ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL - SANTOS

Trecho inicial da ata da assembléia de 20/9/1934 do Satellite Club

Imagem enviada a Novo Milênio pelo internauta Ary O. Céllio

Satellite Club

Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada aos vinte dias do mês de setembro de 1934

Reunidos em primeira convocação às 8 horas de hoje, na sede social à Avenida Presidente Wilson, e não havendo número, passou-se a reunião para daí a meia hora. Decorrida meia hora, isto é, às 8 horas e meia da noite, em segunda convocação, a ser efetuada com qualquer número, reuniu-se a Assembléia Geral Extraordinária para tratar de assuntos urgentes e de grande interesse para o Club. Ao ser iniciada a sessão achavam-se presentes 31 (trinta e um) associados quites e funcionários do Banco do Brasil. Convidado e unanimemente aceito pela casa, foi empossado na presidência dos trabalhos o sr. dr. Alfredo Sérgio Ferreira Filho, membro do conselho consultivo. A seguir, dr. Sérgio, presidente, dá início à sessão.

Constava do expediente a seguinte carta do 1º tesoureiro Sr. Paulo Werneck: "Santos, 17 de setembro de 1934 - Exmo. sr. Ambrósio Vieira Braga, m.d. presidente do Satellite Club. Nesta. Alegando motivos razoáveis particularmente a cada um dos membros da diretoria deste Club, cheguei à conclusão que, para evitar maiores aborrecimentos, devia tomar uma resolução extrema. Assim agindo, serve a presente para apresentar aos meus colegas de diretoria a minha renúncia em caráter irrevogável, do cargo que até então exercia, desempenhando as funções de 1º tesoureiro deste Club. Agradecido fico aos meus companheiros de administração pela atenção e apoio sempre recebido, e peço transmitir ao quadro social do Club os meus sinceros agradecimentos pela confiança que sempre me foi dispensada em todos os cargos que tive a oportunidade de exercer na direção do Club. Termino formulando sinceros votos  de franca prosperidade ao Club que tendes a elevada honra de presidir, subscrevendo mais uma vez agradecido, (a). P. Werneck".

Lida essa carta pelo sr. João Soares Neves, que secretariava a mesa a pedido do presidente. Depois, com a palavra o sr. Werneck, foi, pelo mesmo, lido um relatório em que expõe a síntese do Club até a presente data com sua respectiva atuação.

Sobre o assunto houve uma ligeira explicação pessoal do sr. Vilhena ao sr. Werneck. Pelo sr. presidente foi posta em discussão a aprovação desse relatório como documento inicial para organização da história do Club, bem como a aprovação de seus atos como diretor do Club, atos do sr. Werneck; com uma salva de palmas a Assembléia aprovou integralmente essa proposta, aceitando inteiramente as explicações exaradas nesse documento. Foi, nessa ocasião, aprovado um voto de louvor ao sr. Werneck pela sua atuação em todos os cargos ocupados pelo mesmo na diretoria.

Aceito o seu pedido de demissão, a Assembléia resolveu não proceder eleição de novo diretor em virtude de estar a extinguir-se o mandato da atual diretoria; de acordo com os estatutos foi empossado no cargo o 2º tesoureiro, sr. Felisberto Menezes. Pelo sr. Trajano de Castro Serra, com alguns consideranda, foi proposta a alteração do artigo 7º dos estatutos, elevando a mensalidade dos sócios estranhos ao quadro de funcionários do Banco do Brasil, homens, para 20$000 (vinte mil réis) a partir de outubro próximo futuro; essa proposta foi aceita por unanimidade.

Em seguida foi feita pelo sr. Vilhena a seguinte proposta, aprovada: "todo funcionário que seja admitido ao quadro social é obrigado a autorizar ao Banco do Brasil o desconto em folha de suas mensalidades". O sr. Serra propõe, ainda, que seja apresentado, mensalmente, para conhecimento dos associados, a demonstração da receita e despesa do Club; foi aprovada a proposta. Pelo sr. João dos Santos Danin foi apresentada a seguinte proposta: "elevação para 10$000 (dez mil réis) da mensalidade dos sócios funcionários que praticarem o tênis" - essa proposta foi rejeitada por 18 (dezoito) votos contra 13 (treze).

