal.

"Ela me disse que havia necessidade de uma novidade para fugir do tradicional e perguntou por que eu não fazia um relato da experiência do Lavignac. Seu pedido foi um reforço e o que era para ser um folheto se transformou em livro", conta a autora.

Com 287 páginas, capa e ilustrações de Nívea Domingues Alves Francisco, a publicação, da Editora Universitária Leopoldianum, tem prefácio de Gilda Martins de Figueiredo e orelha assinada por Gilberto Mendes. Reúne ainda peças de iniciação pianística com explicações e terá lançamento também em Campinas e em Portugal. "Não é um livro teórico, é fácil de ler, qualquer pessoa entende. Ao escrevê-lo, coloquei o prazeroso e o verdadeiro que aconteceram, coisas que me tocaram o coração. Reúne muitos casos e depoimentos de pessoas que passaram pelo Lavignac e estão em áreas diversas, não só musical".

Relembrar a trajetória do conservatório foi uma experiência emocionante. "Mexe muito com a gente, com a emoção, ao recordar a vivência de como foi difícil dar um enfoque diferente no ensino musical, tirando do centro os princípios teóricos e em seu lugar colocando a pessoa e suas potencialidades.

 

Não é um livro teórico. Pode ser entendido por todos

 

Incentivo de Pagu - Nesse remexer do baú de memórias, Adriana lembrou também das palavras de incentivo e encorajamento de Patrícia Galvão, a Pagu. "Nos anos 50 não se falava em expressão corporal. As aulas foram ganhando gestos teatrais e eu não entendia de teatro. Resolvi procurar a Pagu, que escrevia uma coluna em A Tribuna. Eu a conhecia do teatro amador, dos festivais".

Adriana lembra que ficou aguardando uma censura de Patrícia por entrar em seara alheia: o teatro. "Mas nada disso. Ela ficou muito interessada, pediu detalhes de como as crianças casavam movimento com o som e disse-me que fosse em frente e não imitasse ninguém, que eu havia encontrado o caminho. Para ela, o entrelaçamento da arte da palavra, do corpo e da música era o teatro do futuro".

Mas nem tudo foi fácil para Adriana e a sócia Dulce Fonseca Dias Pinto, já falecida. "Uma escola de música que começa a mexer o corpo, na década de 50, era revolucionária. O método causou polêmica, muitas avós achavam que não se estava ensinando nada. A criança era o reforço para continuar".

Imagem: reprodução, publicada com a matéria

Em busca de mais conhecimentos para lidar com a cabecinha dos pequenos, Adriana foi estudar Psicologia. "Atendia crianças com problemas e, durante uma cena que tinha como tema um cachorrinho perdido na floresta, uma garotinha chorou muito. Perguntei à mãe se a menina havia perdido algum bicho de estimação e ela respondeu que não. No dia seguinte, recebi um telefonema do psiquiatra da menina - eu não sabia que ela se tratava com psiquiatra, pois naquela época os pais tinham vergonha de médicos de cabeça. Ele queria saber que técnica havia usado. Expliquei que a cena do cachorrinho havia mexido com suas sensações primitivas e ele disse que esperava essa catarse há tempos".

 

Foram essas experiências que fizeram com que psicólogos e pediatras recomendassem música para o equilíbrio da criança. "Umas são inquietas, nervosas, sentem ciúme do irmão ou a perda de afeto da avó, e durante as aulas vão elaborando a perda", explica Adriana, que faz questão de ressaltar: "A escola não é de terapia, o propósito é musical. Mas acontecem pequenas surpresas porque se trabalha a emoção. A música dá o equilíbrio".


O endereço do Conservatório Lavignac é Av. Conselheiro Nébias, 300, telefone 3273-1000, e o livro pode ser encontrado nas livrarias Loyola (da UniSantos), Realejo Livros, Livraria Martins Fontes e Pagu.

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