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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (P)
Santos debate seu futuro e o do Brasil (4)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. E essas transformações urbanas influenciam na qualidade de vida (bem como são influenciadas por ela). Uma pesquisa sobre isso foi realizada em 2004, como noticiou em 12 de fevereiro de 2004 o jornal santista A Tribuna:
 


Imagem publicada com a matéria

SANTOS
Retrato do Brasil

Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos da Unisanta apresenta pesquisa detalhando a situação social de cada um dos 47 bairros e morros santistas

Patrícia Diguê
Da Reportagem

Apesar de sua conhecida qualidade de vida, Santos é um microrretrato do Brasil: possui suas ilhas de pobreza em meio às áreas de riqueza e desenvolvimento. Esta é a conclusão de um estudo inédito realizado na Cidade que mostra as diferenças sociais entre 47 bairros e morros, apontando os com maior e menor Índice de Exclusão e Inclusão Social (IEIS).

O trabalho, desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese) da Universidade Santa Cecília, foi apresentado na noite de ontem no Sesc.

Os bairros mais excluídos socialmente são a Alemoa e o Morro da Caneleira e os mais incluídos, Campo Grande, Vila Belmiro, Aparecida, Ponta da Praia, Embaré, Pompéia, José Menino, Boqueirão e Gonzaga. A Área Continental não foi incluída (veja matéria e mapa).

Segundo o coordenador do Nese, Alcindo Gonçalves, os índices se baseiam nos dados do Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "Não houve trabalho de campo", esclarece. O levantamento levou dois meses.

Importância

"Toda ação social tem que estar sustentada por dados confiáveis"

Célio Nori
Coordenador do Fórum da Cidadania

O IEIS é representado por uma escala que varia entre os números -1 e +1, dividida em cinco faixas. Na faixa entre o -1 e o -0,60 estão os locais de "elevada exclusão social", entre -0,61 e -0,20, de média a baixa exclusão social, de -0,21 a +0,19, faixa intermediária, e de +0,60 a +1, "alta inclusão social" (veja mapa).

Para chegar ao IEIS, levou-se em conta outros quatro levantamentos: o de Autonomia de Renda dos Chefes de Família, que mede a capacidade da pessoa suprir suas necessidades básicas; o de Desenvolvimento Humano, que se baseia nos dados sobre Educação (alfabetização), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (média familiar), o de Qualidade de Vida, que avalia o conforto domiciliar, como número de banheiros, por exemplo; e, por fim, o de Eqüidade, que se baseia no número de mulheres que são chefes de família e sua alfabetização.

Gonçalves explica que, ao se somar estes quatro indicadores e aplicando-se uma fórmula de escalonamento, obtém-se o IEIS. "Este índice indica o melhor lugar para se morar ou aquele que requer mais atenção do Poder Público", resume o coordenador.

Investimentos - Para Célio Nori, coordenador do Fórum da Cidadania, que reúne 100 entidades (entre ONGs e associações), a pesquisa servirá para subsidiar as ações do Poder Público. "Toda ação social tem que estar sustentada por dados confiáveis".

Estas informações chegam em um momento importante para o Município, quando estão sendo feitos os planos de governo dos candidatos", completa a vereadora Suely Morgado (PT), membro do Fórum.

No total, o estudo levou em conta 29 indicadores sociais do Censo. O trabalho completo está no site do Nese, www.neseunisanta.br.


Segundo Gonçalves, índice aponta lugar que requer mais atenção
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria

Bairros da orla concentram melhor qualidade de vida

É próximo à orla que estão localizados os bairros com maior qualidade de vida: Campo Grande, Vila Belmiro, Aparecida, Ponta da Praia, Embaré, Pompéia, José Menino, Boqueirão e Gonzaga. "Não existe surpresa", afirma o coordenador do estudo.

Para ele, o trabalho mostra cientificamente o que todos podem observar pela Cidade. E analisa que assim como no resto do País, Santos também apresenta uma má distribuição de renda.

"Nestes locais é que foram feitos os maiores investimentos", conclui o coordenador. Gonçalves ainda observa que apesar dos mapas trazerem um diagnóstico de diferentes aspectos sociais (renda, desenvolvimento humano, qualidade de vida e eqüidade), eles aparecem quase idênticos. "É que um problema leva ao outro, como baixa renda e pouca escolaridade, por exemplo".

Ele ainda alerta que é preciso analisar os dados com cuidado. Como no caso do Morro Santa Terezinha, que perde pontos nos itens eqüidade e número de pessoas por moradia. "As mulheres que moram lá não são chefes de família e também é registrado um grande número de pessoas por domicílio, mas deve-se lembrar que as casas lá são grandes".

No índice de eqüidade, por exemplo, o local aparece como excluído socialmente, ao lado do Morro do Pacheco e da Alemoa. "Os indicadores não são perfeitos, eles podem ter falhas".


A Ponta da Praia foi apontada pela pesquisa do Nese - junto com outros nove bairros - 
como um dos melhores lugares para se viver
Foto: Marcelo Justo, em 28/6/2003, publicada com a matéria

Morro da Caneleira e Alemoa apresentam os piores índices

Os morros aparecem como as áreas de maior exclusão social na Cidade, sendo que a pior situação foi encontrada no Morro da Caneleira (-0,601) e na Alemoa (-1). Nestes locais, onde existem 439 e 165 moradias, respectivamente, a renda familiar é baixa, há grande densidade habitacional (muitas pessoas morando na mesma casa), não existe saneamento básico suficiente, a escolaridade é precária, entre outras características.

"Isso não quer dizer que estes bairros sejam um horror", afirma o coordenador do estudo, Alcindo Gonçalves. Segundo ele, ao se comparar estes locais com bairros de outras cidades, pode-se chegar à conclusão de que a situação nestes lugares não está tão ruim. "Eles apenas apresentaram os piores índices dentro do Município", esclarece.

 

Qualidade de vida cai da orla para a ZN

 

Analisando o mapa da exclusão, o coordenador conclui que a qualidade de vida na Cidade vai caindo da orla para a Zona Noroeste. Mas ele faz uma ressalva: "Não se pode afirmar que toda a ZN é excluída, porque os bairros Santa Maria e São Jorge não aparecem como de elevada exclusão, por exemplo".

Para o coordenador do Projeto Santos Digital, Luiz Carlos Santini Mello, a população precisa ser informada sobre estas deficiências para poder cobrar ações do Poder Público. "É preciso transformar este estudo em projetos para os bairros, sempre através do diálogo com a sociedade".

Na opinião de Gonçalves, o ideal era que o núcleo pudesse realizar sua própria pesquisa de campo, para que fosse possível acrescentar mais variáveis à pesquisa. "Mas isto custa caro". Para ele, o levantamento baseado nos dados do censo já representa um ponto de partida no estudo da qualidade de vida em Santos.


Os morros aparecem entre as áreas de maior exclusão social
Foto: Édison Baraçal, em 10/2/2004, publicada com a matéria

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