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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - VISITANTES
Affonso Penna, em 1906 e 1909 (A)

Logo que foi eleito presidente da República, Affonso Augusto Moreira Penna visitou Santos (que já havia conhecido na juventude, por volta de 1871), em 1906, e voltou à cidade em 1909, dois meses antes de sua morte. O jornal O Estado de São Paulo noticiou a primeira dessas visitas oficiais em sua edição de 28 de julho de 1906, página 3 (Acervo Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução parcial da matéria original (Acervo Estadão)

Notícias diversas

Dr. Affonso Penna - Conforme já noticiamos, deve chegar a Santos, a bordo do Maranhão, amanhã, às primeiras horas do dia, o sr. dr. Affonso Penna, presidente eleito da República.

Seguiu ontem para Santos o sr. dr. Albuquerque Lins, secretário da Fazenda, que em nome do governo receberá a bordo o sr. dr. Affonso Penna.

Amanhã, em trem especial, que sairá da estação da Luz às 6 horas e meia da manhã, seguirão para Santos os srs. dr. Jorge Tibyriçá, presidente do Estado, e seu ajudante de ordens capitão Coutinho, dr. Gustavo de Godoy, Carlos Botelho e W. de Souza, secretários do Interior, Agricultura e Justiça, e representantes dos jornais diários da capital.

Haverá um carro anexo a esse trem, e no qual irão cinquenta acadêmicos já designados.

Em Santos, o sr. dr. Affonso Penna e sua comitiva almoçarão com os membros do governo, seguindo logo para S. Paulo, em trem especial.

Devido a ser domingo o dia da sua chegada, o sr. dr. Affonso Penna só no seu regresso visitará as Docas, Associação Comercial e mais repartições públicas.

Chegando a S. Paulo, o sr. dr. Affonso Penna será recebido pelo alto funcionalismo, estudantes e mais pessoas gradas.

Da estação da Luz, o dr. Affonso Penna seguirá em landau para o palacete do sr. Conde de Prates, onde será hospedado, com seis pessoas da sua comitiva.

A estação da Luz e o palacete serão caprichosamente ornamentados, estando encarregados desse serviço os srs. Francisco Nemitz e Gonçalo dos Santos Coimbra.

A direção interna do palacete foi confiada ao sr. coronel Eloy Cerquêra.

É intenção do governo não fazer festas para receber o sr. dr. Affonso Penna, desejando com empenho que s. excia. observe a marcha normal de todos os negócios públicos, sem aparatos ou encenações preparadas de antemão.

Está resolvido apenas que o sr. presidente do Estado dará uma recepção em palácio em homenagem a s. excia. no dia 30 ou 31 do corrente.

Não se sabe ao certo se o sr. dr. Affonso Penna visitará propriedades agrícolas, no interior.

O sr. Fernando Martins Bonilha Junior, oficial de gabinete do sr. secretário do Interior, foi encarregado de receber e hospedar os representantes da imprensa, que acompanham o presidente eleito da República. Todos eles serão hospedados, em hotéis, por conta do governo.

A demora do sr. dr. Affonso Penna em São Paulo será de oito dias mais ou menos.

O diretor da Faculdade de Direito nomeou a seguinte comissão de lentes para receber em Santos o dr. Affonso Penna: drs. Antonio Dino da Costa Bueno, Brasilio Augusto Machado de Oliveira, Pedro Augusto Carneiro Lessa, José Luiz de Almeida Nogueira, José Bonifácio de Oliveira Coutinho, Dario Sebastião de Oliveira Ribeiro e Candido Motta.

O mesmo jornal O Estado de São Paulo informou sobre a chegada de Affonso Penna a Santos e São Paulo, na primeira página da edição de 30 de julho de 1906 (Acervo Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução da página com a matéria original (Acervo Estadão)

Dr. Affonso Penna

Conforme era esperado, chegou ontem a Santos, a bordo do Maranhão, embarcando ontem mesmo para esta capital, o sr. dr. Affonso Penna, vice-presidente da República e presidente eleito para o futuro quatriênio.

S. excia. foi recebido com as maiores demonstrações de apreço não só em Santos como nesta capital.

Abaixo publicamos as notas da nossa reportagem relativamente à viagem do dr. Affonso Penna.

- Às 6 horas e meia da manhã partiu o trem especial, com destino a Santos.

No carro destinado ao governo do Estado embarcaram os srs. dr. Jorge Tibyriçá, presidente do Estado e seu ajudante de ordens capitão Coutinho, drs. Gustavo de Godoy, Carlos Botelho e W. de Souza, secretários da Justiça, Agricultura e Justiça (N.E.: SIC); dr. Pinheiro e Prado, chefe de polícia e seu ajudante de ordens major José Bento, coronel Lacerda Franco, dr. Paula Souza, dr. Carlos de Campos, dr. Ferreira dos Santos, chefe do distrito telegráfico; dr. Nogueira Martins, dr. José Alves Guimarães Junior, dr. José Carlos de Macedo Soares, representando o dr. Ruysecco, pelo Fanfulla; Alvaro Filho, pela Gazeta; Roberto Moreira, pelo São Paulo; um representante da Platéa; os srs. William Speers e Antonio Fidelis, superintendente e chefe do tráfego da S. Paulo Railway e o representante desta folha.

Em um outro carro ligado ao trem especial seguiram várias pessoas.

A viagem fez-se sem novidades até o Alto da Serra, onde chegaram às 7 horas e meia. Aí foram servidos aos membros do governo e representantes da imprensa café e biscoitos.

Prosseguindo a sua viagem, o trem chegou a Santos às 8 horas e 25 minutos.

Na estação da Ingleza, em Santos, achavam-se os srs.: coronel Almeida Moraes, presidente da Câmara; dr. Heitor Guedes Coelho, Cincinato Costa, Augusto Filgueiras, dr. Soter de Araujo, Souza Junior, Hermenegildo Ablas, Carlos Tavares, intendente municipal; dr. Primitivo de Castro Rodrigues Sette, juiz da Primeira Vara; dr. Cesario Bastos, senador estadual; dr. Raul Vicente, delegado de polícia; dr. Norberto Cerqueira, promotor público; dr. Guilherme Alvaro, chefe da Comissão Sanitária; dr. Alvaro de Oliveira Ribeiro, médico-legista; capitão Candido Gomes, substituto do juiz federal; capitão Antonio Benedicto de Oliveira, suplente do procurador da República; coronel dr. Manuel G. Carvalhal, do diretório político; Francisco de Souza Martins, Paulo Filgueiras, Nero Serra, João Barbosa do Espírito Santo, Ignacio Mariano de Azevedo Marques, coronel Proost de Souza, Hugh Stenhouse, dr. Paulo Passalacqua, Machado Netto, Luiz Venancio da Rosa, Olegario Paiva, dr. José Monteiro, João Salerno, Affonso de Carvalho, Julio rangel, primeiro juiz de paz; A. S. Azevedo Junior, Frederico Junqueira, Luiz Nery Presgreave, Lino Vidal de Mendonça, diretor do grupo escolar Cesário Bastos; dr. Paulo Passalacqua, da Cidade de Santos, Ulysses Costa, do Diario e Paulo Cunha, da Tribuna.

