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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (Z)
Metropolização, anos depois (1)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

Tais assuntos foram bastante discutidos na época. Uma época em que os santistas se sentiam sufocados pela falta de autonomia política (a cidade era considerada pelo regime militar brasileiro como área de segurança, motivo pelo qual o prefeito era nomeado pelo governo federal), e o Brasil começava a debater a transição política de retorno à democracia (a abertura política já começava a interessar a setores do governo militar).

Oito anos depois da instituição da região metropolitana, um balanço do que se fez em termos de metropolização foi publicado no jornal A Tribuna, em 30 de julho de 2004:


A implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para solucionar a questão do transporte
ainda não saiu do papel
Foto: Paulo Freitas - 31/3/2004 - publicada com a matéria

METROPOLIZAÇÃO
A passos lentos

A Região Metropolitana da Baixada Santista completa hoje oito anos de criação mas, até agora, segundo deputados estaduais, apresentou poucos resultados para a solução de problemas comuns

Carlos Ratton
Da Reportagem

Ao completar hoje oito anos de instituição, a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) ainda sofre de uma espécie de crise de visibilidade, com ações restritas a solucionar problemas individuais de cada uma das nove cidades da Baixada.

Não seria difícil, numa pesquisa regional, constatar que apenas uma pequena parte dos 1,5 milhão de habitantes da região lembraria alguns benefícios trazidos desde que ela foi definitivamente tirada do papel, em 1996, pelas mãos do então governador do Estado Mário Covas, falecido em março de 2001.

A falta de consciência é um dos principais motivos alegados do porquê da RMBS ainda não ter mostrado sua cara, apesar de mais de 50 projetos estarem sendo desenvolvidos pelo Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb) e cerca de R$ 11 milhões já terem sido comprometidos pelo Fundo de Desenvolvimento da Região Metropolitana, até este ano.

Deputados - A deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) é uma das parlamentares que questionam os resultados práticos da metropolização. Segundo ela, até agora, foram dados passos muito lentos.

"O primeiro passo seria a metropolização dos transportes, que até então não aconteceu e proporcionaria uma tarifa única para todas as cidades. Também não há participação da sociedade civil e dos legislativos e o Condesb não cumpre nem o que a lei determina, que é a realização de audiências públicas a cada seis meses", comentou a parlamentar, salientando ainda a falta de soluções de questões relacionadas à saúde pública.

Para a deputada, falta vontade política e visão de unidade por parte das autoridades municipais e estaduais.

O deputado estadual Fausto Figueira (PT) também acredita que falta vontade política do Governo do Estado e dos prefeitos municipais para que, de fato, a região metropolitana funcione.

"A RMBS só existe no papel. Uma das razões para que lea não funcione é a imaturidade política dos prefeitos da região, que são incapazes de articular um projeto metropolitano para encaminhamento de soluções de problemas comuns", afirmou.

VLT - O deputado estadual Marcelo Bueno (PTB) também é da opinião de que a metropolização ainda está em processo bastante lento. "Não se conseguiu solucionar os problemas relacionados ao transporte público e à saúde. O Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), por exemplo, ficou esquecido. É preciso mais união dos prefeitos e mais recursos para a região. O Condesb funciona, mas a metropolização ainda não se completou", revelou.

11 milhões

de reais já foram comprometidos até este ano pelo Fundo de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista

 

Otero diz que regionalização é irreversível

O representante da Secretaria de Estado de Economia e Planejamento no Condesb e presidente do Fundo de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista, Rivaldo Otero, afirmou que o processo de regionalização existe e que a conscientização metropolitana é lenta, porém irreversível.

Ele lembrou que a metropolização começou a funcionar de forma mais efetiva a partir de 2000, mas que os resultados são significativos, servindo de exemplo para Campinas e São Paulo.

A Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) - braço executivo do Condesb - foi criada dois anos depois do conselho, assim como o Fundo Metropolitano (que agrega aportes financeiros do Estado e dos municípios).

"A diretoria da Agem, por exemplo, só se completou em 2000, quando se começou a falar em projetos e o Governo do Estado passou a mandar as verbas. A contrapartida dos municípios começou a ser depositada com a implantação do fundo e, no início, com atrasos", lembrou.

Rivaldo Otero explicou que, mesmo com as dificuldades iniciais, o Condesb conseguiu desenvolver projetos metropolitanos importantes. Ele citou a instalação do Corpo de Bombeiros em Itanhaém - que atende às cidades de Mongaguá e Peruíbe - e a reforma do Hospital da Zona Noroeste - que também atende a munícipes de São Vicente e Cubatão, entre outros.

Com relação aos projetos da Agem, Otero salientou o Sinalvim, que nada mais é do que uma sinalização viária padronizada nos nove municípios.

Otero ressaltou que o Condesb é um órgão normativo, deliberativo e praticamente voltado ao planejamento. Nesse sentido, ele destacou ainda o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana, o Plano Diretor de Turismo - que gerou o Roteiro dos Fortes e o Caminho de Anchieta; o Plano Viário Metropolitano e o Sistema Cartográfico Metropolitano; entre outros.

Diretor da Agem, Koyu Iha explicou que muitas das prioridades são definidas no Condesb e conduzidas ao orçamento do Estado. "O que é muito bom. O problema é que muitas vezes querem tornar o conselho palco de embates políticos sobre temas estaduais e nacionais, que fogem da esfera metropolitana".

