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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TRANSPORTES
Os ônibus em Santos

Na obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista (volume III, 1996, Editora Caudex Ltda., São Vicente/SP), os pesquisadores Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti relatam a história dos transportes coletivos em Santos. Parte desse trabalho (referente à história dos bondes santistas) foi reproduzida na seção O Bonde e, abaixo, é complementada a matéria, com a introdução e a história dos ônibus em Santos: 


Cartão postal de cerca de 1968 mostra Santos, um restaurado bondinho a burro
e um dos novos ônibus Mercedes-Benz que começavam então a circular na cidade

Transportes coletivos em Santos

Através dos tempos, teve Santos, desde os mais primitivos, curiosos e até sofisticados meios de transporte coletivo. Noutros tempos, o serviço de condução de passageiros era feito por meio de cavalos, mulas, banguês, cadeirinhas, séges e até carros de bois.

Em 1864, teve Santos o sistema de transportes mais aperfeiçoado para a época, ou seja, por gôndolas, por iniciativa de Luís Massoja, que colocou em serviço uma linha entre a Cidade e a Barra (Praia), inaugurado no dia 23 de maio daquele ano. O ponto inicial era no Largo da Coroação (atual Praça Visconde de Mauá) e na Barra (Praia), onde ficava a Casa de Campo.

Esse serviço de gôndolas deu prejuízo e durou menos de um ano, vendo-se Luís Massoja obrigado a fugir de Santos, dos credores, já falido.

Durante vários meses ficou Santos sem condução. A 14 de fevereiro de 1866, começou a circular um serviço de diligências sob a responsabilidade da Companhia Diligências Guanabara, fazendo o percurso do centro da Cidade até a Barra (Praia). Havia também, pela mesma época, um serviço de diligências até São Paulo, que foi obrigado a suspender as suas atividades, devido ao advento dos trens. (...)/(...)/(...)/(...)


Entrega de um lote de ônibus à Municipalidade, em 1967, em ato na Praça Mauá
Foto: anúncio oficial na edição de lançamento do jornal Cidade de Santos,
em 1º de julho de 1967, com o título: "A nova face de Santos"

Os ônibus em Santos - A partir de 1926 surgiram, em Santos, algumas empresas de ônibus. Todas elas pequenas organizações de transporte coletivo, de duração efêmera. Em 1928 a The City of Santos Improvements Co. inaugurou três linhas de ônibus, identificados por linha "A", linha "B" e linha "C". Uma fazia o trajeto Centro-Ponta da Praia, outra Centro-José Menino e a terceira, Centro-Gonzaga-Boqueirão. Essas linhas estavam dotadas de bons veículos, com intervalos de mais ou menos trinta minutos.

O transporte por bondes era preferido pela população, não só pelo preço, como também por ser mais arejado, no clima quente de Santos. O ônibus ainda era um transporte relativamente elitizado, e por isso mesmo não contava com grande freqüência e conseqüentemente não se apresentava como um ótimo negócio empresarial.

Daí a City se desinteressar por suas linhas, vendendo-as à Viação Santista Ltda. - a primeira companhia que, a partir de 7 de dezembro de 1936, enfrentou o transporte coletivo por ônibus com amplitude, com diversas linhas, inclusive para alguns bairros e para São Vicente.

Em 1936 surgiu mais uma empresa de ônibus, a Viação Excelso Ltda. Em 1944, a grande organização de transporte intermunicipal, com linhas entre Santos e São Paulo e São Paulo-Rio de Janeiro, [era o] Expresso Brasileiro Viação Ltda., de propriedade do empresário santista Manoel Diegues, [que] se propôs a manter o serviço de ônibus de Santos e São Vicente, sendo para isso autorizado pelas duas municipalidades a adquirir o acervo da Viação Santista Ltda. - que, mesmo precariamente, mantinha suas linhas.

O Expresso Brasileiro iniciou suas atividades no transporte municipal a 1º de setembro de 1944, com 12 linhas e ônibus novos, de excelente padrão. Foi devido à boa qualidade dos serviços dessa empresa, à intensidade de linhas e de veículos, que o transporte de bondes começou a decair, progressivamente, até sua paralisação, em 1951.

Em 1948, Manoel Diegues proporcionava a Santos e São Vicente o mais moderno e sofisticado serviço de ônibus do Brasil, com os enormes coachs importados dos EUA, com capacidade para 60 passageiros sentados. Esses ônibus de altíssimos custos não aprovaram no tráfego, em razão de suas medidas avantajadas, absolutamente impróprias às acanhadas ruas santistas e vicentinas, além da péssima qualidade de seus pisos de velhos paralelepípedos ou asfalto mal cuidado.

Os ônibus eram grandes, cômodos, moderníssimos, mas não se adaptaram às deficiências viárias da época. O alto investimento havido pelo Expresso Brasileiro na aquisição desses carros, sem um retorno compensatório, fez com que o sr. Manoel Diegues desistisse, por completo, do serviço de ônibus urbanos, notificando judicialmente ao Serviço Municipal de Transportes Coletivos de Santos, nos primeiros dias de setembro de 1955, que, após 30 dias, abandonaria completamente o serviço de ônibus que vinha mantendo há onze anos.