Na estação, à chegada do trem, tocou o Hino Nacional a Banda de Música Municipal.

O presidente do Estado e mais membros do governo foram recebidos pelo presidente da Câmara, que lhes apresentou boas vindas.

No palco da estação formaram o destacamento local, sob o comando do capitão Pedro Mussini e o piquete de cavalaria comandado pelo sargento Moncolla.

A força, estendida em linha, prestou as respectivas continências ao chefe do Governo, que com sua comitiva seguiu em carros até o Paquetá, onde atracara o Maranhão.

Em frente ao armazém n. 12 formaram em continência, à passagem do sr. presidente do Estado, os marinheiros da Alfândega, sob o comando de um guarda. Por essa ocasião tocou o Hino Nacional a banda de música da Segunda Brigada de Artilharia da Guarda Nacional.

O sr. presidente encontrou o sr. dr. Affonso Penna e sua comitiva num bonde das Docas. Aí apresentou-lhe os cumprimentos de boas vindas.

O Maranhão foi avistado às 7 horas da manhã. A essa hora foi dado o sinal semafórico.

Desde as 5 e meia horas da manhã grande número de rebocadores, na maioria pertencentes às Docas e garridamente enfeitados, aguardavam a entrada do vapor, vindo depois comboiando o mesmo até ao porto.

Ao chegar o navio próximo aos Outeirinhos ouviu-se a detonação de vinte e um tiros produzidos pela explosão de dinamite, nas pedreiras.

Na garagem do Internacional foi queimada também uma bateria de vinte e um tiros.

Às 8 horas em ponto o navio atracou, sendo logo visitado pelas autoridades da Ssaúde, de polícia e Alfândega.

Os marinheiros da Alfândega e Polícia do Porto formaram alas ao lado da prancha, a fim de facilitar o embarque das autoridades e comissões que foram cumprimentar o sr. dr. Affonso Penna.

Apresentaram cumprimentos a s. excia. o sr. dr. Albuquerque Lins, em nome do governo, coronel Alves de Moraes (N.E.: SIC: correto é Francisco Correa de Almeida Moraes), presidente da Câmara; vereadores Cincinato Costa e dr. Guedes Coelho, major Villeroy e outros oficiais empregados nas obras de fortificação do porto; Joaquim Fernandes da Silva, inspetor da Alfândega, dr. Luiz de Faria, inspetor da Saúde do Porto; capitão-de-fragata Machado da Cunha, capitão do porto; capitão Alfredo Diniz, oficial da polícia do porto; dr. Raul Vicente e Paulo Filgueirias, delegado de polícia e primeiro suplente; dr. Pedreira de Cerqueira, ajudante do inspetor da Saúde do Porto e outras pessoas.

Quando o presidente eleito da República assomou ao tombadilho, a banda de música da Guarda Nacional, que estava no rebocador Dauntless, executou o Hino Nacional.

O cais estava repleto.

Logo que o sr. Dr. Affonso Penna desembarcou, o advogado Moura Lacerda, em nome da Sociedade Humanitária, deu as boas vindas, em eloquente discurso, terminando por erguer um viva, entusiasticamente correspondido, ao presidente eleito da República.

Este, comovido, agradeceu a saudação.

Logo depois, o sr. dr. Affonso Penna tomou assento no bonde das Docas e nessa ocasião chegava o sr. presidente do Estado e sua comitiva.

Por essa ocasião falou, saudando o sr. dr. Affonso Penna, o bacharelando Theodomiro Carneiro Santiago, em nome da colônia mineira de São Paulo.

Os srs. drs. Affonso Penna, Jorge Tibyriçá e suas comitivas, em bondes especiais das Docas, dirigiram-se ao Jabaquara, Outeirinhos, onde visitaram minuciosamente as importantes oficinas e estaleiros, assistindo ao levantamento dos grandes blocos de pedras, empregados na construção do cais.

Nessa visita foi o sr. dr. Affonso Penna acompanhado do sr. Gaffrée, empresário das Docas e mais engenheiros.

Em seguida, o sr. dr. Affonso Penna, ainda em bonde das Docas, foi até o José Menino [… (N.E. trecho cortado na página original)] hotel Internacional, onde foi servido lauto almoço oferecido ao dr. Affonso Penna pela Câmara Municipal de Santos.

No almoço tomaram parte o dr. Affonso Penna e sua comitiva, dr. Jorge Tibyriçá e as pessoas que com s. excia. partiram desta capital; membros do diretório e Câmara Municipal, presidente da Câmara, intendente, juiz da primeira vara, ajudante do procurador da República, juiz federal substituto, capitão do porto, oficial da Polícia do Porto, chefe da Comissão Sanitária, primeiro juiz de paz, promotor público, delegado de polícia, dr. Cesario Bastos, representantes da imprensa da Capital Federal, de S. Paulo e de Santos.

Foi observado o seguinte menu:

Hors d'oeuvre – Canapés de caviar à la russe, jambon à la gelée.

Chaud – Consommé à la président.

Poison – Robalo du grand ocean sauce tartare.

Entrée – Gaican de chasse à la Bello Horizonte, filet piqué périgueut.

Légumes – Asperges d'Argentenil sauce ravigote.

Rôti – Dinde à la brésiliene, Jambom d'York.

Desserts – Parfait à l'Affonso Penna, fraises au Marasquin, fruits, fromage, café.

Vins – Madere, Chateaux Yquem, Sauternes, Chateaux Laffite, champagne, cigares.

Ao servir-se o campanhe falou o sr. dr. Soter de Araujo, oferecendo o banquete ao sr. dr. Affonso Penna, em nome da Câmara.

Falou depois o sr. dr. Affonso Penna. Começou relembrando seu passado, quando há trinta e cinco anos, depois que se doutorara na Faculdade de Direito, passara por Santos, uma cidade simples e modesta.

Vê com satisfação que agora, depois de tantos anos, Santos é uma cidade importantíssima, um dos principais empórios comerciais e industriais do mundo.

