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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - VISITANTES
Príncipe Aimone de Savoia (Itália), 1920 (B)

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Logo após a Primeira Guerra Mundial, e apenas um mês antes da visita dos reis da Bélgica ao Brasil, quem esteve em Santos foi o príncipe Aimone, da casa de Savoia, que permaneceu cerca de uma semana nesta cidade, como registrou o jornal santista A Tribuna, que na edição de 13 de setembro de 1920, uma segunda-feira, relatava a sua chegada, na primeira página (ortografia atualizada nesta transcrição):

 


Imagem: reprodução da primeira página do jornal santista A Tribuna, em 13/9/1920

A fraternização de dois povos

A imponente recepção do couraçado Roma - O entusiasmo da manifestação popular - Sessão solene na Sociedade Italiana de Beneficência - Os discursos - A recepção de hoje na Municipalidade e o banquete oficial

Raramente, com tamanho entusiasmo, a cidade de Santos, por assim dizer em peso, prestou uma das mais significativas homenagens aos ilustres filhos de Itália, que ora visitam o nosso Estado.

 

Era indescritível o anseio da multidão que se apinhava ao longo do cais, num confuso burburinho de alegria expansiva.

 

Essa alegria franca é bem a expressão do radicado sentimento de fraternidade que une os dois povos em laços inquebrantáveis.

 

Em S. Paulo, onde o povo italiano encontra a sua segunda pátria, é natural esse transbordamento de efusivo entusiasmo.

 

As festas que ontem se iniciaram e que serão hoje continuadas, são a demonstração evidente de quanto é grande na nossa terra o espírito de fraternização entre o povo brasileiro e o italiano.

 

A entrada do couraçado Roma - Cerca das 9 horas o posto semafórico do Monte Serrate avistou, nas alturas do farol da Ilha da Moela, a belonave italiana. Uma salva de tiros anunciou à nossa população a próxima entrada dessa unidade de guerra.


Na Ponta da Praia da Barra era enorme a massa popular que se agrupava para assistir à passagem do couraçado. Inúmeros automóveis, desta cidade e de S. Paulo, conduzindo famílias, transitavam pela praia, estacionando pelas imediações da Escola de Aprendizes Marinheiros. Logo após o couraçado apontava pela Ilha das Palmas, e a multidão começou a movimentar-se.

 

Ao mesmo tempo, na cidade, notava-se grande entusiasmo popular. Pessoas acorriam ao cais, cuja extensa faixa ficou repleta de curiosos, principalmente os pontos de embarque nos cais da Guardamoria e do Paquetá.

 

Chegada das autoridades italianas e do representante do sr. presidente do Estado - Na gare da Inglesa, uma comissão da colônia italiana, desta cidade, aguardava a chegada do comboio especial, conduzindo o cônsul geral da Itália e demais autoridades italianas, em S. Paulo, reservistas do exército italiano, pessoas gradas, famílias etc.

 

Às 10 horas, mais ou menos, o trem entrava na gare, sendo aí recebidos os visitantes.

 

Pelo trem das 10.7, chegou, da capital, o sr. capitão Marcílio Franco, ajudante de ordens do sr. dr. Washington Luís, presidente do Estado.

 

Recebido pelo sr. coronel Joaquim Montenegro, prefeito municipal, dirigiram-se ambos para o Hotel Parque Balneário, onde almoçaram. Dali demandaram o ponto de embarque, no cais da Guardamoria, reunindo-se às demais autoridades, que já se encontravam no local, inclusive os viajantes da capital.

 

A recepção do couraçado Roma - Em lanchas especiais, gentilmente cedidas à comissão, foram acomodadas todas as pessoas presentes, observada a seguinte ordem:

 

Na lancha Paula e Silva, da Alfândega, tomaram lugares os srs. representante do sr. presidente do Estado, prefeito municipal conde Ottavio Gloria, vice-cônsul da Itália; deputado A. S. Azevedo Júnior, presidente do comitê de honra brasileiro; cav. Augusto Marinangeli e Carmine Nery, do comitê executivo italiano; professor dr. Arthuro Guarnieri, do comitê de recepção, de S. Paulo; outras autoridades, pessoas gradas, exmas. famílias e representantes da imprensa santista e paulistana.

