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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - INDEPENDÊNCIA
A história, por Martim Francisco III

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Na sua edição especial de 7 de setembro de 1972, comemorativa do sesquicentenário da Independência do Brasil - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria:
 
Martim Francisco, o terceiro, herdeiro-mor da glória andradina

Descendente dos Andradas, o terceiro Martim Francisco nasceu em São Paulo em 1853 e, logo depois de formado pela Faculdade bandeirante, passou a advogar no Interior. Liberal, foi deputado provincial por duas vezes e presidente do Espírito Santo. Agraciado com a Ordem da Rosa, negou-se a receber a venera por contrariar seus princípios políticos. Paulista ferrenho, propugnou, através da imprensa, pela independência de São Paulo. Lutou contra Floriano Peixoto, e por esse motivo acabou preso. Em Santos, onde também advogou, morou primeiro na Vila Matias, mudando-se depois para o José Menino, por gostar dos locais calmos e solitários. Neto do Andrada que foi ministro da Fazenda de D. Pedro I, tinha como o avô probidade a toda prova.

Leopoldo de Freitas, referindo-se ao terceiro Martim Francisco Ribeiro de Andrada, diz: "...Seus sentimentos palpitavam intensamente pela vitória da democracia nas instituições governamentais - ao ponto de que ele não vacilou em dirigir a palavra à multidão declarando-se pelas instituições triunfantes na jornada militar de 15 de novembro de 1889".

"Assim entendendo o seu dever cívico, o dr. Martim Francisco teve parte importante na organização política do Estado, pois pertenceu ao Congresso Constituinte Paulista de 1891, que elaborou a Constituição de 14 de julho; em seguida exerceu o cargo de secretário da Fazenda, tendo assegurado no seu relatório o grau de prosperidade do Estado".

"Desagradado, um dia, deixou espontaneamente esta posição e voltou à atividade forense em Santos, no aconchego da família, convivendo no lar florido pela bondade e virtude da adorada esposa, dona da sinceridade de seu coração e afetiva prenda dos dotes da sua inteligência".

"Os intelectuais procuravam-no de preferente atenção: José do Patrocínio, César Bierrenbach, Coelho Neto, Olavo Bilac, Silveira Martins, Joaquim Nabuco, Eduardo Prado, general Couto de Magalhães, e outros, passaram com ele horas e dias de magnífico acolhimento".

Pesquisador cuidadoso e jornalista de fôlego, "o maior herdeiro da glória dos Andradas", quando da comemoração do Centenário da Independência, escreveu, de Poços de Caldas, onde se encontrava descansando, interessante tábua cronológica enfocando os mais destacados acontecimentos históricos entre a queda de Bizâncio, ocorrida em 1543, quando os turcos tomaram Constantinopla, até o dia do "Grito do Ipiranga".

O que mais chama a atenção nesse trabalho é a referência à descoberta do Brasil, que teria sido feita por Pinzón, tendo Pedro Álvares Cabral apenas tomado posse de terra em nome do rei de Portugal. A tábua organizada por Martim Francisco Ribeiro de Andrada (III) é a seguinte:

1453 - Tomada de Constantinopla pelos otomanos. Interrupção das comunicações entre o Oriente e o Ocidente eurasiano. Predomínio dos osmanlis na Bacia Oriental do Mediterrâneo.

1464 - Tentativas iberas de expansão marítima. Descobrimento da América por João Varz Corte-Real.

1492 - Comissionado pela coroa de Espanha, toma Cristóvão Colombo posse de regiões americanas.

1500 - Descobrimento do Brasil por Vincente Pinzón. Em nome do rei de Portugal toma Pedro Álvares Cabral posse da "harpa" americana.

1532 - Fundação de São Vicente.

1535 - Doação da Capitania de São Vicente a Martim Afonso de Sousa.

1539 - Concessão de sesmarias a Braz Cubas, Pascoal Fernandes e Domingos Pires em local próximo ao ancoradouro denominado "Porto".

1545 - Predicamento de vila à povoação "Porto" com a denominação de "Santos".

