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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URUBUQUEÇABA
Um projeto na ilha dos urubus (4)

Apesar dos planos, ilha chegou intacta ao século XXI
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Embora fossem diversos os projetos de uso da Ilha Urubuqueçaba, esta se manteve intacta até o século XXI, como registra o jornal santista A Tribuna, nas edições impressa e eletrônica de 27 de junho de 2005:
 


PRESERVAÇÃO – Mesmo com o fácil acesso, a Ilha de Urubuqueçaba permanece praticamente intacta. No local, segundo a bióloga Zélia Rodrigues de Mello, aumentou a diversidade de plantas
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Segunda-feira, 27 de Junho de 2005, 07:09
NATUREZA
Urubuqueçaba, uma ilha ainda intacta

Visitação pública não é permitida, devido aos riscos da força da maré

Evandro Siqueira
Da Reportagem

Apesar do fácil acesso e da presença humana, a Ilha de Urubuqueçaba permanece praticamente intacta. Um monitoramento realizado pela bióloga Zélia Rodrigues de Mello, da Universidade Santa Cecília (Unisanta), revela que aumentou a diversidade de algas e briófitas no local. As plantas, que vivem enraizadas em rochas, são fontes de alimentos para siris, mariscos e outros animais. "Se há mais diversidade de algas e briófitas, é sinal de que há também mais animais se alimentando desses organismos", explica Zélia.

Curadora do Herbário da Unisanta, a bióloga trabalha para concluir até o final do ano um guia de educação ambiental sobre os 22 tipos de algas encontradas na orla de Santos, especialmente na Urubuqueçaba. No Brasil, há mais de três mil espécies catalogadas. "Alguns tipos de briófitas que encontramos na ilha tiveram de ser mandados para universidades do exterior para serem identificados. É um trabalho minucioso".

Segundo Zélia, algas verdes e vermelhas e briófitas se adaptam melhor em ambientes protegidos da ação humana. Nos cerca de dois mil metros quadrados de ilha, elas aproveitam a claridade e um pouco da sombra criada por árvores e imensas rochas.

A pesquisadora lembra que na década de 50, na ilha, teriam sido encontradas algas de tonalidade parda. A espécie, entretanto, mais sensível à poluição marinha, desapareceu há décadas.

"O que a gente já percebeu e pode dizer com toda certeza é que hoje a ilha encontra-se muito bem conservada, apesar de tão próxima do homem", avalia a bióloga.

  

Se a maré subir, a pessoa pode não ter como retornar

  

Freqüentadores - A cerca de 260 metros da costa, Urubuqueçaba costuma ser freqüentada por pescadores e marisqueiros. Eles atuam, principalmente, na parte da ilha que fica voltada para alto-mar.

Durante as seis horas diárias em que o nível da maré fica abaixo do normal, é possível acessar a ilha a pé. O mar que banha as praias do José Menino, em Santos, e do Itararé, em São Vicente, se abre e permite chegar bem perto.

Na trilha que leva ao ponto predileto dos pescadores já é possível notar a presença de aves, evidenciada tanto pelas fezes ressecadas que mancham pedras e plantas de branco, quanto pelas penas de tons claros e escuros caídas pelo solo.

O caminho é bastante acidentado e, em alguns trechos, extremamente íngreme. "É preciso muito cuidado", alerta o guarda-vidas do Corpo de Bombeiros Maurio Rodrigues dos Santos.

Ontem, ele abriu uma exceção e acompanhou a bióloga Zélia de Mello e uma equipe de A Tribuna na caminhada pela ilha. Normalmente, os bombeiros avisam às pessoas que é perigoso entrar na ilha, ainda mais para quem não conhece bem o local. A visitação pública não é permitida.

Mergulhadores raramente são vistos no entorno da ilha, onde a correnteza costuma ser forte. Além disso, a água não é clara a ponto de propiciar um bom campo de visão.

Recanto de aves - A vegetação de Urubuqueçaba é composta basicamente por pitangueiras, figueiras e jerivás — o mais predominante dos três tipos de palmeiras que podem ser encontradas na ilha.

A fauna é restrita a aves como urubus, gaivotas, atobás e biguás. O nome Urubuqueçaba, derivado do vocabulário tupi-guarani, seria uma referência ao fato de urubus usarem a ilha como uma espécie de pousada. O fenômeno pode ser observado até hoje.

Ontem pela manhã, com a maré baixa, um bando de biguás descansando em uma das árvores chamava a atenção dos banhistas que passavam em frente à ilha. Uma cena que o guarda-vidas Maurio descreveu com simplicidade: "É uma ilha tão bela. E a gente, às vezes, não dá a devida atenção".


Bombeiros alertam para os riscos em torno da Ilha de Urubuqueçaba
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Segunda-feira, 27 de Junho de 2005, 07:09
A força do mar é a principal preocupação dos bombeiros

O Corpo de Bombeiros não aconselha as pessoas a se aventurarem em Urubuqueçaba. O risco de se perder no mato é praticamente nulo, já que a trilha é bem visível e a ilha, pequena. A preocupação, porém, é com o mar.

"Normalmente, a correnteza ali é muito forte", alerta o comandante do 17º Grupamento de Bombeiros do Salvamar, Daniel Onias Nossa. "Uma pessoa com a água na altura do peito já não consegue vencer a força da água, que puxa para alto-mar".

Por causa da força da maré, muitos buracos se formam debaixo d’água, cada vez em um lugar diferente. "Eu não tenho dúvidas de que é o ponto mais perigoso das praias de Santos, também pela proximidade com as pedras da ilha e do Emissário Submarino", avisa Onias.

Outro risco é a maré subir e a pessoa ficar literalmente ilhada. Em dias de luas Nova e Cheia, a maré sobe rápido, em poucas horas. "A pessoa entra na ilha andando pela areia e quanto volta não consegue retornar à praia nem a nado".


Quando a maré está baixa, é possível alcançar a ilha a pé, mas existe o risco de as águas subirem rapidamente
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Saiba mais
Os estudos sobre a flora da Ilha de Urubuqueçaba começaram em 1992 e foram publicados em 2003 na Iheringia, uma revista de Porto Alegre especializada em Biologia. Urubuqueçaba foi a primeira de um grupo de cinco ilhas estudadas, que inclui a Ilha das Palmas (também em Santos) e as Queimada Pequena, do Castilho e de Peruíbe, todas no Litoral Sul. Zélia Rodrigues de Mello, da Unisanta, está pedindo autorização ao Ibama para estender a pesquisa às 129 ilhas localizadas no Litoral Paulista.


Bióloga da Unisanta pesquisa algas e briófitas na ilha santista
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

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