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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Primeiras agremiações

Em 1971, o Almanaque de Santos, de Olao Rodrigues (edição do autor, impresso na W. Roth & Cia. Ltda., São Paulo/SP) publicou este artigo de Bandeira Jr. (nas páginas 113 a 116):

Os primeiros clubes de Santos

Bandeira Jr. (*)

Iniciamos com a Sociedade Harmonia, citada na obra de Alberto Sousa Os Andradas: "(...) Existia por esse tempo (1833) em nossa boa terra uma sociedade recreativa destinada a desfazer a monotonia da vida local por meio de saraus dançantes e musicais e outras diversões amenas e permitidas. Chamava-se Harmonia e era nos seus alegres salões que as damas principais da Vila e os elegantes e peralvilhos da época se reuniam, mantendo em certo nível a cultura social do meio".

Primeiro anúncio carnavalesco conhecido em Santos,
publicado no jornal Revista Comercial em 1851

A sede do Harmonia ocupou prédio pertencente ao Capitão Manuel Pereira dos Santos, porém não conseguimos descobrir onde se localizava.

Até 1857 - ano da formação da Sociedade Carnavalesca Santista (pelos srs. Antônio Marques Sais, tenente-coronel Bernardino Ferreira da Silva, João Manuel Alfaya Rodrigues, José Joaquim Ayram Martins, Antônio José Viana, Justino Martins, José Teixeira Cavalheiros e outros) - não há registro de nenhuma entidade social de expressão, tanto assim que os célebres bals masqués no Teatro de Santos (velho armazém situado na esquina do Largo da Coroação e Travessa do Teatro - agora, Praça Visconde de Mauá e Rua do Riachuelo, lado direito) foram promovidos em 1851 pelo Recreio Santista - bar e pensão da Rua de Santo Antônio (do Comércio) e depois por empresários ou arrendatários da nossa primeira casa de espetáculos.

A Sociedade Carnavalesca Santista - pioneira do carnaval externo - a princípio fazia seus congressos saírem do citado Teatro, enquanto suas reuniões e bailes mudavam de local constantemente.

Por volta de 1870, instalou-se no prédio número 13 do Largo da Matriz (Praças Antônio Teles e da República), onde permaneceu até dissolver-se, em 1879.

Sede do Clube Germânia ficava na Rua do Rosário (João Pessoa), esquina da Rua Constituição, e foi empastelada pelo povo durante a I Guerra Mundial
Foto: Almanaque da Baixada Santista - 1976, de Olao Rodrigues (Prodesan Gráfica, Santos/SP)

Os jornais da época registram com certa assiduidade o "grêmio de danças" Recreio Comercial entre os anos de 1864 e 1870. Dirigido pelos Srs. Jacinto Lúcio Oliveira, João Lourenço Sobrinho, Alfeu Ramos Costa, Francisco de Oliveira e Joaquim Alves Sousa, ainda funcionava em 1899, em sede na Rua do Itororó.

Na véspera de Santo Antônio, em 1869, os Srs. Adolfo Augusto Millon, Alberto Bittencourt, Antônio Alves da Silva, Antônio Freire Henriques, Benedito Aires da Silva, Bernardino Bernardes Pereira, Bernardo Martins dos Santos, Eugênio de Oliveira, Isaías Mariano de Andrade, Antônio Pinho Brandão, João da Luz Pimenta, João Moreira de Sampaio, Joaquim Otaviano da Silva, José Marques de Carvalho e Raimundo Gonçalves Corvelo, sócios da Carnavalesca Santista, descontentes com alguma medida do diretório, abandonaram sua sede e, dirigindo-se à residência do Sr. Antônio Pinho Brandão (na Rua Direita), resolveram formar outra agremiação. Tirando o nome do número de presentes a essa reunião, a Sociedade Carnavalesca Clube XV entrou logo em atividade montando sede na Rua Áurea (General Câmara) nº 152.

Depois de brilhar intensamente nos congressos (desfiles) de carnaval, o Clube XV deliberou abandonar essa prática em 1890, para esmerar-se noutra faceta: recreação social, artística e cultural. Atualmente (N.E.: em 1971) com 102 anos de glória e progresso, o fashionable do Boqueirão é um dos mais antigos clubes do País.

Entidade que marcou época na sociedade santense do século passado (N.E.: século XIX), foi o Grêmio Les Bavards, fundado em 9 de março de 1870, pelos Srs. Francisco Emílio de Sá, Manuel Carneiro Bastos, José Ricardo Wright, J. Manuel Alfaya Rodrigues Jr., Antônio de Sousa Queirós, José Carneiro da Silva Braga, José Lopes dos Santos, João José Barbosa Jr., Manuel Antônio de Sá, tenente Brasílio de Campos Melo, A.M. Azevedo Marques, Carlos Luís D'Afonseca, Manuel Eustáquio de Oliveira, Gustavo Adolfo Peres de Sousa, Alfredo Lessa, Guilherme Souto (pai do futuro compositor calunga Eduardo Souto).

A sede "dos Tagarelas" no sobrado da Rua Direita, esquina da 11 de Junho (onde está hoje a Associação Comercial) "constituiu-se num dos ambientes mais chics e acolhedores do burgo; foi aí que em 29 de novembro de 1877 o Comércio e as autoridades locais prestaram homenagem ao Marechal Osório - herói da Guerra do Paraguai (História do Carnaval Santista). O grêmio que galvanizou a haute-gemme de Santos novecentista desapareceu em 1878.

