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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CARNAVAL
Tempo de Carnaval (9)

Dos bailes no Largo da Coroação aos patuscos da Dorotéia. E depois?...
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Em fevereiro de 1990, o jornal Diário Oficial - D.O.Urgente publicou um encarte especial com a história do Carnaval santista, que incluiu estas matérias:
 


Desfile de escola de samba em Santos, final da década de 1980
Foto: Encarte D.O. Urgente, Santos/SP, fevereiro de 1990

O batuque do quilombo ecoa na cidade

Santos é uma cidade batuqueira por excelência; desde os tempos coloniais, quando os escravos negros trabalhavam nos engenhos e sítios, onde o batuque apareceu, a exemplo de outras regiões brasileiras. O batuque também predominou aqui nos tempos imperiais, quando já era grande a influência negra; bastava ecoar o tambor, e logo todos estavam sambando, na maior alegria.

Além dos batuques nos ranchos do antigo núcleo de Cubatão, com a participação de negros e tropeiros, havia o batuque do Pai Filipe, cujo quilombo ficava na encosta do Monte Serrat, na Vila Mathias, onde, posteriormente, foi construída a estação de bondes da Companhia City.

O Quilombo do Pai Filipe foi o primeiro reduto batuqueiro da Cidade, onde os negros refugiados se reuniam aos sábados e domingos, para tocar e dançar em festividades franqueadas ao público e que contavam, inclusive, com o apoio dos abolicionistas pertencentes às tradicionais famílias santistas.

Ainda durante a festa da Abolição da Escravatura, em Santos, os negros do Quilombo do Pai Filipe saíram às ruas batucando, numa comemoração em que grande parte da população participou, sambando nas ruas ao lado dos escravos libertos.

Devido à sua grande ligação com o batuque e o samba, Pai Filipe foi considerado o "Rei Batuqueiro", um dos pioneiros do samba santista. No decorrer dos anos, o batuque do quilombo da Vila Mathias foi alimentado todos os fins de semana, apesar dos protestos, sempre contando com a presença de visitantes, tal como acontece em nossos dias nas agremiações de samba.

Houve época em que as rodas do "samba-pesado" eram atração na festa da Nossa Senhora do Monte Serrat (comemorado todos os anos, no dia 8 de setembro), a Padroeira da Cidade, assim como ocorria na tradicional Festa da Penha, no Rio de Janeiro.

O livro Panorama do Samba Santista, de J. Muniz Jr., traz esta passagem: "Durante muito tempo, o batuque imperou no alto do Monte, com as embaixadas de samba formando suas rodas, oferecendo um espetáculo que despertava a curiosidade geral. Mais tarde, atendendo a pedido do clero, o batuque foi proibido pela polícia. E assim o festivo arraial foi desaparecendo e não houve mais as tradicionais batucadas que levantavam a poeira do chão, quando os bambas, demonstrando muita vivacidade, destreza com as pernas e com a cabeça, jogavam seus adversários no chão, enquanto que na roda os batuqueiros entoavam seus refrões, elogiando ou glosando as presepadas dos participantes.

Carnaval de 1965 na Praça da Independência
Foto: José Herrera, publicada no jornal santista A Tribuna em 26/10/1996

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