 

No possante rebocador Neptuno, da casa Wilson, Sons e Comp., ia enorme massa popular e a banda de música da União Portuguesa; a lancha Itapema, da Companhia Guarujá, conduzia a banda de música do Corpo Municipal de Bombeiros, exmas. famílias e convidados; a lancha Roberto, da Alfândega, levava a seu bordo os reservistas italianos; na lancha Padua Salles, da Inspetoria de Imigração, ocuparam lugares membros das comissões das colônias italianas de S. Paulo e Santos; o rebocador Paula Pires, da Companhia Docas, e a lancha Juracy, da Alfândega, ficaram repletos de pessoas e famílias.

 

Assim organizado o grande préstito, foram todas as embarcações ao encontro do Roma, que se achava na altura do armazém n. 16.

 

Tanto a frente como os lados do belo navio eram rodeados por dezenas e dezenas de lanchas, botes e embarcações de regatas, dos clubes Internacional, Santista, Vasco da Gama e Tumiaru, que acompanhavam a marcha lenta do navio, em revista náutica.

 

O espetáculo era imponente e raramente presenciado no nosso ancoradouro. Desde 1910, quando esteve em Santos o couraçado S. Paulo, não se registrou uma recepção tão brilhante e entusiástica.

 

Um rosário de embarcações, embandeiradas em arco e ostentando no mastro de proa o pavilhão tricolor, volteava o navio, sob ruidosas e vibrantes manifestações, carinhosamente retribuídas pela oficialidade e maruja, que acenavam os seus quepes e gorros.

 

Um aeroplano do Fanfulla praticava belas e arriscadas evoluções, contornando o couraçado e atirando miríades de panfletos de saudação.

 

As bandas de música do Corpo de Bombeiros e União Portuguesa tocavam várias peças, sendo correspondidas pela excelente fanfarra de bordo, que executava marchas militares brasileiras, como a Canção do Soldado e outras.

 

Às 11,45, o couraçado lança ferro no ancoradouro, em frente ao escritório central da Companhia Docas, e, logo a seguir, é arriada a escada do lado de bombordo, atracando em primeiro lugar a lancha Paula e Silva.

 

O comandante Capon, com ar alegre e cortês, no portaló do couraçado, recebeu a visita das autoridades, que iam naquela lancha, já mencionadas, conduzindo-as ao seu camarim. Depois de uma breve palestra, surge a figura simpática do jovem príncipe Aimone, que é apresentado a todos.

 

Mais alguns minutos, e as autoridades deixam o navio, demandando o ponto de partida.

 

Logo após, outras lanchas atracaram, indo as pessoas cumprimentar o comandante Capon, que, gentil e amável para todos, atendia com leve sorriso.

 

O príncipe Aimone ficou no seu camarim, comparecendo apenas para receber os cumprimentos das autoridades.

 

Disse-nos o comandante Capon, em ligeira palestra que mantivemos, que a viagem do Rio a Santos foi magnífica, acentuando que estava sob a melhor impressão pela inesperada manifestação de carinho que recebera à sua entrada, a qual calou agradavelmente no seu espírito e no de s. a., o príncipe.

 

- O capitão Marcílio Franco regressou a São Paulo pelo trem das 13,20 horas.

 

O desembarque de s. a. o príncipe Aimone, e da oficialidade do Roma, no Paquetá - Antes da hora pré-estabelecida para o desembarque do príncipe Aimone, no cais do Paquetá, uma enorme multidão se acotovelava na praça Cândido Gaffrée, em frente ao escritório da Companhia Docas, comprimindo-se, numa massa compacta.