E maior é a sua satisfação por chegar ao Estado de São Paulo, justamente na ocasião em que se congraçou a família republicana paulista, sem conchavos, sem combinações desairosas, mas simplesmente porque todos se encontraram num só ideal: a regeneração econômica e financeira. Desde que empreendeu a sua viagem aos Estados do Norte, outra coisa não tem aconselhado senão que se inicie desde já essa política de paz e de concórdia que une todos a um só ideal.

Demais, o seu nome foi sufragado para presidente da República por todos os grupos políticos e daí a razão porque mais se congratula com o Estado de S. Paulo por esse feliz acontecimento, e isso o faz no dia em que pisa pela primeira vez numa cidade paulista.

Termina, bebendo à prosperidade do município de Santos.

Falou depois o sr. dr. Primitivo Sette, juiz da Primeira Vara, brindando o sr. dr. Jorge Tibyriçá e relembrando os grandes serviços que tem prestado na suprema direção dos negócios do Estado.

Agradecendo o brinde, o sr. dr. Jorge Tibyriçá congratulou-se, em nome do Estado que administra, com o presidente eleito da República, pela sua visita a São Paulo que, diz ele, acolhe com o maior carinho todos os hóspedes ilustres, e que não faz distinção entre paulistas e filhos de outros Estados.

Termina bebendo à saúde do sr. dr. Rodrigues Alves, o ilustre brasileiro que atualmente preside aos destinos deste grande país.

Terminado este brinde, que foi entusiasticamente correspondido, a orquestra executou o Hino Nacional.

Durante o almoço no terraço do hotel tocou a Banda Municipal e uma orquestra, sob a direção do sr. Bonomini, executou também, num salão próximo àquele em que se realizou o almoço, vários trechos das óperas Carmen, Faust, Damnation de Faust, Otello, Roberto lo Diavolo, as Danças Húngaras e outras peças.

Terminado o almoço, o sr. dr. Affonso Penna e sua comitiva foram fotografados, no pátio do hotel.

Em seguida, s. excia., sua comitiva e todas as pessoas que vieram de São Paulo tomaram bondes especiais até a estação da Ingleza, onde chegaram às 3 horas e 15 minutos da tarde.

Na plataforma estava parado um trem especial composto da máquina Rodrigues Alves, de um carro-salão, e mais dois carros de primeira classe.

No primeiro tomaram lugar o sr. dr. Affonso Penna e sua comitiva, composta dos srs. drs. Aarão Reis, Sá Freire, Alvaro Penna, coronel Fonseca, primeiro tenente Aarão Reis Filho, drs. Edmundo Penna e Octavio Penna, o presidente do Estado e as pessoas que o acompanharam em seu carro de S. Paulo a Santos.

No carro junto ao do dr. Affonso Penna embarcaram os seguintes jornalistas que viajam com s. excia.: Ernesto Senna, Jornal do Commercio; Raphael Pinheiro, Gazeta de Noticias; Lindolpho de Azevedo, Paiz; Paulo Vidal, Jornal do Brasil; Oswaldo Carijó, Tribuna; Mario Soares, Correio da Manhan; Alegria Junior, Dia; Belisario de Souza Junior, Revista da Época; dr. Gustavo de Mello, Fluminense; Abelardo Tavares, Capital; dr. Alvaro da Silveira, Minas Geraes; Miguel de Barros, Provincia e Jornal do Pará; Paulino Botelho, Malho; Michelet de Oliveira, Renascença; Lemos Brito, Bahia; F. Bandeire, Noticias de Lisboa.

Além desses jornalistas, embarcavam no mesmo carro os representantes do Correio, São Paulo, Platéa, Diario, Gazeta, desta folha, e Diario, Cidade e Tribuna, de Santos.

No terceiro carro vieram várias pessoas que daqui haviam partido e outras residentes em Santos.

O trem, que partiu de Santos às 3 horas e 25 minutos, chegou à estação da Luz às 5 horas e 55 minutos.

Nas imediações da estação da Luz, reinou grande animação desde cedo, porquanto não era oficialmente conhecida a hora da chegada do especial da S. Paulo Railway, em que vinha o sr. dr. Affonso Penna e comitiva.

Precisamente às 3 horas e meia da tarde, sabia-se ao certo […(N.E.: trecho cortado da página original)] Luz muitas famílias e grande massa popular.

As primeiras pessoas que chegavam à estação, ignorando uma nova determinação da polícia, procuraram aglomerar-se em todas as dependências da gare, mas pouco depois tiveram de abandonar essas localidades, permanecendo algumas no pátio fronteiro e outras nas galerias.

A gare ficou inteiramente vazia, estendendo-se desde a porta principal até o viaduto oitenta praças da Guarda Cívica, comandadas por um tenente, que tinha por auxiliares os alferes José Ferreira Brandão, João Soares de Macedo e Roberto Ribeiro.

Somente tinham ingresso as comissões de representação e todo o elemento oficial.

Convém salientar que essa providência, adotada por iniciativa do sr. dr. Ascanio de Cerqueira, delegado de Santa Ifigênia, incontestavelmente concorreu par que o povo não sofresse as consequências de grande aglomeração, como em ocasiões semelhantes se tem observado.

Resta agora que essa medida tenha modificações de modo a não ser tão restringido o ingresso, o que facilmente conseguirão os promotores de recepção estabelecendo uma regular distribuição de convites.

O povo, que se aglomerava no pátio do jardim, aguardava ansiosamente a chegada do ilustre hóspede.

Às 5 horas e meia da tarde, postou-se naquele pátio o primeiro batalhão, sob o comando do tenente-coronel Pedro Arbues, com o efetivo de 520 homens.

Em seguida, à chegada de dois piquetes de cavalaria, obedecendo às instruções francesas, o primeiro batalhão fez evoluções, dispondo-se em linha, que se estendeu ao longo da Rua José Paulino.

Alguns minutos antes das seis horas da tarde, com uma salva de vinte e um tiros, era anunciada a chegada do comboio especial.

Em seguida ao desembarque, o sr. dr. Affonso Penna recebeu cumprimentos de senadores, deputados e outras pessoas.

Da gare o sr. dr. Affonso Penna dirigiu-se para o pavimento superior transitando pela grande ala aberta por praças da Guarda Cívica, que permanecia perfilada, em continência.

Ao apontar no salão de entrada, todas as pessoas que enchiam as galerias e os flancos prorromperam em aplausos, que se prolongaram até fora, onde o entusiasmo dominava a multidão, manifestando-se em calorosos vivas.

O sr. dr. Affonso Penna tomou lugar no landau presidencial, à direita do sr. dr. Jorge Tibyriçá, e enquanto desfilava o préstito pela massa popular, s. excia. conservou-se de pé, agradecendo, descoberto, a manifestação popular.

