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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (H)
Pensar Santos (7)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. Esta série de matérias especiais foi publicada nesse período pelo jornal santista A Tribuna, na edição em que comemorava seu 90º aniversário, em 26 de março de 1983:
 
A idéia surgiu após alguma discussão: por que não entregar Santos a várias pessoas e saber o que elas pensam a respeito da Cidade onde vivem ou trabalham? Foi assim que se fez. Sob o mesmo tema - Pensar Santos -, elástico e livre, deixamos nas mãos dessas pessoas e com suas cabeças a incumbência de traçar um perfil desta Cidade de muitos contrastes. O que cada um fez a seu critério, dentro ou fora de suas profissões. Aqui está o resultado. Veja o que pensam de Santos uma historiadora, um administrador de empresas, uma arquiteta, um advogado e poeta, um médico, um engenheiro e um agente de viagens.

Turismo, a grande opção

Vítor de Souza (*)

Menos por pertencer ao empresariado do Turismo e mais por ideal que venho acalentando, entendo que a grande opção de Santos para os próximos 10 anos é o turismo.

Ao dizer turismo, não me refiro à existência de agências de viagens ou hotéis em quantidade, como normalmente muita gente imagina. O turismo, bem analisado, é participação integral da totalidade da população de uma cidade ou região.

Além de outros, são também componentes do turismo: a educação, cordialidade, higiene, ordem pré-estabelecida, disciplina e carinho do povo. Dele participa toda a vida útil da Cidade, desde um gari, ou um pipoqueiro, até o banqueiro.

A realidade turística atual, entretanto, é bem diversa, porque o que está aí em termos de organização não dá chance alguma à nossa região e à nossa cidade. Como primeira tarefa, cumpriria reformular-se de alto a baixo o entendimento dos administradores em todos os níveis de comando e em todas as esferas do poder público municipal.

Sabemos que o turismo, de modo aparente, não traz um retorno visível ou palpável a curto prazo. Não obstante, para se colher dele todo o potencial de indústria que é, precisamos planejá-lo. Ordenando um plano, passaríamos à semeadura de forma gradativa pelos diversos campos da Cidade, colocando em prática as idéias, para uma colheita generosa em prazo certo. Podemos tomar como exemplo o excelente trabalho do professor Miguel Colasuonno, presidente da Embratur, que, cercado de pessoas entendidas, esboçou um plano e no momento oportuno passou a pô-lo em prática, com os resultados que todos conhecemos. Nem sempre uma idéia depende exclusivamente de verbas pra sua consecução. E as verbas mal utilizadas consomem o dinheiro, não resolvendo ou agravando mais os problemas.

É este o caso de Santos, que carece de uma boa estrutura turística, precedida de um sério planejamento da política a seguir. Homens capazes, creio que temos. Talvez fosse preciso imunizá-los contra os males do provincianismo, da vaidade pessoal, de idéias e sonhos que já foram ultrapassados pelo tempo, dos planos utópicos e da política que não se coaduna com os interesses maiores do verdadeiro turismo. Santos precisa, de verdade, de encarar a si mesma sem medo, sem vaidade, pois Santos não é mais a Terra da Caridade e da Liberdade, Santos não é mais o seu Centro com a Rua 15, Praça Ruy Barbosa e Rua do Rosário.

É pôr mãos à obra: cabe aos homens de boa vontade, que se encontram no comando da coisa pública, arregimentar o empresariado direta e indiretamente interessado, num estudo prévio para o turismo num bloco de todas as cidades da Baixada Santista.

Antes desse estudo e da elaboração de planos - ou, se for melhor, durante ou depois de concluídos os trabalhos - seria o caso de pensar-se num Conselho Intermunicipal de Turismo. As cidades em questão têm os mesmos problemas de Santos, as mesmas dificuldades financeiras e administrativas. Cada qual com a sua concepção e espírito voltado para o turismo, poderiam unir-se para, em conjunto, formarem um grande plano e sistema turístico da Baixada Santista. Neste plano seriam coordenados os trabalhos de todos, organizando-se datas para programações, dando-se total apoio aos eventos do calendário estabelecido.

Queiramos ou não, a Baixada Santista é uma grande cidade com seus problemas comuns, sobressaindo deles os dois maiores: falta de verbas e de organização. O que difere delas entre si são as motivações turísticas locais. O conselho proposto poria ordem na confusão atualmente reinante, atuando com muito maior força e representatividade em termos de união junto aos órgãos e poderes municipal, estadual e federal.

Por isso, acreditamos no turismo como a grande opção para a Baixada Santista como um todo e não apenas para Santos isoladamente. É por demais sabido que da corrente turística que demanda a Santos, uns 70% do total, por uma razão ou outra, visitam várias cidades deste conglomerado, deixando, em cada uma delas, com toda a certeza, uma parcela do seu dinheiro.

(*) Vítor de Souza é diretor comercial da Agência de Turismo Vasco da Gama.

Santos, em 2002
Foto: Tadeu Nascimento, publicada no Diário Oficial de Santos em 20 de setembro de 2002

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