Foi proposta e aceita pela Assembléia a idéia do sr. Conrado, de que se mandassem imprimir os estatutos. Em seguida, o sr. Werneck fala sobre um contrato a ser firmado, com troca de cartas, pela locação da sede social, quadras de tênis etc. Trocam-se considerações entre vários associados e a Assembléia resolve delegar poderes à diretoria para resolver o assunto.

Fala ainda o sr. Werneck, agradecendo o apoio sempre concedido pela administração da Agência do Banco do Brasil, nesta cidade, ao Satellite Club, sendo, por essa ocasião, ovacionada, na pessoa do dr. Alfredo Sérgio Ferreira Filho, a administração aludida. Em pequena alocução agradeceu o dr. Sergio Ferreira as palavras elogiosas do sr. Werneck. Foi aprovada por unanimidade o voto do sr. Carrijo, de confiança e apoio incondicional à presente diretoria. O sr. Braga propõe para diretor social o sr. Werneck, sendo retirada a proposta em virtude de algumas considerações feitas pelo sr. Werneck. Logo depois o sr. Werneck faz uma proposta aceita, por unanimidade, pela Assembléia, indicando por unanimidade, para cargo de diretor social, o sr. Luiz Gonzaga Vilhena de Moraes. Por proposta da mesa vai, adiante, transcrito na presente ata, o relatório apresentado à Assembléia pelo sr. Werneck, assinado pelo mesmo e pelo secretário do Club, sr. João Soares Neves.

E, nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão, e, para constar, foi lavrada a presente ata que vai assinada pelo sr. presidente da Assembléia e por mim, secretário, que a lavrei. Santos, 20 de setembro de 1934. (a) Presidente da Assembléia (a) Secretário.

Relatório apresentado à Assembléia Geral Extraordinária, realizada a 20 de setembro de 1934, referente à vida econômica e social do Satellite Club no período de 1º de outubro de 1933 a 31 de agosto de 1934, por Paulo Werneck.

Caros consócios, amigos e colegas.

Idealizador principal, almejando na Agência do Banco do Brasil desta cidade, onde trabalho há cerca de oito anos, onde sempre encontrei em cada colega um amigo, merecendo sempre a estima de meus superiores e subalternos, apesar de anotar por vezes desinteligências vãs, em prejuízo de uma perfeita coletividade, guiado um dia por uma idéia, às vezes fracassada, tomei a iniciativa da fundação de um Club, que com o auxílio financeiro de todos, apoio moral total, pudesse, dentro em breve, tornar uma realidade o sempre desejado convívio social dos funcionários desta Agência e suas excelentíssimas famílias.

Lutando a princípio com certas dificuldades, que com o decorrer do tempo foram lentamente se removendo, consegui, com a boa vontade da quase totalidade dos funcionários, firmar, em condições promissoras, a nossa realização - o Satellite Club.

Merecendo este a colaboração de seus associados, da administração da Agência e do próprio sr. Arthur de Souza Costa, quando presidente do Banco, a quem deve o Club parte de sua eficiência progressista, atinge o nosso Club o décimo segundo mês de existência e, dentro de breves dias, isto é, no próximo dia 7 de outubro, vê assinalado o seu primeiro aniversário de fundação.

Cumpri à risca tal iniciativa, lutei com sérios embaraços, por vezes aborreci-me por acontecimentos internos, naturais da vida de um clube, por vezes me faltou o apoio incondicional de colegas da diretoria, porém em nada foi afastada a minha perseverança de ver um dia o Club organizado, e, como simples sócio, participar e assistir das vantagens e diversões que ele dispensa aos seus componentes.

Este dia chegou, e para minha maior e completa tranqüilidade, para não perder os amigos e colegas de trabalho, considerando-os sem distinção de categoria, sou forçado a manter o meu pedido de demissão em caráter irrevogável.

Até então prestei serviços ao Club como seu diretor e, d'agora em diante, suponho poder continuar a trabalhar, da mesma forma, como simples associado, no que espero ser mais feliz, por não levar mais em conta as responsabilidades e um cargo de diretor.

