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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Uma hospedaria sem imigrantes (2)

Instalações sem conservação e uso estão desmoronando

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Construída a partir de 1912 com o objetivo - expresso no próprio nome - de hospedar os imigrantes que chegavam ao porto santista, procedentes do Japão e da Europa, e a caminho das fazendas do interior paulista e paranaense, a Hospedaria dos Imigrantes nunca serviu a essa função, já que a maior parte dessa força de trabalho era embarcada em vagões no próprio porto de Santos com destino à capital paulista, onde outra Hospedaria dos Imigrantes já cumpria tal função.

No dia 19 de dezembro de 2003, uma sexta-feira, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria:

PROVIDÊNCIA
Prefeitura terá que agir rápido se quiser salvar a Hospedaria

Prédio de 91 anos está sendo destruído pela ação do tempo

Da Reportagem

A Prefeitura vai ter que agir rápido se quiser transformar o que sobrou da Hospedaria dos Imigrantes em um museu. A estrutura do prédio de 91 anos piora a cada dia. O perigo é tão iminente que nem os homens que tomam conta do imóvel se arriscam a permanecer muito tempo na parte interna.

Na última segunda-feira, uma ventania causou mais estragos. Uma das lajes desabou parcialmente. Há ainda vários pontos visivelmente comprometidos, prestes a cair. Infiltrações por toda parte e estruturas metálicas corroídas evidenciam a deterioração.

Conforme A Tribuna noticiou na última terça-feira, o Governo do Estado vai ceder a Hospedaria à Prefeitura, que pretende criar no local o Museu da Imigração. Para oficializar a cessão, no entanto, será preciso cumprir um trâmite burocrático.

Legalmente, o direito de uso do imóvel ainda pertence ao Sindicato do Comércio Varejista, que teve frustrada a tentativa de transformar o prédio em um Centro de Convenções.

"Já comunicamos que queremos devolver o prédio ao Estado há algum tempo, mas até agora nada foi formalizado por parte deles", disse o vice-presidente do sindicato, José Kauffmann Neto.

A morosidade gera prejuízos à entidade, que gasta cerca de R$ 3.500,00 por mês em segurança para evitar que desocupados invadam o patrimônio histórico. "Não vejo a hora de a Prefeitura assumir (o imóvel)", comentou Kauffmann.

Ainda sem saber quando receberá oficialmente a área, o prefeito Beto Mansur garantiu que vai procurar a direção do sindicato para intervir no prédio e, pelo menos, paralisar o processo de degradação.

"Como o Governo já liberou a área, acho que devemos deixar a burocracia de lado. Vamos conversar para ver o que é possível fazer de imediato", disse Mansur.

Projeto - A idéia do prefeito para o Museu da Imigração é criar um espaço que conte a história de famílias e povos que vieram para o Brasil ao longo dos anos, chegando ou não pelo Porto de Santos.

"Queremos refazer a árvore genealógica dessas pessoas usando computadores. Será um museu meio high tech (de alta tecnologia)", explicou.

Como a área da Hospedaria é bastante ampla, Mansur pretende transferir para lá a Biblioteca Municipal, que hoje fica na Rua Amador Bueno, no Centro.

"A Biblioteca está mal instalada, em um local apertado e sem estacionamento, o que dificulta o acesso da população. Santos merece uma biblioteca maior".

Todas as idéias serão repassadas em breve à Prodesan, que ficará encarregada de elaborar um projeto. Só então, a Prefeitura começará a buscar parceiros para bancar a obra.

Mansur pretende contar com recursos da iniciativa privada e do Estado, por meio do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade). Ele não demonstra preocupação em não conseguir concluir a obra em seu mandato, que termina no final do ano que vem. "O importante é começarmos. O próximo prefeito acaba".

Ventania de segunda-feira causou desabamento parcial de laje
Foto de Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria

MEMÓRIA

A Hospedaria abrigou boa parte dos 2,5 milhões de imigrantes que desembarcaram no Porto de Santos, nas duas primeiras décadas do século passado. O prédio começou a ser construído em 1910, projetado pelo arquiteto italiano Nicolau Spagnuolo, e ficou parcialmente pronto em 1912. Um ano depois o projeto original foi retomado, mas as obras foram novamente interrompidas em 1914. O imóvel foi entregue à Secretaria da Fazenda, que o transformou em depósito de café. Em 1968, a hospedaria teve que ser reformada internamente para abrigar o Entreposto da Banana. Mais tarde, parte do prédio funcionou como garagem da Secretaria de Segurança Pública. O imóvel foi tombado em 1998 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Santos (Condepasa) e, ao longo das últimas décadas, serviu a várias atividades, como academia de boxe, funilaria e oficina mecânica de empresas vinculadas aos serviços da estiva.


Fonte: Pesquisa A Tribuna.

Serviço - A Hospedaria fica na Rua Silva Jardim, entre as ruas Antenor Rocha Leite e Luiza Macuco, na Vila Mathias. Está fechada e não pode ser visitada.
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