Veja os projetos da Agem
1 - Sistema Cartográfico Metropolitano da Baixada Santista
2 - Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado
3 - Sistema de Informações Metropolitanas
4 - Plano Viário Metropolitano
5 - Plano Viário Metropolitano Módulo Cargas
6 - Plano de Valorização das Intervenções Propostas no Estudo de Impacto
     da Segunda Pista da Rodovia dos Imigrantes
7 - Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas
     de Inundações, Erosão e Deslizamentos
8 - Plano Diretor de Turismo da Baixada Santista
9 - Sinalização Vertical Metropolitana
Em trâmite
1 - Pesquisa de Origem e Destino de Cargas
2 - Plano Cicloviário Metropolitano
3 - Pesquisa de Origem e Destino de Passageiros
4 - Projeto Caminhos de Anchieta
Com participação indireta
1 - Macrozoneamento Ecológico-Econômico da RMBS
2 - Levantamento das Características Físico-Operacionais da Rede
     Estrutural do Sistema Viário de Interesse Metropolitano
3 - Avaliação do Impacto da Segunda Pista da Imigrantes sobre o
     Sistema Viário da Baixada Santista
4 - Plano de Bacias
5 - Serra do Mar
6 - Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)
7 - Serviço de Verificação de Óbitos
8 - Túnel Submarino Santos-Guarujá
9 - Aeroporto Civil Metropolitano
Obs.: De 2000 até 2003, o Condesb realizou 113 deliberações de caráter metropolitano (Fonte: Condesb).


Presidente do Fundo destaca reforma do Hospital da ZN, que atende a munícipes de outras cidades
Foto: José Moraes - 28/4/2004 - publicada com a matéria

Presidente do Condesb defende palavra final dos prefeitos

O prefeito Beto Mansur, que atualmente é presidente do Condesb, avalia o processo de metropolização como válido, mas diz que os prefeitos é que deveriam ter a a palavra final nas decisões. "O Estado deveria apenas agir como suporte às decisões. Eu, inclusive, já enviei essa proposta à Assembléia Legislativa", revelou.

Para Mansur, a RMBS teve avanços, mas alguns problemas já deveriam ter sido equacionados, como os da área da Saúde. Ele afirmou que nunca conseguiu convencer os demais prefeitos a adotarem uma câmara de compensação para a área.

"Não sou contra Santos atender pacientes de outras cidades, mas o valor gasto deveria ser enviado à cidade em que a pessoa foi assistida. A câmara de compensação iria desafogar o atendimento", revelou.

O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, defende um replanejamento um pouco diferente do de Mansur. "No passado, justificava-se que Santos recebesse a maior parte dos recursos. Hoje, essa cidade sofre com a pressão por vagas por atender pessoas dos demais municípios", afirmou, acreditando que Santos deveria ser um centro de referência de especialidades, enquanto os hospitais de outras cidades poderiam receber os recursos para atender Cirurgia Geral, Clínica Geral, Ginecologia e Pediatria.

O prefeito de São Vicente, Márcio França, afirmou que a metropolização é uma realidade e que entre os benefícios está o ganho de status e força política para a região. "Em São Vicente, saltamos de 17% para 85% de saneamento básico, graças à força que ganhamos por sermos uma região metropolitana".

O prefeito de Guarujá, Maurici Mariano, também acredita que existe consciência metropolitana e que os municípios têm ganhado com o processo de metropolização. "Houve conscientização na área da Segurança e muitas obras têm saído por meio do Condesb. Falta a existência de uma secretaria, com verba específica e com maiores condições de operacionalidade", afirmou.

 

Políticos dizem que cidades ganharam força

 

União - Para Lairton Goulart, prefeito de Bertioga, a metropolização vem funcionando em alguns aspectos, principalmente com relação à união dos prefeitos. "Mas é preciso, por exemplo, construir um hospital de referência para acidentados. Bertioga não tem condições de assumir o atendimento de um politraumatizado. Precisamos de uma solução metropolitana para isso", comentou.

Clermont Castor, prefeito de Cubatão, afirmou que o Condesb funciona. "Não possuo um relatório dos avanços, mas sei que muitas questões foram solucionadas".

Orlando Bifulco, prefeito de Itanhaém, também não se queixa. "Sou um defensor da metropolização e Itanhaém já colheu frutos dela, como a instalação de uma unidade do Corpo de Bombeiros - uma antiga reivindicação do Litoral Sul", revelou.

O prefeito Artur Parada Prócida, de Mongaguá, pensa que os municípios ganharam mais força política, mas que os interesses individuais ainda estão atrapalhando os entendimentos. "Nos últimos três anos, o Condesb teve atuação mais expressiva, pois a maioria dos prefeitos passou a freqüentar as reuniões".

O prefeito de Peruíbe, Gilson Bargieri, disse que há consciência metropolitana e que houve a abertura de diálogo entre as lideranças municipais. "Aos poucos, conseguiremos apoio do empresariado e um mar de oportunidades será aberto na região".

Otero: projetos importantes
Foto: Raimundo Rosa - 12/11/2003

Koyu Iha: embates políticos
Foto: Paulo Freitas - 27/11/2003

Fotos publicadas com a matéria

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