Antes, entretanto, da diretoria reunir-se para conceder-me o pedido feito, quero deixar bem patentes e esclarecidos todos os casos que ocasionaram a minha obrigatória e inadiável resolução.

Origem, fundação, fins e direção do Club - Um grupo composto dos srs. Ambrósio Vieira Braga, Paulo Werneck, Christiano Brasil Filho, João dos Santos Danin e Francisco Dantas Pimentel, funcionários do Banco e Adriano Costa, Durval Muylaert e Nair Duarte, que se reuniam sempre nas quadras do Hotel Parque Balneário, nesta cidade, onde jogavam partidas amistosas de tênis, idealizaram, em fins de setembro de 1933, a fundação do Satellite Club, que se verificou dias após, isto é, na data de 7 de outubro do mesmo ano, com apoio incondicional de 50 (cinqüenta) funcionários.

O Club foi fundado com o fim de promover o convívio dos funcionários do Banco do Brasil e de suas excelentíssimas famílias na sede do Club, onde se praticava até então simplesmente jogos de tênis, voleibol e peteca.

Durante os três primeiros meses de fundação, isto é, de outubro a dezembro de 1933, o Club foi administrado por uma comissão de cinco associados, sob a denominação de Comissão Organizadora e Dirigente do Club, a qual tinha poderes discricionários para as suas funções. Essa comissão era composta dos srs. Ambrósio Vieira Braga, João dos Santos Danin, Paulo Werneck, Christiano Brasil Filho e Francisco Dantas Pimentel.

Em dezembro, após a elaboração dos primeiros estatutos do clube, que tiveram aprovação por parte de uma Assembléia Geral, procedeu-se à eleição para a primeira diretoria, que foi eleita para dirigir o Club até dezembro de 1934. Esta diretoria, composta de cinco membros, Ambrósio Vieira Braga, presidente; Paulo Werneck, vice-presidente; João dos Santos Danin, secretário; Christiano Brasil Filho, tesoureiro e João Motta, diretor técnico, após dois meses de cooperação no execício coletivo de seus cargos, viu-se privada do concurso dos srs. Ambrósio Vieira Braga, presidente, e Christiano Brasil Filho, tesoureiro, que estiveram ausentes desta cidade, em  gozo de férias e licença por motivo de moléstia. O cargo de diretor técnico ficou acéfalo pelo abandono do mesmo por parte do sr. João Motta.

Nesta contingência, o sr. Paulo Werneck, então vice-presidente do Club, lutando com inúmeras dificuldades, abrangendo as funções de todos os cargos, viu-se na impossibilidade de prosseguir sozinho na tarefa administrativa, e usando de medidas discricionárias, sem ouvir ninguém, convidou os srs. Oswaldo de Britto Fernandes, Mário Pereira Crespo e Henrique de Assis Bandeira para em sua companhia colaborarem com os seus esforços e boa vontade, na administração do Club, os quais aceitaram tal convite, e de cuja atitude o sr. Paulo Werneck deu ciência aos associados do Club, por um comunicado publicado no quadro de avisos da portaria do Banco. Tal medida, se bem que não resolvesse a crise surgida na direção do Club, suavizou plenamente as dificuldades do momento.

Prosperando o Club por essa época, foi convocada uma assembléia para a modificação administrativa do Club, de acordo com as necessidades havidas, o que se verificou em 21 de julho próximo passado. Reformando-se os primitivos estatutos, logo a seguir os diretores em exercício renunciaram coletivamente o seu mandato. Procedendo-se nessa data, 21 de julho, à nova eleição, de acordo com as modificações sofridas na direção do Club, foi eleita a nova diretoria, composta dos srs. Ambrósio Vieira Braga, presidente; Flávio de Alcoba Soares, vice-presidente; João Soares Neves, secretário; Paulo Werneck, 1º tesoureiro; Felisberto Menezes, 2º tesoureiro; Henrique de Assis Bandeira, diretor social e José Maria Gonçalves de Rezende, diretor geral de Esportes.