Abria o cortejo que se formou um piquete de cavalaria.

Vinham depois os secretários de Estado, chefe de polícia, outro piquete de lanceiros e grande número de carruagens.

O préstito seguiu pelas ruas Florêncio de Abreu, Episcopal, Aurora, Visconde do Rio Branco e Alameda dos Bambus, em direção ao palacete Prates.

Entre as muitas pessoas que o foram receber à gare da Luz, podemos tomar nota dos srs.: dr. Alcantara Machado, dr. Almeida e Silva, ministro do Tribunal de Justiça; coronel Manuel Bento Domingues de Castro; coronel Alfredo Baptista Borba e tenente-coronel Arthur Barbosa, representando o comando superior da Guarda Nacional; coronel Siqueira Campos, representando a terceira brigada da mesma milícia; drs. Olavio Egydio de Souza Aranha, Veiga Filho e Raul de Rezende Carvalho, representando a Sociedade de Agricultura; drs. José Bonifácio de Oliveira Coutinho, Dino Bueno, Dario Ribeiro, Brasilio Machado e Candido Motta, lentes da Faculdade de Direito; tenente Martim Cruz, comandante da força do 28º do Exército, destacada em Sant'Anna; dr. Sebastião Pereira, Manuel de Aguiar Vallim, Luciano de Aguiar Vallim, dr. João Pedro Cardoso, dr. Pedro de Toledo, Bendicto Servulo de Sant'Anna, representando o Tiro Nacional; dr. Arthur Varella, Francisco Nogueira, conselheiro dr. Antonio Prado, dr. Horta Junior, dr. Siqueira Campos, dr. Alfredo Maia, Alipio Borba, Luiz de Mello, deputado Pedro Arbues, coronel José de Souza Ferreira, Joaquim Pioza, Luiz Martins de Carvalho, dr. João Passos, dr. Edgard Feraz, dr. Ignacio Wallace da Gama Cockrane, dr. Plinio de Godoy, coronel Antonio Rodovalho, dr. Antonio Rodovalho Junior, dr. Ernesto Goulart Penteado, Rosa Sobrinho, José Salgado e Francisco de Camargo, deputado federal dr. Valois de Castro, dr. Almeida Lima, engenheiro Vaz de Oliveira, dr. Ricardo Baptista, Mario Dente, deputado Oscar de Almeida, Antonio Prado de Queiroz Telles, dr. Ayres Netto, José Pereira Bicudo, Ludgero Belmont, dr. Urbano Marcondes, dr. Elias Novaes, Walfredo de Campos, José Cyrino, dr. Antonio de Moraes Barros, Theodoro de Moraes, dr. Miguel de Godoy Moreira e Costa, dr. Rodrigo Lobato, revdmos. Padres Pedro Enggerath e Hermann Chene, do Mosteiro de São Bento, acompanhados de uma comissão de alunos do ginásio de São Bento; srs. Mario Arruda, Carlos Barbosa de Oliveira, Oscar Lobato, Afro Galvão, Paulo Villac, Vicente de Barros, Francisco Ferreira Leite, Fabio Osmani Galvão, Victor Mayer, Moacyr Chagas, drs. Manuel José Ferreira e Petter, professores do mesmo ginásio; João Carvalhaes, Carlos Levy Magano, Joaquim Braga Netto, Anisio Ferreira, Pedro Alves, tenente-coronel Nascimento Pinto, comandante do terceiro batalhão e os oficiais daquele corpo major Graça Martins, capitães José Firmino, José Pinto de Oliveira, tenente Benedicto de S. Moura, alferes Francisco Homem, tenente-coronel Antonio do Carmo Branco, comandante do segundo batalhão e mais oficiais do mesmo corpo; major Geraldo Galdino, capitães Bueno de Cepellos e Manuel Esteves Gamoeda, tenentes Francisco de Paula e Manuel Pedroso, alferes Vicente Celest[…(N.E.: trecho cortado na página original)] tenente Euzebio Antonio de Siqueira Bueno, alferes Antonio Quirino Peixoto, Bernardo Pires de Oliveira, Antonio Lopes Guimarães, Joaquim Francisco da Cruz, F. Carlos dos Santos, coronel Saturnino de Oliveira, administrador dos Correios; major Oliveira Marques, funcionário postal; major Antonio Carlos Streib, da Delegacia Fiscal; tenente-coronel Manuel Soares Neiva, comandante do corpo de bombeiros e mais os oficiais dessa corporação, major Antonio José Rodrigues Monteiro, capitão Antonio Alves de Siqueira, tenentes Emilio Meissner, Fernando Diogo, alferes Antonio da Silva Gama, Manuel Pereira, João Rochael de Mello, Marcilio Martins Franco, Guilherme de Toledo Marques e Joaquim da Costa; Horacio Berlink, Gervasio de Araujo e Frontino Guimarães, da Congregação da Escola Prática de Comércio; Alvaro da Silva Santos, Emilio Figueiredo, Antonio Villela Junior, José E. de Oliveira, alunos da escola do Comércio; Bento Pires de Campos, dr. Veriano Pereira, representando o conselho da Caixa Econômica; coronel José Maragliano, José Innocencio do Amaral Campos, Francisco Guimarães, Ovídio de Oliveira, tenente-coronel José Pedro de Oliveira, comandante interino da Força Pública e seu estado maior, composto dos srs. major Alexandre Gama, capitão Arthur da Graça Martins e tenente Pedro Francisco Ribeiro, dr. Mario Pinto Serra, Arthur Ascagne, dr. Heitor Machado, Mario Muniz de Souza, dr. Gabriel Lessa Floduardo Justo da Silva, Wanderico Pereira, coronel Pereira Netto, dr. Alberto Penteado, dr. Adolpho Gordo, dr. A. De Moraes Barros; major Justino de Oliveira Cascudo, capitão Jayme Marcondes, tenente Luiz Gonçalves, alferes Henrique Affonso de Souza brito e José Julio Borges, oficiais do quarto batalhão; Guilherme Kuhlmann, Vespaziano Piza, Oscar Guilherme e Jorge Leme, representando a Escola Normal, José Brandy de Toledo, Antonio Vieira de Campos, Benjamim Reis, Evaristo de Souza Campos, Antonio do Amorim, Luiz Silvado, Alfredo Cabral, Cantidio de Moura, Pedro de Souza Campos, José Pacheco de Souza, Alvaro Assumpção, Antonio Fleury de Campos, Oscar Ferreira de Oliveira, Leonardo Bauducci, João Baptista leite, Pedro Rodovalho, Adriano Pereira, A. N. Alexander, Flavio Moraes, Ernesto Forci, Luiz Arouche, Gaspar Souza, Domingos da Costa Valente, Amador França, dr. Gonçalo de Oliveira, Raul de Oliveira, José Granja Souto Maior, Luiz M. de Carvalho, Aristides de Siqueira,  Eduardo Monteiro, Olympio Barros, Romeu Corrêa de Moraes, Clovis Leite, Urbano Teixeira de Assumpção, Virgilio Rodrigues Alves Filho, Tito Livio Teixeira, Estanislau do Amaral, Arthur de Barros Toledo, dr. Rozendo Prado, João Baptista de Almeida Prado, deputado Pedro Vicente de Azevedo, senador Duarte de Azevedo, Antonio Augusto de Arruda, Annibal dos Suatrs, Alexandre Andreucci, José B. Pinheiro de Vasconcellos, Valencio Muciel, dr. José Pereira de Queiroz, Mario Cintra, Francisco Cintra, João Pinheiro de Vasconcellos, dr. João Passos, procurador geral do Estado; deputado Rubião Junior, dr. Cardoso de Almeida, ministro Pinheiro Lima, dr. José Vicente Sobrinho, deputado Evangelista Rodrigues, A. Cardoso Ferrão, dr. Alberto Penteado, Sebastião de Oliveira, Paulo de Moraes Barros, dr. Betim Paes Leme, Hercules Campagnioli, João Adelino de Cxamargo, dr. Augusto Freire da Silva, José de Almeida Santos, dr. Adolpho Araujo, Remigio Buggiato, Manuel Aguiar Pereira e Souza, Elias Villares Barbosa, Herculino Pereira de Souza, da Revista Santa Cruz; dr. Continentino Guimarães, José Leopoldo da Silva, José Salles, coronel Manuel Ferraz Netto, Josino Carneiro, Pedro Vaz de Toledo, dr. Antonio Marques de Oliveira, Urbano Salles, representantes de todos os jornais diários da capital, oficiais da guarda nacional e outras pessoas, representantes de todas as classes sociais.