Outra agremiação que além de atividades momescas as teve também sociais e dançantes foi a Sociedade dos Democráticos, fundada a 2 de março de 1880. Desse ano a 1889, os democráticos tiveram por sede, sucessivamente, os sobrados números 35 e 121 da então Rua do Rosário (João Pessoa). Dois anos depois, antigos componentes da Carnavalesca e do Grupo do Funil formaram outra associação, o Clube dos Democráticos, que rivalizou com o Clube dos Fenianos nas pugnas momísticas da década dos 1890.

Terceira sede (1894-1919) do Clube XV, na Rua Amador Bueno, 193, em bico-de-pena de Ribs

Sério rival do Clube XV foi o aristocrático Clube Éden Santista, que os Srs. José E. Bezerra Pais, José de Campos Penteado, João de Freitas Guimarães Jr., Graciliano de Oliveira, João Quintino de Oliveira, Brás Mateus, Francisco de Freitas Guimarães, Davi Pamplona, Carlos Monteiro da Silva, Joaquim de Campos, Otaviano Francisco Silveira, Cândido Paranhos, Polidoro de Oliveira, Carlos C. Cardoso, Rafael Monteiro da Silva, Joaquim Manuel Garcia e Carlos de Sousa Siqueira criaram no dia 21 de novembro de 1895 no número 15 da Rua 15 de Novembro.

Aí funcionou o Éden até a inauguração de sua sede na Rua Conselheiro Nébias número 1-F, depois 21 (prédio ocupado presentemente por instalações da Companhia União dos Refinadores). Por volta de 1930, o rival do XV entrou em decadência, para ser liquidado seis anos depois, quando ocupava modesta dependência do Palacete Humanitária, na Praça José Bonifácio.

No último quartel do século XIX surgiram muitos clubes atléticos, sociais e recreativos, de efêmera duração.

Entretanto, dessa época sobrevivem e prosperam os que abaixo relacionamos: Santos Atlhletic Club (Clube dos Ingleses), fundado no escritório da firma cafeeira Naumann Gepp & Co. (dissolvida em 1970), por súditos de Sua Majestade Britânica residentes na Orla, liderados pelo australiano Alexandre Kellmann (mais tarde naturalizado brasileiro). A primeira diretoria do clube de criket do José Menino foi assim formada: W. Ellis, presidente; W.S. Baillie, vice; A. Miller, secretário; A. Sell, tesoureiro, e os diretores; J. W.Kempster, E.U.Broard e C.H.Ttross. Data da fundação: 21 de julho de 1890.

Entusiastas dos esportes náuticos, tendo à frente os Srs. Abraão Brito, Artur Skey, Charles Right, Serafim Ferreira da Silva, João Ribeiro e Domingos Leite Azevedo, formaram no dia 30 de abril de 1893 o Clube de Regatas Santista (reorganizado em 31 de maio de 1897) - considerado o vovô dos esportes náuticos no Brasil.

Em 1895 nasceram duas entidades coloniais: nos primeiros dias de janeiro, o Cassino Español (depois Centro Espanhol), por diligência dos ibéricos José V. Bojart e Segundo Lobariñas, que promoveram as primeiras reuniões na Rua Marquês de Herval nº 78 e a fundação oficial (dia 6 de janeiro) na Rua do Itororó nº 25, sede do Clube XV.

No dia 3 de novembro, na Praça Mauá, nº 12, reuniram-se cidadãos lusitanos que, guiados pelos Srs. Luís José de Matos, Dr. M.Homem de Bittencourt, Joaquim da Fonseca Saraiva, José M.D'Azevedo e José Maria Soares, lançaram as bases do Centro Português, solenemente instalado no Teatro Guarani a 1º de dezembro - data em que Portugal comemora a restauração do reino. A primeira sede do Centro Português foi no sobrado número 12 da Praça da República até 1900, quando inaugurou sede própria no palacete de estilo manuelino na esquina das Ruas Amador Bueno e Martim Afonso.

Em 22 de agosto de 1897, os peninsulares Silvério Maimone, Domingos Spinelli, Antônio Aulicino, Emílio Christiani, Carlos Usiglio e C. Fiorani reuniram uma centena de compatriotas domiciliados em Santos e fundaram a Società di Beneficenza Italiana, cuja primeira sede foi no nº 122 da Rua do Rosário.

Trinta e cinco sócios dissidentes do Clube de Regatas Santista, encabeçados pelos Srs. Scott Barbosa, Carlos Beirodt, Marcelino de Almeida Campos e Henrique Tross, fundaram, em 24 de maio de 1898, o Clube Internacional de Regatas. Sua primeira sede foi instalada na Rua Xavier da Silveira, nº 90, e a garagem marítima no Itapema (hoje Vicente de Carvalho), no outro lado do Estuário.

Não podemos deixar de referir-nos à entidade que, fundada em 31 de dezembro de 1865, congregou a colônia alemã da Baixada Santista. Falamos do Clube Germânia, cuja sede, na Rua do Rosário nº 265 (atual I.R.F. Matarazzo), foi empastelada pelo povo ao saber da derrota da Alemanha na 1ª Guerra Mundial (1919).

Mais tarde, o Clube Germânia edificou nova sede, na Avenida Conselheiro Nébias (esquina da Rua Dr. Pêgo Júnior), militarmente ocupada durante a Segunda Guerra Mundial (1943). O prédio (em estilo colonial americano) foi parcialmente destruído na explosão do Gasômetro, em janeiro de 1967.

(*) Bandeira Jr. é autor da História do Carnaval Santista.