Recentemente, por motivo de transferência para o Rio de Janeiro, o sr. Henrique de Assis Bandeira renunciou a seu cargo, assim como, por motivos particulares, em pedido irrevogável, o sr. José Maria Gonçalves de Rezende, estando vagos os cargos que até então ocupavam.

Deixando de participar no momento da diretoria, por motivos justos, que o forçaram a exonerar-se, está vago o cargo de 1º tesoureiro, que interinamente está sendo exercido pelo sr. Felisberto de Menezes, 2º tesoureiro.

Havendo apenas dois meses de exercício para a atual diretoria terminar o seu mandato, consultamos a presente Assembléia se há necessidade de preenchimento dos cargos vagos, ou os referidos cargos poderão continuar sob a direção interina dos srs. Felisberto Menezes, como 1º tesoureiro, e Newton Nora Carrijo como diretor geral de Esportes. Caso seja contrária a tal critério a Assembléia nesta data reunida, proceder-se-á nesta mesma Assembléia a eleição para os referidos cargos.

A seguir, a diretoria em exercício, antes de conceder a demissão solicitada pelo sr. Paulo Werneck, atendendo ao que lhe foi pedido, autoriza-lhe a fazer uma exposição da verdadeira situação financeira do Club.

Observações - Exerceram os cargos de tesoureiro os seguintes associados: em outubro, novembro e dezembro de 1933 e janeiro de 1934, o sr. Christiano Brasil Filho, interinamente, substituindo o sr. Christiano Brasil Filho, licenciado, o sr. Paulo Werneck, que desempenhou tal cargo nos meses de fevereiro, março e abril de 1934, passando em maio o cargo ao tesoureiro efetivo, que o exerceu até junho de 9134. Eleito para substituir o sr. Christiano Brasil Filho, os meses de julho e agosto foram exercidos pelo sr. Paulo Werneck.

Donativo de 3:000$000 concedido pelo banco - Tendo o Club solicitado ao Banco um donativo de 3:000$000 para reformar as suas quadras de tênis, comprar um rádio e pagar os impostos, taxados em suas dependências, declaro que de acordo com o pedido feito, foi a referida importância empregada da seguinte forma:

Tendo o Club solicitado uma determinada importância, fixada em 1:500$000, para comprar o Rádio, e havendo necessidade de lançar-se mão de pequena parte desta verba para a reforma das quadras de tênis, resolveu a diretoria recorrer a uma subscrição interna, a fim de angariar meios para adquirir um melhor aparelho, o que conseguiu, atingindo a subvenção o total de Rs. 1:400$000, cuja cota, adicionada à de 1:000$000 disponível para tal fim, deu para adquirir-se um aparelho de 3:440$000, entrando-se com 2:404$500, ficando o restante a ser liquidado em prestações.

Compromissos assumidos pela tesouraria do Club - Devidamente autorizado pelo sr. presidente, o Club adquiriu no mês de agosto último o seguinte: um terno estofado de pano couro por 300$000; um tapete congoleum por 120$000 e seis cadeiras de vime por 180$000, no total de 600$000. As duas primeiras compras foram efetuadas na casa "A Vantajosa" e a terceira na "A Mobiliadora". Com a "A Vantajosa" a compra foi efetuada da seguinte forma: uma entrada inicial de 100$000, já paga em agosto último, e a parte restante de Rs. 320$000, dividida em quatro prestações mensais de 80$000 vencíveis nos dias 1º de outubro, novembro e dezembro de 1933 e 1º de janeiro de 1934. Com a "A Mobiliadora" a compra foi feita da seguinte forma: uma entrada inicial de 60$000 a ser paga no dia 1º de outubro e duas prestações de 60$000 vencíveis em 1º de novembro e 1º de dezembro de 1933.

Com a firma Paul J. Christoph foi firmado o contrato de compra de uma radiola modelo RC-321, pelo preço de 3:442$500, com a entrada inicial de 2:404$500 e o restante em seis prestações mensais de 173$000 com vencimentos para 23 de agosto, já paga, 23 de setembro, outubro, novembro e dezembro de 1933 e janeiro de 1934.