O sr. dr. Affonso Penna e parte de sua comitiva composta dos srs. drs. Alvaro Penna, Sá Freire, Edmundo Penna, Octavio Penna, Aarão Reis, primeiro tenente Aarão Reis Filho, coronel Alvaro da Fonseca, chegou ao palacete Prates, sito à Alameda dos Bambus, às 6 e 35 minutos da tarde.

O aspecto do palacete era deslumbrante. Nas árvores do jardim havia grande número de lâmpadas multicores. No centro do jardim viam-se duas estrelas, com 48 lâmpadas cada uma.

Logo ao chegar ao palacete foi o sr. dr. Affonso Penna introduzido no salão de honra, onde recebeu os cumprimentos dos srs. drs. Jorge Tibyriçá, presidente do Estado; Albuquerque Lins, secretário da Fazenda; Washington Luiz, secretário da Justiça; Gustavo de Godoy, secretário do Interior; Pinheiro e Prado, chefe de polícia; Lacerda Franco, Guimarães Junior, Siqueira Campos, senadores estaduais e dr. Olavo Egydio e Carlos de Campos.

Por ocasião da despedida o sr. dr. Affonso Penna mostrou-se reconhecido ao sr. dr. Jorge Tibyriçá pela brilhante recepção que teve em S. Paulo, dizendo ser das mais imponentes que tem tido em toda a sua viagem.

O sr. presidente, secretários de Estado e senadores, retiraram-se às 7 horas da noite, do palacete.

O sr. dr. Affonso Penna recebeu logo em seguida uma comissão da Guarda Nacional composta dos srs. coronel Baptista Borba, do comando superior; tenente-coronel Arthur Barbosa, secretário geral e coronel Siqueira Campos, que cumprimentando s. excia. em nome daquela milícia, lhe ofereceu um oficial para seu ajudante na sua estada nesta capital. O presidente eleito da República agradeceu as felicitações da Guarda Nacional, dizendo não precisar do ajudante que lhe foi oferecido, porquanto a sua estada nesta capital seria muito curta.

Logo depois s. excia. subiu aos seus aposentos e, por intermédio do d[…(N.E.: trecho cortado na página original)…]veira Coutinho; Affonso Augusto Moreira Penna cumprimenta e agradece o convite para o banquete oferecido ao ilustre coronel Fernando Prestes, sentindo não poder comparecer a essa justa homenagem prestada ao homem político cheio de serviços, por se achar muito fatigado de viagem.

Em companhia dos srs. drs. Aarão Reis, Alvaro, Octavio e Edmundo Penna, Sá Freire, Aarão Reis Filho e coronel Eduardo Fonseca desceu s. excia. dos seus aposentos, seguindo para a sala de refeições, onde se realizou intimamente o jantar.

Foi servido o seguinte menu:

Hors D'Oeuvre: Canapés de bécasse.

Potage: Créme á la Saint Georges.

Poisson: Bijupira sauce Nantua.

Relevé: Vol-au-vent à la trocadéro.

Entrée: Filet piqué Perigucux.

Punch: Cranit Montorgueil.

Légume: Asperges sauce Mousseline.

Rôti: Dinde à la pauliste; Jambom d'York.

Entremet: Bombe Sportsman, Dessert varié, Fromage, Fruits, Café.

Vins: Jérez, Rhin, Rudesheimer, Chateaux Clima, Bordeaux, Chateaux Latour, Mont. Rothschild, Fino champagne, Bourgogne, Moulim-a-vent, Clos-vougeot, Champagne, Mumm extra-dry, Cordon rouge, Liqueurs, cigares.

O serviço foi executado pela Rotisserie Sportman.

Em uma sala contígua à do jantar, uma orquestra de dez professores sob a direção do sr. Guido Rocchi, executou o seguinte programa:

Mozart – Ouverture. La Flute enchantée – Wagner. Fantasia – Lohengrin. Napoleão – Romanza. Ischaikwck Chant sans paroles. MassenetFantasia, Manon. CzibulkaSonge d'amour après le bal. VerdiFantasia, Aida. MosykowskiSerenade. StraussValsa, O schoner mai. BolzoniCelebre minoretto. VerdiFantasia, Othelo. SchubertMarcia militare.

O sr. coronel Eloy Cerqueira saudou o sr. dr. Penna, que agradeceu bebendo à saúde do sr. coronel Eloy.

Depois do jantar, o sr. dr. Affonso Penna saiu, a pé, em companhia do sr. coronel Eloy Cerqueira, passeando por diversas ruas da capital.

O sr. dr. Martinho Botelho ofereceu ao presidente eleito uma coleção do S. Paulo Magazine.

