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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Água & esgoto
O caminho das águas... e dos esgotos (3-A)

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Em outubro de 2005, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) distribuiu em Santos um livrete de 16 páginas em papel reciclado, comemorativo do centenário do primeiro canal de drenagem desta cidade, a seguir reproduzido:
 

Imagem: capas última e primeira do livrete


100 anos do Canal 1, marco inicial do Projeto Saturnino de Brito - O saneamento na Baixada Santista e seu legado cultural

"No século 19, o país passou a viver outras demandas e Saturnino de Brito é o nome mais relevante da história do urbanismo sanitarista do Brasil. Ao enfrentar os problemas urbanos da cidade de Santos, concebeu o primeiro projeto moderno no país de intervenção numa cidade. Entre 1886 e 1900, Santos, em função das suas atividades portuárias, viu triplicar a sua população. A desordem urbana atingiu uma escala preocupante. Inundações e doenças endêmicas ameaçavam o desenvolvimento econômico e social local. O projeto concebido por Saturnino de Brito, em 1894, é basicamente saneador: criação de duas redes separadas, uma para escoar as águas pluviais e outra para esgotos. A grande qualidade do pensamento de Saturnino de Brito residiu no fato de ele utilizar um princípio técnico para definir o principal elemento formal do traçado urbanístico, os canais de drenagens a céu aberto e que ligaram o estuário à baía".
Regina Maria Prosperi Meyer - O Urbanismo Moderno.

Tradição e Modernidade

A história do saneamento básico na região da Baixada Santista tem mais de um século. Em 24 de maio de 1897, o Governo do Estado de São Paulo outorgou à The City of Santos Improvements Co. Ltd., empresa canadense, a concessão dos serviços de abastecimento de água à cidade de Santos e seus arredores. Aí tem início o ciclo de concessões que muitas décadas depois resultaria na empresa atual, a Sabesp.

Mas, entre a City e a Sabesp tivemos o engenheiro sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Brito, que projetou o sistema de saneamento e construiu o principal sistema de rede pluvial, com quatro galerias e 9,5 km de canais de drenagem superficial de Santos e arredores.

Com a intervenção do Governo do Estado foi criada, em 1903, a Comissão de Saneamento de Santos e, em 1905, a condução dos trabalhos passou para as mãos do engenheiro Saturnino de Brito, que se preocupou não só em projetar uma rede de esgotos que atendesse as necessidades da época, como também pudesse atender a demanda futura, decorrente do crescimento da região.

O sistema de coleta e disposição final do esgoto de Santos, por ele projetado, entrou em funcionamento em 1912 e criou as condições necessárias para a implantação definitiva do porto e o fortalecimento econômico do município.


Usina Terminal e oficinas, no bairro do José Menino
Foto publicada no livrete

De 1905 a 1912, Saturnino de Brito desenvolveu o programa de saneamento, baseado no princípio de separar as águas de rios e córregos das do esgoto. O Canal 1 foi o primeiro a ser inaugurado em 1907, tendo apenas um pequeno trecho no bairro do Paquetá. Em 1910, ele foi completado e foi aberto também o 2. O 6 veio em 1919, o 3 e o 4 em 1923 e o 5 em 1927.

Na verdade, o projeto de Saturnino de Brito incluiu a construção de um total de nove canais superficiais (os seis da orla, aquele próximo ao Orquidário, o da Rua Moura Ribeiro, no Marapé, e outro da Rua Francisco Manoel, no Jabaquara). Ainda tem os subterrâneos, entre eles um na Rua Braz Cubas, no Centro. A Prefeitura completou o sistema de drenagem com os canais 7 (1968), o do final da Avenida Afonso Pena e o da Jovino de Melo, na Zona Noroeste. O que quer dizer que só de Saturnino de Brito herdamos nove canais superficiais e do Poder Público Municipal ganhamos três. A olhos vistos são 12 em toda a cidade.

Com margens dois metros acima do maior preamar da região, os canais tinham como função retificar rios e drenar áreas encharcadas, sujeitas a inundações, evitando a estagnação das águas e o risco de epidemias. Também eram navegados por barcos que levavam as famílias a passeio.

Ao ser inaugurado, o sistema era composto de 66 km de coletores, 15 km de emissários, 602 poços de visita, 10 estações elevatórias, uma usina terminal e uma ponte suspensa, a Ponte Pênsil, projetada para a travessia do emissário da ilha de São Vicente à sua área continental. A execução do sistema custou aos cofres públicos quase 10 mil contos de réis.

Com a instalação das redes de esgoto e águas pluviais, foram extintos os focos que provocaram diversos surtos epidêmicos em Santos, no fim do século 19 e começo do século 20. Santos tornou-se salubre. Moradores de São Paulo passaram a visitá-la para conhecer suas praias. O comércio deu um salto de desenvolvimento.

De lá para cá muita coisa foi modificada, ampliada, melhorada, mas as peças principais do sistema ainda estão em uso, atendendo à população.


Estação Elevatória de São Vicente, situada na praia de Gonzaguinha
Foto publicada no livrete

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