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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ESTRADAS
Caminho do Mar reabre, agora para o turismo

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Em 20 de abril de 2004, o governo paulista decidiu reabrir parcialmente e de forma monitorada o acesso ao Caminho do Mar, transformando-o em uma atração turística dentro de um programa que também garantisse a preservação do Parque Estadual da Serra do Mar. Assim, e nessas condições, foi liberado o acesso pelo planalto, embora muitos anos depois continue sendo reivindicada pela população e pelas autoridades municipais a abertura do acesso pela Baixada Santista. Na época, o jornal O Estado de São Paulo deu amplo destaque a essa abertura, como nesta matéria de 19 de abril de 2004 (e nas fotos publicadas três dias antes no mesmo jornal):
 


Vista a partir do Pouso Paranapiacaba, no início do Caminho do Mar: casa sempre é citada como local de encontro  da Marquesa de Santos com d. Pedro I, mas ela foi construída após sua morte
Foto: Robson Fernandes/AE, publicada na edição de 16/4/2004

Caminho do mar, enfim aberto

Amanhã, caminhada será para convidados; na terça, todos podem descer a Serra do Mar

Marisa Folgato

Depois de dez anos de "namoro" apenas através do portão, sem nunca poder ultrapassá-lo, a partir de amanhã vai ser liberado, enfim, o acesso ao Caminho do Mar. A caminhada por 8 quilômetros da Estrada Velha de Santos, entre a Represa Billings (São Bernardo) e Cubatão, será restrita a convidados no primeiro dia. Mas quem quiser pode agendar visitas pelo telefone a partir da semana que vem, de terça-feira a domingo.

E há roteiros para todos, desde que os carros fiquem estacionados na entrada do circuito. De "atletas" dispostos a percorrer 16 quilômetros em sete horas, ida e volta, enfrentando uma subida de tirar o fôlego no retorno, a sedentários assumidos, que farão o percurso inteiro a bordo de microônibus em duas horas. Outra opção é ir caminhando e voltar de microônibus. Há ainda a possibilidade de visitar a Usina Henry Borden, mas a partir de Cubatão.

Tudo grátis, pelo menos no começo. "A intenção é cobrar ingresso no futuro, mas a sobrevivência vai depender mesmo de parcerias com a iniciativa privada", diz o assessor da presidência da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), Paulo Fares. Ele é um dos coordenadores do projeto Caminhos do Mar Pólo Ecoturístico, desenvolvido em área do Parque Estadual da Serra do Mar, que pertence à Emae. A inauguração, amanhã, será feita pelo governador Geraldo Alckmin, que promete fazer o roteiro a pé.

 

No início, passeio vai ser gratuito

 

Controle - Qualquer que seja a escolha, uma certeza: um cenário estonteante que corta a mata atlântica em plena Serra do Mar, entremeado de quedas d'água e vistas da Baixada Santista, de São Vicente à Praia Grande.

Enquanto o plano de manejo não é aprovado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), as visitas são apenas para grupos pequenos. "No máximo 100 pessoas por dia, de terça a sexta-feira, e 200 por dia, aos sábados e domingos", explica Fares. No caso da usina, são 30. Os roteiros funcionam das 8 às 17 horas.

Os passeios são acompanhados por monitores que, além de dar explicações sobre a flora e fauna da mata atlântica, falam também dos monumentos, construídos em 1922, que marcam a estrada em vários trechos.

Há o Monumento do Pico, que marca o ponto mais alto da serra, o Pouso Paranapiacaba, Belvedere Circular, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena, o Pontilhão Raiz da Serra e o Cruzeiro Quinhentista. Os dois últimos já em Cubatão.

Destaque para os azulejos com cenas das tropas de mulas no Padrão do Lorena. Ele marca um trecho de 500 metros da Calçada do Lorena, primeiro caminho entre o litoral e o planalto, de 1792.

Mas os visitantes devem ficar decepcionados com o estado dos monumentos, muito pichados e estragados. "Já foi autorizado o uso, pela Lei Rouanet, de R$ 3,5 milhões para restauro, mas dependemos de parcerias com a iniciativa privada para iniciar a obra".

A estrada está em boas condições, depois que deslizamentos de terra arrancaram dois trechos inteiros em 1994, interditando a passagem. Foram feitas duas pontes pela Dersa em 2003. Mas ontem ainda havia operários instalando telas de proteção nas laterais.

As instalações ainda são precárias. Os banheiros são químicos e é preciso levar lanche e bebidas, pois não há lanchonetes.

Agendar visitas pelo telefone (0xx13) 3372-3307, ramal 283.


