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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ESTRADAS
História da São Paulo Railway (7)

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Em 1971, fortes chuvas na Serra do Mar causaram deslizamentos de terra que atingiram a ferrovia Santos-Jundiaí, obrigando à paralisação de suas atividades até que o trecho afetado fosse reconstruído. Matéria a respeito de uma visita ao local pelo ministro dos Transportes foi publicada no antigo jornal diário Cidade de Santos, em 30 de abril de 1971 (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda):
 


Foto publicada com a matéria

Andreazza visita a Santos-Jundiaí

Durante visita às obras de recuperação da ferrovia Santos a Jundiaí, ontem, o ministro dos Transportes, Mário Andreazza, revelou que tão logo seja restabelecido o tráfego nesta linha, o que deve ocorrer dentro de uns 25 dias, o ramal Jundiapeba-Ribeirão Pires, concluído há alguns meses, será colocado em funcionamento, possibilitando um transporte mais rápido de minérios de ferro para a Baixada, sem passar pela Capital.

O ministro visitou os trabalhos de recuperação até o trecho da Serra do Mar compreendido entre Paranapiacaba e a Baixada, onde se localiza o viaduto 4, que foi sensivelmente avariado pelas chuvas. Em seguida, disse que brevemente voltará a visitar a ferrovia mas, desta vez, para ver os trabalhos de instalação do sistema de cremalheira, o mais importante do mundo, tendo capacidade de tonelagem quatro vezes superior ao atual, que é de 120 toneladas por trem.

O ministro dos Transportes revelou ainda que já está em mãos do engenheiro Eliseu Rezende, diretor do DNER, o projeto definitivo da estrada Rio-Santos. Um financiamento de 50 milhões de dólares para a execução da obra está sendo solicitado ao BID - acentuou (N.E.: DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem; BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento).


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Tão logo seja restabelecido o tráfego da Santos a Jundiaí, o que deve ocorrer dentro de uns 25 dias, o ramal Jundiapeba-Ribeirão Pires, concluído há alguns meses, será colocado em funcionamento, possibilitando um transporte mais rápido de minérios de ferro para a Baixada, sem passar pela Capital.

A informação é do ministro Mário Andreazza, dos Transportes, que ontem esteve visitando as obras de recuperação da ferrovia para Santos, paralisada desde o fim de fevereiro. Antes, na Estação da Luz, o ministro inaugurou o CTC (Controle de Tráfego Centralizado), um novo sistema de sinalização automática capaz de sanar uma eventual falha humana. Viajando de trem, o ministro dos Transportes visitou a Santos a Jundiaí, até o trecho da Serra do Mar compreendido entre Paranapiacaba e a Baixada, onde se localiza o viaduto 4, que foi sensivelmente avariado pelas chuvas.

O trem em que viajava o ministro chegou até a uns vinte metros do viaduto. Depois, toda a comitiva caminhou até o local dos trabalhos de recuperação, exatamente no momento em que uma das torres metálicas do viaduto era erguida.

Segundo o engenheiro Frederico Guilherme Castro Braga, da Regional Centro-Sul, explicou ao ministro, os trabalhos de recuperação do viaduto 4, localizado no segundo plano inclinado, a pouco mais de 1 km do patamar 2, obedeceram três fases distintas.

A primeira foi a da limpeza do canteiro das obras, consistindo em limpeza superficial do viaduto e remoção das pedras de morros das proximidades que ainda ofereciam perigo. Esta fase exigiu 20 dias de serviços.

A segunda, realizada em igual período, compreendeu a reconstrução dos pilares, que eram de alvenaria de pedra e passaram a ser de concreto armado, muito mais resistente.

Finalmente a terceira fase é a que está sendo desenvolvida agora, ou seja, a da montagem da estrutura metálica do viaduto. Duas torres e cinco vãos de tabuleiro têm que ser instalados. Só depois é que os trilhos poderão ser recolocados, permitindo então o tráfego normal de trens de Santos a Jundiaí.


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Voltará - O ministro Mário Andreazza, depois da visita ao viaduto 4, anunciou que dentro de um mês aproximadamente voltará a visitar a Santos a Jundiaí, mas desta feita para ver os trabalhos de instalação do sistema de cremalheira, que vêm sendo feitos no trecho que era o do antigo leito da ferrovia na Serra do Mar.