O sr. dr. Affonso Penna visitará hoje, às 8 horas da manhã, o quartel da Luz, seguindo daí, a convite do respectivo comandante sr. tenente Martim Cruz, para o quartel de Sant'Anna, onde visitará o quartel em que se acha o contingente do vigésimo oitavo batalhão.

Depois s. excia. visitará a nossa Escola Politécnica.

De 1 às 2, s. excia. dará recepção no palacete Prates às pessoas que quiserem cumprimentá-lo.

- O sr. dr. Affonso Penna recebeu os seguintes telegramas:

Do sr. dr. Rodrigues Alves – "Envio-lhe muitas saudações. Desejo que continue a ser feliz em sua proveitosa excursão".

Do sr. dr. Campos Salles – "Cordiais cumprimentos e congratulações pela feliz excursão promissora de largos benefícios na administração da República".

Do sr. dr. Antonio Carlos, secretário das Finanças de Minas – "Peço licença para apresentar a v. excia. as minhas calorosas felicitações pela excursão do Norte, fazendo votos para que a viagem do Sul seja igualmente feliz".

Ainda recebeu s. excia. cartas de cumprimentos dos srs. drs. José Luiz Flacquer, deputado estadual; Galeão Carvalhal, Arnolpho de Azevedo, deputados federais e João Coelho Gomes Ribeiro.

- O sr. dr. Affonso Penna demorar-se-á nesta capital até depois de amanhã.

Neste dia s. excia. seguirá para Santos onde haverá, a bordo do Maranhão, um almoço que a diretoria do Lloyd oferecerá ao sr. dr. Jorge Tibyriçá, presidente do Estado.

Daí o sr. dr. Affonso Penna seguirá em visita aos Estados do Paraná e Santa Catarina, desistindo de fazer por enquanto a sua viagem até o Rio Grande do Sul, por causa do frio que reina atualmente naquela região.

- Parte da comitiva assistiu ontem ao espetáculo do Sant'Anna.

A guarda do palacete Prates é feita por 20 praças da Guarda Cívica, sob as ordens de um inferior.

O cruzador Barroso, em foto de José Marques Pereira

Foto publicada na edição especial da Revista da Semana/Jornal do Brasil de janeiro de 1902

Affonso Penna voltou a visitar Santos pouco antes de sua morte. Tal visita foi também noticiada por O Estado de São Paulo, na página 3 da edição de 5 de abril de 1909 (Acervo Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução parcial da página com a matéria original (Acervo Estadão)

Viagem presidencial

O sr. presidente da República em Porto União - O regresso - Jantar em Presidente Penna - O discurso do chefe da Nação - Telegrama ao sr. Wenceslau Braz - Chegada a Curitiba - Manifestações - Partida para Paranaguá - Embarque para Santos - Outros pormenores

PORTO UNIÃO, 3 (Retardado) - Chegamos ao Porto União às 12 e 20 minutos da tarde.

[…]

RIO, 4 – A estação central dos telégrafos comunicou aos jornais que o cruzador Barroso, conduzindo o sr. Affonso Penna, presidente da República, saiu às onze horas da noite de Paranaguá, com destino a Santos.

OS MUNICÍPIOS

Santos[…]

- O sr. dr. Affonso Penna, presidente da República, virá de Paranaguá a esta cidade, de volta da sua excursão inaugural da E. F. S. Paulo-Rio Grande, no transporte de guerra Andrada, que aqui chegará às 6 horas da manhã de segunda-feira, desembarcando logo para um rebocador que o conduzirá às obras dos Itaipus.

Voltando à Ponta da Praia, visitará s. excia. a Escola de Aprendizes Marinheiros e o novo edifício em construção para a mesma.

Seguir-se-á um lauto almoço, visita ao cais e oficinas da Docas, partindo s. excia. à tarde para o Rio de Janeiro, a bordo do Andrada.


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O mesmo jornal O Estado de São Paulo registrou, na página 2 da edição de 6 de abril de 1909 (Acervo Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição): 


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Viagem presidencial

A chegada do sr. presidente do Estado a Santos – Chegada da divisão naval – Visitas ao cais, Câmara Municipal, túmulo de José Bonifácio – Banquete – Chegada a S. Paulo – Partida para o Rio – Outras notícias

SANTOS, 5 (pelo telégrafo) – O trem especial conduzindo o sr. presidente do Estado, dr. Albuquerque Lins e comitiva, chegou a esta cidade às 8 horas da manhã.

Na gare foi sua excia. recebido pelas autoridades civis e militares, representantes da imprensa e a banda municipal, que tocou o Hino Nacional ao entrar o comboio na estação.

Depois de trocados os cumprimentos, partiram todos em bondes especiais em direção à Ponta da Praia, para o edifício da Escola de Aprendizes Marinheiros, sendo recebidos com a maior gentileza pelo capitão-tenente Garcez Palha, fiscal das obras da escola. Nessa ocasião foi executado o Hino Nacional.

O dr. Albuquerque Lins, presidente do Estado, aguardava a divisão naval.
Pouco antes de 1 hora da tarde, o semafórico do Monte Serrat assinalou os navios, que à 1 hora fundeavam em frente à antiga fortaleza, na Ponta da Praia, obedecendo à seguinte ordem: Piauhy, Pará, Barroso, o Tupy. O Andrada, em que vinham os representantes da imprensa, atrasou-se por ser um navio já velho e ronceiro.

No Barroso vinham os srs. Affonso Penna, presidente da República; almirante Alexandrino de Alencar, ministro da Marinha; Miguel Calmon, ministro da Viação; marechal Hermes da Fonseca, ministro da Guerra, Casa Civil e Militar, ajudantes de ordens etc.

Logo que o Barroso fundeou, dirigiu-se ao seu encontro o rebocador Santos, das Docas, conduzindo os srs. presidente do Estado, secretários e representantes da imprensa, sendo o dr. Albuquerque Lins recebido a bordo com as honras devidas. O encontro entre os dois presidentes foi cordialíssimo.

À 1 hora e meia, tomavam o rebocador os srs. presidentes da República e do Estado, ministros e demais pessoas, desembarcando na ponte existente na Ponta da Praia. Tendo o sr. Affonso Penna almoçado a bordo, tomaram imediatamente os bondes, seguindo para as Docas, a fim de visitar o cais em tráfego. Percorreram grande trecho do cais, examinando os armazéns e uma das casas de máquinas que fornecem a força hidráulica que dá movimento aos guindastes. Dali seguiram para a Câmara Municipal, onde foram recebidos pelos vereadores. Os srs. Affonso Penna, Albuquerque Lins e ministros deixaram suas assinaturas no livro de honra.

