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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIBLIOTECA - TEATROS
Memórias do Teatro de Santos (14)


Clique na imagem para voltar ao índice da obraComo em muitas outras cidades brasileiras, a memória do teatro santista raramente é registrada de modo ordenado que permita acompanhar sua história e evolução, bem como avaliar a importância dos artistas no contexto nacional, rememorando as grandes atuações, as principais montagens etc.

Uma tentativa neste sentido foi feita na década de 1990 pela crítica teatral santista Carmelinda Guimarães, que compilou depoimentos escritos e orais, documentos e outros registros, nas Memórias do Teatro de Santos - livro publicado pela Prefeitura de Santos em 1996, com produção de Marcelo Di Renzo, capa de Mônica Mathias, foto digitalizada por Roberto Konda. A impressão foi da Prodesan Gráfica.

Esta primeira edição digital em Novo Milênio foi autorizada pela autora, Carmelinda Guimarães, em 6 de janeiro de 2011. O exemplar aqui utilizado foi cedido pelo ator santista Osvaldo de Araujo:

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Memórias do Teatro de Santos

Carmelinda Guimarães

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Centro de Expansão Cultural

O Centro de Expansão Cultural foi criado numa reunião no Parque Balneário, por sugestão de Guiomar Fagundes, numa de suas exposições. Várias pessoas da sociedade santista da época, 1949, entre elas Miroel Silveira, Nuno, Zezé Lara Infante Vieira, Manoel Fins Freixo, Paulo Bueno Wolf e outros (eram trinta e um no total) resolveram fundar uma entidade só para cuidar da arte e da cultura da cidade.

Foi feita uma lista de adesões e logo se conseguiu 1.500 sócios. Hoje são apenas 200. A primeira peça que o Centro de Expansão trouxe a Santos foi Um Deus Dormiu lá em Casa, com a Companhia de Fernando de Barros, no teatro Coliseu, em 30 de outubro de 1950.

Mas não havia preferência por um tipo de atividade artística. Promoviam-se peças teatrais, concertos, óperas, balés, exposições de artes plásticas. Era um hábito das famílias conviver com a música clássica. Em minha casa, por exemplo, uma irmã tocava piano, outra tocava violino e outra cantava. A primeira ópera que assisti foi Colombo, no Coliseu.

Carolina Martins Costa foi uma batalhadora incansável pelo Centro de Expansão. Após a sua morte, há doze anos, assumi a presidência da entidade. A primeira "excursão" para teatro na capital foi feita por nos. Bibi Ferreira fazia Piaf, em São Paulo, e resolvemos trazer o espetáculo para Santos. Mas ela sugeriu: "Por que vocês não vêm a São Paulo?". Era 1984. Só depois começaram a aparecer as companhias de turismo oferecendo esses serviços com mais condições e facilidades e acabamos desistindo.

Hoje a vida cultural da cidade mudou. A televisão e a novela modificaram o gosto do público. Mas ainda há pessoas interessadas nas artes plásticas. Recentemente (maio de 96) levamos o balé Copélia, no Teatro Municipal, e lotou. Isso mostra que há interesse. Estamos tentando uma nova apresentação por intermédio do Sesc, na comemoração dos seus 50 anos de atividades. Mas nossa luta é muito grande. Hoje está tudo mais difícil e muitos reclamam do preço dos ingressos.

Para dar uma idéia da atuação do Centro de Expansão, escolhi algumas apresentações ao longo dos anos no teatro Coliseu:

22/08/51 – Angelicum, de Milão, apresentou Il Fratello Inamoratto;

19/12/51 – Dias Felizes, com a Escola de Arte Dramática de São Paulo;

28/04/52 – Massacre, com Graça Melo e seu Teatro de Equipe;

23/06/52 – Madame Butterfly, ópera com a cantora Violeta Coelho Neto e o cantor Africo Baldelli;

20/04/53 – Volta Mocidade, peça com a Companhia Olga Navarro e Graça Melo;

22/04/54 – O Imperador Galante, peça com a Companhia Dulcina e Odilon;

07/06/54 – Obrigado pelo Amor de Vocês, com Rodolfo Mayer;

09/08/54 – Agrupacion Coral de Pamplona, de Câmara, com o maestro Luiz Morando;