Calçada do Lorena, de 1792: primeiro caminho de pedra para litoral
Foto: Robson Fernandes/AE, publicada na edição de 16/4/2004


Bernardo José Maria de Lorena: responsável pela obra da calçada
Foto: Robson Fernandes/AE, publicada na edição de 16/4/2004


Azulejos no Padrão, de 1922: tropas de mulas do século 18
Foto: Robson Fernandes/AE, publicada na edição de 16/4/2004


Infográfico publicado na edição de 19/4/2004

No dia 20 de abril de 2004, quando ocorreu a reabertura, o mesmo Estadão publicou:


Portal da Calçada do Lorena: primeiro caminho para o mar
Foto: Tiago Netto/divulgação publicada na edição de 20/4/2004

PATRIMÔNIO

Nas curvas da Estrada de Santos

A velha rota para o litoral será reaberta hoje para visitação, depois de anos interditada

Cristiana Vieira

O "rei" Roberto Carlos já dizia "eu prefiro as curvas da Estrada de Santos...", na música escrita em parceria com Erasmo Carlos nos idos de 1969. A canção virou símbolo da "velha" rota que por décadas foi o único acesso para a Baixada Santista e que, depois de dez anos de esquecimento, deve reabrir hoje à visitação pública.

Graças à percepção do potencial turístico que esse legítimo patrimônio paulista exerce sobre gerações de viajantes, o governo do Estado investiu cerca de R$ 4,5 milhões em obras desde 2002. Foi preciso reconstruir as pontes dos quilômetros 47 e 48, recuperar a estrada e cuidar dos monumentos ao longo do caminho.

Erosões causadas pelas chuvas romperam pontes e pelo menos dois trechos da rodovia, o que impossibilitou o tráfego na rota durante dez anos. As obras atuais foram baseadas no projeto original, da década de 1920. Os monumentos ainda estão em fase de restauração: além de deteriorados, foram alvo de vandalismo. Até que sejam recuperados, o visitante só poderá apreciar a fachada...

Mas, ainda que faltem detalhes nada pequenos como esse, a partir de agora o caminho pelo qual d. Pedro I subiu a Serra do Mar para tornar o Brasil independente de Portugal volta a atrair a atenção de turistas. Batizado de Circuito Caminhos do Mar, o roteiro tem oito quilômetros de descida em plena mata atlântica.

Vinte monitores foram treinados para acompanhar os passeios. Há a possibilidade de voltar a pé, pelo mesmo caminho, ou pegar carona num microônibus, na Serra do Mar, na divisa de São Bernardo do Campo com Cubatão. Quem passar do portal só poderá seguir a pé. "Precisamos manter o circuito preservado", justifica o secretário executivo de Turismo do Estado, Marco Antonio Castello Branco.

 

Obras seguiram projeto original

 

Variados aspectos - Entre os roteiros que serão organizados haverá, ainda, passeio de barco pela Represa Billings e visita à Usina Henry Borden. "É um passo importante para consolidar São Paulo como um estado de aproveitamento de turismo nos mais variados aspectos", comemora Castello Branco. "Não só como turismo de negócios", completa.

Por enquanto, além da belíssima paisagem, a visitação vai passar por monumentos projetados pelo arquiteto Victor Dubugras, ainda no governo de Washington Luís (1926-1930). São eles: Rancho da Maioridade, um casarão que poderá abrigar exposições; a Calçada do Lorena, que foi o primeiro caminho de pedra para o litoral, por onde tropeiros passavam montados em mulas, em 1792; o Pouso Paranapiacaba, com varandas e colunas com vista para a serra; o Monumento do Pico, o ponto mais alto da serra, além do Pontilhão da Serra e o Cruzeiro Quinhentista.

Visitas devem ser agendadas pelo  (0xx13) 3372-3307, ramal 283. Passeio gratuito nos primeiros 60 dias.


Infográfico publicado na edição de 20/4/2004

E, em 21 de abril de 2004, aquele jornal paulista registrou também (na página Cidades-5) o primeiro dia da reabertura do Caminho do Mar:


Grupo faz a primeira caminhada pela antiga estrada São Paulo-Cubatão, que ficou dez anos fechada
Foto: Epitácio Pessoa/AE, publicada na edição de 21/4/2004

Casais estréiam passeio no Caminho do Mar

Névoa se dissipou após 40 minutos de caminhada, revelando paisagem deslumbrante

Rosa Bastos

Faz um mês que o engenheiro José Domingos de Almeida, de 54 anos, se aposentou. Por isso, ontem, dia normal de trabalho, às 8h30 em ponto, de bermuda e camiseta, apesar do mau tempo, ele se apresentou para percorrer o Caminho do Mar - que liga São Paulo a Cubatão, o mesmo trilhado por índios, jesuítas e bandeirantes, só que hoje coberto de asfalto e limo. Estava com a mulher, Alice, de 46, que faz trufas, pão de mel, ovos e outras iguarias de chocolate em casa. Apenas o casal agendou visita, no primeiro dia que a velha Estrada de Santos foi aberta ao público, depois de dez anos.

Às 9 horas, quando a dupla, acompanhada de dois monitores ambientais, preparava-se para a largada de um percurso de exatos nove quilômetros de caminhada leve, apareceu o bombeiro Luiz de Souza Cardoso, de 46, e a mulher, Maria da Graça, de 22 anos. Eles moram em São João da boa Vista, distante 250 quilômetros, e saíram de casa às 5 horas para fazer o passeio. "Vi na televisão e vim", disse Luiz, que está de férias. "Achei que era só chegar e entrar, eu e ela".

