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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Um gnomon no jardim da praia...

Não, não leu errado. Ele está mesmo lá e disponível para consultas por quem quiser dele se aproximar, em dias de sol. Sua história foi contada num antigo suplemento infantil do Diário Oficial do Município de Santos, A Escolinha, publicado em 27 de novembro de 1972, incluindo esta foto:

O Gnomon

Gnômon é o nome grego do relógio de sol: todas as cidades importantes possuem gnômones ou quadrantes solares. O gnômon é um instrumento de que os povos antigos se serviam (caldeus, chins, egipcianos) para deduzir as horas do dia, pela extensão da sombra de um estilete, tendo-se em vista a altura do sol sobre o horizonte. São notáveis os gnômones de Bolonha e o de Paris.

Gnomônica é a arte de construir quadrantes solares ou lunares. Hoje, com o auxílio do teodolito, instrumento de geodésica e de astronomia, é possível construí-los com absoluta exatidão. No relógio de sol as horas são determinadas por uma série de pontos ou linhas, que a sombra de um estilete percorre sobre um plano horizontal à proporção que o sol sobe ou declina pelo movimento de rotação da terra. Para a exatidão das horas no relógio de sol os técnicos modernos servem-se do teodolito.

O relógio de sol aparentemente muito simples mantém relações técnicas com as coordenadas geográficas, com os solstícios austrais e boreais, e, ainda, com a altura do sol no zênite. Devido a este conjunto de observações o gnômon santista demorou a ser regulado; apresentava a diferença de 1/4 de hora das 6 para as 18 horas do dia. As observações são feitas durante certo tempo com dias claros e ensolarados.

O relógio de sol de Santos foi idealização sábia e bela do Dr. Antônio Gomide Ribeiro dos Santos quando à frente da Administração da cidade [N.E.: de 1º/7/1941 a 31/8/1945]. Entregou a execução da obra ao oficial pedreiro da Prefeitura, sob a orientação técnica do senhor Dr. Dalberto de Moura Ribeiro. O gnômon santista foi planificado nos jardins do Boqueirão, entre a Pérgola e a estátua de Vicente de Carvalho.

O gnômon foi projetado pelo Dr. Dalberto de Moura Ribeiro, especialista e apaixonado deste assunto, cujos conhecedores são raros nos dias que decorrem. Os cálculos zenitais foram feitos com teodolito. As diferenças horárias foram retificadas pelo Dr. Valdomiro Loebb, que marcou a direção da seta, baseado nas coordenadas de Santos, cuja principal é paralela à Avenida Dona Ana Costa. A primitiva seta de latão puro foi subtraída, consta que recuperada mais tarde; outras colocadas posteriormente foram, também, mutiladas.

O quadrante repousa num canteiro elevado e é de belo efeito. Quatro esferas indicam os pontos cardeais. A rosa-dos-ventos está representada por 16 raios, sendo os menores representativos dos rumos intermediários e colaterais. Tudo desenhado em mosaico preto e rosa. O mostrador assenta em granitina branca. N.S.L.O. [N.E.: os pontos cardeais Norte, Sul, Leste e Oeste] eram indicados por letras verticais apoiadas nas quatro esferas; reparos apressados achataram os caracteres sobre as esferas, o que lhe tirou a primitiva graça. Era um detalhe estético.

Partindo de uma horizontal norte-sul, aflora uma radiação metálica. Conforme a extensão dos raios, lemos a hora, a meia hora e os quartos de hora. O gnomon está regulado das 6 para as 18 horas do dia, da direita para a esquerda do observador.

A primitiva seta tinha formato especial: agora um triângulo escaleno de metal servia de estilete; essa peça, muito importante para o cálculo gnomônico, também foi mutilada.

As coordenadas da cidade rematam o desenho do mostrador:

Latitude - 23º 56' S
Longitude 3º 10' - RJ.

[N.E.: trata-se da coordenada de longitude relativa à posição da então capital federal, Rio de Janeiro, que se localiza a 23º 0' Sul 43º 12' Oeste. Santos se situa no meridiano 46º 22' Oeste, em relação ao meridiano de Greenwich]

A restauração deste ornamento se faz necessária, com medidas acauteladoras de futuras mutilações; um gradil protetor poderia ser estudado.

O relógio de sol é um complemento artístico da remodelação dos jardins a beira-mar. Da época são também a Estátua do Atleta Náutico Santista, as Esferas Armilares que encimavam as colunas da rampa junto do Padrão Henriquino (não conservadas) e o balaustrado formando o belo gradeamento que brosla [N.E.: = orna, guarnece] grande parte da Avenida Almirante Saldanha da Gama. São obras da administração do Prefeito Antônio Gomide Ribeiro dos Santos e que evidenciam a sua imensa santistidade*.

(*) Neologismo de Mariano Gomes.

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