22/12/54 – Sinhá Moça Chorou, com a Cia. Nydia Licia e Sérgio Cardoso;

07/02/55 – Os Inocentes, Cia. Dulcina e Odilon;

30/05/55 – Ballet do IV Centenário;

18/10/55 – Não se Sabe Como, peça com o Conjunto Teatro de Arena;

10/05/56 – Coral pequenos Cantores de São Domingos;

30/07/56 – Hamlet, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso;

21/08/56 – Queixa contra o desconhecido, com o Grupo Teatro do Clube de Arte de Santos;

10/12/56 – Othelo, com a Cia. Tônia-Celli-Autran;

17/12/56 – A Viúva Astuciosa, com a Cia. Tônia-Celli-Autran;

21/01/57 – A Raposa e as Uvas, de G. Figueiredo, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso;

27/06/57 – Pequenos Cantores de Viena;

28/10/57 – Henrique IV, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso;

30/06/58 – Vestir os Nus, de Pirandello, com o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia;

13/10/58 – O Diário das Carmelitas, com teatro dos Jovens Independentes;

17/10/58 – Pega Fogo e Protocolo, duas peças com Cacilda Becker;

17/02/59 – Amor Sem Despedida, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso;

21/07/59 – Mary Stuart, com Cacilda Becker;

21/12/59 – Negócios de Estado, de Louis Verneille, com a Cia. Tônia-Celli-Autran;

19/07/60 – Madrigal Renascentista de Belo Horizonte com a regência do maestro Isaac Karabtchevsky;

13/09/60 – Exercício para cinco Dedos, com a Cia. Brasileira de Comédias;

29/05/61 – Raízes, com Cacilda Becker;

02/08/61 – Moeda Corrente do País, com Cacilda Becker;

26/02/62 – Oscar, com Cia. de Cacilda Becker;

12/03/63 – O Feitiço, com Nydia Lícia;

23/03/64 – O Pobre Piero, com a Cia. de Nydia Lícia;

18/12/64 – Tartufo, com o Teatro de Arena de São Paulo;

29/09/65 – Hedda Gabler, de Ibsen, com Nydia Lícia;

08/11/66 – Armadilha Para Um Homem Só, com Cia. Maria della Costa;

29/04/68 – Deus Lhe Pague, com Procópio Ferreira;

24/03/69 – Agamenon, de Ésquilo, com Mauro Mendonça e Rosamaria Murtinho;

21/10/69 – Um Inimigo do Povo, de Ibsen, com a Cia. Fernando Torres;

02/06/70 – Medéia, com Cleyde Yaconis, Jonas Mello e Cia.;

16/11/70 – O Preço, de Arthur Miller, com Mauro Mendonça e Rosamaria Murtinho;

29/05/71 – As Troianas, de Eurípedes, com o Grupo de Teatro da Aliança Brasil-Japão;

26/07/71 – A Ratoeira, de Agatha Christie, com a Cia. Irene Ravache;

11/12/73 – Bodas de Sangue, de Garcia Lorca, com a Cia. Maria Della Costa;

27/08/73 – O Prisioneiro da Segunda Avenida, com Nicete Bruno e Paulo Goulart;

03/12/74 – O Jogo do Poder, de W. Shakespeare, com Madalena Nicol e Sérgio Mamberti;

21/07/75 – A Sétima Morada, com a Cia. de Célia Helena, no auditório do Colégio São José.

Nos últimos anos assisti em São Paulo muitos espetáculos de boa qualidade artística, como Piaf, com Bibi Ferreira; Negócios de Estado, com Vera Fischer e Perry Sales; Tartufo, com Paulo Autran, Sérgio Mamberti e Cia.; De Braços Abertos, com Irene Ravache; Cyrano de Bergerac, com Antonio Fagundes e Bruna Lombardi, Bolshoi Ballet; Evita; Tributo, com Paulo Autran; Meno Male; Barbeiro de Sevilha, no Teatro Municipal; Real Ballet da Dinamarca, também no Municipal; a pianista Massayuki; Cabaret, com Beth Goulart e La Syphide, pelos solistas da ópera de Paris.

Aura Boto de Barros

(Presidente do Centro de Expansão Cultural de Santos)

Lenimar Rios (de pé) em A Mais Forte, de Strindberg

Foto publicada com o texto