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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ENSINO
A educação... e as antigas escolas (3-A)

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Tradicionais colégios, que muito santista recorda com saudade, independentemente de serem públicos ou particulares, marcados por professores que se destacaram na Cidade, e por eventos que também fizeram história. Na obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista (volume III, 1996, São Vicente/SP), os autores Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti registram:
 


"Fotografia tirada durante a festa de encerramento do ano letivo da escola mantida pela Sociedade União Operária. Vêem-se, ao centro, rodeados pelos 36 alunos que receberam os seus diplomas, os srs. André Gomes, presidente da prestante coletividade; d. Rosalina Ramaciotti, diretora da escola, e o dr. Manoel de Sousa Peres, paraninfo."
Foto-legenda: revista santista Flama, janeiro de 1944 (ano XXIII, nº 1 - acervo do historiador Waldir Rueda)

Sociedade União Operária de Santos
Escola Modelo

Esta Sociedade foi fundada a 25 de maio de 1890, por Thomaz Antonio de Azevedo (Mestre Thomaz), Leonardo Antonio de Castro e Francisco Gardini, todos os três mestres-de-obras, que almejavam criar uma entidade beneficente e instrutiva, somente para operários. Foi seu primeiro presidente o sr. José Antônio da Silva, que tinha como seu secretário o sr. Antônio Rodrigues da Silva.

A primeira sede da Sociedade situava-se na Rua do Rosário nº 77 (hoje Rua João Pessoa). Mudou-se, depois, para a Rua Henrique Porchat, nº 43 (primeira sede própria), que, nos anos 1928/1929, foi adquirida pelos Irmãos Maristas, para ampliação do Colégio Santista. Passou depois para a Praça José Bonifácio (onde hoje está localizado o Fórum de Santos) e, finalmente, a partir de 1954, passou a ocupar o prédio da Av. Ana Costa nº 164, onde funciona atualmente.

A partir de 1898, a Sociedade resolveu fundar uma escola, com o nome de Escola União Operária. Mais tarde, passou a chamar-se Escola Modelo. Na formação e organização iniciais, esta Escola sofreu a influência da Escola do Povo, fundada em 9 de setembro de 1878 por Antônio Manuel Fernandes, em sua residência, no Largo da Coroação 11 (hoje Praça Mauá).

Foi nessa Escola do Povo que foi instalada a Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos, a 12 de outubro de 1879. É digna de nota a estreita ligação entre a Humanitária e a Sociedade União Operária, já que, sempre, membros da primeira fizeram parte da diretoria da União Operária.

Em 1940, quando começou a construção do prédio do Fórum (desapropriado da União Operária), esta ficou sem local próprio para o seu funcionamento, sendo que o Educandário Anália Franco cedeu uma sala para que pudessem ser acomodados os papéis, livros e mobiliário da Sociedade.

Por volta de 1950, foi adquirido um prédio na Av. Conselheiro Nébias, e, enquanto o prédio era reformado para ser ocupado pela Escola, a Polícia Marítima ocupou, provisoriamente, o edifício. Logo depois, por lei assinada na época pelo Dr. Lucas Nogueira Garcez, então Governador do Estado de São Paulo, a Polícia Marítima ficou ocupando definitivamente o local.

Nesse ínterim, ainda no Anália Franco, a Sociedade (depois de receber o dinheiro da desapropriação) comprou o imóvel da Av. Ana Costa, 164, onde funciona atualmente (desde 1954).

Objetivos da Sociedade União Operária e da Escola Modelo - A Sociedade sempre foi mantida pela contribuição dos seus sócios (mensalidades, doações, trabalho voluntário e colaborações), que, por sua vez, têm por objetivo a manutenção da Escola.

A relação entre a Sociedade e a Escola sempre foi muito estreita. Sendo a Escola destinada a dar instrução básica aos filhos da comunidade santista, a Sociedade sempre observou, de perto, o andamento dos trabalhos, ao ponto de os membros da Diretoria assistirem aos exames e resolver os casos de "insubordinação elevadíssima" (casos estes resolvidos pela Diretoria da Sociedade em assembléia).

A Escola utilizou, sempre, os padrões de instrução e educação mais atualizados e modernos, acompanhando o progresso cultural santista.

Inicialmente, a Escola ministrava cursos, em separado, para meninos e meninas, mas, a partir de 1911, começaram a funcionar as classes mistas. Por volta de 1922, já funcionavam os 2º. 3º e 4º anos feminino. Em 1923, passou a funcionar o Jardim da Infância. Em 1944 passa a funcionar também a Escola Noturna Primária Gratuita, mantida pela Sociedade Papai Noel de Santos (Escola Noturna de Jornaleiros).