 

Cerca de cinqüenta automóveis, de aluguel e particulares, formaram uma linha, nos quais se viam distintas famílias da nossa elite, ansiosas pelo desembarque do duque de Spoleto.

 

Dois cordões de soldados da Força Pública, estendidos desde a estação da Companhia Fluvial "Porchat" até a saída do portão da Comp. Docas, determinavam o limite para o estacionamento do povo.

 

Na estação flutuante achavam-se, entre outras pessoas de destaque, os srs.: dr. B. de Moura Ribeiro, presidente da Câmara; coronel Joaquim Montenegro, prefeito municipal; dr. Ibrahim Nobre, delegado regional; capitão José Pedroso de Oliveira, comandante do destacamento de polícia; capitão José Martiniano de Carvalho, comandante do Corpo de Bombeiros; Braz Barone, da comissão executiva italiana; membros das duas comissões italianas, e representantes da imprensa.

 

Às 16,30 horas, o couraçado Roma anuncia, com uma salva de 21 tiros, a partida de s. a. r., o príncipe Aimone.

 

A enorme massa popular comprimia-se mais ainda, movimentando-se.

 

Numa lancha de bordo, viajam, além do príncipe, o comandante Capon, cav. uff. Ugo Tedeschi, cônsul geral da Itália em S. Paulo; conde Ottavio Gloria, vice-cônsul da Itália nesta cidade; cav. Augusto Marinangeli, presidente do comitê executivo italiano, o chefe do estado-maior e ajudantes de ordens.

 

Receberam-nos ao desembarque, na estação flutuante, as autoridades que ali se achavam.

 

Feitas as apresentações e trocados os cumprimentos, a comitiva dirigiu-se ao cais, onde, ao assomar, a banda de música da Sociedade União Portuguesa, postada no pátio, junto ao escritório da Docas, executou a Marcha Reale e a seguir o Hino Brasileiro, que foram ouvidos respeitosamente.

 

Ato contínuo, s. alteza, acompanhado dos oficiais e autoridades, passou por entre alas formadas, sendo alvo de ruidosas manifestações de carinho por parte da população, que levantava vibrantes vivas à Itália e a sua alteza.

 

Ocupando lugar na limusine da presidência da Câmara, na qual se sentaram ainda os srs. dr. Moura Ribeiro e o chefe do estado-maior, o ilustre membro da Casa de Savoia foi conduzido para a Sociedade Italiana de Beneficência.

 

No automóvel do sr. prefeito municipal tomaram lugar o com. Capon e o seu ajudante de ordens; no automóvel do dr. Ibrahim Nobre embarcaram o sr. cônsul da Itália e o conde Ottavio Gloria, seguindo o cortejo em demanda daquela instituição italiana, à Rua Dr. Eduardo Ferreira n. 79.

 

Na Sociedade Beneficente Italiana - Ao chegar em frente ao esplêndido edifício da filantrópica instituição, s. alteza recebeu calorosas palmas do elevadíssimo número de pessoas que aguardavam ali a sua chegada.

 

A banda de música do Corpo Municipal de Bombeiros, por essa ocasião, colocada no jardim do edifício, toca o Hino Nacional Italiano e, a seguir, o Hino Nacional.

 

Na porta principal achavam-se, para recebê-lo, todos os membros da diretoria, os srs. Carmine Neri e vários membros do comitê italiano, deputado A. S. Azevedo Júnior, presidente do comitê de honra brasileiro; d. Francisco José de Castro, cônsul do Uruguai; Manuel Augusto de Oliveira Alfaya, vice-cônsul do Paraguai; C. O. Kenyon, vice-cônsul da Inglaterra; Arthur Gerard Parsloe, vice-cônsul dos Estados Unidos; Júlio Doneux, vice-cônsul da Bélgica; Armando Lichti, vice-cônsul da Noruega; grande número de exas. senhoras e senhoritas da colônia italiana, associados etc.