Com o sr. George Ditchoff foi firmado em 1º de novembro de 1933 um contrato particular, sob a responsabilidade direta do sr. Paulo Werneck, pelo prazo de 1 ano, a findar-se em 31 de outubro próximo, pela ocupação de todas as dependências onde se acha instalado o Club, na Avenida Presidente Wilson nº 11 e Rua Floriano Peixoto 293, mediante o aluguel mensal de 596$000, distribuído da seguinte forma: aluguel das duas quadras de tênis, 250$000; aluguel da casa pequena, 50$000; aluguel da sede, 150$000; impostos de calçada, esgoto e taxa sanitária, 106$000 e consumo de água e luz, sem limite, 40$000.

Com a "Casa Capella", estabelecida nesta cidade com o ramo de material elétrico, o Club fez a compra de determinado material de iluminação pelo valor de 220$000, em condições especiais, conforme exposição que se segue, devendo ser a mesma compra liquidada com a receita do mês corrente.

Em junho do corrente ano, quando por ocasião da realização de uma festa regional, levada a efeito nas dependências do Club, sob o patrocínio de sua diretoria e orientação de uma comissão de associados, necessitou a referida comissão alugar determinado material elétrico, inclusive grande quantidade de lâmpadas, a fim de ser feita a iluminação no recinto, de acordo com o que havia sido projetado.

Não existindo nesta cidade casa alguma que alugasse tal material, resolveu a referida comissão, composta dos associados Paulo Werneck, Henrique de Assis Bandeira e Adriano Costa, por indicação do sr. Diogo Salles, nosso colega de Banco, procurar a Casa Capella para propor tal serviço. Não dispondo a referida casa de material usado para tal fim, tomou a iniciativa de se oferecer a mandar executar os serviços combinados e posteriormente fazer um preço conveniente de acordo com o material que ia empregar, isto é, material totalmente de primeira mão.

Fazendo sentir que talvez fosse mais conveniente ao Club adquirir para sua posse definitiva o material em questão, para poder vir a servir futuramente, nos foi declarado o preço, o que de antemão não foi aceito, visto não poder o Club naquela ocasião dispor de tal verba.

Declarando então, a Casa Capella, que não fazia questão do pagamento, ficasse o material sob nossa guarda, aguardando uma oportunidade para adquiri-lo definitivamente. Aceitando tal oferecimento e alvitre, foi aceita a proposta e agora, quando decorridos quase três meses, vai o Club efetuar o respectivo pagamento, legalizando e firmando definitivamente tal transação.

Arrecadação da Receita e execução da Despesa - A receita orçada mensalmente com a antecedência necessária, a tesouraria do Club, baseada na arrecadação das mensalidades e da subvenção do Banco, executava os pagamentos à proporção em que se processava a arrecadação.

Devido às dificuldades em que constantemente o tesoureiro do Club ficava em arrecadar pontualmente as mensalidades, devido à má vontade de alguns e má compreensão de outros, por vezes os pagamentos do Club ficavam atrasados, e com isto pequenos não eram os aborrecimentos que daí sobrevinham. Muitas vezes era forçado a desembolsar particularmente não pequenas parcelas para satisfazer aos compromissos mais exigíveis, a fim de evitar vexame à coletividade do Club.

Para tal fato, independente de minha palavra mais que autorizada, tem a palavra os srs. Christiano Brasil Filho, quando no desempenho do seu cargo e para caso bem recente o sr. Ambrósio Vieira Braga, nosso mui digno presidente, que para atender ao urgente pagamento do aluguel desta sede, teve que adiantar 300$000.

Estes os motivos que vinham desagradando aos associados que desempenhavam as responsabilidades de diretores do Club. Pretendendo pôr término a tais dificuldades, o sr. Ambrósio Vieira Braga, numa atitude eficaz e feliz, acaba de conseguir da administração do Banco a permissão do desconto em folha das mensalidades vencidas, mas autorizadas pelos associados do Club, tendo conseguido apoio de 80 associados, que para a situação financeira do Club representa uma garantia sem par, para fazer frente aos compromissos forçados e indispensáveis à situação próspera do Club.