Segundo disse o general Antonio Adolfo Manta, presidente da Rede Ferroviária Federal S.A., o sistema ora em instalação é o mais importante do mundo, tendo capacidade de tonelagem quatro vezes superior ao atual, que é de 120 toneladas por trem.

A cremalheira está sendo instalada no trecho que era da primeira ligação ferroviária a cortar a Serra do Mar, melhorado, pois foi traçado há 104 anos. Transportará tanto cargas como passageiros, na metade do tempo hoje exigido para a viagem, que é de duas horas e vinte minutos. As locomotivas que servirão nesta linha são de fabricação da Itashi, do Japão. Com o tempo, após a inauguração da cremalheira dentro de um ano e meio a dois, a Santos-Jundiaí paralisará os serviços pelo sistema atual.

Desde ontem, está funcionando o CTC (Controle de Tráfego Centralizado) da ferrovia. A cabina do CTC na Estação da Luz - que atenderá inicialmente só a região do pátio, na Capital (trecho do Pari a Barra Funda) - foi ontem inaugurada pelo ministro. O secretário de Transportes, eng. Paulo Maluf; o general Antonio Adolfo Manta, presidente da Rede Ferroviária Federal, estiveram presentes à inauguração, entre outras autoridades.

Uma explicação de como funciona o CTC foi feita rapidamente ao ministro dos Transportes, pelo ex-ministro Hélio de Almeida, da Companhia Brasileira de Sinalização, responsável pela montagem da cabineta da Luz. Em seguida discursou o eng. José Teófilo dos Santos, chefe da 9ª Divisão da Santos-Jundiaí.

Disse ele: "A cabina que ora inauguramos constitui parte do conjunto da nova sinalização eletro-automática, normalmente conhecida pela sigla CTC, que está sendo implantada na Santos-Jundiaí. O CTC permitirá, através deste único Posto de Comando, o controle de todas as chaves e sinais do trecho Campo Grande-Jundiaí, estabelecimento de rotas de circulação, preferência de circulação, retenção de trens, registro gráfico do percurso dos trens etc. A parte central do painel de comando controla todo o tráfego no pátio da Estação da Luz e entre esta e as estações adjacentes de Pari e Barra Funda. Este painel indica, geograficamente, a posição de todos os trens ao longo das linhas e rotas preestabelecidas".

O CTC da Santos a Jundiaí é dotado de "Cab-Signal" de "Speed-Control", que o torna o mais moderno e eficiente dos diversos já instalados no país por outras ferrovias.

O "Cab-Signal" é um sinal que o maquinista recebe na própria cabina da locomotiva, tornando dispensável a existência dos sinais externos da linha. Assim, o sinal verde significa "prossiga na velocidade máxima permitida no trecho"; o amarelo significa "prossiga à velocidade média", que é de 40 km/h, e o vermelho significa "prossiga a velocidade reduzida, pronto para parar diante de qualquer obstáculo". Modifica-se assim também o conceito de interpretação de sinais, pois passa-se a ter agora uma sinalização de velocidade.

O "Speed-Control" ou controle de velocidade é um dispositivo que trabalha conjugado com o "Cab-Signal", e que fiscaliza o maquinista mediante aplicação de freios quando não é obedecida a indicação do sinal. Assim, uma eventual distração humana será automaticamente corrigida, evitando-se a repetição de desastres ferroviários como o de Perus.


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Ponte Rio-Niterói - Com respeito à ponte Rio-Niterói, a expansão do porto de Santos, a construção da estrada Rio-Santos, a via Dutra e seu tráfego, a duplicação da rodovia Curitiba-São Paulo - eis alguns dos assuntos tratados pelo ministro Mário Andreazza com os jornalistas, durante a viagem de vistoria do viaduto 4, na Serra.

Com respeito à ponte Rio-Niterói, disse o cel. Andreazza que o grande problema apontado pela imprensa, que era o da segurança da obra, não existe. "A nossa única preocupação foi com a parte executiva, problema também já solucionado com a entrega da obra a um respeitável consórcio de construção, que conta com excelente corpo técnico", disse. E acrescentou: "Mas problemas assim são decorrentes das grandes obras e só sente o prazer da vitória quem tem a coragem de enfrentá-los. Dia 4, com uma visita da imprensa à ponte, reabriremos o canteiro de obras aos jornalistas, para que voltem a acompanhar o prosseguimento dos serviços".