 

O duque de Spoleto foi introduzido na Sociedade Italiana pelas pessoas acima, passando entre alas de reservistas do Exército e da Marinha italianos, até o salão nobre. Aí ocupou a cadeira da presidência, sendo ladeado, à direita, pelo comandante Capon, e à esquerda pelo dr. Moura Ribeiro.

 

As demais pessoas acomodaram-se nos outros lugares.

 

Sessão solene - Os discursos - Teve, então, início a sessão solene, com um discurso proferido pelo sr. conde Ottavio Gloria, vice-cônsul da Itália, saudando os ilustres hóspedes, findo o qual o orador foi aplaudido.

 

Em seguida, usou da palavra o cav. Augusto Marinangeli, que proferiu, sob a maior atenção da enorme e seleta assistência, o seguinte discurso:

 

"Reale Altezza,

 

"Signor Capitano di Vascello Augusto Capon, commandante della regia nave Roma,

 

"Esimie Autoritá Brasiliane,

 

"Signor Console Generale,

 

"Gentilissime Signore,

 

"Egregi Signori:

 

"La Societá Italiana di Beneficenza in Santos, espressione dell'anima italiana in questa cittá, ha oggi l'insigne onore di recevere la Reale Altezza di Aimone di Savoia-Aosta, Prence Sabaudo e Duca di Spoleto; l'Illustre Persona del Capitano di Vascello Augusto Capon, Comandante della regia nave Roma e la brillante ufficialitá, che a noí sono venuti con un messagio d'amore su questo lido, ove l'aansito del mare ed il palpito del nostro cuore si sono sempre fusi per un incessante anelito di fede. Nell'ardore di questa fede e sotto il fascino del nostro ideale, noi abbiamo fissato gli occhi contro l'ignoto, per iscorgere sulla tremula onda un segno, che ci rivelasse il valore spese per l'opera sublime della vittoria con dedizione di vita, con obrezza di martirio; e cosi abbiamo atteso fiduciosi sino ad oggi. Il segno é venuto: ed é provenuto da dove noi l'aspettavamo. Dal mare, da quel mare nostro, che é tutto fremito contro le sponde italiche, da quel mare veleggiato da Enea, che nella leggenda Virgiliana fu dai Fati commesso alle origini di Roma. Ed il segno amato perché desiderato, il segno carico di nuovi fati e di eroi novelli si é a poco a poco rivelato, ingigantito, ed é venuto superbe di vittoria con la prora animata di sprazzi luminosi ad ancorarsi in questo porto, accolta dai salutti e dai baci nostri, dai saluti e dai baci fraternali di questo popolo brasiliano, che ci ama svisceratamente.

 

"La poderosa  nave da guerra, dove sventola il tricolore, si aureola col nome, raggiante di Roma. Nessum nome esercita piú suggestionante fascino nell'universo, perché Roma é la patria di tutti, Roma é il cuore del mondo. La civilitá, l'arte, il dirito, la scienza sono scaturitti da quella potenza senza pari, da quella gloria senza confini. La Roma pagana, La Roma cristiana, la terza Roma, come grandi tappe che si sono succedute fra tante vicende, tante lote, tante vittorie e tanti martiri, sono la significazione dell'eternitá della piú gloriosa metropoli del mondo, che si transforma e ringiovanisce, dandoci l'impressione che la sua vita sia collegata a quella dell'universo, destinata a finire con l'universo stesse. Dai suol fianchi marmorei si é sprigionato quel senso di civiltá, che per le vie imperiali, ancora aperte sui piú lontani orizzonti, segnate dalle miliari tombe corrose dal tempo, si é slanciato con l'ardimento piú grande, che la storia registri, alla meravigliosa opera della'ascendere della razza umana. La civilitá romana infila la via Appia e conquista il Sud e l'Oriente, si lancia per la via Emilia verso il Nord e con sforzo titanico, per progressione di tempi, essa proclama altamente nella gloria del cielo latino l'indiscutibile forza della sua grandezza. 'Roma caput mundi'! Si lascia quindi minare dal Cristianesimo, schiantare dai Germani, ofuscare dal Medioevo; ma la cittá delle anime, il 'Loco Santo' di Dante, nella rinascenza e nel rinascimento comincia a riplasmare il mondo secondo i divini modeli accumulati in tanti secoli di gloria. E quando la stella d'Italia ritorna a rifulgere nel cielo di Roma, su Roma come al tempo di Augusto, per tenacitá di volere e per coscienza di potenza del gran Re Vittorio Emanuele II, dopo compiuto il miracolo della unitá, coronando il voti di tanti martiri, di tanti eroi, di tutto un popolo, Roma eterna ed immortale riprende il suo cammino ascendente, sospinta dalla continua forza creatrice, della quale é animata, e che nessuna altra forza dissolvente é riscita mai a distruggere.