Os cursos que a Escola sempre manteve são de formação básica. Entretanto, nota-se, com relação à formação dos alunos, o caráter clássico, isto é, europeu, que foi mantido até 1963, quando ainda eram mantidos cursos exclusivamente masculinos e femininos, pela Escola Modelo.

A Escola teve, em seu corpo docente, professores de destaque, como Isaura Neto, Sérgio dos Santos, Rosalina Di Renzo Mazzoti (que, além de professora, foi diretora da Escola Modelo, lá trabalhando durante 40 anos) e Luís Di Renzo (coadjuvador do Ensino primário em Santos).

O primeiro presidente e fundador da Sociedade União Operária foi o sr. José Antônio da Silva. Muitos outros ocuparam a seguir o cargo, como André Gomes, Francisco dos Santos, Romão Rodrigues Alves, Luís Di Renzo, Mário Capp, Esteves Caruso, Manoel Bento de Amorim, José Meirelles, Manoel Neves dos Santos, Dilermando Cécire Vidal e Alfredo Moreira, entre outros.

Esta Escola teve durante a sua existência diversos nomes, como: Escola União Operária (na época da sua fundação), Escola da Sociedade União Operária, Instituto Educacional Modelo, Escola de Primeiro Grau Modelo e Escola e Educação Infantil e de 1º Grau Modelo.

Muitos foram os alunos que se destacaram depois de egressar da Escola e dentre eles realçamos o poeta Paulo Gonçalves.


Em foto de 1933, a turma da 2ª série primária da Escola União Operária. A professora, ao centro, era Dona Santa, e a dona da foto, Irene Augusto Sanches, à época com oito anos de idade, é a terceira, da esquerda para a direita, da segunda fileira de baixo para cima
Foto: acervo de Irene Augusto Sanches, publicada no dia 24 de março de 2006
na seção Imagem do Passado do jornal santista A Tribuna




A Escola Modelo, em 2007, na Avenida Dona Ana Costa, 264
Fotos: Carlos Pimentel Mendes, em 23/6/2007

 
Em um sábado, 25 de maio de 1985, o jornal santista A Tribuna registrou, na seção Ensino & Educação (página 20):
 


Prédio da escola, adquirido há mais de 30 anos, recebe constantes reparos
Foto: Marcos Toledo, publicada com a matéria

Escola Modelo comemora 95 anos e afasta crise

Há muito o que comemorar, hoje, para os alunos, professores e dirigentes da Escola Modelo, mantida pela Sociedade União Operária de Santos, que está completando 95 anos de atividades ininterruptas. Afinal, há pouco mais de cinco anos, a escola esteve prestes a fechar suas portas, uma vez que os seus 48 alunos - na época - sequer rendiam o suficiente para pagar as despesas básicas de manutenção. Esse tempo passou e agora a escola está recuperada, com a movimentação de 400 alunos, do pré ao 1º Grau.

A tradição da Escola Modelo começa em 1890, quando a mantenedora foi criada com fins filantrópicos e de real auxílio aos operários da Cidade. "Muito sacrifício foi sempre o lema", recorda o atual presidente, Tarquínio Di Renzo, cujo pai (Luiz Di Renzo, já falecido e considerado benemérito na instituição) dedicava boa parte do seu tempo à sociedade, principalmente no setor do ensino básico.

A princípio, o objetivo da escola era o de alfabetizar estrangeiros que chegavam ao Porto de Santos. Em 1918, teve início o antigo Curso Primário e, daí em diante, novas classes foram abertas, sempre com mensalidades a baixo custo. O fato, curioso, no entanto, é que a Escola Modelo funcionou, até o final do ano passado, apenas com a autorização nº 50/1918, fornecida pelo governo estadual. Somente em novembro de 84 é que houve o reconhecimento formal do Conselho Estadual da Educação.

"Hoje, a escola é mantida com as mensalidades dos alunos e contribuições dos sócios", explica a diretora Marli Xavier Medeiros. "Ainda assim, essas contribuições são revertidas na compra de material didático e de uniformes para os alunos carentes". Marli Medeiros e sua atual equipe de professores foram responsáveis pela modernização de métodos na Escola Modelo, inclusive a criação de estímulos para os alunos, com vários cursos paralelos. Com isso, sem qualquer divulgação que implicasse em gastos, as classes foram ficando lotadas a partir de 81, apenas com a propaganda dos pais e alunos.

Atualmente, os 400 alunos ocupam classes de pré-escola, 1º Grau completo e Supletivo noturno (5ª a 8ª série). A escola oferece merenda às crianças, fornecida pela Prefeitura, e até mesmo o prédio onde está instalada, na Av. Ana Costa, 164, recebe periódicos reparos.

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