Passes magnéticos usados nos ônibus santistas até 1998

Efetivamente, no dia 5 de outubro - trinta dias após - o SMTC assumiu todo o transporte coletivo de Santos, em cuja ocasião era diretor-superintendente da autarquia de transportes municipais o engenheiro Antônio Lotufo. O empresário paulistano Anselmo Cimatti adquiriu a linha de ônibus intermunicipal entre Santos e São Vicente, cujo serviço foi mantido sem interrupção, e em 1956 por sua iniciativa constituiu a empresa Viação Santos, São Vicente, Litoral S/A, que, com a participação dos sócios José Joaquim Sobral Egídio Prado, Walter Lanza e Raimundo De Lucca Filho, foi ampliada e desdobrada nas subsidiárias Viação Santista Ltda., Viação Cubatão Ltda. e Viação Praia Grande Ltda.

O SMTC, em 1955, ao assumir o monopólio dos ônibus urbanos de Santos, processou o financiamento para a aquisição de 50 ônibus elétricos, 5 estações conversoras de corrente contínua e farto material para a construção da rede aérea para os trólebus, cujas linhas só foram inauguradas a 12 de agosto de 1963, com cerca de 17 trólebus. Em 1968 o SMTC adquiriu 70 unidades para suas linhas de ônibus.


Imagem: anúncio na edição de lançamento do jornal Cidade de Santos, em 1º de julho de 1967

Com a paralisação dos bondes em 1971, a autarquia municipal dos transportes assumiu o monopólio total do transporte coletivo de Santos. Em 1979 o SMTC já fora transformado na Companhia Santista de Transportes Coletivos e o então prefeito Antônio Manoel de Carvalho, compreendendo que a empresa municipal não tinha condições de suprir as reais necessidades da comunidade santista, determinou a abertura de uma concorrência pública no sentido de ser concedida autorização para que algumas linhas de ônibus da cidade passassem à exploração por empresas privadas.

A Viação Santista Ltda., do Grupo Viação Santos, São Vicente, Litoral S/A, ganhou a licitação e introduziu suas linhas de ônibus, em Santos, dividindo com a CSTC todo o sistema de transporte urbano de Santos. A Viação Santista introduziu, ainda, os ônibus seletivos, e com melhor qualidade de seus serviços gerou grandes dificuldades à empresa municipal.

Em 1989, a prefeita de Santos, Telma de Souza, expropriou a Viação Santista, fazendo com que a CSTC assumisse todo o seu acervo patrimonial e todas as suas linhas de ônibus - cujo contrato de concessão parcial ainda se encontrava em vigência, gerando uma ação judicial de grande repercussão na cidade e cujo direito e valor reclamado pela Viação Santista ainda permanece sub-judice.

Trólebus com carroçaria nacional Marcopolo, 
na Rua General Câmara, esquina de Rua Martim Afonso
Foto: Novo Milênio, em 19/9/2000

Em 1994 e 1995 a CSTC privatizou 32 de suas linhas, a favor da Empresa Executiva Transportes Urbanos Ltda., com sede em São Vicente-SP, permanecendo com apenas 13 linhas.

Suas garagens, pátios e oficinas são, ainda, em sua quase totalidade, as mesmas dependências que pertenceram à City of Santos Improvements Co. Ltda. e que serviram, durante muitas décadas, ao seu serviço de bondes. Desse antigo acervo, apenas a garagem do Jabaquara, na Av. Rangel Pestana nº 475, foi vendida à referida concessionária Executiva Transportes Urbanos Ltda.

A Cia. Santista de Transportes Coletivos, fundada a 15 de outubro de 1976, foi sucessora de: Serviço Municipal de Transportes Coletivos (SMTC) - 1951/1976; The S. Paulo Railway, Light and Power Co. Ltda. - 1928/1951; Cia. Ferro Carril Santista - 1891/1904.

Números da CSTC - Capital social atual (N.E.: 1996) - R$ 9.700.000,00; receita operacional/1995 - R$ 27.654.948,28; estoque em 31/12/1995 - R$ 403.184,59; total de linhas em circulação - 13; total de carros em operação - 137; total de funcionários - 925.

Foram seus presidentes: dr. Eduardo Rocha Júnior, eng. Paulo Antônio Ferramenta da Silva, dr. Milton Moraes, dr. Miguel Elias Hidde, eng. Armênio Tavares Russo, Marcos Alonso Duarte, José Pascoal Vaz, Pedro Seitiro Nagao, Antônio Freire Magalhães e, atualmente, Sérgio Paladini.


Trólebus com carroçaria nacional Marcopolo, na Rua General Câmara, esquina de Rua Itororó
Foto: Novo Milênio, em 19/9/2000