Sócios não funcionários do banco - Quando o Club foi fundado, faziam parte do grupo iniciador os srs. Adriano Costa, Durval Muylaert e Nair Duarte. Fundado o Club, antes de possuir estatutos, foi concedida a permissão da inclusão destes três elementos no quadro de sócios. Dois meses após a fundação do Club, isto é, em novembro de 1933, foram elaborados, após muitas discussões e com um representante da administração da Agência do Banco, e em seguida aprovados, os primeiros Estatutos, nos quais permitiam a participação de estranhos ao quadro de funcionários do Banco, regalias estas extensivas ás pessoas das famílias dos funcionários ou pessoas de comprovada idoneidade moral, amigas dos mesmos funcionários, porém em número reduzido e com o limite de 10% sobre o total de sócios funcionários, ficando assim bem esclarecido que tal exigência só seria feita a pessoas do sexo masculino.

Quando por ocasião da recente reforma dos estatutos, verificada em julho último, por aprovação de deficiente presença de associados, foi este assunto ventilado, a fim de tornar sem efeito, porém a Assembléia não alterou tal dispositivo.

Quando por ocasião das concessões pleiteadas ao Banco, foi novamente posto em foco tal assunto, havendo uma consulta neste sentido. Tal consulta em nada influiu, pois foi mais uma vez autorizada a permanência de estranhos no Club, de acordo com os princípios firmados em seus estatutos. Assim, pois, conta o Club com 13 sócios que contribuem com a taxa de 10$000 e 8 sócios que contribuem com a taxa de 5$000.

São sócios do Club, Paulo Murgel, filho do sr. Maurício Murgel, proposto por seu pai; Pythagoras Guimarães, irmão da associada Semiramis Guimarães, proposta pela mesma; Durval Muylaert, cunhado do sr. Francisco Dantas Pimentel, proposto pelo mesmo; Abel de Almeida Ramos, primo irmão do sr. Paulo Werneck, proposto pelo mesmo; Adriano Costa, proposto pelo sr. Ambrosio Vieira Braga; Alfredo Teixeira Júnior, proposto pelo  sr. Paulo Werneck; Lívio Malzoni, proposto pelo sr. Maurício Murgel; Helio Lepage e Mário Marques, propostos pelo sr. João dos Santos Danin; Paulo Dias de Carvalho e Fábio Dias, propostos pelo sr. Henrique de Assis Bandeira.

São sócias do Club as senhoritas Wana Peçanha, proposta pelo sr. Henrique de Assis Bandeira; Helena de Albuquerque Lima e Zeny Maia Souza, propostas por Semiramis Guimarães; Olga Costa, proposta por Nelson Caracas; Evelina Alcia e Amélia Novita, propostas por Paulo Werneck.

Contribuição de sócios extra - Presentemente, de acordo com o artigo 7º do capítulo 2º dos estatutos em vigor, obedecendo o critério dos primitivos estatutos, aprovados em dezembro de 1933 e reformados em julho deste ano, as mensalidades dos sócios estranhos ao Banco é cobrada à razão de 5$000 para moças e 10$000 para rapazes. Não podendo responder às reclamações ultimamente sugeridas em torno das contribuições do mesmo, deixo a critério da presente Assembléia, para solucionar o caso em que os reclamantes, talvez alguns mesmo que deram apoio à elaboração e reforma dos estatutos do Club, resolvam e respondam às reclamações ora apresentadas à diretoria em exercício.

Deixando à parte o julgamento da questão, faço a minha declaração de voto isolado, pela elevação das mensalidades dos sócios desta categoria, exclusivamente aos sócios rapazes, pois também julgo justas as pretensões daqueles que ora reclamam, porém cônscio do meu apoio à votação da reforma dos Estatutos, não poderia aderir nem tampouco aplaudir as reclamações surgidas em torno de tal assunto.

Era o que se continha no relatório apresentado pelo sr. Paulo Werneck e, por ser verdadeira a transcrição, vai por mim, secretário, devidamente assinada. Santos, 20 de setembro de 1934 (a) Secretário.(a)(a)(a).