"Contando com financiamento do Banco Mundial, o governo investirá 60 milhões de cruzeiros nas obras de ampliação do porto de Santos, pela sua margem esquerda. Para que esta expansão seja realizada, porém, é preciso que antes se crie uma infra-estrutura rodo-ferroviária na área. A rodovia já se encontra em conclusão. Com o financiamento do Banco Mundial, esperamos construir o ramal ferroviário, no prazo de 2 anos aproximadamente", afirmou o ministro dos Transportes. A expansão do porto de Santos, pela sua margem esquerda, virá acabar com os problemas de congestionamento hoje verificados.


Foto: acervo do jornal Cidade de Santos, feita na mesma data, mas não publicada com a matéria
Imagem: pesquisa de Waldir Rueda nos arquivos do jornal, mantidos no acervo da Unisantos

A Rio-Santos - Já se encontra em mãos do engenheiro Eliseu Rezende, diretor do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, o projeto definitivo da estrada Rio-Santos, segundo disse ontem o ministro Andreazza. Um financiamento de 50 milhões de dólares, para a execução da obra, está sendo solicitado ao BID. O custo total da estrada está estimado em 400 milhões de cruzeiros, afirmou o ministro.

"As obras devem ser iniciadas no final deste ano e o prazo de construção da Rio-Santos será de 24 meses. Contrataremos várias firmas especializadas para a execução de trechos diversos da obra, de modo a que no final de 1973 já possamos contar com a rodovia, que virá aliviar o congestionamento da Dutra", esclareceu.

A Via Dutra - Falando da via Dutra, o ministro Mário Andreazza anunciou para julho vindouro o início da cobrança do pedágio, "o que proporcionará uma renda anual de 30 milhões de cruzeiros, que serão revertidos em obras de melhoramento da rodovia, exclusivamente".

A respeito do problema do congestionamento na Dutra, disse o ministro que ele será solucionado em breve, no trecho da capital paulista, com a construção de ruas laterais, pela Prefeitura, à rodovia, "de modo que o tráfego urbano não interfira no da estrada". Anunciou, também, que após a construção da Rio-Santos a Dutra será desafogada em parte. "Tornar a via Dutra uma rodovia expressa, também está nos nossos planos", acrescentou.

"A duplicação deverá ser feita, mas não pelo atual traçado, que é uma obra impraticável, dadas as condições do terreno. Estamos estudando outras alternativas. Uma delas seria o prolongamento da Rio-Santos até Garufa, no Paraná".


Foto: acervo do jornal Cidade de Santos, feita na mesma data, mas não publicada com a matéria
Imagem: pesquisa de Waldir Rueda nos arquivos do jornal, mantidos no acervo da Unisantos

Ferrovia - Para o ministro Mário Andreazza, a rede ferroviária é o elemento básico com que deve contar o país no setor dos transportes e por isso ele vê com bons olhos a recuperação de nossas ferrovias, bem como o seu aperfeiçoamento.

Para assegurar o rápido escoamento da safra de 2 milhões de toneladas de trigo, esperada este ano no Rio Grande do Sul, o governo está promovendo o melhoramento das estradas de ferro daquele Estado. Aliás, segundo disse o ministro, no Rio Grande e no Paraná, o sistema ferroviário já não vem apresentando mais déficit. "Até o ano de 1974, esperamos que todas as ferrovias do centro e Sul do país já estejam operando sem déficit", afirmou o cel. Andreazza, que vê na integração operacional das estradas de ferro daquelas regiões a grande solução para os problemas atuais.

Além dos transportes de cereais, combustíveis e minérios, já executados pelas ferrovias, é idéia do ministro que as estradas de ferro também transportem automóveis. Nesse sentido, já está em estudos a construção de um ramal ferroviário servindo em São Bernardo do Campo, o grande centro automobilístico nacional. No Nordeste, dentro em breve, as ferrovias estarão conduzindo todo o [palavras finais da matéria não impressas]


Foto: acervo do jornal Cidade de Santos, feita na mesma data, mas não publicada com a matéria
Imagem: pesquisa de Waldir Rueda nos arquivos do jornal, mantidos no acervo da Unisantos

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