 

"Ma il sogno di Roma non era finito. Da lontano, sui confini che la Natura ha dato all'Italia, tra triboli pazienti e tacite invocazioni, soffrivano inostri fratelli, sanguinava il loro cuore per non potersi ricongiungere alla madre patria. L'Italia al bisogno di conservazione e di pace aveva subordinato le antiche speranze d'integrazione nazionale, legandosi alla Germana ed all'Austria. Ma il sentimento prevalse. Quell'unitá, nata dal leale accordo fra monarchia e popolo, doveva compiersi: e quando l'ora suonó, quando si ebbe la forza necessaria per rompere l'inviso legame, perché la dignitá e gl'interessi supremi della patria lo reclamavano, tutto il popolo, senza distinzioni di parti, rispose all'appello. Cosi Roma, glorificata in tanti secoli di storia Madre della Latinitá, in un momento ardimentoso risogna il miracolo della sua forza e tra i fastigi dei suoi monumenti sente l'ansito ed il fremito del popolo, che vuol tentare uno sforzo sovrumano per spazzare l'incubo pendente nell'aria, come il presagio di una sorte calamitosa: la sopraffazione e la distruzione della latinitá. Come ai giorni eroici, il Re lancia un supremo appello alla Nazione e tutti accorrono a combattere e si dispongono a morire al grido secolare: 'Savoia!' Allora ricomparvero in luce virtú che si mantenevano nascoste; ma che non erano andate disperse. Il popolo italiano dimostró di possedere ancora quell'impasto gagliardo di virtú fisiche e morali, che costituisce il soldato, o, per adoperare una parola 'romanamente' e civilmente nostra, il 'Milite'.

 

"Tutto questo quadro, che la mia scolorata parola ha tentato dipingere, é una visione che la belleza di questa nave ed il potere mistico del suo nome hanno richiamato alla mia mente. Ma questa nave, come he giá detto, porta con sé gli Eroi novelli.

 

"Dinnanzi alla regalitá di un Principe Sabaudo, dinnanzi alle figure eroiche dei militi del mare, noi oggi ci vediamo trascinati da una luce di sogno a contemplare la novella gloria della patria. Tutta la mole turbinosa della guerra, gli atroci momenti, i sacrifizi immensi traspariscono d'un tratto come una massa di avvenimenti agitata dalla fatalitá di un destino, ed il tumulto acerbo del nostro cuore si acqueta perché nel sorriso della vittoria troviamo la giustificazione dello strazio, la mitigazione del dolore. Il conforto che nasce sulle tombe degli Eroi esprime un profondo significato di stati affermativi della coscienzia, e nessum martirio potrebbe fiorire magiormente la ghirlanda, di cui una nazione dopo la vittoria si cinge, come quelli di Guglielmo Oberdan, di Nazario Saurio e di Cesare Battisti. La piú grande Italia che si leva flammante come un'aurora, dalle bianche vette dei monti alle azzurre onde del mare, é frutto della recisione di quei fiori. La testimonianza che Voi, Signor Comandante, o Voi tutti, Eletti del mare, ci portate della conseguita vittoria 'romana', é di una sublime efficacia per noi, perché superbamente ci dichiara il ritorno dell'Italia nel mondo come une delle maggiori forze propulsive. Ed a questo mirabile risultato la flotta italiana ha precipuamente contribuito. É storia recentissima. La costa italiana nell'Atriatico aperta, bassa, nuda, fatta per la pace era inerme nella guerra. Doveva essere protetta contro una flotta di forze quasi pari, integrata dall'insidia subacquea e dall'offesa aerea. Il valore e l'audacia della marina italiana fecero con che l'Ausria rinunciasse assolutamente al dominio del mare, rinuncia questa che decretó la cessazione completa di qualsiasi trafico maritimo e la scomparsa della bandiera austro-ungarica dai mari.