Foi em seguida oferecido aos visitantes uma taça de champanhe, brindando o sr. Affonso Penna o vice-presidente da Câmara, dr. Moura Ribeiro. Sua excia. respondeu, agradecendo.

Deixando a Câmara Municipal, o sr. presidente da República e pessoas que o acompanhavam visitaram o túmulo de José Bonifácio, no convento do Carmo, a estátua de Braz Cubas, na Praça da República, a agência do Banco do Brasil, a Associação Comercial.

Tomaram todos, depois, os bondes especiais e, depois de um passeio pela cidade, dirigiram-se para o cais.

Saltando na Praça da República, atravessaram a Guardamoria, onde estavam formados em alas os guardas aduaneiros, e embarcaram, pela escada da Alfândega, no rebocador Santos, em direção à Ponta da Praia.

Chegando aos Outeirinhos, ponto extremo do cais concedido às Docas, o Santos parou por alguns momentos, assistindo os excursionistas à interessante operação da colocação de um dos enormes blocos empregados na construção da muralha do cais.

Chegando à Ponta da Praia, dirigiram-se todos para o edifício em construção da Escola de Aprendizes Marinheiros. Às 5 horas da tarde teve lugar a inauguração da placa comemorativa da visita do sr. Affonso Pena e ministro da Marinha, pronunciando o capitão-tenente Garcez Palha um eloquente e patriótico discurso, a que respondeu o sr. Affonso Penna.

Às 6 horas da tarde foi servido o banquete. O salão, no pavimento superior do edifício, estava caprichosa e elegantemente ornamentado, sendo a mesa em forma de U, para 150 talheres.

O sr. Affonso Penna tinha à direita os srs. Albuquerque Lins, almirante Alexandrino de Alencar, generais Ribeiro Guimarães e Mendes de Moraes e dr. Paulo de Frontin. À esquerda estavam os srs. marechal Hermes da Fonseca, dr. Miguel Calmon, dr. Candido Rodrigues, senador Ignacio Uchôa e Washington Luís.

O finíssimo menu foi fornecido pela sra. D. Elisa Poli, proprietária do Hotel Internacional do José Menino.

Iniciou os brindes o sr. Albuquerque Lins ao sr. Affonso Penna, almirante Alexandrino de Alencar, aos auxiliares daquela obra e do capitão tenente Garcez Palha à Câmara Municipal desta cidade e ao governo do Estado.

Falou por último o sr. Affonso Penna, que fez referências a São Paulo e ao sr. Albuquerque Lins, às responsabilidades do governo no trabalho de engrandecimento e progresso da pátria. Terminou saudando os ministros da Marinha e da Guerra, como representantes das forças necessárias para a segurança nacional.

Terminando o banquete, o sr. almirante Alexandrino de Alencar e seu ajudante de ordens embarcaram no cruzador Barroso, fundeado com os demais navios da divisão da Ponta da Praia nos Outeirinhos.

Às 3 horas da tarde entrou o Andrada, conduzindo os representantes da imprensa, que se mostram cativos pelo carinhoso modo por que foram tratados pela distinta oficialidade que, não desmentindo as tradições de gentileza e bondade da nossa marinha, procuraram dar-lhes todo o conforto, esforçando-se para que eles não sofressem muito com o violento balanço do navio, que teve de lutar contra o mar e o vento.

Às 8 horas da noite partiu a divisão naval, em que ia o almirante Alexandrino de Alencar, que amanhã, pela manhã, assistirá ao combate simulado das divisões brasileiras, entre a Ilha Grande e o Rio.

- Diversos jornalistas regressaram ao Rio pelo Andrada.

- Os srs. presidente da República e do Estado e comitiva seguiram, após o banquete, para a estação, embarcando às 7 horas e meia da noite. Ao sair o comboio, a banda municipal executou o Hino Nacional, sendo erguidos calorosos vivas aos srs. Affonso Penna e Miguel Calmon.

Em um dos planos inclinados o trem parou por alguns minutos, desembarcando os srs. Miguel Calmon e Paulo de Frontin, acompanhados dos srs. William Speers, superintendente da S. Paulo Railway, e Antonio Fidelis, chefe do tráfego, visitando ali a máquina que move o cabo sem fim do plano.

A impressão foi boa, sendo admirada a segurança e boa ordem com que [… (N.E.: palavra ilegível no original)] o serviço, considerando essa companhia uma das melhores e mais bem administradas do Estado.

- Às 10 horas e 5 minutos da noite chegou à estação do Braz, vindo de Santos, o trem especial, conduzindo os srs. presidente da República, ministros da Indústria e Viação e da Guerra, as pessoas que o acompanharam na sua excursão, os srs. presidente do Estado, secretários da Agricultura e Justiça, inspetor da Décima Região Militar e outras pessoas, que daqui partiram ao encontro do chefe da nação.