Não é assim. Para fazer a caminhada é preciso agendar visitas pelo telefone (0xx13) 3372-3307. Todos os grupos de hoje estão lotados. Para amanhã ainda há vagas. "Liguei a manhã inteira para conseguir", contou Alice. "O telefone estava o tempo todo ocupado".

Chovia e um nevoeiro denso cobria a deslumbrante paisagem que se pretendia ver. Precavidos, Domingos e Alice colocaram suas capas. Os monitores também. Maria da Graça fez bico, avisou que não ia mais. "Vou esperar no carro", disse ao marido. "Puxa, a gente veio de tão longe. Vamos assim mesmo", pediu ele. Ela foi, emburrada. Luiz tirou a camisa que usava por cima da camiseta e deu para ela colocar em cima da malha fininha. Os dois tinham guarda-chuva.

"O tempo vai melhorar, gente", animou a monitora Natallie Pellecchia, de 20 anos. Depois de um alongamento, explicou que iam fazer uma caminhada de descida, para pisar firme e não se aproximar das beiradas. Ela faz parte do Programa de Jovens da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, que capacita jovens para o mercado de trabalho na área de Ecologia.

"Essas plantinhas roxas são helicônias", mostrou. "Aquelas, lírios do brejo". Pelo caminho, amoras selvagens e araçás. ALguém pergunta se pode pegar uma fruta. "De jeito nenhum. Esta é uma área de preservação, um patrimônio". De onde estavam, daria para avistar o mar de Santos e as usinas de Cubatão, não fosse o nevoeiro. Sem poder ver longe, os caminhantes se concentram nos detalhes, em primeiro plano. Alice aponta uma teia de aranha gigante onde brilham pingos de chuva. Natallie mostra uma embaúba. "É a árvore predileta do bicho-preguiça e das formigas".

Na curva, no meio da neblina, aparece a cúpula da Usina Henry Borden, no alto. Cerca de 40 minutos de chuva depois, a névoa se dissipa e pode-se contemplar Cubatão, São Vicente, Praia Grande e Santos ao longe; a Via Anchieta, a Imigrantes e um pedaço da Sorocabana. Nessa altura, Maria da Graça já devolveu a camisa de Luiz e desfez o bico. "Ainda bem que não fiquei no carro. Ia perder essa maravilha", disse, quando o sol apareceu.

O monitor Fagner Matos dos Santos, de 20 anos, baiano criado em Riacho Grande, que se considera nativo, mostra as últimas flores dos manacás-da-serra, que estavam bem coloridos até duas semanas atrás. Maria da Graça e Luzi não conheciam a árvore, muito confundida com quaresmeira.

Acostumado a fazer trilhas (está se preparando para fazer o Caminho de Santiago de Compostela), José Domingos estava de papete e mochila. Alice usava um tênis próprio para caminhar, com amortecedores e furinhos para escoar a água. "Por mim voltava a pé", disse ela. às 13h30, uma van trouxe os caminhantes, na volta. De tênis comuns, Luiz e Maria da Graça não se queixam. Caminham de mãos dadas.

 

Visitas precisam ser marcadas

 


A chuva não desanimou a guia Natallie: lírios, helicônias e embaúbas no caminho
Foto: Epitácio Pessoa/AE, publicada na edição de 21/4/2004

Um mergulho na mata e na história

A apenas 45 minutos do centro de São Paulo, o Caminho do Mar - Pólo Ecoturístico, resultado de parceria entre cinco secretarias de Estado, é um passeio que combina paisagens e patrimônio ambiental, histórico e cultural. Em meio à mata atlântica, a Estrada de Santos, primeira rodovia da América Latina a receber pavimentação de concreto, em 1913, o que marcou o início da era do automóvel no Estado de São Paulo.

Além de ver ipês, manacás e borboletas, no caminho pode-se visitar nove monumentos, oito deles construídos em 1922 em comemoração ao centenário da independência do Brasil. O mais antigo, a Calçada do Lorena, de 1792, é uma via pavimentada por pedras que aproveitou o traçado de uma trilha usada pelos índios que carregavam mercadorias entre o planalto paulista e o litoral. Os monumentos não estão em bom estado.

A Secretaria do Meio Ambiente é responsável pela execução do Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar, onde se insere o projeto Caminhos do Mar. Além de gerir o projeto, a Fundação Patrimônio Histórico de Energia de São Paulo é responsável pelo projeto de restauração dos monumentos, que já tem a aprovação do Condephaat. [R.B.]


O casal Alice e Domingos aproveita a visita do Padrão de Lorena para tirar fotos
Foto: Epitácio Pessoa/AE, publicada na edição de 21/4/2004


Infográfico publicado na edição de 21/4/2004

Novo Milênio agradece ao internauta paulistano Mario Leitão e ao Departamento de Comunicação Social  da Prefeitura Municipal de Cubatão, por cederem cópias das matérias acima reproduzidas.
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