 

"L'epopea marinaresca italiana su quell'Adriatico leggendario, superbo di fluire dall'Arcipelago verso l'ultimo Quarnero, si compare dinnanzi epicamente grandiosa. E gli episodi staccati delle nostre siluranti, correnti come anime perdute verso il lontano incantesimo della lotta, coperte dai veli vaporosi o nel silenzio solenne dell'italica notte, hanno qualcosa di temerario, che ci lascia perplessi pensare ad un complesso di virtú miracolose. E l'alito sacro dell'eroismo italico sospirerá perennemente su quel mare superbo il nome serenamente grandioso di Rizzo, il nome che glorifica un'epoca e che esce dalla storia per entrare nella leggenda. E dall'Egeo glauco, macchiettato d'isole verdi risplendenti al sole di Oriente, in un'apoteosi di luce di vampa il nome di Millo, l'impetuoso, risoluto e sagace commandante, che fa rimanere l'Universo perplesso in una insieme di sgomento e di stupefazione. E sulla costa libica Cagni fa assurgere dai baratri del mare sempre nuove sciere, e le ultime sone uguali alle prime, perché serbanti lo stesso ardore rinnovantesi nella fulva e tormentosa distesa delle acque.

 

"L'anima del nostro mare, vibrante di cosi straordinarie gesta, nello sforzo eterno di avvineriarsi alla terra, con quella voce che canta la solitudine senza confine, ripeterá per l'eternitá questi magnifici nomi, che non avranno oblio né dimenticanza, perché uniti al palpito di esso, alla luce di esso, all'eterno ritmo che la terra raccoglie e traduce in sentimento.

 

"Essi sono qui gli Eroi novelli, con la gloria brandita nel pugno, dicendo la soavitá di un sogno realizzato, la dolcezza di una chimera raggiunta, recando il destino d'Italia fiammeggiante su tuti i lídi, onde ricevere i baci del figli dispersi, baci infervorati dall'amore piú santo e sublime, dall'amor di patria.

 

"E tra questi, forte, generoso, intrepido, il giovine principe Aimone. Cinto di regalitá e fiammante di eroismo, Egli si é apprestato sempre alle imprese piú ardue. Il pericolo lo seduce. Egli s'innalza a volo con la dignitá e la fierezza di un'aquila sabauda. Riassumendo tutta l'anima accolare della Sua Augusta Stirpe si slancia all'attacco ed all'inseguimento, precipitando contro la morte con la piú intensa energia di vita: occhio linceo, cuore fermo, muscoli di acciaio  e fantasia di fiamma. Questi é il valoroso rapresentante della gloriosa Dinastia che ci ha immortalato nella vita e nella storia del mondo. Egli ci dá motivo per un'altra visione di bellezza e di bontá incomparabili. S. A. R. la Duchessa Elena di Aosta, Sua Augusta Genitrice, nell'infinito palpito della caritá, offrendo il suo soave sorriso, mescolandosi negli Ospedali di campo alle Dame della Croce Rossa, soffre per i sofferenti, soccorre i feriti, conforta i doloranti, sublimandosi in un'opera insigne ed ammirevole e santa. Il Suo Augusto Genitore, S. A. R. il principe Emanuele Filiberto di Savoia, Duca di Aosta, é il glorioso Duce di quella invitta terza Armata, che non conobbe rovesci, che in una battaglia titanica salvó la fortuna d'Italia e che iniseme alle altre truppe compi il miracolo di distrugerre uno dei piú agguerriti e formidabili eserciti del mondo.