1554 - Fundação de São Paulo.

1614 - Promovidas por Jorge de Barros Farjado, começam as agitações paulistanas contra os jesuítas.

1639 - Rumos definitivos da expansão bandeirante. Delineamento dos limites do Brasil. Preeminência de Antônio Raposo Tavares.

1641 - Tentativa espanhola de separatismo. Reação imediata do sentimento lusitano.

1645 - Batalha das Tabocas. Pela primeira vez, forças européias, regulares, são batidas na América.

1648 - Primeira batalha de Guararapes. Primeiro acontecimento colonial festejado em todo o Brasil. Início da noção de pátria brasileira.

1654 - Expulsão definitiva do invasor holandês. Normaliza-se o caldeamento dos fatores da subraça brasílica.

1680 - Insurreição comercial e autonomista no Maranhão.

1694 - Cunhagem de moeda especial para a Colônia.

1695 - Descoberta de ouro pelos bandeirantes paulistas.

1709 - Conflitos entre paulistas e forasteiros no território das Minas. Aclamação popular e governo autônomo de Manoel Nunes Viana.

1710 - Tentativa de independência em Pernambuco. Insubordinação de Bartolomeu Fernandes de Faria contra o monopólio do sal; ataque e tomada da vila de Santos.

1711 - Elevação da vila de São Paulo à categoria de cidade.

1720 - Movimento mineiro, regionalista, contra o imposto de quintação.

1759 - Expulsão dos jesuítas. Resgate das capitanias. Política do Marquês de Pombal.

1789 - Reação antipombalina. Conspiração regional em Minas Gerais. Processo dos inconfidentes.

1798 - Inconfidência baiana, com acentuada contribuição militar. Suplício de João de Deus do Nascimento, Luís Gonzaga das Virgens, Luís Dantas, Luís Pires e Manoel Faustino dos Santos Lira.

1801 - Conjuração dos Suassunas em Pernambuco. Projeto de República sob o protetorado de Bonaparte.

1808 - Mudança da sede da Monarquia para o Brasil, conforme convênio entre D. João VI e Jorge III no ano anterior. Abertura dos portos brasileiros ao comércio universal.

1815 - Elevação do Brasil a Reino.

1817 - Revolução republicana em Pernambuco e regiões adjacentes.

1821 - Repercussão, no Brasil, do movimento constitucionalista português. Aclamação, em 23 de junho, de um governo provisório em São Paulo; em 24 de dezembro, antes do Rio de Janeiro, esse governo protestava contra a retirada, que anunciara, do príncipe regente para a Europa.

1822 - Os paulistas despacham para o Rio de Janeiro, e para ser respeitado o "Fico", mil e cem praças municiadas. * Organização, entrando dois paulistas, do Ministério de 16 de janeiro, que projetou e realizou a Independência. * Em 15 de fevereiro: embarque definitivo da divisão lusitana de Jorge Antez. * Em 23 de maio e 19 de julho: tentativas de reação lusitana, em São Paulo, contra a causa nacional. * Em 2 de junho: instalação, no Rio de Janeiro, do "Apostolado", especialmente para acompanhar o movimento da emancipação nacional. * Em 3 de junho: convocação da Assembléia Constituinte por decreto continuador do de 16 de fevereiro, que convocava um Conselho de Procuradores das Províncias. * Em 1º de agosto: manifesto aos povos do Brasil. * Em 6 de agosto: manifesto às nações amigas. * Em 12 de agosto: instruções a Felisberto Caldeira Brant, nosso enviado em Londres, para obter do governo inglês o reconhecimento da independência do Brasil. * Em 14 de agosto: partida do príncipe D. Pedro para São Paulo. * Em 20 de agosto: mensagem do Apostolado ao Oriente argumentando que chegara o momento de separar o Brasil de Portugal. * Em 6 de setembro: visita do príncipe aos santistas. * Em 7 de setembro: o brado de "Independência ou Morte!" na colina do Ipiranga.

(Departamento de Pesquisas)


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