- Na gare da São Paulo Railway, onde o policiamento foi feito com a maior ordem, achavam-se duas seções da banda de música da Força Pública, notando-se ali a presença das seguintes pessoas: dr. Olavo Egydio, secretário da Fazenda; general Dyonisio Cerqueira, subchefe do Estado-Maior e seu ajudante de ordens, primeiro-tenente Elyseu Montarroio; dr. Francisco Calmon, dr. Aarão Reis, diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil; drs. Lysannias de Cerqueira Leite, Suzanno Brandão, Benjamin Franklin, Cicero de Faria e Carlos Euler, engenheiros da mesma estrada; dr. Ferreira dos Santos, chefe do Distrito Telegráfico; João Baptista Cardoso, administrador dos Correios; dr. Aristoteles Pereira, engenheiro fiscal da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil; drs. Jorge Tibyriçá e Ginacio Uchôa, senadores estaduais; dr. Alvaro Gomes da Rocha Azevedo, representando a Câmara Municipal; dr. Augusto Pereira Leite, segundo delegado auxiliar; drs. Theophilo Nobrega e Enéas Ferraz, segundo e quinto delegados; Nicolau Marques Schmidt, dr. Victor Eugenio do Sacramento, subdelegados da primeira circunscrição; Heitor Valery, subdelegado da quinta circunscrição; drs. Wladmiro do Amaral, comendador Mondin Pestana e Sebastião Pereira, oficiais de gabinete dos srs. presidente do Estado e secretários do Interior e da Justiça; dr. Aristides Pompeu do Amaral, auxiliar de gabinete do sr. secretário da Agricultura; dr. João Tibyriçá, coronel Arthur Barbosa, Francisco Eugenio de Campos, ajudante do chefe do tráfego da São Paulo Railway; Luiz Ferraz, diretor da Agência Oficial de Colonização e Trabalho; dr. Clodomiro Pereira da Silva, chefe da fiscalização da rede ferroviária deste Estado, Mato Grosso e Goiás; tenente-coronel José Pedro de Oliveira, comandante geral da Força Pública e seu ajudante de ordens sr. tenente Abilio Antonio Tavares; tenentes-coronéis Pedro Arbues, Domingos Quirino Ferreira, Antonio de Carmo Branco, Ayres de Campos Castro, comandantes do primeiro, segundo, terceiro e quarto batalhões; tenentes-coronéis Antonio Baptista da Luz e Manuel Soares Neiva, comandantes do corpo de cavalaria e de bombeiros; major Sebastião Fontes de Godoy, comandante interino da Guarda Cívica; majores Pedro Dias de Campos, Chrysantho Guimarães, João Baptista da Graça Martins, Manuel Justino de Oliveira Cascudo, fiscais do primeiro, segundo, terceiro e quarto batalhões; majores João Severino da Costa e Antonio José Rodrigues Monteiro, fiscais dos corpos de cavalaria e bombeiros; capitão João Regis de Oliveira, fiscal interino da guarda cívica; toda a oficialidade da força pública; os oficiais do exército capitães Martim Francisco Cruz, Nestor Sesefredo dos Passos, Benedicto Graccho Pinto da Gama; primeiro-tenente Manuel da Costa Brandão, segundos-tenentes Daniel de Souza Ramos, Antonio de Paiva Sampaio, Basilio Carneiro de Castro, Mario Maciel Wanderley, Generaldo Gualter Pereira Machado; o comandante superior, chefe do Estado-Maior e oficialidade da Guarda Nacional; dr. Huct Bacellar, chefe da comissão de prolongamentos da Sorocabana; drs. Alfredo Maia e Egas, superintendente e diretor da Sorocabana Railway; o pessoal superior e engenheiros dessa estrada; padre Pericles Barbosa, representando o sr. arcebispo metropolitano; dr. Manuel Olympio de Albuquerque Lins, drs. Henrique Santos Dumont, capitão Sebastião Salles e João Baptista Ferraz, escrivães de polícia, dr. Trajano Medeiros, Nestor Esteves da Natividade, representantes da imprensa etc.

Logo que o especial encostou na gare, a banda de música da Força Pública executou o Hino Nacional.

O sr. presidente da República, ministro da Guerra e Viação, e sua comitiva, desceram na estação do Braz e serviram-se de chá, leite, café, biscoitos, vinhos etc., em uma sala reservada, na qual foram colocadas duas mesas.

Enquanto isso, o especial da São Paulo Railway deixava a gare para dar lugar ao da Estrada central, que ali entrou às 10 horas e 20 minutos.

Os srs. drs. Affonso Penna, Miguel Calmon, marechal Hermes da Fonseca e demais pessoas da comitiva despediram-se dos srs. presidente do Estado, secretários e outras pessoas que se achavam na estação da S. Paulo Railway, tomando lugar nos carros dormitórios.

Nessa estação incorporaram-se à comitiva os srs. general Dyonisio Cerqueira e seu ajudante de ordens; dr. Francisco Calmon e dr. Aarão Reis, diretor e engenheiros da Estrada Central.

Às 10 horas e meia seguiu o trem especial, ouvindo-se novamente por essa ocasião o Hino Nacional executado pela banda de música da Força Pública.

Notas avulsas – Em trem especial partiram ontem às 5 horas e 45 minutos da manhã para Santos, a fim de aguardar a chegada do sr. presidente da República, os srs. dr. Albuquerque Lins, presidente do Estado, seus ajudantes de ordens srs. capitão Carvalho Sobrinho e tenente Arthur Godoy; dr. Carlos Guimarães, secretário do Interior; dr. Olavo Egydio, secretário da Fazenda; dr. Candido Rodrigues, secretário da Agricultura; dr. Washington Luís, secretário da Justiça, e seu ajudante de ordens sr. tenente Marcilio Franco; general Ribeiro Guimarães, inspetor da Décima Região Militar, e seu ajudante de ordens sr. tenente Amadeu Carneiro de Castro; dr. Ferreira dos Santos, chefe do Distrito Telegráfico; dr. Cardoso de Almeida, deputado federal; dr. Everardo de Souza, inspetor de Imigração; representantes da imprensa e os srs. William Speers e Antoio Fidelis, superintendente e chefe do tráfego da S. Paulo Railway.

- Vindos de Belo Horizonte, chegaram ontem a esta capital, em trem especial, o sr. dr. Aarão Reis, diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil e os engenheiros da mesma estrada, srs. drs. Lysannias de Cerqueira Leite, Suzanno Brandão, Carlos Euler, Benjamin Franklin e Cicero de Faria.

Todos seguiram para Santos, pelo trem das 8 horas, ao encontro do sr. presidente da República, regressando a esta capital em trem especial que dali partiu às 8horas e 20 minutos da tarde, chegando à estação da Luz às 6 horas da tarde.
Nesse trem veio também o sr. dr. Olavo Egydio, secretário da Fazenda.

- No trem que sai de Santos às 4 horas e 20 minutos da tarde vieram ontem para S. Paulo os srs. dr. Carlos Guimarães, secretário do Interior; general Dyonisio Cerqueira, subchefe do Estado-Maior do Exército, e seu ajudante de ordens sr. tenente Elyseu Montarroio, dr. Francisco Calmon e o sr. dr. Ferreira dos Santos, chefe do Distrito Telegráfico.

- A distância de Santos ao Rio é de 205 milhas. A marcha do cruzador Barroso é de 12 milhas por hora.

O sr. presidente da República julgou mais prudente viajar por terra, pois pela Central deve chegar hoje, às 8 horas da manhã, a Petrópolis, ao passo que por mar só chegaria hoje, à noite, ao Rio.

- Na ocasião em que o sr. dr. Miguel Calmon, ministro da Indústria e Viação, na gare da S. Paulo Railway embarcava no trem especial com destino ao Rio, aproximou-se de s. exa. um homem apoiado aos braços de uma mulher.
Disse chamar-se João Noronha Maciel, ser paralítico, vindo há poucos dias de Poços de Caldas, onde fora tratar da sua saúde.

Em outros tempos foi abastado, cedendo até terras para a fundação da estação João Pinheiro. Hoje, pobre, doente e impossibilitado de trabalhar, só restava apelar para a benevolência do sr. ministro da Viação, pedindo-lhe uma passagem para si e sua família, a fim de voltar àquela estação, onde residem parentes seus.
O sr. dr. Miguel Calmon ouviu com a maior atenção o sr. João Noronha Maciel e atendeu o seu pedido.

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