 

"Dinnanzi a tanta manifestazione di bontá e di eroismo noi ci sentiamo veramente commossi, noi vibriamo con tutta l'intensitá delle fibre vitali e diamo sfogo al nostro sentimento, coprendo di fiori l'imagine d'infinita dolcezza femminile di S. A. R. Elena di Aosta, e quella virile e fortemente impresionante di S. A. R. Emanuele Filiberto di Savoia.

***

"Alteza reale,

 

"Signor commandante,

 

"Lontani dalla patria, trasportati in queto nuovo continente, in questa grande Nazione, che fa parte di quelle che oggi regolano le sorti del mondo, noi abbiamo trovato sotto un'altra latitudine, insieme all'affetto dei nostri frateli brasiliani, tutti gli elementi piú efficaci per la vita e per la prosperitá. Figli titti di una medissima tradizione, in una connessione calda d'ideali, noi lavoriamo fusi nello stesso fervore. La nostra modesta collaborazione al grande poema di vita interiore, che si traduce nelle sviluppo sempre crescente del Brasile, é astretta a quell'emblema di ordine e progresso, che, illuminato dalle stelle della piú espressiva costellazione che abbia il cielo, rifulge nel tripudio del colori della gloriosa bandiera brasiliana.

 

"Noi siamo legati a questo popolo dai vincoli piú affettivi e dalle riminiscenze piú care. Nell'arena della storia noi ritroviamo la figura gentile di Annita e quella dominatrice di Giuseppe Garibaldi. Nella pianure del Rio Grande questi compie le sue prime procellose avventure nelle epiche tenzone sostenute con un pugno di prodi, gli epici 'Farrapos'. Intrepido e sereno, come una figura scesa dal cielo ideale dei romanzi cavallereschi, con l'ampla fronte dignitosa, l'occhio ceruleo e la capigliatura spiovente sotto l'ala del cappello, Egli é sempre vivo nella nostra anima, l'eroe dei due mondi e la luce della nostra mente lo rivede avvolto nei larghi drappeggiamenti del 'poncho', rievocando le leggendarie figure dell'Orlando e della Gerusalemme, ringiovanite nel nuovo culto della patria e della libertá.

 

"I due mondi dell'eroe si riuniscono oggi, per una di quelle circostanze fortuite nella vita, e sotto la tenzione della volontá creatrice, figli dei medesimo Destino, Brasiliani ed Italiani nella grandeza del lavoro innalzano con lo sforzo del loro braceio e con le luci della loro mente l'Edificio piú grande che la civilitá latina avrá adornato per l'umanitá futura.

***

"All illuminato presidente di questa democrazia brasiliana,

 

"Al Re Liberatore,

 

"Viva!...".

 

Ao terminar a sua brilhante e inspirada oração, o cav. Marinangeli foi alvo da mais fervorosa manifestação.

 

Levantou-se, então, o comandante Capon.

 

O distinto oficial da marinha de guerra italiana diz que o seu país, querendo pagar uma dívida de amizade e simpatia, mandou o couraçado Roma ao Brasil para cumprimentar a grande nação brasileira e trazer aos italianos que, conjuntamente com os brasileiros, colaboram no engrandecimento do generoso país sul-americano, os votos de felicidade da Mãe-Pátria.

 

Com essa missão, o orador sente-se feliz, por ter ainda a ventura de comandar um navio no qual viaja o príncipe Aimone.

 

É indescritível a satisfação que sente ele, orador, o príncipe e toda a tripulação do couraçado, pelo acolhimento bastante expressivo, ao qual se aliaram as autoridades brasileiras, a quem rende a sua homenagem de respeito e consideração.

 

É aqui, diz o comandante Capon, no Estado de S. Paulo, que os italianos sentem vibrar a raça latina, e eles se acham tão bem neste grande Estado, que o consideram como uma segunda pátria.

 

Depois de estender-se num elogio às autoridades brasileiras, o comandante Capon terminou pedindo que o acompanhassem num viva uníssono ao Brasil e à Itália.

 

Fragorosas palmas ecoaram no recinto do salão nobre.

 

Terminada a sessão solene, o príncipe e comitiva dirigiram-se ao salão da escola, onde estavam artisticamente armadas 20 mesas esparsas, todas floridas a flores raras e custosas.

 

Ao centro do salão havia uma grande mesa destinada a s. a. e na qual se sentaram ainda os srs. comandante Capon, dr. Moura Ribeiro, coronel Joaquim Montenegro, deputado Azevedo Júnior e cav. uff. Ugo Tedeschi.

 

Foram servidas delicadas xícaras de chá e chocolate, reinando entre os presentes e exmas. famílias que participaram desse ato, a mais efusiva cordialidade.

 

Durante o chá uma esplêndida orquestra, sob a regência do prof. N. Barbieri, executou o seguinte programa:

 

1 - Hinos nacionais italiano e brasileiro.

2 - Minueto em ré - Crescendo

3 - Sinfonia - Barbeiro de Sevilha - Rossini.

4 - Fantasia - Mefistofele - A. Boito.

5 - Intermezzo - Marechiare - Tosti.

6 - Gioconda - Dança das horas - Ponchielli

7 - Marcha - Berolina - Forni.

 

Nos intervalos a banda do Corpo e Bombeiros executava variadas peças do seu repertório.

 

Pouco depois das 18 horas s. a. deixava a Sociedade Italiana, sob a mais ruidosa manifestação popular e ao som da Marcha Real e do Hino Nacional, coberto de pétalas que as senhoras e senhoritas lhe atiravam à sua saída, dirigindo-se, na mesma ordem, para o cais do Paquetá, regressando a bordo.

 

À noite, a fachada da Sociedade Italiana foi iluminada, sendo a mesma franqueada à visitação pública.

 

O comandante Capon cumprimentará hoje as autoridades municipais - Recepção solene - Em visita de cumprimentos às autoridades municipais, irão hoje, às 10 horas, ao Paço Municipal, o capitão-de-mar-e-guerra Capon, comandante do encouraçado Roma, e o seu estado-maior, do qual faz parte s. a. r. o príncipe Aimone.

 

Os distintos visitantes serão recebidos pelos srs. presidente da Câmara, prefeito municipal e demais vereadores.

 

Às 13 horas essa visita será retribuída a bordo do couraçado Roma, e as autoridades municipais convidarão, então, os nossos hóspedes para a recepção solene que a Municipalidade dará em honra ao duque de Spoleto, às 15 horas, no Paço Municipal, para a qual foram convidadas todas as autoridades locais, civis e militares, corpo consular, pessoas gradas e imprensa.

 

O banquete oficial - No salão nobre do Parque Balneário Hotel realiza-se hoje, às 20 horas, o banquete que a Municipalidade oferece ao príncipe Aimone e ao comandante Capon, com a assistência das autoridades locais, corpo consular, imprensa, membros do comitê de honra brasileiro, e das comissões italianas.

 

A hospedagem do príncipe Aimone - O comitê executivo da colônia italiana mandou reservar aposentos especiais no Parque Balneário Hotel, para a hospedagem de s. a. r. durante a sua estadia em Santos.

 


Sociedade Italiana de Beneficência

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